Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Quando escutei aquilo, senti meu corpo arrepiar, mas eu não entendi o porquê ela estava
dizendo essas coisas, e então meu coração acelera por desespero. Eu não entendia o motivo
de estar em desespero, nem ao menos sabia quem era ou o que era aquela mulher. Pisco
meus olhos e ela não está mais na ponta de minha cama, olho para o lado e para o outro a
procura da mesma, identifico uma gota vindo de cima de minha cabeça, eu a vejo acima de
mim, ela pega pelo pescoço e começa a sufocar-me. Mesmo ela estando perto de mim, eu não
conseguia enxergar seu rosto, era apenas uma figura preta. Tento gritar e fazer de tudo para
sair desse sonho, mas eu estava quase desmaiando, até que consigo me mexer e nesse
momento, ela de repente desaparece. Me levanto até a cozinha, tento ligar todas a luzes do
meu apartamento, nenhum ligava para minha surpresa, verifiquei que todas portas estão
trancadas, então... Quem era aquela mulher?
Vejo então a mesma mulher parada no corredor. Por instinto, eu peguei uma faca que estava
na pia. Ela desaparece novamente. Fica-se um silêncio no apartamento, tudo escuro, apenas
com a luz da lua para iluminar a cozinha. Escuto uma respiração vindo de trás de mim, me viro
e ela dá uma risada, consequentemente finca um caco de vidro em minha barriga. Começo a
sangrar e gritar por socorro. Me arrasto em direção a porta do meu apartamento. Ela me
deixou sair de lá, apenas ficou parada lá dentro.
Todos do hotel estavam dormindo, ninguém conseguia me escutar a gritar por socorro, até
que...
-- Que mulher moço? Estamos no hospital psiquiátrico, você está seguro aqui. Irei chamar um
médico para você.
-- Mas ela me cortou com um caco de vidro! Como que foi com uma faca? – Digo isso gritando.
-- Essa é a terceira vez que você se machuca aqui no hospital e também que diz isso.
Colocamos câmeras no seu quarto para vigiarmos você e temos o vídeo de você gritando e se
esfaqueando sozinho na cozinha, indo em direção ao corredor.
-- Sei que, após a morte da sua esposa e filha, você tem se sentido culpado. Mas desse jeito
você irá morrer sozinho logo, logo... Iremos reforçar o seu tratamento aqui no hospital.
Dias após, continuei tendo os mesmos surtos com menos frequência. Claro, não me
esfaqueava agora. Mas ainda assim, me culpo todos dias pela morte de minha família, elas irão
me assombrar todos dias.
Queria voltar no tempo e ter olhando para a estrada ao invés de ficar brigando verbalmente
com minha esposa. Queria ter morrido naquele lago em que caímos e estar junto dela... Mas
enfim, temos que seguir a vida, batalhar contra os nossos demônios.