International Centre for Condensed Matter Physics

Instituto de Física, Universidade de Brasília

Ano X, Maio de 2021 • http://periodicos.unb.br/index.php/e-bfis • eBFIS 5 2101-1(2021)

O Comportamento da radiação de Infravermelho no Funcionamento de Termômetros e

suas Aplicações na Biomédica
Anne Karoline Feitoza Mendonça∗
Mestranda no PPGEB na Universidade de Brasília, Brasil.

Este trabalho se propõe a mostrar, de forma simples e didática, a teoria física/quântica por trás
do funcionamento de um termômetro infravermelho, usualmente utilizado na medicina e engenharia.
Com base em um breve histórico contemplando desde o surgimento da radiação infravermelha até
a comprovação de seu comportamento como onda e sua aplicação na tecnologia. Destacando seu
papel importante para o avanço de disgnóstico e tratamento de patologias.
Keywords: Radiação infravermelha, Termômetro, Emissividade, Biomédica, Termografia.

I. INTRODUÇÃO teoria quântica das radiações que explica os fenômenos

Ao longo da história da física muitos experimentos re-
alizados foram essenciais para a descoberta de diversos
fenômenos, como as radiações eletromagnéticas, em des-
taque a infravermelha (IV). Tais experimentos trouxeram
o aprimoramento de conceitos que possibilitaram o de-
senvolvimento de inúmeras tecnologias que hoje são am-
plamente utilizadas em diversas áreas do conhecimento.
William Herschel foi um dos cientistas que contribuiu
para esse desenvolvimento, com a "descoberta"da radia-
ção infravermelha em 1800 [5].
A temperatura dos corpos é uma característica que
desde a antiguidade provoca a curiosidade do homem
o que levou o surgimento de instrumentos capazes de
medi-la. O instrumento mais utilizado, atualmente, para
esse fim é o termômetro, que teve seu primeiro protó-
tipo construído por Filón Bizancio no ano 250 a.C [12].
A necessidade de um equipamento mais preciso fez com
que diversos cientistas e estudiosos buscassem a formu-
lação de um aparato melhor para realizar tais medições.
Galileo Galilei, por exemplo, redescobriu o termoscópio
idealizado por Fredrico Commandino e construiu o seu
próprio protótipo capaz de medir altas variações de tem-
peratura [12]. A tecnologia juntamente com as teorias
físicas continuaram em avanço até o ano de 1892 quando
o químico Henri Louis Le Chatelier construiu o primeiro
pirômetro óptico capaz de medir temperatura de objetos
a distância.
A partir desse momento o pirômetro de Henri foi apri-
morado até chegar no termômetro de infravermelho uti-
lizado nos dias de hoje. Os conceitos físicos utilizados
para a construção desse instrumento tem como base a
∗ akfm96@hotmail.com
de absorção e emissão de radiação dos corpos que se en-
contram no sistema Terra-atmosfera. Deste modo, o pre-
sente trabalho tem por objetivo explorar os conceitos físi-
cos envolvidos na medição de temperatura realizada por
um termômetro infravermelho e suas aplicações na bio-
médica. Mostrando que a teoria quântica está bem mais
próxima do cotidiano do que se imagina.
II. RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA
O estudo da luz por muito tempo foi dependente do
estudo da visão. Uma das teorias desenvolvidas na an-
tiguidade acerca desse assunto explicava a visão como
uma emanação do olho que apreenderia o objeto em ob-
servação. Porém, essa teoria não conseguia explicar a
incapacidade de se enxergar na escuridão, o que a tor-
nou não muito aceita dando espaço para surgimento de
outras teorias mais consistente [1].
Sendo assim, no início do século XIX o famigerado fí-
sico Issac Newton (1643-1727) apresentou uma nova teo-
ria em que a luz se comportaria como um fluxo de par-
tículas que se chocariam com os objetos observados e
consequentemente atingiriam o olho do observador. O
cérebro, então, receberia esta informação e a processaria
construindo uma imagem mental do objeto, por meio dos
dados visuais e de outros órgãos de percepção do ambi-
ente e de experiências anteriores [1].
Em 1678 Christian Huygens (1629-1695) propôs outro
modelo para o comportamento da luz esse sugeriu que a
luz possuía um caráter ondulatório. Sua teoria, devido
a reputação de Newton, não foi bem aceita pelos físicos
de sua época por mais que existissem evidências experi-
mentais. O estudo do tema continuou em avanço, porém,
até meados de 1865 o eletromagnetismo e a óptica eram
vistos como dois ramos separados da física e mesmo com

seu caráter ondulatório comprovado a luz ainda não ti-
nha entrado no rol do eletromagnetismo. Foi então que
James Clerck Maxwell demostrou a teoria em que as car-
gas elétricas aceleradas emitem radiação eletromagnética
e que essa energia liberada apresentava propriedades on-
dulatórias como reflexão, refração, difração, interferência
e transporte de energia. Por fim, surgiu as tão conhecidas
e intituladas pelo próprio Maxwell: ondas eletromagné-
ticas [1,2].
Em 1887 toda teoria de Maxwell foi comprovada pelos
experimentos de Hertz, que conseguiu demonstrar que as
ondas de rádio, assim como as luminosas, podem ser refle-
tidas e difratadas. Essa descoberta abriu as portas para o
estudo desse campo que culminou em um avanço tecnoló-
gico impressionante. Algum tempo mais tarde outros ti-
pos de radiações foram sendo descobertos, radiações estas
que se classificavam em faixas de frequências diferentes.
Foi, então, que as ondas de rádio, micro-ondas, radia-
ção infravermelha (IV), luz visível, radiação ultravioleta,
raios-X e raios gama entraram para o rol de radiações
eletromagnéticas que integravam o espectro eletromag-
nético como apresentado na Figura 1 [1].
Figura 1: Espectro Eletromagnético.
Fonte: [3].
Na escala que apresenta o comprimento de onda na
Figura 1 cada marca esta correlacionada a uma variação
do comprimento de onda que define regiões que recebem
nomes diferentes de acordo com as características da ra-
diação [3].
Em 1800 William Herschel, através de suas observa-
ções descobriu que o bulbo de um termômetro aquecia
com mais intensidade quando colocado na região não vi-
sível para além do vermelho do espectro solar. O que
deu inicio a uma nova disciplina científica, a amplamente
conhecida: ciência do infravermelho que viria a contri-
buir grandemente para as futuras inovações tecnológicas
e ainda ajudaria em diversas outras áreas como a me-
dicina [5]. Muito tempo depois seu filho, o físico John
Herschel, comprovou suas observações por meio de expe-
rimentos, concluindo que a radiação infravermelha tem
a mesma natureza da luz e difere desta apenas pelo fato
de não ser observada pelo olho humano [4,5]. Diversas
outras pesquisas que se seguiram desde Herschel confir-
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Anne karoline Feitoza Mendonça
maram a natureza ondulatória da radiação IV levando-a
a ser considerada uma parte do espectro eletromagnético
[5].
III. RADIAÇÃO INFRAVERMELHA
Quase toda troca de energia que ocorre entre a Terra
e o resto do universo é realizada por radiação, pois essa
é a única capaz de transpor o vácuo do espaço. O sis-
tema Terra-atmosfera absorve regularmente radiação so-
lar e por consequência emite sua própria radiação para
o espaço. Desta forma, todos os corpos que fazem parte
desse sistema passam pelo mesmo processo, ou seja, o
corpo humano, animais e todos os outros objetos emitem
essa radiação constantemente.
Quando observado a longo prazo esse sistema se encon-
tra muito próximo do equilíbrio radiativo, uma vez que,
as taxas de absorção e emissão são relativamente iguais.
Esse processo constante de troca também esta correlaci-
onado a transferência de calor entre a superfície da Terra
e a atmosfera e suas camadas [11], o que promove a ma-
nutenção da vida fato não observado em outros planetas
que compõem o sistema solar. Como dito na sessão an-
terior no século XVIII a condição de onda da radiação
eletromagnética foi comprovada sendo então considerada
um conjunto de ondas (elétricas e magnéticas) cuja ve-
locidade no vácuo é de c = 3 × 108 m/s sendo, também,
caracterizadas pelo seu comprimento de onda (Figura 1).
c = λυ (1)
O comprimento de onda das radiações (λ) é dado pela
distancia dos picos (ou cristas) sucessivos (como obser-
vado na Figura 2) mais sua frequência (υ) - que é o nú-
mero de ondas completas que passa por um dado ponto
por unidade de tempo (s). Sendo que a velocidade da luz
c é a relação entre λ e υ [11] como mostrado na Equação
1.
Figura 2: Características de uma onda.
Fonte:[11].
Grande parte da energia que entra no sistema Terra-
atmosfera corresponde a energia radiante do sol que se
concentra nas partes do visível do espectro. Assim, a luz
visível (0, 7 × 10−6 m a 0, 4 × 10−6 m) corresponde a apro-
ximadamente 43% do total emitido pelo sol e 49% estão
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no infravermelho mais próximo do visível e 7% no ultra-
violeta e os 1% finais abrangem os raios-X, gama e ondas
de rádio [11]. Por mais que o espectro tenha essa carac-
terística intervalar, as radiações que o compõem são em
essência iguais, desta forma, quando ocorre a absorção de
energia por um objeto qualquer o resultado é um cres-
cimento do movimento molecular e um correspondente
aumento da temperatura deste objeto [11].
Sendo assim, todas as moléculas isoladas possuem uma
quantidade de energia além daquela associada ao seu mo-
vimento no espaço. A maior parte dessa energia é encon-
trada na forma de energia cinética, justamente pelo seu
movimento constante, e energia potencial eletrostática
devido ao movimento dos elétrons em torno do núcleo
dos átomos. Quantidades menores de energia estão asso-
ciadas a vibração dos átomos em torno de sua posição na
molécula e a rotação da molécula em torno do seu centro
de massa [11,4]. Sendo assim, a mecânica quântica con-
segue prever somente certas configurações de órbitas de
elétrons para cada átomo. E ainda que apenas algumas
frequências e amplitudes vibracionais e rotacionais são
possíveis para cada molécula em particular [11].
Deste modo, pode-se observar diversas combinações de
órbitas de elétrons, vibração e rotação com um nível es-
pecífico de energia (representa a soma dos três tipos de
energia). A partir dessa diferenciação uma molécula pode
sofrer uma transição de um nível mais baixo de energia
para um mais alto, absorvendo energia eletromagnética,
ou o inverso emitindo energia radiante [11,4]. No en-
tanto, apenas algumas variações discretas de energia que
são permitidas e previstas pela teoria quântica.
Outra previsão realizada pela mecânica quântica é que
a energia transmitida por radiação eletromagnética existe
em unidades discretas: os fótons. Esses têm uma energia
de radiação dada por W = hυ, onde υ é a frequência da
radiação em s− 1 ou Hertz e h é a constante de Planck
(h = 6, 626 × 10− 34Js). Portanto, a energia de um fóton
de radiação é inversamente proporcional ao comprimento
de onda da radiação, conforme descrito na Equação 1.
Posto isto, qualquer corpo aquecido emite radiação no
infravermelho, radiação esta decorrente da absorção de
radiação como descrito anteriormente. Então, pode-se
dizer que qualquer material que possua uma temperatura
maior que o zero absoluto emite radiação no infraverme-
lho [4].
As radiações têm uma faixa bem ampla de diferen-
tes valores de frequência, as frequências em que a má-
xima intensidade de radiação é emitida são proporcio-
nais à temperatura. Dessa forma, quanto mais elevada
for a temperatura do corpo mais alta será sua frequência
e consequentemente menor o comprimento de onda [8].
Em radiações com um comprimento de onda maior tem-
se um fóton com o nível de energia menor o que diminui o
nível de absorção; ou seja, uma diminuição do calor pode
ser induzida com um maior comprimento de onda[4,8].
As radiações IV podem ser refletidas, absorvidas,
transmitidas, refratadas e difratadas, no entanto, so-
mente a refração, absorção e transmissão são biologica-
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mente significantes. Ward (1986) diz que algumas das
radiações que chocam com a superfície da pele são re-
fletidas e outras penetram e sofrem dispersão, refração
e finalmente são absorvidas pelos tecidos que compõem
a pele. Aproximadamente 95% da radiação que incide
perpendicularmente à pele é absorvida [7].
IV. TERMÔMETRO INFRAVERMELHO
Estima-se que o primeiro termômetro foi criado por
Galileo Galilei, astrônomo e físico italiano. Na época
o instrumento era composto basicamente por um tubo
de vidro preenchido com esferas de vidro e água. Den-
tro das esferas continha um líquido colorido que permi-
tia o registro de grande variação de temperatura [13].
Com a evolução da física e da tecnologia diversos outros
termômetros foram desenvolvidos e em 1892 surgiu o pri-
meiro protótipo do termômetro IV amplamente utilizado
na atualidade.
Como a absorção e a emissão do infravermelho es-
tão diretamente ligadas a variação de temperatura de
um corpo, em 1892 Henri Le Chatelier (1850-1936) usou
desse fenômeno para criar o pirômetro óptico. Instru-
mento que media a temperatura de um objeto pela com-
paração da luz que o objeto emitia com a de uma fonte
de luz de referência [12]. Assim, o termômetro IV é uma
evolução no pirômetro de Henri, hoje as medidas de irra-
diação térmica são realizadas sem a necessidade de con-
tato físico [13].
A faixa relacionada ao IV está localizada entre a por-
ção do visível e as ondas de rádio. Os comprimentos
de onda associados ao IV são normalmente expressos em
micrômetros (µm), assim, a faixa correspondente ao IV
estende-se de 0,7 a 1000 µm. Porém, só a banda de 0,7
a 14 µm é utilizada para a medição de temperatura.
Através da utilização de sistemas ópticos e detectores
muito avançados que os termômetros IV, atuais, são ca-
pazes de operar em quase toda a banda de medição de
temperatura. Como todos os objetos emitem uma quan-
tidade ótima de energia em algum ponto da banda IV,
cada processo pode requerer modelos e sensores distintos,
uma vez que, a emissão de cada objeto difere [6].
Um sensor que possui uma resposta espectral de 3,43
micrômetros é utilizado para medição da temperatura su-
perficial de polietileno e derivados, por exemplo. Já aque-
les que possuem 5 micrômetros são usado para medição
de superfícies de vidros e os de 1 micrômetro para me-
dição de metais e lâminas metálicas. Faixas espectrais
mais amplas são usadas para medir temperaturas mais
baixas de diversos tipos de superfícies como a pele [6].
As medições de temperatura com os termômetros IV
são possíveis devido a reflexão, transmissão e emissão de
energia que um objeto possui (como mostra a Figura 3).
Porém, somente a energia emitida é utilizada no processo
de medição de temperatura. Essa emissividade é respon-
sável por caracterizar o percentual de energia que é emi-
tido pela superfície [6]. Assim, a intensidade da energia
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IV emitida por um determinado objeto varia proporci-
onalmente à sua temperatura. E essa energia emitida,
corrigida de acordo com a emissividade do material, que
indica a temperatura da superfície em medição o que re-
sulta em uma temperatura no visor do termômetro.
Figura 3: Simetria termográfica em joelhos saudáveis.
Fonte: [6]
A emissividade é usada para quantificar as caracterís-
ticas de emissão de energia em diferentes materiais e su-
perfícies; De acordo Bernard et al (2013) a emissividade
de um objeto é dada pela razão entre a quantidade real
de energia infravermelha emitida em comparação com a
quantidade teoricamente perfeita que poderia ser emitida
estando na mesma temperatura, podendo variar de 0 a 1.
Assim, um copro emitindo 80% da quantidade máxima
de energia infravermelha tem um valor de emissividade
igual a 0,8, por exemplo. Partindo deste pressuposto a
emissividade do corpo humano corresponde a 98%, no
caso a pele possui uma alta emissividade infravermelha
que pode ser medida com alta precisão por termômetros
IV [7].
Para que os termômetros IV realizem as medidas cor-
retamente esses possuem um ajuste da emissividade, o
que permite a aferição da temperatura de um amplo rol
de superfícies [6]. Assim, a energia emitida pelo objeto
atinge o sistema óptico do instrumento, conduzindo a
energia aos detectores fotossensíveis. Este detector con-
verte a energia IV em um sinal elétrico que é traduzido
em um valor de temperatura. A tradução deste sinal é
baseada na equação de calibração do sensor e na emis-
sividade do alvo. O valor medido pode ser indicado no
display, no caso de termômetros digitais, ou no caso de
sensores inteligente, pode ser convertido em um sinal di-
gital indicado em um terminal de computador [6].
O objeto que emite o máximo possível de energia IV é
o corpo negro alcançando 100% de emissividade e como
dito o corpo humano, também, apresenta alta emissivi-
dade [9]. Por liberar alta quantidade de energia, esta
quando chega aos sensores ópticos provoca uma maior
precisão das medidas de temperaturas aferidas. Devido a
este fato os termômetros infravermelhos são amplamente
utilizados na medicina humana e veterinária principal-
mente por não necessitarem de contato com o paciente
no decorrer da medição [9].
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V. APLICAÇÕES NA BIOMÉDICA
Devido suas características os termômetros infraver-
melhos são amplamente utilizados em diversas situações
do cotidiano como:manutenção de equipamentos, defeitos
em transformadores, detecção de defeitos em motores, na
medição da temperatura de produtos perigosos e diver-
sos outros exemplos. A forma mais comum e vista de
sua aplicação é, no entanto, na medicina para auferir a
temperatura corporal de pacientes.
Atualmente esse tipo de termômetro vem sendo ampla-
mente aplicado no controle da pandemia do novo corona
vírus que tem por um dos principais sintomas a febre.
Como seu principal aspecto é a medição a distância se
tornou o instrumento mais aplicável no caso da doença
que pode ser transmitida por meio do contato físico.
Por mais que esse seja o uso que trouxe maior visibi-
lidade ao instrumento os termômetros IV já são ampla-
mente utilizados na biomédica para procedimentos como:
a termografia médica, o estudo da dor crônica, estudo do
fenômeno de Raynaud e até no estudo de infecções.
A termografia médica infravermelha é um instrumento
para análise não invasiva e não radioativa que analisa as
funções fisiológicas relacionadas ao controle da tempera-
tura da pele. A termografia tem por finalidade detectar
a luz infravermelha emitida pelo corpo e verificar mu-
danças na temperatura relacionadas à alteração do fluxo
sanguíneo [14]. Esse não é o método aplicável para ana-
lise de anormalidades anatômicas, no entanto, é sufici-
ente para mostrar mudanças fisiológicas no paciente [15].
Normalmente os equipamentos diagnósticos por imagem
aplicados na medicina opera em porções do espectro ele-
tromagnético. Contudo, a termografia difere desses por
não ser um instrumento radioativo, o que permite apli-
cações irrestritas e com segurança [14].
Um recente estudo piloto apresentou grande correlação
da alta temperatura e presença de edema em articulações
de dedos, em pacientes com artrite reumatóide. No caso
quando uma articulação se encontra inflamada em fase
aguda, o amento da temperatura local é sensível ao to-
que. No entanto, quando a inflamação esta em estágio
inicial a variação de temperatura não é sensível. A ter-
mografia, portanto, é capaz de determinar precocemente
essas mudanças, conduzindo a introdução do tratamento
o mais rápido possível, seja ele farmacológico, físico ou
cirúrgico [14].
Estudos da osteoartrite, também, apresentaram resul-
tados promissores acerca da correlação entre o aumento
da temperatura e alterações radiográficas importantes em
osteoartrite de joelho. A circulação periférica em alguns
distúrbios vasculares, como o fenômeno de Raynaud e
os danos causados pela vasoconstrição periférica são, da
mesma forma, visualizados na termografia [14]. A Figura
4 apresenta exemplos de termografias realizadas em paci-
entes com joelhos saudáveis e a Figura 5 mostra o mesmo
exame em joelhos com condropatia patelar grau III.
O câncer de mama é outra patologia que pode ser di-
agnosticada com aplicação da termografia. Como os tu-
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Figura 4: Simetria termográfica em joelhos saudáveis.
Fonte: [14]
Figura 5: Imagem termográfica de condropatia patelar
garu III em joelho esquerdo.
Fonte: [14]
mores nesse tipo de câncer são caracterizados pelo au-
mento da angiogênese o que leva ao aumento da ativi-
dade metabólica e da temperatura local a termografia
ganhou espaço para seu diagnostico e acompanhamento
da evolução [16].
No tratamento e diagnóstico de infecção a termome-
[1] Ben-Dov, Yoav. Convite à física. Zahar, 1996.
[2] Torres, Carlos Magno A.; Ferraro, Nicolau Gilberto; So-
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sional em Ensino de Física. Instituto Federal de Educação
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zes. Rio de Janeiro, 2018.
[4] dos Santos, Andréa Nazato Brenneisen. Efeitos da Ra-
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Anne karoline Feitoza Mendonça
tria infravermelha já é aplicada no acompanhamento de
infecções relacionados a Cateter Venoso Central (CVC).
Os cateteres venosos são dispositivos que permitem a ad-
ministração de medicamentos e auxilia na tomada de me-
didas hemodinâmicas que não poderiam ser feitas de ou-
tra forma. Muitos CVCs são inseridos por ano em todo
mundo e uma taxa considerável deles causam infecção
no paciente, infecção grave e preocupante por ser dire-
tamente na corrente sanguínea [17]. Alguns pesquisado-
res apontam que há uma certa dificuldade para detecção
deste tipo de inflamação. Relataram que o processo de
colonização no CVC pode ocorrer na ausência de sinto-
mas e sinais de infecção o que dificulta seu diagnostico e
tratamento. Em contra partida a temperatura da super-
fície corporal local é alterada durante o processo infecci-
oso, essa temperatura pode ser medida por um termôme-
tro IV sem contato. Permitindo, assim, o diagnóstico e
tratamento da infecção antes de seus espalhamento pelo
corpo do paciente [18].
VI. CONCLUSÃO
O conceito físico presente no funcionamento de um
termômetro é muito antigo e desde o primeiro protótipo
até os dias de hoje vem sendo aplicados no desenvolvi-
mento de tecnologias. Os termômetros infravermelhos
são exemplos claros dessa evolução eles são amplamente
utilizados em muitas áreas do conhecimento com desta-
que a medicina. Suas características únicas quando com-
paradas aos outros tipos de instrumentos medidores de
temperatura permitem sua aplicação para tratamento e
diagnostico de doenças da forma menos invasiva possível
sem a presença de radiações. Tornando o procedimento
mais seguro e usual.
Sendo assim, as contribuições da mecânica quântica
desde sua descoberta e comprovação são aplicadas no co-
tidiano e permitiram grande parte do avanço tecnológico
que é usufruído na modernidade.
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fravermelho: Princípio de Funcionamento” Como fun-
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