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Desejávamos realizar um congresso em Campinas, presencial, mas, devido ao vírus

chinês tivemos de fazer um congresso online. A Divina Providência, no entanto, conduziu a


situação aparentemente ruim para algo melhor. Com um congresso de educação online,
podemos ter mais palestrantes, internacionais inclusive e mais pessoas participando.
 
Dedicamos este congresso para a maior honra e glória de Deus e edificação das almas.
Porque, como diz São Bernardo, “há quem busque o saber para edificar, e isto é amor. E há
quem busque o saber para se edificar, e isto é prudência.”
 
Fala-se muito sobre a educação: suas épocas, autores, problemas de todas as ordens.
Muitos falam mal da educação como está, outros falam bem, mas poucos sabem,
verdadeiramente, o que é a educação católica que temos desde os santos Padres, desde a
ascensão do Senhor aos céus quando ordenou: Ide, pois, e ensinai a todos os povos, ensinai-os
a observar todas as coisas que eu vos mandei. E, depois de dizer isso e abençoar os apóstolos,
Jesus subiu aos céus; deixou-nos com uma missão: batizar e ensinar. O ensino está no sangue
da Igreja Católica como a seiva está na planta. É isso o que anima a Igreja e a conforta: a
esperança e trabalho de educar as almas para o Céu. 
 
Esta missão, contudo, não é fácil. Foi necessário tempo e esforço, sangue dos mártires
e pena dos Padres Apostólicos para que a Igreja pudesse ter um modelo perfeito e completo
de educação. Na própria doutrina dos apóstolos, o Didaqué, já se ordenava: “se alguém chegar
a vós com instruções (...), recebei-o.”
 
Antes da educação católica, antes mesmo do nascimento do Nosso Senhor, um
conceito de educação importante e grandioso floresceu no Ocidente: um modelo que a Igreja
cristianizaria e integraria ao seu modelo educacional. E este tema será apresentado pelo
Professor Danilo Gustavo.
 
O primeiro grande educador da Grécia, o centro da cultura e filosofia do Ocidente, foi
Homero. Homero foi, sem dúvida, o maior escritor de todos os tempos em poesia, sendo o
primeiro a escrever obras que iriam educar a humanidade em mais de 2000 anos. Homero
fundou a literatura e educação ocidental em sua Ilíada e Odisséia. Sem ele, a Grécia não teria
se tornado o centro da cultura e da civilização ocidental até o advento do Império Romano. 
 
Graças a Homero duas cidades se desenvolveram como os centros da Grécia, centros
opostos em educação, vida e objetivos. De um lado temos a educação militar, cívica e bélica da
Esparta iracunda e poderosa. Do outro a culta Atenas, com a educação física, musical, literária
e desenvolvida para o intelecto, em contraposição à educação para o corpo dos guerreiros
espartanos.
 
A educação de Atenas perdurou e venceu o tempo, apesar de perder na guerra para
Esparta. Os sofistas se tornaram educadores tão hábeis nas palavras como na aparente
filosofia que apresentavam. Mas o tempo aprimoraria e um novo grupo superou os sofistas, os
filósofos, homens que buscavam a Sabedoria e a Verdade. Estes mestres da tradição clássica e
filosófica foram Platão e Isócrates. Seguiremos vendo um quadro da educação clássica na
época helenística e depois a educação clássica romana e cristã.
 
A educação da Igreja cresceu, floresceu, atingiu o seu ápice nas escolas monásticas e
catedralícias da Idade Média. Inúmeros Santos saíam dessas escolas de saber e santidade e
muito se fez para a Igreja e a humanidade. Mas, é no ápice de uma montanha alta que uma
pedrinha rolante pode causar uma avalanche. Essa pedrinha foi “um pequeno erro no princípio
que acaba por tornar-se grande no fim” nas palavras de Aristóteles repetidas por São Tomás
no De ente et essentia. Essa pedrinha, uma pequena revolução, menos ainda, uma mudança
filosófica imperceptível, foi o que deu origem à catástrofe moral, intelectual, religiosa e
cultural em que estamos. Deu-se por causa de um erro sutil: o beato Duns Escoto e o frade
franciscano Guilherme de Ockham começaram a ensinar que as palavras não têm em si
mesmas um significado. 
Além disso, o primado atribuído por Escoto à vontade em relação ao intelecto
(voluntarismo) fará de Deus um legislador arbitrário a nos exigir uma obediência quase cega
pela fé; com efeito, as ligas que davam solidez ao seu edifício tendiam, quer ele quisesse, quer
não, a dissolver a trama que unia a fé a razão, o dogma e a filosofia. 
 
O joio do nominalismo e o trigo dos vitorinos cresceram juntamente. Afloraram com
uma ligeira diferença de anos, uma geração. Tivesse aparecido 100 anos antes, o nominalismo
teria sido facilmente debelado pelo grande Sto. Tomás ou, poucos anos antes, por Hugo de São
Vítor, o maior sábio da Escola de Notre Dame de Paris. 
 
A escola vitorina, glorioso período da história da educação católica, será apresentada
pela Professora Renata Gusson. Sua exposição mostrará os princípios da educação para a
contemplação da Verdade segundo a obra dos vitorinos e de Santo Tomás e Santo Agostinho.
Como um desvio catastrófico dos princípios da contemplação da verdade, o nominalismo
seguia e crescia de vento em popa, arrebanhando escolas inteiras de pensadores e mudando o
imaginário e filosofia da Europa de modo permanente. Esta parte caberá ser desenvolvida pelo
professor Esteban Duforq, professor de filosofia argentino. 
 
A escolástica pós-são Tomás, ainda que um pouco decadente, influenciada por
Ockham e outras filosofias, dará grandes frutos na educação como veremos na palestra do
Prof. Marcos Boeira, sobre os conceitos das virtudes morais e intelectuais, o logos e o ethos.
Em especial, as virtudes e hábitos humanos da arte, prudência, episteme, sabedoria e o
intelecto humano teorético e prático. Veremos, ainda, as virtudes morais da justiça, fortaleza e
temperança ordenadoras da paixões humanas e do intelecto.
 
A história segue com um abandono da filosofia escolástica e uma busca pela
Antiguidade pagã e greco-romana. Influenciado por uma decadência generalizada causada por
muitos fatores, o Renascimento traz ideias, costumes e filosofias mortas há mil anos, o
paganismo renasce. O homem é colocado no lugar de Deus, ele reina no centro, como dizia
Protágoras: “o homem é a medida de todas as coisas”. Essa questão do antropocentrismo na
educação será abordada na minha palestra. 
 
A alma da educação é a educação da alma e, como a alma não é mais reconhecida
como a parte mais nobre do homem, sendo negada e negligenciada, a educação ficou
desalmada, morta e deixada ao apodrecimento das filosofias modernas.
 
A educação que não tem Deus como seu centro colocará qualquer outra coisa em Seu
lugar. E, desse modo, o Estado tomou a educação para si. Estamos falando da Revolução
Protestante, na qual Martinho Lutero, pago pela nobreza alemã, irá rasgar a Igreja em duas:
nada de magistério, de obras, de papas e de educação católica, sola fide. Esse lema passará
rapidamente à sola economia, e a educação já não mais servirá para levar o homem ao
perfeito aprimoramento de suas potências intelectivas e morais, mas tão somente para um
saber fazer do trabalho. A contínua degeneração educacional fará o homem buscar a
“liberdade” desenfreada: nem Deus, nem lei (da Igreja ou do Estado) e nem rei.
 
Esse é o brusco começo da Revolução Francesa, a revolução que queria matar o último
rei com a tripa do último padre. Esse tema caberá ao Professor Edmilson Cruz no aspecto
histórico e ao Professor Joel Gracioso no âmbito filosófico. 

Professor Joel, na palestra “A teologia da graça de Santo Tomás e Santo Agostinho em


contraposição ao pensamento de Rousseau”, irá nos mostrar as implicações pedagógicas da
divergência de Rousseau, o filósofo-pai da Revolução Francesa, com a tradição católica de
Santo Agostinho e o conceito de liberdade, pecado e vontade.
 
A palestra do professor Roberto Helguera versará sobre a importância do retorno ao
realismo aristotélico-tomista tendo em vista o problema educacional que se manifesta
abertamente com a Revolução de 1789 mas que começou desde Descartes e Bacon no século
XVI. Professor Roberto apresentará um pouco da tese de Carlos Disandro sobre a mudança do
medievo para a modernidade com as revoluções, explicando como o racionalismo cartesiano
destruiu o conhecimento poético e simbólico tão necessários para a liturgia e isso, por sua vez,
desliga o homem de Deus, em contraposição à religião. Essa corrupção racionalista é o que
hoje constatamos onipresente na educação. Terminaremos propondo a tese de John Senior: é
necessário voltar ao racionalismo de Aristóteles-São Tomás.
 
A primeira aula do Padre Victor Sequeiros irá mostrar a importância do ensino do latim
para os jovens, baseada no Magistério recente da Igreja e nos documentos papais desde 1962.
Dar-se-á atenção à Constituição Apostólica Veterum Sapientia, de João XXIII, a qual mostra o
latim como língua da Igreja e do ensino, em especial, na formação sacerdotal. Também,
apresentará o que os próprios ideólogos viam de importante no latim e no ensino clássico e
terminaremos com a Ratio de formação sacerdotal do latim nos pontificados de Bento XVI e
Francisco.
 
A segunda palestra do Pe. Victor tratará sobre o mistério de Deus na história face ao
mistério da iniquidade e da revolução, seguindo o esquema de santo Agostinho das duas
cidades: a de Deus e a dos homens. Analisará o que o magistério diz sobre a Cristandade na
encíclica Imortalium Dei, a qual explica a ruptura da ordem cristã e das dimensões do ser
humano. A revolução acaba por colocar uma dimensão contra a outra no plano individual e
social.
 
Na mesma linha de raciocínio, o Professor Matheus Mota Lima, do Instituto
Borborema, explicará como aplicar o fim último da educação na conduta do intelecto para
ordenar as faculdades inferiores do ser humano.
 
A palestra do Professor Frederico Oliveira de Araújo, cônsul-adjunto do Brasil em
Lisboa, versará sobre o uso da escolarização das massas como método de controle social no
mundo moderno, a geopolítica da educação. A palestra será dividida em dois eixos. 
No primeiro, ele analisará a montagem política por detrás do sistema de escolarização
obrigatória massificada na Europa, tendo como exemplo os casos da França e a Prússia e a
absorção desse modelo laicista e estatal pelo Reino Unido, pela Itália unificada e pelo Império
Austro-Húngaro. Em suma, este eixo apresenta o modelo e estrutura do sistema escolar que
surgiu no final do século XVIII (Revolução Francesa) e que se desenvolveu no século XIX.
 
No segundo eixo, explicará o conteúdo pedagógico do sistema de escolarização de massas
recente, surgido na Europa Moderna e aplicado aos Estados Unidos. O eixo detalhará a árvore
genealógica intelectual da nova elite que ocupou as universidades e projetou a sua influência
acadêmica para outros países, entre eles o Brasil. As duas potências emergentes na época,
EUA e Prússia, tiveram grande intercâmbio cultural na área de psicologia e educação, o que
favoreceu a importação das ideias educacionais emergentes na Europa para os Estados Unidos,
aplicando o modelo skinneriano de educação no mundo inteiro.
 
Avançando na linha cronológica, a partir dos anos 1950 a psicologia comportamental passou a
ser referenciada nos documentos da UNESCO, bem como nos governos nacionais, como
técnica pedagógica modelo para formar um povo que obedeça à “global governance”.
Seja como um método para formar um cidadão dócil e obediente ao Estado-Nação, no
passado, seja para formar o cidadão global “correto”, na atualidade, o sistema de
escolarização serviu perfeitamente como instrumento da guerra Geopolítica e cultural em que
estamos vivendo no mundo moderno.
 
O professor Jorge Pereira começará por nos mostrar a cronologia das ideologias da educação
do ano de 1922 até nossos dias. Veremos o que foi a Escola Nova, o seu movimento no Brasil e
as correntes ideológicas que se formaram e ganharam terreno na educação e política
brasileiras, tendo em vista tomar a educação para conquistar o poder. Professor Jorge seguirá
expondo a história do Ministério da Educação de Gustavo Capanema, a era Vargas e como a
educação foi usada para impor uma hegemonia absoluta. Adentrando mais no tempo,
veremos a Escola de Frankfurt, a guerra cultural e seus impactos negativos na educação como
o relativismo nas escolas e universidades. Em 1957-58 observamos a chegada do gramscismo e
a renovação da esquerda tendo em vista a tomada da educação no mundo inteiro para impor
um governo socialista. O professor Jorge introduzirá o movimento do fabianismo, que teve
uma fortíssima influência no Brasil, em especial na época de Fernando Henrique Cardoso.
Terminaremos apresentando os grandes perigos que corremos com o FUNDEB.
 
Bom Congresso A Todos!

PROGRAMAÇÃO

01. Por palestra


Prof. Jorge Roberto Pereira
As Ideologias Políticas que influenciam o Sistema Educacional.

Prof. Danilo Gustavo


A educação na antiguidade.

Profª. MSc. Renata Gusson


A Educação segundo a Filosofia Perene.

Dr. Marcus Boeira


Logos e Ethos: virtudes intelectuais e virtudes morais na escolástica tardia.

Dr Roberto Helguera
Um Retorno ao Realismo aristótelico-tomista.

Pe. Dr. Victor Sequeiros


As línguas clássicas e a educação dos jovens;
O processo da revolução visto segundo as quatro formalidades do homem e da sociedade.

Dr. Vinícius Medeiros da Rosa


A finalidade do ensino das ciências naturais e a formação humana.

Dr. Joel Gracioso


Santo Agostinho e Rousseau: as divergências antropológicas e as implicações pedagógicas.

Prof. Mateus Mota


Como integrar a finalidade da educação em sua prática cotidiana.

Prof. Me. Edmilson Cruz


O processo de estatização da educação: Do protestantismo a Revolução Francesa.

Prof. Esteban María Dufourq


O Nominalismo: raiz de toda ideología.

Prof. Felipe Nery


A Alma da Educação é a Educação da Alma: Deus no centro da educação.

Datas e horários
1º Dia - Quinta-Feira

19h - Prof. Danilo Gustavo


21h - Dra. Renata Gusson

2 º Dia - Sexta-Feira

19h - Prof. Esteban Dufourq


21h - Prof. Dr. Marcus Boeira

3º Dia - Sábado

9h - Prof. Dr. Roberto Helguera


11h - Prof. Felipe Nery
14h - Prof. Dr. Vinicius Medeiros da Rosa
16h - Prof. Me. Edmilson Cruz

4º Dia - Segunda-Feira

19h - Dr. Joel Gracioso 


21h - Pe. Dr. Victor Sequeiros

5º Dia - Terça-Feira

19h - Pe. Dr. Victor Sequeiros


21h - Prof. Mateus Mota

6º Dia - Quarta - Feira


19h - Prof. Dr. Frederico Oliveira de Araújo
21h – Prof. Jorge Roberto Pereira

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