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Mario Sbriccoli1
1
Università di Macerata, Macerata, Itália
*
“Storia del diritto e storia della società. Questioni di metodo e problemi di ricerca”,
publicado originalmente em GROSSI, Paolo (a cura di). Storia sociale e dimensione
giuridica$WWLGHOO¶LQFRQWURGLVWXGLR)LUHQ]H$SULOH0LODQR*LX൵Uq
p. 127-148. Tradução da língua italiana, resumo e palavras-chave por Ricardo Sontag.
Colaboração no ajuste das notas de rodapé: João Paulo Mansur.
1
In memoriam (1940-2005).
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Mario Sbriccoli
1 Introdução
1
R. ROTH, Evaluation de l’apport des résultats de la recherche historique à la politique
criminelle et à la prévision de son évolution, comptetenu des changements du contexte
social et économique. Rapport au VIe Colloque de Criminologie du Conseil de l’Europe,
(PC. CC. 83.12), Paper, Strasbourg, 1983, p. 7.
3
P. VEYNE, Foucault e la storia, in Aut Aut, ns., 181, 1981, p. 81.
4
A. MOMIGLIANO, Le conseguenze del rinnovamento della storia dei diritti antichi,
in La storia del diritto nel quadro delle scienze storiche. Atti del primo Congresso
internazionale della Società italiana di Storia del diritto, Firenze, 1966, p. 23.
5
S. RODOTA, Relazione, in “La cultura” delle riviste giuridiche italiane. Atti del primo
incontro di studio, Firenze, 15-16 aprile 1983, (Per la storia del pensiero giuridico
moderno, 13), Milano, 1984, p. 91.
6
M. HAURIOU, Police juridique et fond du droit, in Revue trimestrielle de droit civil,
11, 1926, p. 279.
7
H. CAPITANT, Les grands arrêts de la jurisprudence civile, Paris, 1950, p. VIII. Extraio
tais referências e um aspecto da ordem do raciocínio de J.-P. CHARNAY, Su un metodo
della sociologia giuridica: l’utilizzazione della giurisprudenza, in Problemi di metodo
storico, a cura di F. Braudel, Bari, 1973, p. 392.
8
Storia delle istituzioni come storia del potere istituzionalizzato, publicado em 1976 com
o título Lo studio delle istituzioni medievali in Italia (1975), agora em Forme di potere e
struttura sociale in Italia nel Medioevo, a cura di G. Rossetti, Bologna, 1977, p. 38.
9
G. DUBY, Matrimonio medievale. Due modelli nella Francia del XII secolo, Milano,
1981. p. 25.
10
Antonio Marongiu, com uma apaixonada e lúcida explanação, respondeu Georges
Duby no longo artigo Matrimonio medievale e matrimonio postmedievale. Spunti-
critici, in Rivista di storia del diritto italiano, 57, 1984, pp. 5-119. Cada passagem do
escrito de Marongiu, excluindo-se algumas forçadas ideológicas, parece ao historiador
do direito prova evidente do fato de que ele tem razão e que Duby está equivocado.
Valendo-se do seu ponto de vista, feito de fontes jurídicas e visão cristão-canônica
do matrimônio e da família, conseguimos perceber as negligências, as omissões e os
‘erros’ de Georges Duby, quando existem, mas não conseguimos conhecer a família
medieval, que é, certamente, como qualquer família em qualquer tempo, algo muito
diferente das suas regras matrimoniais e não matrimoniais. Parece-me, então, que, para
arbitrar dissensos desse tipo, são válidas as palavras de Marc Bloch (que não devem
ser entendidas literalmente, mas compreendidas), extraídas do Apologia della storia o
mestiere di storico, Torino, 1969, pp. 130-131: “I1 diritto” – escrevia Bloch há mais
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esaurisce nessuna. Per penetrare per esempio veramente a fondo la vita della famiglia
- si tratti della piccola famiglia matrimoniale di oggi, dalle continue sistole e diastole,
oppure del grande lignaggio medievale, questa collettività cementata da un così tenace
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gli articoli di un qualsiasi diritto familare? Pare che talvolta lo si sia creduto: con quali
4 Desdisciplinarizar-se
fallaci risultati, risulta abbastanza chiaro dall’impotenza in cui noi siamo ancora oggi di
ripercorrere l’evoluzione intima della famiglia francese”.
11
F. FURET, I metodi delle scienze sociali nella ricerca storica e la a “storia totale”, in
/DWHRULDGHOODVWRULRJUD¿DRJJL, a cura di P. Rossi, Milano, 1983, p. 119.
mente retórica e óbvia, que empreguei até agora. Ela precisa, por assim
dizer, de bases de apoio, e, depois, de pernas para caminhar. Então, eu
vou tentar indicar os elementos que, mais do que outros, parecem-me que
fundamentam tal exigência e que assinalam alguns pontos programáticos
para a sua realização.
É preciso, antes de qualquer coisa, manter sempre viva a consciên-
cia da complexidade da questão. Tal consciência indica por si só um pri-
meiro terreno em comum entre história social e a sua dimensão jurídica,
porque a complexidade é condizente, como chave de reconstrução, com
o direito e com a sociedade. Esses dois momentos se valem dos próprios
contextos e operam com as contribuições das próprias ciências sociais, da
economia à sociologia, da antropologia social à etnologia.
O jurista, em particular, está investido do papel de vincular as suas
análises e as suas hipóteses aos contextos dos quais o direito parte e aos
quais se direciona na sua função de racionalização e organização. Eu di-
ria, se posso usar outra metáfora, que ele deverá alçar com mais frequên-
cia os olhos do microscópio: com o olho colado no microscópio, o jurista
enxerga coisas que outros não enxergam e que muitos ignoram até mesmo
a existência; por vezes, todavia, ele deveria levantar o olhar e direcioná-
-lo para a paisagem circundante, para entender onde está o objeto da sua
observação e para dar um sentido a ele, reinserindo-o mentalmente no seu
lugar, no panorama do qual faz parte.
Na mesma perspectiva se coloca a exigência de empregar com
mais assiduidade o método comparativo na história jurídica: trata-se, por
exemplo, de aplicá-lo entre direito e sociologia em base histórica. A ope-
ração, certamente, é tecnicamente difícil e culturalmente delicada, mas é
possível extrair muito dela: basta pensar em tentativas de extremo inte-
resse como a de Norbert Elias em anos longínquos retomada por outros
recentemente no que diz respeito à “formação das normas sociais” e ao
terreno de comparação que tais investigações, e outras similares a essas,
oportunizam em relação aos processos de formação das normas jurídicas.
Depois, todo o terreno das ‘normatividades’, na sua extrema complexi-
dade e articulação, representa uma enorme área comum de comparação e
pesquisa.
12
M. FOUCAULT, La polvere e la nuvola, in Aut Aut, n.s., 181, 1981, p. 48.
13
R. LEVY, Ph. ROBERT, Le sociologue et l’historie pénale, in Annales ESC, 39, 1984,
n. 2, p. 405.
de cada um dos modos de erigir uma pesquisa. Uma troca, de certa for-
ma, facilitada pelo fato de que “não existem, provavelmente, diferenças
epistemológicas entre história e sociologia, e que ambas pertencem, em
princípio, ao mesmo ‘continente’...”14.
É necessário dizer, ainda, que, pelo menos, três territórios comuns
já existem no que diz respeito à história jurídica e à sociologia histórica,
senão precisamente à história social. Eles já foram, em parte, explorados:
pelos juristas, que trabalharam com categorias sociológicas ‘agregadas’
ao seu particular ponto de vista, e pelos historiadores da sociedade, ou das
instituições sociais e políticas, os quais, na relação entre história do direi-
to e história das instituições, identificam uma relação
diversi, ma soggetti ad un’azione umana comune, dei barlumi che, nel loro ambito
necessariamente limitato, sono molto rivelatori” (M. BLOCH, Apologia, cit., p. 131).
17
R. LEVY, Ph. ROBERT, Le sociologue, cit., p. 404.
18
J.-P. CHARNAY, Su un metodo, cit., p. 400.
19
O relançamento recente da expressão deve-se a Carlo Ginzburg que refez a sua história
e explicou o seu sentido no artigo Spie. Radici di un paradigma indiziario, in Crisi della
ragione. Nuovi modelli nel rapporto tra sapere e attività umane, a cura di A. GARGANI,
Torino, 1979, p. 82 ss.
20
A. HELLER, Teoria della storia, Roma, 1982, p. 94 ss.
21
R. ROTH, Histoire pénale, histoire sociale: même débat?, in Déviance et société, 5,
1981, n. 2, p. 195.
22
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anos uma discussão que já envolveu um número muito alto de escritores, especialmente
nas áreas francesas e norte-americanas. Talvez já esteja na hora de extrair as primeiras
grandes linhas de tal discussão, para consolidar, pelo menos, o espaço de legitimidade,
senão de autonomia, desse setor da pesquisa histórica. Para esse auspício, creio que este
lugar e esta conferência sejam apropriados e adequados.
23
G. RUSCHE, Il mercato del lavoro e l’esecuzione della pena. 5LÀHVVLRQL SHU XQD
sociologia della giustizia penale, in La questione criminale, 2, 1976, n. 3, p. 521.
24
R. ROTH, Histoire pénale, cit., p. 187, 194.
Referências