Você está na página 1de 40

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

SET 410 – ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO II

PROJETO DE PILARES DE CONCRETO ARMADO DE

ACORDO COM A ABNT NBR 6118:2003

José Samuel Giongo

São Carlos, novembro de 2011


....................................................................
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 1
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

1. Introdução [04 de novembro de 2011]

1.1 Considerações iniciais

Considerando a definição de elementos estruturais de acordo com as medidas


dos lados da seção transversal e do comprimento longitudinal, pode-se afirmar que
pilares são elementos lineares. Eles são submetidos predominantemente à forças
axiais de compressão.
Em edifícios residenciais ou comerciais, os pilares e as vigas formam pórticos
espaciais que são responsáveis por absorver as ações verticais que são ações de peso
próprio dos elementos estruturais, peso próprio de paredes divisórias, peso próprio de
pisos e revestimentos e das ações variáveis normais (de serviço), tais como pessoas,
móveis e utensílios, e, as horizontais que são as forças relativas à ação do vento e as
ações dinâmicas relativas a abalos sísmicos. Nessas condições os pilares ficam
solicitados por força normal e momentos em duas direções principais, ou seja, as
seções transversais são solicitadas por flexão oblíqua composta.
As lajes transferem as ações, que atuam perpendicularmente ao seu plano, às
vigas nas quais estão vinculadas que, por sua vezes, as transmitem aos pilares. As
ações horizontais, relativas à ação do vento, são transmitidas aos pórticos por meio
das paredes de alvenarias ou de outro material de fechamento. As ações horizontais
são distribuídas entre os pilares pelo efeito de diafragma rígido realizado pelas lajes.
Os pilares e as vigas participam da estrutura que confere a estabilidade global ao
edifício, indicada pelo pequeno deslocamento horizontal no topo da estrutura.
A análise estrutural, feita a partir da determinação das ações que atuarão
estrutura, depois da edificação construída e habitada, permite que se calculem os
esforços solicitantes nos pilares (e, nos demais elementos estruturais), ou sejam, a
força normal (Nk), as forças cortantes (Vkx e Vky) e os momentos fletores (Mkx e Mky).
A análise estrutural é feita com os critérios da Mecânica das Estruturas
(Resistência dos Materiais, Isostática e Estática), por processos sem e com assistência
de programas computacionais. Existem programas computacionais que analisam as
estruturas dos edifícios considerando-as como estruturas tridimensionais.
A ABNT NBR 6118:2003 permite o cálculo simplificado dos momentos fletores
em pilares de extremidade, considerando que o pórtico plano seja substituído por uma
viga contínua, desde que sejam consideradas as rigidezes da viga e do pilar analisado.
Essa simplificação não é válida para a determinação dos esforços solicitantes relativos
às ações horizontais, por exemplo, a ação do vento, sendo que outro processo
justificado pode ser considerado.
No projeto de pilares é preciso conhecer as dimensões da seção transversal que
foi pré-dimensionada em etapa anterior do projeto da estrutura, por uma maneira
simples, utilizando, por exemplo, o processo das áreas de influência. Esse processo
consiste em dividir os pavimentos em áreas de acordo com as posições dos pilares,
com isso, as ações atuantes em cada área são absorvidas pelo pilar correspondente.
Na fase de pré-dimensionamento as dimensões dos pilares podem ser adotadas pelo
projetista por comparação com projetos anteriores.
Nas locações dos pilares na planta de forma do pavimento tipo é usual adotá-los
com as seções retangulares, assim, eles podem ficar embutidos em uma parede de
alvenaria de um tijolos, com espessura de 19cm sem contar as espessuras dos
revestimentos. Pilares com seções quadradas ou circulares (colunas) também podem
ser adotados em projetos estruturais desde que o projeto arquitetônico assim indique.
Os pilares de concreto armado são constituídos pelo material concreto que, em
função de sua resistência e da solicitação preponderante de força normal de
compressão, podem apresentar ruínas por ruptura do concreto que ocorre em virtude
da fragilidade deste. A ruína de uma seção transversal de um único tramo de pilar pode
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 2

ocasionar a ruína progressiva dos demais tramos acima provocando, assim, a ruína da
estrutura. Porém, as estruturas hiperestáticas podem redistribuir os esforços
solicitantes gerados pela ruína de um elemento sem que ocorra a ruína da estrutura,
porém pode ser necessária a intervenção no sentido de corrigir o problema e reforçar a
estrutura, se for o caso.

1.2 Classificação dos pilares segundo sua posição na planta de forma do pavimento

De acordo com a posição dos pilares na estrutura, eles são classificados em pilar
interno, de extremidade ou de canto.
Na forma estrutural do pavimento tipo de um edifício usual o pilar interno recebe
as ações provenientes de duas vigas do pavimento que se cruzam em duas direções
ortogonais, conforme figura 1a.
No pilar de extremidade, figura 1b, uma das vigas não tem continuidade por
causa da fachada do edifício.
Os pilares de canto têm duas vigas sem continuidade, de acordo com a figura 1c.
A análise da estrutura pode ser feita considerando a estrutura de barras como
pórtico espacial, de tal modo que os esforços solicitantes são calculados para as várias
combinações de ações. Nos pilares, os momentos fletores têm planos de ações
paralelos aos lados do pilar ocorrendo, portanto, nas seções de topo e base dos
pilares, entre dois andares seqüentes. A força normal também solicita os pilares,
criando nas seções transversais situações de flexão composta obliqua. Com essa
análise todos os pilares dos pavimentos ficam submetidos a tensões oriundas da flexão
composta obliqua, e, de acordo com essas solicitações têm que serem dimensionados.
Quando a análise estrutural é feita por processo simplificado de viga contínua ou
considerando os pórticos planos, os pilares de canto ficam submetidos a esforços
solicitantes relativos à flexão composta oblíqua, em virtude dos momentos fletores
atuantes nas seções de topo e base e oriundos das ligações com duas vigas
ortogonais.
Os pilares de extremidade ficam submetidos à ação de força normal relativa às
reações de apoio das vigas e a momento fletor em uma direção, pois na direção da
fachada do edifício os momentos fletores atuantes nos tramos da viga se equilibram.

PILAR INTERMEDIÁRIO

PILAR DE CANTO PILAR DE


EXTREMIDADE

Figura 1 - Posição dos pilares em edifícios [Fusco, 1981]


Os mesmos equilíbrios dos momentos nas vigas ocorrem com os pilares
internos, assim eles ficam submetidos exclusivamente a força normal. Quando as
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 3
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

excentricidades de forma são desprezadas os pilares internos ficam submetidos a uma


força normal centrada.
Os dimensionamentos dos pilares precisam levar em conta as diferentes
situações de projeto e de cálculo, em relação aos esforços solicitantes, em que cada
um desses pilares se enquadra, quando os esforços solicitantes são calculados de
modo simplificado, ou seja, sem a consideração do efeito de pórtico espacial, conforme
discutido a seguir.
As três situações analisadas nos itens 1.2.1, 1.2.2 e 1.2.3 se aplicam em projetos
quando não se faz análise estrutural por meio de programa que considera a estruturas
de barras horizontais e verticais fazendo parte de um pórtico espacial.

1.2.1 Pilares internos (intermediários)

Para efeito de dimensionamento considera-se que os pilares intermediários


estejam submetidos às forças normais de compressão, pois os módulos dos momentos
fletores são de pequena intensidade, ou iguais a zero quando se considera o processo
simplificado para a determinação dos esforços solicitantes na estrutura. Portanto, na
situação de projeto, admite-se o que o pilar intermediário fique submetido a uma força
de compressão centrada, isto é as excentricidades iniciais são consideradas iguais a
zero para o dimensionamento das áreas das armaduras longitudinal.

1.2. 2 Pilares de extremidade

Os pilares de extremidade, além de estarem submetidos às forças normais de


compressão, também estão sujeitos à ação de momentos transmitidos pelas vigas que
têm suas extremidades interrompidas nesses pilares. Não são considerados os
momentos transmitidos por vigas transversais ao eixo da viga interrompida. Portanto,
na situação de projeto, admite-se que o pilar de extremidade fique submetido à flexo-
compressão normal considerando-se, portanto, excentricidade inicial segundo a direção
da viga que é interrompida no pilar.

1.2.3 Pilares de canto

Além da força normal de compressão solicitante consideram-se os momentos


transmitidos pelas vigas, cujos planos médios são perpendiculares às faces dos pilares,
e são interrompidas nas bordas do pilar. Na situação de projeto, portanto, considera-se
o pilar de canto submetido à flexão composta oblíqua, com excentricidades inicias
segundo os eixos das vigas.

1.3 Classificação dos pilares segundo a esbeltez

1.3.1 Considerações iniciais

Os pilares podem ser classificados segundo o índice de esbeltez que


apresentam. Quando o seu índice de esbeltez () for menor ou igual a 35, têm-se os
chamados pilares curtos, ou seja, não há a necessidade da consideração dos
momentos fletores ocorridos pelo efeito de segunda ordem. Se o índice de esbeltez
ficar entre 35    90, os pilares são chamados de medianamente esbeltos e a
consideração dos momentos fletores gerados pelo efeito de segunda ordem local se
faz necessária. Os pilares com   90, são chamados de esbeltos e também é preciso
considerar no dimensionamento os esforços solicitantes adicionais em virtude da
fluência do concreto. Neste texto estudam-se os pilares com índices de esbeltez
menores ou iguais a 90.
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 4

1.3.2 Índice de esbeltez

A sensibilidade do pilar com relação às deformações causadas por momento


fletor de segunda ordem é medida pelo índice de esbeltez (  ).
O índice de esbeltez dos pilares de concreto armado que fazem parte de
estruturas de edifícios, considerados com vínculos de apoios nas seções transversais
de topo e base, entre dois andares consecutivos, é calculado pelo quociente entre o
comprimento equivalente (  e ) do tramo de pilar e o raio de giração (i) da seção,
conforme equação 1. O raio de giração é calculado pela raiz quadrada da relação entre
o momento de inércia da seção integra, calculado em relação ao eixo que contém o
centro geométrico da seção transversal e é perpendicular ao lado em relação ao qual
se quer medir a esbeltez, e a área da seção do pilar, conforme equação 2.

e
 [1]
i

sendo que:

 e é o comprimento equivalente do tramo de pilar analisado, e,

i é o raio de giração.

O raio de giração (i) é calculado por:

Ic
i [2]
Ac

sendo que:

Ic é o momento de inércia da seção integra do pilar, portanto, sem considerar a


fissuração do concreto;

Ac é a área da seção transversal do pilar.

O comprimento equivalente (  e ) do pilar, considerado apoiado nas vigas dos


andares superior e inferior, conforme figura 2, é o menor comprimento calculado com
as equações 3.

e  o  h e e   [3]

sendo que:

 o é a distância entre as faces internas dos elementos estruturais (vigas),


supostos horizontais, que vinculam o pilar;

h é a medida da seção transversal do pilar, na direção do plano da estrutura;

 é a distância entre os eixos dos elementos estruturais (vigas) aos quais o pilar
está vinculado.
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 5
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

Nos projetos de pilares de edifícios é necessário calcular os índices de esbeltez


nas direções principais da seção transversal para verificar se é preciso considerar os
efeitos de segunda ordem.
O momento fletor de segunda ordem (MS2d) na seção intermediária do tramo de
pilar em análise é calculado pelo produto da força normal (NSd) multiplicada pela
excentricidade de segunda ordem (e2).

Viga

Pilar
h

Viga

Figura 2 - Determinação do comprimento equivalente  e (  o e  )

Nos casos de projetos pilares de edifícios com seções retangulares os índices de


esbeltez segundo as duas direções ortogonais definidas pelos eixos locais x e y, são
calculados pelas equações 4 e 5. Considerando a figura 3 e a equação 1, pode-se
escrever:

 ex
x  (equação 1)
ix

Substituindo na equação 2 as medidas da seção transversal retangular relativas


ao cálculo do índice de esbeltez segundo o eixo local x tem-se:

Icy h y  h3x 1 h
ix     x (equação 2)
A cx 12 hx  hy 12

Substituindo na equação 1 pode-se escrever a equação 4 com a qual se calcula


o índice de esbeltez em relação ao eixo x.

 ex  12
x  [4]
hx

Analogamente o índice de esbeltez em relação ao eixo y é calculado por:


Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 6

 ey  12
y  [5]
hy

Nas equações 4 e 5 h é a medida da seção transversal paralela ao plano de ação


do momento atuante no pilar, oriundo da ligação com a viga nesta direção.

Figura 3 - Índices de esbeltez de pilares Figura 4 - Índices de esbeltez de


com seções retangulares nas direções x e y pilares com seções circulares

No caso de pilares de seção circular (colunas) o índice de esbeltez é calculado


com a equação 1 e o momento de inércia da seção circular com diâmetro (d) é
calculado por:

  d4
Ic  [6]
64

A área da seção transversal circular é calculada com a equação 7.

  d2
Ac  [7]
4

Substituindo as equações 6 e 7 na equação 2, resulta a equação 8 com a qual se


calcula o raio de giração da seção transversal circular:

Icy   d4 4 d
ix     (equação 2) [8]
A cx 64   d 2
4

Substituindo na equação 1 o raio de giração calculado com a equação 8 obtém-


se a equação 9, que permite calcular o índice de esbeltez de um pilar de seção circular
na direção do eixo x.

 ex  4
x  [9]
d
Do mesmo modo obtem-se a equação 10 para cálculo do índice de esbeltez na
direção do eixo y, portanto:
 ey  4
y  [10]
d
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 7
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

2. Dimensionamento de pilares de concreto armado

2.1 Considerações iniciais

Os princípios do equilíbrio de forças e momentos, da compatibilidade de


deformações e dos domínios de deformações utilizados no dimensionamento são
aplicados no dimensionamento de pilares solicitados por flexão composta oblíqua ou
flexo-compressão normal.
No caso de flexão composta oblíqua, a obtenção de uma solução geral por meio
das equações de equilíbrio e compatibilidade é praticamente impossível, uma vez que
é desconhecida a distância e a inclinação da linha neutra. Do ponto de vista prático,
tanto no caso de flexo-compressão normal e principalmente no caso de flexão
composta oblíqua, podem ser usados ábacos, que são de fácil manuseio e com boa
precisão, ou programa computacionais de dimensionamento, para cálculo da área de
armadura longitudinal em pilares.
Com relação a utilização dos ábacos, nestes normalmente são preestabelecidas
a forma da seção e a disposição das barras da armadura, necessitando conhecer, além
das propriedades mecânicas dos materiais aço e concreto, as excentricidades
calculadas nos procedimentos de dimensionamento.
As excentricidades nos pilares ocorrem não só por conta das solicitações iniciais
atuantes nos pilares, mas também por causa de fatores como as excentricidades de
forma, os efeitos de 2.a ordem, as imperfeições geométricas e a fluência do concreto.

2.2 Esforços solicitantes para o dimensionamento das barras da armadura longitudinal

Os esforços solicitantes nos pilares de edifícios são calculados considerando que


as vigas e os pilares façam parte de um pórtico espacial, de um pórtico plano ou, por
processo aproximado indicado na ABNT NBR 6118:2003 que permite adotar as vigas
como contínuas.
As ações nas vigas são as de peso próprio, peso próprio de eventual parede
posicionada sobre a viga, conforme projeto arquitetônico, e as reações das lajes
consideradas apoiadas na viga. Assim, os esforços solicitantes nas barras horizontais e
verticais são calculados por processo escolhido, pórtico espacial, pórtico plano ou
processo simplificado. Também ocorrem nos pilares, e vigas, os esforços solicitantes
oriundos da ação do vento.
O dimensionamento é feito para as combinações últimas dos esforços
solicitantes indicadas na ABNT NBR 6118:2003.
A figura 5 representa a forma estrutural de um pavimento tipo de um edifício em
concreto armado e a figura 6 mostra o corte vertical pelo plano AA vendo-se o pórtico
constituído pelos pilares P04, P05 e P06 e as vigas tipo VT02 e VC02.
A figura 7 mostra um tramo de pilar típico de um edifício em concreto armado,
entre os andares i e i + 1, submetido à flexão composta oblíqua. Na mesma figura
observam-se os diagramas de momentos fletores em duas direções e de força normal,
com os quais se podem iniciar o processo de dimensionamento das armaduras do pilar.
Esse diagrama de esforços solicitantes de um tramo de pilar entre os andares i e i + 1 é
obtido consultando a listagem dos resultados, ou por desenhos dos diagramas,
calculados por programa computacional para pórtico espacial.
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 8

Figura 5 - Exemplo de forma de pavimento tipo de edifício em concreto armado


José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 9
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

Figura 6 - Corte transversal da estrutura de edifício exemplo

Figura 7 - Esforços solicitantes em um tramo de pilar P01 da estrutura do edifício das


figuras 5 e 6
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 10

Quando se adota o processo simplificado indicado na ABNT NBR 6118:2003


para determinação dos esforços solicitantes em vigas e pilares, de tal modo que o
cálculo dos esforços solicitantes nas vigas possa ser feito por programa computacional
ou pelo Processo de Cross, a força vertical atuante no pilar pode ser calculada pela
equação 11. As forças verticais atuantes nos tramos de pilares são iguais as somas
das reações de apoio das vigas dos pavimentos tipos e o peso próprio do tramo de
pilar, considerando-se, também, as reações das vigas do pavimento de cobertura.

FSd   f  [R VT 01,k  R VT 04,k  Gpp,k ]  [n  (i  1)]  R VC01,k  R VC04,k  [11]

sendo que:

n é o número de andares acima do tramo de pilar considerado;

i e i – 1 são os números dos pavimentos que definem geometricamente o pilar


em análise;

RVT01,k e RVT04,k são as forças atuantes no tramo de pilar (no exemplo pilar P01)
relativas às forças de reações de apoio nas vigas tipo VT01 e VT04;

RVC01,k e RVC04,k são as forças atuantes no tramo de pilar relativas às forças de


reações de apoio nas vigas de cobertura VC01 e VC04;

Gpp,k é a força atuante no tramo de pilar relativo ao peso próprio do tramo acima
e calculado pela equação 12;

Gpp,k  h x  h y   pp   c [12]

sendo que:

hx e hy são as medidas dos lados do pilar, em metros;

 pp é a distância de piso a piso do tramo de pilar em análise, e, considerando


que os pavimentos são tipos e, portanto, as medidas deles são as mesmas ao
longo da altura do edifício;

o peso específico do concreto armado (  c ) é igual a 25kN/m3.

2.3 Excentricidades consideradas no dimensionamento

Para o dimensionamento da área de armadura longitudinal do tramo de pilar, é


necessário calcular as excentricidades pertinentes ao tipo de pilar analisado. Assim se
procede para facilitar o dimensionamento que é feito por meio de ábacos para flexão
composta obliqua ou para flexo-compressão normal (ou reta).
Estudam-se neste item os critérios para a obtenção dessas excentricidades em
tramos de pilares, de acordo com as recomendações da norma ABNT NBR 6118:2003.

2.3.1 Excentricidade de forma

Analisando a figura 8 nota-se que os planos médios das vigas podem não conter
os centros geométricos dos pilares, em virtude de compatibilização da forma estrutural
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 11
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

do pavimento tipo com as locações das paredes indicadas no projeto arquitetônico


ocorrendo, assim, excentricidades de forma, por exemplo, efx efy nas direções dos eixos
locais x e y, respectivamente.

e fx
VT 01 VIGA y VIGA

VIGA

e fy e fy
x x

PILAR PILAR

VT 04
VIGA VIGA

a) pilar de canto b) pilar de extremidade


Figura 8 - Excentricidades de forma em pilares.

As excentricidades de forma, de maneira geral, quando se fazem os projetos e


estruturas de edifícios sem assistência de programas computacionais, não são
consideradas no dimensionamento dos pilares. Quando a análise estrutural é feita com
a assistência de programa computacional, que também realizam os dimensionamentos
dos elementos estruturais com os critérios dos estados limites últimos e verificações de
aberturas de fissuras e deslocamentos com as indicações dos estados limites de
serviço, as excentricidades de forma podem ser levadas em conta no projeto estrutural
do edifício.
Argumenta-se que a excentricidade de forma pode não ser considerada, pois, ao
analisar a figura 9a percebe-se que na seção transversal S, que dista hx da face inferior
da viga que se apóia no pilar, a tensão relativa a esta reação de apoio é dissipada, não
ocorrendo, nesta seção, ação de momento fletor por causa da excentricidade de forma.
O momento fletor produzido pelas excentricidades no nível de cada andar,
conforme figura 9b é equilibrado por um binário, que ocorre em cada pavimento, pares
de forças de sentidos contrários e de mesma ordem de grandeza, que tendem a se
equilibrar. No nível da fundação, a não consideração da excentricidade de forma se
justifica pelas elevadas forças normais atuantes, cujos acréscimos de excentricidades
são pequenos, não alterando os resultados do dimensionamento. No nível da
cobertura, os pilares são poucos solicitados e dispõem de uma armadura mínima capaz
de absorver o acréscimo de esforços solicitantes causados pelas excentricidades de
forma, não sendo necessário, portanto, considerá-la.
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 12

a) b)

Figura 9 - Análise do equilíbrio de forças geradas pelas ações dos momentos fletores
em virtude das excentricidades de forma em pilares.

2.3.2 Excentricidade inicial de 1.a ordem

Analisando os diagramas de esforços solicitantes indicados na figura 7 nota-se


que os momentos fletores têm as suas intensidades máximas nas extremidades do
tramo de pilar, isto é nas seções de topo e da base. A força normal (NSd) é constante
no tramo, desde que não se considere a variação linear da força de peso próprio (Gpp).
Na seção intermediária, localizada na metade do comprimento equivalente do tramo de
pilar atua o momento fletor Mdxi,C, de pequena intensidade pois os momentos fletores
nas extremidades tem sinais contrários.
As excentricidades iniciais em duas direções principais medidas a partir do centro
geométrico do pilar têm os seus módulos iguais aos valores dos momentos fletores,
com planos de ações contendo cada eixo principal, divididos pelo módulo da força
normal de compressão e são calculadas conforme equações 13 a 16.

MSdxi,A
e iX,A  [13]
Nd

MSdyi,A
eiy,A  [14]
Nd

MSdxi,B
e ix,B  [15]
Nd

MSdyi,B
e iy,B  [16]
Nd

sendo que:
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 13
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

NSd é a força normal solicitante de cálculo;

MSd,A e MSd,B, são os momentos fletores solicitantes de cálculo nas extremidades


do pilar, nas respectivas direções em relação aos eixos coordenados locais.

Neste texto adota-se, de acordo com a ABNT NBR 6118:2003, para ei,A a
excentricidade de maior valor absoluto.
Nos casos de projetos em que se consideram o processo simplificado para a
determinação dos esforços solicitantes (força normal, momento fletor e força cortante),
por exemplo, o processo de viga contínua indicado na NBR 6118:2003, admite-se que
as excentricidades iniciais ocorrem nos pilares de extremidade e nos pilares de canto.
Lembra-se que para os pilares intermediários as excentricidades não são
consideradas.
É preciso realizar uma análise dos efeitos locais de 2.a ordem ao longo do eixo
do tramo do pilar. Normalmente, em pilares de edifícios, os máximos momentos iniciais
atuam em suas extremidades e os momentos fletores de 2.a ordem (M2d) ocorrem em
suas seções intermediárias. Por esse motivo, a ABNT NBR 6118:1978 especificava
que se considerasse uma excentricidade inicial na seção intermediária (meio do vão)
do pilar calculada pela equação 17.

eiC  0,6  ei,A  0,4  ei,B  0,4  ei,A [17]

sendo que o sinal de ei,B é obtido com o mesmo raciocínio aplicado à


determinação do coeficiente b, estudado no item 2.3.4, positivo se MB tracionar a
mesma face que MA e negativo em caso contrário, conforme figura 10.

Nd Nd
MB e i,B MB e i,B
M di,B
M di,B

e i,C e i,C

M di,A M di,A

MA e i,A MA e i,A
Nd Nd
MB MB
= positivo = negativo
MA MA

Figura 10 - Excentricidades iniciais nas seções de extremidade e intermediária

A ABNT NBR 6118:2003, embora não mencione explicitamente a excentricidade


inicial a ser adotada na seção intermediária, indica o mesmo procedimento da ABNT
NBR 6118:1978.

2.3.3 Excentricidade acidental

Como é do conhecimento do leitor as estruturas de concreto armado de edifícios


os elementos estruturais moldados no local têm um processo construtivo que prevê as
seguintes etapas: 1) construção da estruturas da fundação, constituídas por sapatas ou
blocos sobre estacas ou tubulões, em função da capacidade resistente do terreno; 2)
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 14

ao se moldar os blocos ou sapatas é prevista a colocação de segmentos de barras da


armadura do pilar (armadura de espera) que permite emendar por traspasse as barras
da armadura longitudinal do primeiro tramo do pilar; 3) são posicionadas as fôrmas dos
pilares, na seqüência são instaladas as armações dos pilares, constituídas pelas barras
longitudinais e pelos estribos transversais; 4) os pilares são moldados com o concreto
especificado no projeto estrutural até o nível da face inferior das vigas do pavimento; 5)
posteriormente, são montadas as fôrmas das vigas e das lajes, que depois de prontas
recebem as armaduras de acordo com projeto estrutural, sendo depois concretadas as
lajes e vigas.
Esse processo construtivo é passível de erros e, portanto, no caso de pilares,
momentos fletores podem ocorrer em virtude de excentricidades não previstas por
causa de erros no posicionamento das fôrmas. Esses erros podem ser por falta de
retilinidade ou por falta de prumo por ocasião das montagens das fôrmas dos pilares.
Na verificação da segurança (cálculo da área das barras da armadura
longitudinal) de um tramo de pilar a ABNT NBR 6118:2003 prevê a consideração de
uma excentricidade acidental (ea) para levar em conta as imperfeições locais por
ocasião da construção dos pilares. As imperfeições podem ser a falta de retilinidade do
eixo do pilar (figura 11b) ou o desaprumo (figura 11c). Admite-se que, nos casos
usuais, a consideração apenas da falta de retilinidade do pilar é suficiente com relação
a verificação da segurança estrutural.

Figura 11 - Consideração das imperfeições locais do pilar


[ABNT NBR 6118:2003]

A ABNT NBR 6118:2003 indica que o ângulo 1 é calculado pela equação 18 em


função do comprimento equivalente do tramo de pilar considerado.

1
1   1,min com  e medido em metros [18]
100   e

de tal modo que 1 não seja menor do que o ângulo 1,min , no caso de
imperfeições locais como as dos tramos de pilares, cujo valor é calculado por (equação
19).

1
1,min  [19]
300
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 15
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

Observando a figura 11b pode-se escrever a equação 20 com a qual se calcula a


excentricidade acidental no caso de falta de retilinidade e, considerando que tg 1  1 .

e
e a  1  [20]
2

A ABNT NBR 6118:2003 estabelece que, o efeito das imperfeições locais pode
ser substituído em estruturas reticuladas pela consideração do momento de primeira
ordem calculado pela equação 21.

M1Sd,min  NSd  0,015  0,03  h  NSd  e i,min [21]

sendo que:

NSd é a força normal de cálculo;

h é a altura da seção transversal na direção considerada, em metros;

ei,min a excentricidade mínima igual a 0,015  0,03  h , sendo h em metro.

No caso de flexão composta oblíqua, o valor do momento mínimo precisa ser


respeitado em cada uma das direções principais, separadamente.

2.3.4 Excentricidade de segunda ordem em tramos de pilares de concreto armado

A ABNT NBR 6118:2003 não permite que se projete e construa pilar com índice
de esbeltez () maior do que 200. Nos casos de postes com força normal menor do
que 0,10  fcd  A c valor maior do índice de esbeltez limite por ser considerado.

2.3.4.1 Dispensa dos efeitos de segunda ordem local

A ABNT NBR 6118:2003 indica que os esforços locais de segunda ordem em


elementos estruturais isolados não precisam ser considerados quando o índice de
esbeltez (    e / i ) na direção considerada for menor do quer o valor limite inferior de
(  1), de acordo com os critérios seguintes.
No caso de pilar considerado engastado na base e livre no topo, o valor de  e é
igual a 2   .
Nos casos usuais de estruturas de edifícios calcula-se  e considerando as
rigidezes das vigas do pavimento e a rigidez do pilar na direção em estudo.
O valor de 1 depende de diversos fatores, mas os preponderantes são:

- a excentricidade relativa de primeira ordem e1/h;

- a vinculação dos extremos do pilar isolado;

- a forma do diagrama de momentos fletores de primeira ordem.

O valor de 1 pode ser calculado pela equação 22:


Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 16

e1
25  12,5 
1  h [22]
b

Considera-se este processo desde que os limites indicados na inequação 23


sejam respeitados.

35  λ1  90 [23]

sendo que:

e1 / hé a excentricidade relativa de primeira ordem, não incluindo a


excentricidade acidental;

b um coeficiente que depende da distribuição de momentos no pilar.

O valor de b pode ser obtido de acordo com as seguintes situações:

a.- para pilares biapoiados sem forças transversais (figura 10)

MB
b  0,60  0,40   0,40 [24]
MA

sendo que MA e MB são os momentos solicitantes de primeira ordem nas


extremidades do pilar. Adota-se para MA o maior valor absoluto entre os dois
momentos de extremidade. Adota-se o sinal positivo para MB, se este tracionar a
mesma face que MA (curvatura simples), e negativo em caso contrário, conforme figura
10.

b.- para pilares biapoiados com forças transversais significativas ao longo da altura
 b  1,0 [25]

c.- para pilares em balanço


MC
b  0,80  0,20   0,85 [26]
MA

sendo que:
MA é o momento de primeira ordem no engaste e MC é o momento de primeira
ordem no meio do pilar em balanço:
0,85  b  1,0 [27]

d.- para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento
mínimo, calculado pela equação 21
 b  1,0 [28]

2.3.5 Critérios da ABNT NBR 6118:2003 para consideração dos efeitos de segunda
ordem
Quanto à esbeltez, os pilares podem ser classificados como:
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 17
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

Pilares curtos (  1) em que os índices de esbeltez são menores que os de


referência e, portanto, os efeitos de segunda ordem não precisam ser considerados.
Pilares medianamente esbeltos (1 <   90) que são aqueles para os quais
podem ser considerados os efeitos de segunda ordem por processo aproximado como
o método do pilar-padrão com curvatura aproximada (1/r) ou método do pilar-padrão
com rigidez (  ) aproximada.
Pilares esbeltos (90 <   140) são aqueles para os quais é possível considerar-se
nos projetos o método do pilar-padrão acoplado a diagramas de M – N – 1/r.
Pilares muito esbeltos (140 <   200) que exigem a consideração de processos
exatos para a verificação do estado limite de instabilidade.
Neste texto são estudados pilares com índice de esbeltez menor do que 90, ou
seja, (  90). No curso de Engenharia Civil ministrado na EESC – USP os projetos de
pilares com índices de esbeltez entre 90 e 200 são estudados em disciplina optativa
Estruturas de Concreto C, ministrada no segundo semestre do ano letivo.
A determinação dos efeitos locais de segunda ordem pode ser feita pelo método
geral ou por métodos aproximados.
Neste texto, somente é abordada a consideração dos efeitos de 2.a ordem para
os pilares medianamente esbeltos, empregando-se o método do pilar padrão com
curvatura aproximada e o método do pilar padrão com rigidez aproximada.
Os pilares medianamente esbeltos correspondem à maioria das ocorrências em
estruturas correntes de edifícios, sendo mais raros os casos de pilares com índices de
esbeltez maiores do que 90.

a.- Método do pilar padrão com curvatura aproximada

Pode ser empregado no dimensionamento de pilares com   90, com seção


transversal constante e armadura simétrica e constante ao longo do seu eixo.
A não-linearidade geométrica é considerada de modo aproximado, supondo-se
que a deformada da barra possa ser representada por uma curva senoidal.
A não-linearidade física é considerada por uma expressão aproximada da
curvatura na seção transversal que apresenta maior valor de momento fletor levando
em conta os momentos de primeira e segunda ordens.
O momento total máximo no pilar, ou seja, a soma dos momentos de 1.a ordem
com os momentos de segunda ordem, é calculado pela equação 29.

 2e 1
MSd,tot   b  M1Sd,A  NSd    M1Sd,A [29]
10 r

sendo que 1/r é a curvatura na seção critica, calculada com a equação 30, que
fornece valores aproximados, por causa dos critérios adotados.

1 0,005 0,005 NSd


  com   e M1Sd,A  M1Sd,min [30]
r h    0,5  h A c  fcd

sendo que,

b é o mesmo coeficiente definido no item 2.3.4.1;


Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 18

M1Sd,A é o valor de cálculo do momento de primeira ordem MA, definido no item


2.3.4.1;

h é a altura da seção do pilar na direção analisada;

 é a força normal adimensional;

fcd é a resistência à compressão de cálculo do concreto;

M1Sd,min tem o mesmo significado da equação 20.

Portanto, observando-se a segunda parcela do segundo membro da equação 28,


conclui-se que a excentricidade de segunda ordem (e2) assume o valor calculado pela
equação 31.

 2e 1
e2   [31]
10 r

b.- Método do pilar padrão com rigidez  aproximada

O método pode ser empregado no dimensionamento de pilares com   90, com


seção retangular constante e armadura simétrica e constante ao longo do seu eixo.
De acordo com o indicado na ABNT NBR 6118:2003 este método pode ser
aplicado em pilares submetidos à flexão composta oblíqua, analisando-se cada uma
das duas direções principais, simultaneamente.
A não-linearidade geométrica é considerada de forma aproximada, supondo-se
que a deformada da barra seja senoidal.
A não-linearidade física é considerada por uma equação aproximada da rigidez.
O valor de cálculo do momento fletor total máximo no pilar (soma do momento
de primeira ordem com o momento de segunda ordem) pode ser calculado pela
equação 32.

b  Md1,A  Md1,A 
Md,tot    [32]
2
M1d,min 
1

120 

sendo  a rigidez adimensional, calculada aproximadamente por:

 M 
  32   1  5  d,tot    [33]
 h  Nd 

As demais variáveis possuem o mesmo significado do método anterior.


Usualmente, 2 ou 3 iterações são suficientes quando se optar por um processo
iterativo.
É possível considerar uma solução única para cálculo do Md,tot, portanto sem a
necessidade de iterações, usando a equação 33, resultante da substituição da
expressão 32 em 31.
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 19
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

19200  Md2,tot  [3840  h  Nd  2  h  Nd  19200  b  M1d, A ]  Md,tot  3840  b  h  Nd  M1d, A  0


[34]

Considerando a equação 4 ou a 5, pode-se escrever:

 2e  12
 
2
[35]
h2

Substituindo a 35 em 34 obtém-se a equação 35 de segundo grau cuja incógnita


é o valor do momento fletor total, que considera os momentos fletores de primeira e
segunda ordens.

1
5  h  Md2,tot  [h2  Nd   2  Nd   5  h  b  M1d, A ]  Md,tot  h2  Nd  b  M1d, A  0 [36]
320

Considerando:

a  5 h ;

 2  Nd
b  h 2  Nd   5  h  b  M1d, A ;
320

c   h2  Nd  b  M1d, A ;

resulta a equação 37 de segundo grau.

a  MSd
2
,tot  b  MSd,tot  c  zero [37]

que permite calcular o valor de MSd,tot quando se adota o método do pilar padrão
com rigidez  aproximada.

c.- Método do pilar padrão para pilares da seção retangular submetidos à flexão
oblíqua composta

Quando a esbeltez de um pilar de seção retangular submetido à flexão composta


oblíqua for menor que 90 (< 90) nas duas direções principais, pode ser aplicado o
processo aproximado do pilar padrão com rigidez  aproximada em cada uma das duas
direções.
A amplificação dos momentos de primeira ordem em cada direção é diferente,
pois depende de valores distintos de rigidez e esbeltez.
Uma vez obtida a distribuição de momentos totais, de primeira e segunda ordem,
em cada direção, deve ser verificada, para cada seção ao longo do eixo, se a
composição desses momentos solicitantes fica dentro da envoltória de momentos
resistentes para a armadura escolhida. Essa verificação pode ser realizada em apenas
três seções: nas extremidades A e B e num ponto intermediário onde se admite atuar
concomitantemente os momentos Md,tot nas duas direções (x e y).

2.3.6 Excentricidade causada pela fluência

A excentricidade causada pela fluência do concreto ec precisa ser considerada


em pilares com  > 90, ou seja, nos pilares esbeltos e muitos esbeltos. Os efeitos da
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 20

fluência não precisam ser considerados em pilares com índices de esbeltez menores
que 90.
Embora a avaliação precisa dos efeitos da fluência seja uma tarefa complexa, a
ABNT NBR 6118:2003 apresenta uma expressão simplificada para o cálculo da
excentricidade ec, calculada pela equação 38.

  
φNSg
 MSg
ec    e a    2,718  1
Ne NSg
[38]
N 
 Sg   

sendo

MSg e Nsg os esforços solicitantes no pilar obtidos com combinação quase-


permanente;

ea é a excentricidade acidental;

φ é o coeficiente de fluência;

10  Eci  Ic
Ne  2
[39]
e

Eci  5.600  fck0,5 é o módulo de elasticidade inicial do concreto;

Ic é o momento de inércia da seção do pilar;

 e é o comprimento equivalente do tramo de pilar.

A excentricidade ec calculada com a equação (37) precisa ser somada à


excentricidade de primeira ordem.

3. Situações de projeto e de cálculo

Quando a análise estrutural é feita com auxílio de programa computacional


considerando pórtico espacial constituído por barras horizontais (vigas) e verticais
(pilares), os esforços solicitantes resultantes são as forças normais e momentos
fletores em duas direções principais. No dimensionamento das barras das armaduras
principais pode ser considerado o método do pilar-padrão com rigidez  aproximada,
com situação de projeto da seção transversal solicitada por flexão composta oblíqua.
Nos casos da análise estrutural feita considerando as vigas como contínuas,
levando-se em conta os momentos gerados pelas vinculações com os pilares de
extremidades, cumprindo as indicações da ABNT NBR 6118:2003 no que couber, as
situações de projeto dos pilares dependem apenas de suas posições em relação à
estrutura e dos esforços solicitantes iniciais nos mesmos. Portanto, conforme dito no
item 1.2, a situação de projeto dos pilares intermediários é de compressão centrada,
dos pilares de extremidade é de flexão normal composta e dos pilares de canto é de
flexão oblíqua composta.
Nas situações de cálculo, ou seja, as admitidas para os cálculos das áreas das
armaduras longitudinais, além das excentricidades iniciais da situação de projeto,
precisam ser consideradas as excentricidades que levam em conta efeitos adicionais,
tais como as imperfeições geométricas, os efeitos de segunda ordem e os efeitos da
fluência do concreto.
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 21
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

3.1 Seções de extremidades e seções intermediárias de pilares

No dimensionamento, além das seções das extremidades - topo e base, também


precisam ser analisadas as seções intermediárias do pilar.
Para compreender as diferentes situações em que se encontram essas seções
transversais, pode-se partir de uma estrutura de nós indeslocáveis, onde os nós das
extremidades de um pilar não têm deslocamentos horizontais, pois os mesmos podem
ser considerados fixos por causa das vinculações com as vigas dos pavimentos. Os
pavimentos constituídos por lajes e vigas funcionam como diafragmas horizontais
impedindo, assim, os deslocamentos no seu plano.
Entretanto, em uma seção intermediária do pilar, existem deslocamentos de 2.a
ordem, que precisam ser considerados no projeto (figura 12). Por outro lado, as
excentricidades iniciais nas seções intermediárias são menores que as das seções
extremas (pois os momentos solicitantes são menores).
As situações de cálculo nas seções de extremidades e na seção intermediária
precisam ser consideradas separadamente, as resistências destas seções precisam
ser verificadas separadamente e as áreas das barras de armadura das seções
transversais são as maiores entre as verificações das várias seções.

a.- Casos de pilares curtos:  < 1

Quando  < 1, os efeitos locais de segunda ordem podem ser desprezados na
direção em análise. Consideram-se as excentricidades inicial e a relativa à falta de
retilinidade criando-se, assim, as situações de cálculo indicadas na figura 13.

b.- Casos de pilares medianamente esbeltos: 1    90

Nos casos de projetos de pilares em que  > 1, os efeitos locais de segunda
ordem precisam ser obrigatoriamente considerados. A determinação dos efeitos de
segunda ordem pode ser feita por métodos aproximados, como os métodos do pilar-
padrão. Os efeitos da fluência do concreto não precisam ser considerados nos pilares
medianamente esbeltos (1<≤90). A excentricidade de segunda ordem pode ser vista
na figura 12.

B
ei B VIGA

Ponto indeslocável

PILAR

e2

Ponto indeslocável

ei A VIGA
A

Figura 12 - Excentricidade de segunda ordem em pilar


Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 22

[Carvalho & Figueiredo Filho, 2002]

Lembra-se, novamente, que nas seções de extremidade não se considerem os


efeitos de segunda ordem, precisando considerá-los apenas na seção intermediária,
em que as excentricidades são consideradas no sentido desfavorável conforme
indicado na figura 14.

c.- Casos de pilares esbeltos: 90 <   140

Para   90 é obrigatória a consideração dos efeitos da fluência do concreto,


efetuada por meio de uma excentricidade ec. A determinação dos efeitos locais de
segunda ordem pode ser feita pelo método do pilar-padrão ou pilar-padrão melhorado,
utilizando-se para a curvatura da seção crítica valores obtidos dos diagramas de
momento fletor, força normal e curvatura específica para o caso.

d.- Casos de pilares muito esbeltos: 140 <   200

Nestes casos, para a consideração dos efeitos de segunda ordem, adota-se para
o dimensionamento o Método Geral, que consiste na análise não-linear de segunda
ordem feita com a discretização adequada do tramo de pilar em análise, considerando
a relação momento-curvatura real em cada seção e a não-linearidade geométrica de
maneira não aproximada.

4. Detalhamento de pilares de concreto armado

4.1 Dimensões mínimas dos pilares

A ABNT NBR 6118:2003 estabelece que a menor dimensão da seção transversal


do pilar não pode ser inferior a 19cm. Essa recomendação visa evitar um
comportamento inaceitável para os elementos estruturais com relação aos esforços
solicitantes que ocorrem por causa das imperfeições geométricas e efeitos de segunda
ordem e propiciar condições adequadas de construção.
Em casos especiais, permite-se que a menor dimensão do pilar seja menor,
compreendida entre 19cm e 12cm. Nesses casos, é preciso multiplicar os esforços
solicitantes de cálculo por um coeficiente adicional (n), de acordo com a tabela 1.

Tabela 1 - Valores do coeficiente adicional n


Menor dimensão da seção do pilar (cm)
Menor dimensão  19 18 17 16 15 14 13 12
Valor de n 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35

4.2 Armaduras longitudinais

4.2.1 Taxa geométrica mínima e máxima

A taxa geométrica de armadura longitudinal do pilar é definida pela equação 40.

As
 [40]
Ac

sendo que As é a soma das áreas das seções transversais das barras
longitudinais e Ac é a área da seção transversal do pilar.
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 23
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

SITUAÇÃO DE PROJETO SITUAÇÕES DE CÁLCULO - Seções intermediárias

y y y
Pilares intermediários

Nd
Nd Nd eay
x x x

eax

Compressão centrada Flexão normal composta Flexão normal composta

y y y
Pilares de extremidade

Nd
Nd Nd eay
x x x

eix eix eax eix

Flexão normal composta Flexão normal composta Flexão oblíqua composta

y y y
Nd
Nd Nd eay
Pilares de canto

eiy eiy eiy


x x x

eix eix eax eix

Flexão oblíqua composta Flexão oblíqua composta Flexão oblíqua composta

Figura 13 - Situações de projetos e de cálculos em pilares curtos (    1 ) –


seções intermediárias
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 24

SITUAÇÃO DE PROJETO SITUAÇÕES DE CÁLCULO - Seções intermediárias

y y y

e2y Nd
Pilares intermediários

Nd Nd eay
x x x

eax e2x

Compressão centrada Flexão normal composta Flexão normal composta

y y y

Nd
Pilares de extremidade

e2y

Nd Nd x eay
x x

eix eix eax e2x eix

Flexão normal composta Flexão normal composta Flexão oblíqua composta

y
y y
e2y Nd

Nd Nd eay
Pilares de canto

eiy eiy eiy


x x x

eix eix eax e2x eix

Flexão oblíqua composta Flexão oblíqua composta Flexão oblíqua composta

Figura 14 - Situação de projeto e de cálculo em pilares medianamente esbeltos


( 1    90 ) – seções intermediárias
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 25
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

De acordo com as recomendações da ABNT NBR 6118:2003, a área mínima de


armadura longitudinal, é função da resistência de escoamento das barras de aço que
compõem a armadura e da intensidade da força normal, é calculada pela equação 40.

NSd
A s,min  0,15   0,004  A c  0,4%  A c [41]
f yd

Portanto, a taxa geométrica mínima de armadura em valor nominal é igual a


0,4%.
A maior área de armadura possível em pilares, considerando-se inclusive a
região de emenda por traspasse das barras da armadura, nas regiões dos níveis dos
andares, não pode ser maior do que 8% da área da seção transversal, ou seja
(equação 42).

A s,max  8%  A c [42]

Nas regiões fora das emendas por traspasse a taxa máxima das barras da
armadura longitudinal tem que ser, portanto, igual a 4%, pois, nas regiões de emendas
têm-se o dobro do número de barras.

4.2.2 Diâmetro mínimo das barras da armadura longitudinal

O diâmetro mínimo das barras longitudinais não pode ser inferior a 10 mm e


também não pode ser superior a 1/8 da menor dimensão da seção do pilar.
4.2.3 Distribuição das armaduras longitudinais na seção do pilar
A ABNT NBR 6118:2203 prescreve que as barras longitudinais precisam ser
posicionadas ao redor da periferia da seção, de forma a garantir a adequada
resistência do elemento estrutural.
Em seções poligonais, dentre as quais estão incluídas as seções retangulares,
precisa existir pelo menos uma barra em cada canto ou vértice do polígono. Em seções
circulares, têm que se detalharem pelo menos seis barras, distribuídas ao longo do
perímetro.

4.2.4 Espaçamento livre entre as barras das armaduras


Para garantir que no processo de moldagem dos pilares na obra o concreto fique
homogêneo é necessário que o arranjo das barras permita um espaço mínimo entre as
barras da armadura longitudinal. Por esse motivo consideram-se as limitações ao
espaçamento livre entre as barras da armadura longitudinal ( a  ), o qual precisa ser
igual ou superior ao maior dos seguintes valores:
- 20 mm;

- a medida do diâmetro da barra, do diâmetro do feixe ( n    n ) ou da luva


adotada na emenda;
- 1,2 vez o diâmetro máximo do agregado.
Esses valores também aplicam nas seções transversais de emendas das barras
da armadura longitudinal.
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 26

4.2.5 Espaçamento máximo entre os eixos das armaduras


O espaçamento máximo entre os eixos das barras da armadura também é
limitado, precisando ser menor ou igual a duas vezes a menor dimensão do pilar, sem
exceder a 400mm.
4.3 Armaduras transversais
4.3.1 Diâmetro dos estribos
O diâmetro dos estribos (t) em pilares não pode ser inferior a 5 mm ou 1/4 do
diâmetro da barra da armadura longitudinal.
4.3.2 Espaçamento longitudinal entre os estribos
A fim de garantir o posicionamento das barras da armadura longitudinal e,
também, impedir a flambagem das barras longitudinais e servir de armadura de costura
nas regiões de emendas, a ABNT NBR 6118:2003 recomenda espaçamentos máximos
entre os estribos (medido na direção do eixo do pilar), precisando ser igual ou inferior
ao menor dos seguintes valores:
- 200 mm;
- menor dimensão da seção;
- 24   para aço CA-25 e 12   para aço CA-50, sendo que  é o diâmetro das
barras da armadura longitudinal.
Os estribos podem ter diâmetro t menor do que lon/4 desde que as armaduras
sejam constituídas do mesmo tipo de aço e o espaçamento longitudinal respeite
também a seguinte limitação:

 2  1
smáx  9000   t   [43]
   fyk
A figura 15 indica, resumidamente, os valores dos espaçamentos máximos e
mínimos das armaduras transversais e longitudinais recomendados pela ABNT NBR
6118:2003.

Figura 15 - Resumo das principais recomendações da revisão da norma brasileira a


respeito do espaçamento das armaduras em pilares
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET Novembro de 2011 27
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

4.3.3 Proteção contra a flambagem das barras longitudinais

Sempre que houver possibilidade de flambagem das barras posicionadas junto


às superfícies do pilar, precisam ser tomadas precauções para evitá-la.
A ABNT NBR 6118:2003 indica que os estribos poligonais impedem a flambagem
das barras longitudinais situadas em seus cantos e as barras por eles abrangidos,
situadas no máximo à distância de 20   t do canto, desde que nesse trecho de
comprimento 20   t não existam mais de duas barras, não contando a do canto,
conforme figura 16. Quando houver mais de duas barras no trecho de comprimento
20   t , ou barras fora dele, precisa haver estribos suplementares, como mostrado na
figura 17.

20 t estribos 20 t


suplementares
Figura 16 - Proteção contra a flambagem das barras longitudinais

Se o estribo suplementar for constituído por uma barra reta, terminada em


ganchos, ele deve atravessar a seção do elemento estrutural e os seus ganchos devem
envolver a barra longitudinal, caso da figura 17a.
Se houver mais de uma barra longitudinal a ser protegida junto à extremidade do
estribo suplementar, caso da figura 17b, os ganchos precisam envolver o estribo
principal em ponto junto a uma das barras, o que precisa ser indicado no projeto de
modo bem destacado.

t t t t

20 t 20 t 20 t

Gancho envolvendo a Gancho envolvendo um


barra longitudinal estribo principal

Figura 17 - Formas de detalhamento dos ganchos dos estribos suplementares

4.4 Emenda das barras longitudinais do pilar

Em função do processo construtivo empregado na construção dos pilares, as


barras longitudinais precisam ser emendadas ao longo de seu comprimento, o que
ocorre na maioria dos casos nos pavimentos dos edifícios, pois são feitas as juntas de
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003 28

concretagem em seções transversais coincidentes com as faces superiores das lajes e


vigas. As emendas das barras podem ser: por traspasse; por luvas com preenchimento
metálico ou rosqueadas; por solda, conforme estudado no capítulo de Ancoragem por
Aderência.
A emenda por traspasse é empregada por seu menor custo, além da facilidade
na montagem das barras da armadura na construção.
A ABNT NBR 6118:2003 recomenda que a emenda por traspasse seja evitada
para diâmetros de barras maiores que 32mm.
O comprimento de traspasse nas barras longitudinais comprimidas é
determinado pela equação 43.

 0 c   b,nec   0c,min [43]

sendo que:

 b,nec é o comprimento de ancoragem necessário;

 0 c,min é o maior valor entre 0,6   b , 15 e 200mm;

 b é o comprimento de ancoragem básico.

A figura 18 mostra um exemplo de emenda por traspasse em pilares de seção


constante, sendo que as barras longitudinais do pilar inferior são interrompidas a uma
altura acima da face superior da viga ou laje igual ao comprimento de traspasse.

A A
traspasse

oc

Seção A-A

Figura 18 - Emendas por traspasse das barras da armadura longitudinal em pilares


José Samuel Giongo – USP – EESC – SET novembro de 2011 1
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

5. Exemplos de projeto de pilares (03 de novembro de 2011)

Neste item apresentam-se exemplos de dimensionamento de pilares de concreto


armado seguindo as recomendações da ABNT NBR 6118:2003. Desenvolveu-se um
exemplo para cada tipo de pilar quanto à sua posição geométrica na forma do
pavimento-tipo: pilar de canto, pilar de extremidade e pilar interno.
O projeto de edifício considerado é o analisado por Fusco (1981), porém
atualizado com os critérios da ABNT NBR 6118:2003.
A figura 19 ilustra a planta de forma do pavimento tipo e a tabela 1 fornece os
dados necessários para os cálculos e detalhamentos das áreas das armaduras.
Os pilares a serem projetados são: o pilar P1 submetido à flexão composta
oblíqua, por ser um pilar de canto e, portanto, submetido à força centrada e momentos
fletores em duas direções principais em virtude da ligação deste com as vigas V1 e V4;
o pilar P4 submetido à ação de força normal calculada considerando-se as reações de
apoio das vigas V2 e V4; e, o P5 que é um pilar que pode ser considerado submetido à
força normal, não sendo considerados os momentos fletores atuantes em função da
ligação do pilar com as vigas V2 e V5.
6,00 m 5,00 m

V1 (20x62)

P1 P2 P3
25/60 25/60
4,00 m

L1 L2

V2 (20x62)

P4 P5 P6
25/70 35/60
V4 (12x52)

V5 (20x52)
4,00 m

V6

L3 L4

V3 (20x62)
P7 P8

Figura 19: Forma do pavimento tipo [Fusco (1981)]


Tabela 1 - Dados para os projetos dos pilares do exemplo de edifício
Materiais Cobrimento Força normal Ações nas vigas
Concreto C30 P5: Nk  2.720 kN V2: g  qk  19 kN/m
2,5 cm P4: Nk  1.670 kN V1: g  qk  20 kN/m
Aço CA-50 P1: Nk  1.850 kN V4: g  qk  16 kN/m

Nestes exemplos, para a consideração dos efeitos de segunda ordem, adotaram-


se o método do pilar-padrão com rigidez  aproximada.
5.1 Exemplo 1: Pilar de canto – P1
O pilar de canto P1 indicado no desenho da forma do pavimento tipo da figura
5.1, com a distância de piso a piso igual a 4,60 metros, é projetado neste item. A figura
USP - EESC - SET - Concreto armado: projeto de pilares segundo a NBR 6118:2003 2

5.12 mostra as medidas da seção transversal do pilar P1 e as dimensões das vigas V1


e V4 inclusive as distâncias entre pisos.
Os módulos das forças normais característica e de cálculo atuante no pilar P1
são:
NSk  1.850kN

NSd  1,4  1.850  2.590kN

5.1.1 Esforços solicitantes característicos atuantes no pilar


Os momentos fletores e a força normal foram calculados na etapa de análise
estrutural do edifício e a figura 5.20 mostra os digramas destes esforços.

Figura 20 - Diagramas de forças normais e momentos fletores (em perspectiva) –


pilar P1
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET novembro de 2011 3
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

5.1.2 Cálculo das excentricidades relativas aos momentos atuantes nas seções de topo
e base do pilar P1

As excentricidades nas seções de topo e base nas direções x e y relativas aos


momentos de primeira ordem no pilar, nas seções de topo e base, resultam:

1823
Mdix,A  Mdix,B  1,4  1302  1.823kNcm e ix,A  e ix,B   0,70 cm
2590

983
Mdiy,A  Mdiy,B  1,4  702  983kNcm e iy,A  e iy,B   0,38 cm
2590

5.1.3 Cálculo dos momentos mínimos (equação 21)

a.- direção x

Md1x,mín  NSd  0,015  0,03  h x   2.590  0,015  0,03  0,25   58,28 kNm  5.828 kNcm

portanto, a excentricidade mínima a considerar na direção do eixo x é igual a:

e ix,mín  0,015  0,03  0,25  0,0225 m  2,25 cm

b.- direção y

Md1y,mín  Nd  0,015  0,03  h y   2.590  0,015  0,03  0,60   85,47kNm  8.547kNcm

então, a excentricidade mínima a considerar na direção do eixo y é igual a:

eix,mín  0,015  0,03  0,60  0,0330 m  3,30 cm

Os módulos dos momentos mínimos são maiores que os momentos fletores


atuantes nas seções de topo e base oriundos das ligações com as vigas V1 e V4.

5.1.4 Verificação da necessidade da consideração dos momentos de segunda ordem

A verificação da necessidade da consideração dos momentos de segunda ordem


é feita calculando-se os índices de esbeltez, para as duas direções x e y, e com as
expressões indicadas no item 1.3.2.

5.1.4.1 Cálculo dos índices de esbeltez

a.- Direção do eixo x:

O índice de esbeltez é calculado com a equação 4, considerando-se a medida do


lado do pilar na direção x, resultando:

 ex  12 423  12
x    58,6
hx 25

O cálculo do índice de esbeltez de referência é feito com a equação 22:


USP - EESC - SET - Concreto armado: projeto de pilares segundo a NBR 6118:2003 4

eix 0,70
25  12,5  25  12,5 
1 x  hx
 25  25,4  35
 bx 1,0

com bx  1,0 , pois os momentos iniciais de topo e base são menores que o
momento mínimo (equação 28).

Portanto, tem-se que  1 x  35

E como, visto no item 2.3.4 e na ABNT NBR 6118:2003,

1 x  35   x  58,6  90
tem-se, assim, pilar medianamente esbelto na direção x, havendo necessidade de
considerarem-se os momentos de segunda ordem nesta direção.

b.- Direção do eixo y:

Analogamente:

o índice de esbeltez na direção do eixo y resulta:

 ey  12 460  12
y    26,6  35
hy 60

O índice de esbeltez de referência é:

eiy
25  12,5  25  12,5 
0,38
hy
1 y   60  25,1  35
 by 1,0

sendo  by  1,0 , pois os momentos são menores que o momento mínimo.

Portanto,  1 y  35

e, como

 y  26,6  1 y  35

portanto, não há a necessidade de se considerar o efeito de segunda ordem na


direção y.

5.1.4 Consideração dos efeitos de segunda ordem –


Método do Pilar Padrão com rigidez (  ) aproximada

Neste item faz-se o cálculo da área das barras da armadura longitudinal para o
pilar P1 considerando o método do pilar-padrão com rigidez (  ) aproximada.
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET novembro de 2011 5
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

Na flexão composta oblíqua pode-se adotar o método do pilar padrão com rigidez
aproximada, processo indicado pela ABNT NBR 6118:2003 e neste texto estudado no
item 3.2.5 alínea b, cujo procedimento consiste na amplificação dos momentos de
primeira ordem, em cada direção simultaneamente.

5.1.4.1 Cálculo dos momentos totais nas duas direções x e y usando as equações do
momento total (Md,tot) e da rigidez aproximada (  )

a.- Momento total na direção do eixo x

Com a equação 37 se calcula o valor do momento total na direção do eixo x.

a  M2dx,tot  b  Mdx,tot  c  zero (equação 37)

São os seguintes dados relativos à direção x:

 bx  1,0 NSd  2.590kN


Md1x,A  1.823 kNcm  18,23 kNm Md1x,min  58,28 kNm  5828kNcm
 ex  423cm  4,23m h x  25cm  0,25m

Conforme dedução da equação 37 pode-se escrever:

a  5  h  5  0,25  1,25

 2ex  NSd 4,23 2  2.590


b  h 2  NSd   5  h   b  MS1d,A  0,25 2  2.590   5  0,25  1,0  18,23
320 320

b  161,88  144,82  22,79  5,73

c   h2  NSd   b  MS1d,A  0,25 2  2.590  1,0  18,23  2.950,98

Substituindo a, b e c na equação 37 tem-se:

1,25  M2dx,tot  5,73  Mdx,tot  2.950,98  zero

Resolvendo a equação do segundo grau, resulta:

Mdx,tot  50,93 kNm  Md1x,min  58,28 kNm

sendo que o momento total na direção do eixo x tem que ser maior do que o
momento mínimo, assim tem-se:

Mdx,tot  58,28 kNm

b.- Momento total na direção do eixo y

Com a equação 37 se calcula o valor do momento total na direção do eixo y.

a  Mdy
2
,tot  b  Mdy ,tot  c  zero (equação 37)
USP - EESC - SET - Concreto armado: projeto de pilares segundo a NBR 6118:2003 6

Com os seguintes dados relativos à direção y:

by  1,0 Nd  2.590kN


Md1y,A  983kNcm  9,83 kNm Md1y,min  85,47kNm  8547kNcm
 ey  460cm  4,60m h y  60cm  0,60 m

vem:

a  5  h  5  0,60  3,00

 2ex  Nd 4,60 2  2.590


b  h 2  Nd   5  h   b  M1d,A  0,60 2 2.590   5  0,60  1,0  9,83
320 320

b  932,40  171,26  29,49  731,65

c   h 2  Nd   b  M1d,A  0,60 2  2.590  1,0  9,83  9.156,49

Substituindo a, b e c na equação 37 têm-se:

3,00  Mdy
2
,tot  731,65  Mdy ,tot  9.156,49  zero

Resolvendo a equação do segundo grau, resulta:

Mdy,tot  11,93kNm  Md1y,min  85,47kNm

sendo que o momento total na direção do eixo y tem que ser maior do que o
momento mínimo, assim tem-se:

Mdy,tot  85,47 kNm

c.- Cálculo da área das barras da armadura longitudinal

Para cálculo da área das barras da armadura longitudinal relativas aos momentos
totais nas direções x e y consideraram-se (ver ábaco A-17, anexo, elaborado por
Pinheiro et al.,1994):

d' x 4,0
  0,16  0,15
hx 25

d' y 4,0
  0,07  0,05
hy 60

sendo que a medida d’ pode ser avaliada por, considerando cobrimentos iguais a
2,5cm, diâmetro dos estribos de 5,0mm (CA-60) e diâmetro das barras longitudinais de
20,0mm:

2,0
d'  2,5  0,5   4,0 cm
2
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET novembro de 2011 7
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

Os momentos totais nas duas direções e as respectivas excentricidades são


iguais a:

Mdx, tot  Mdx,mín  58,28 kNm  e x  2,25 cm

Mdy,tot  Mdy,mín  85,47 kNm  e y  3,30 cm

O valor da força normal reduzida é igual a (ver ábaco A-17, anexo, elaborado por
Pinheiro et al.,1994):

2.590
d   0,81
3,0
25  60 
1,4

Os momentos fletores reduzidos são iguais a (ver ábaco A-17, anexo, elaborado
por Pinheiro et al.,1994):

ex 2,25
 dx   d  0,81  0,07
hx 25

ey 3,30
 dy   d  0,81  0,04
hy 60

No ábaco citado para a flexão oblíqua composta com  d  0,8 resulta taxa
mecânica das barras da armadura igual a:
  0,26 .

A área das barras da armadura longitudinal resulta igual a:


1 3,0 1
A s    A c  fcd   0,26  (25  60)    19,22 cm2
f yd 1,4 50
1,15

d.- Cálculo da taxa geométrica mínima de armadura


A área mínima de armadura longitudinal em pilares é calculada pela expressão
indicada pela ABNT NBR 6118:2003, considerando, neste projeto, concreto C30 e
barras de aço categoria CA-50, resultando:

NSd 2.590
A s,min  0,15   0,15   8,93cm 2  0,004  A c  0,004  25  60  6,00cm 2
f yd 43,5

que é menor que a área de armadura calculada.


5.1.5 Arranjo das barras da armadura longitudinal e transversal
A taxa de armadura longitudinal calculada com os critérios do pilar-padrão com
rigidez (  ) aproximada ficou igual a   0,26 resultando na área calculada de barras
longitudinais A s  19,22 cm 2 .
Adotando barras de diâmetro 16,0mm com área unitária igual a 2,01cm2, resultam
10 barras deste diâmetro, com área efetiva igual a 20,10cm2.
USP - EESC - SET - Concreto armado: projeto de pilares segundo a NBR 6118:2003 8

A taxa geométrica das barras da armadura longitudinal tem que respeitar o valor
máximo que é igual a 4%, ou seja:

As 20,10 8,0%
   1,34 %   4,0%
A c 25  60 2

que é menor do que o valor máximo da taxa geométrica de 4,0% levando-se em


conta a região de emendas por traspasse.
A figura 21 mostra o arranjo das barras longitudinais na seção transversal do pilar
P1, bem como das barras da armadura transversal (estribos) com os respectivos
espaçamentos.
Os estribos precisam ter diâmetro menor do que o diâmetro das barras da
armadura longitudinal dividido por 4, nunca menor do que 5,0mm, ou seja:

lon 16,0
 est    4,0 mm  5,0 mm
4 4
Adota-se, portanto, estribos de diâmetro ( est ) 5,0mm de aço categoria CA-60.
Conforme já estudado os espaçamentos entre os estribos tem que atender a
menor medida calculada entre as seguintes condições:

20 cm

s  h x  25cm  h y  60cm

12  12  1,6  19,2 cm

Adota-se, portanto, o menor valor, resultando smáx  19 cm .


A proteção contra a flambagem das barras das barras da armadura longitudinal é
atendida quando as distâncias entre os centros da barras ficarem menores do que
20   t , conforme indicado na ABNT NBR 6118:2003, ou seja, 20   t  20  0,5  10 cm .
Em cada face é preciso dispor 5 barras de 16,0mm, sendo que a distância entre
os centros é igual a:
60  2  2,5  2  0,5  1,6
 13,1cm
4
Como a distância entre os centros das barras não pode ser maior do que 10cm é
preciso que as barras que não estão posicionadas nas quinas tenham estribos
suplementares conforme indicado na figura 21.

P1 (25 x 60)
i + 460
53

25
20
N1 - 10 Ø 16,0 (513)
25 N2 C/19

60

50

20 N2 - 25 Ø 5,0 C/19 (150)

i N3 - 75 Ø 5,0 C/20 (30)

Figura 21 - Detalhamento do pilar P1


José Samuel Giongo – USP – EESC – SET novembro de 2011 9
Concreto armado: projeto de pilares segundo a ABNT NBR 6118:2003

Ábaco A - 17 - Pinheiro et al. (1994) - EESC - USP


USP - EESC - SET - Concreto armado: projeto de pilares segundo a NBR 6118:2003 10

Ábaco A - 17 - Pinheiro et al. (1994) - EESC - USP

Você também pode gostar