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1704/2020 (0 Poder Expulsivo de um Novo Ateto O Poder Expulsivo de um Novo Afeto Por Thomas Chalmers “Nao ameis 0 mundo, nem o que no mundo ha. Se alguém ama 0 mundo, 0 amor do Pai nao esté ele." (1 Jo 2.15) A duas manoiras nas quais um moralista pratico tenta deslocar do coragdo humano 0 amor do mundo: ou por uma demonstracao da vaidade do mundo, de forma que o coragao seja convencido a retirar sua estima por um objeto por julgé-lo nao merecedor; ou apresentando outro objeto — até mesmo Deus — como mais merecedor do seu prego, de modo que coragéo fique convencido a ndo renunciar um antigo afeto, sem ter nada que © substitua, mas a trocar um antigo afeto por um novo, Meu propésito é mostrar que a julgar pela onstituigao de nossa natureza, o primeiro método ¢ completamente incompetente e ineficaz; e que o Ultimo método por si s6 bastaré para o salvamento @ recuperagao do corago do afeto errado que o domina. Depois de ter cumprido este propésito, farel algumas observagées praticas, O poder de um novo afeto © poder ascendente de um segundo afeto faré 0 que nenhuma exposigéo da loucura e inutiidade do primeiro afoto jamais conseguiré fazer — por mais enérgica que seja tal exposigdo. E 0 mesmo se da no grande mundo. Vocé nunca deteré qualquer uma das principais buscas mundanas mediante demonstragao crva de sua vaidade. & quase em vao pensar em obstar uma dessas buscas de alguma forma que nao pelo estimulo de outra busca. No esforgo de levar um homem mundano — absorto ¢ ocupado com a prossecucao de seus objetos — a um ponto em comum, voc8 no tem de meramente encontrar 0 atratvo que ele anexa a esses objetos —, mas precisa achar o prazer que ele sente na propria prossecugao deles, Nao é bastante que vocé dissipe o atrativo mediante exposigao moral, elogilente comovente da intangibilidade dos objetos. Vocé tom de drigir aos olhos da mente do homem outro objeto com um lo em outra prossecuao tao atrativo grandioso o bastante para desapropriar o primeiro de sua influéncia, e engajé plena de interesse, esperanga e alividade, como a primeira. E isto que estampa impoténcia em toda a declamacao moral e patética sobre a insignificancia do mundo. © homem nao vai mais consentir com a miséria de estar sem objeto, porque esse objeto é uma ninharia, ou de estar sem uma busca, porque essa busca termina em aquisi¢ao frivola ou fugitiva, mais do que ele se submeterd voluntariamente a tortura, porque essa tortura sera de pouca duragao. Se estar conjuntamente sem desejo e sem esforgo é um estado de violéncia e desconforto, entao nao se fica livre do atual desejo, com sua correspondente série de esforcos, simplesmente por sua destruigo. Tem de ser pela substituigdo de outro desejo e pela troca de outra série ou habito de esforgos; e 0 modo mais eficaz de retirar a mente de um assunto nao é pela recusa de uma vacancia desolada e despovoada, mas pela apresentagdo a sua estima de outro objeto mais atraente. Estas observagGes ndo se aplicam somente ao amor considerado em seu estado de desejo por um objeto ainda nao alcangado. Aplicam-se também ao amor considerado em seu estado de indulgéncia ou satisfacao placida, com um objeto ja em possessao. E raro que nossos gostos sejam feitos para desaparecer por mero processo de extingao rratural. Pelo menos, 6 muito raro que tal ocorra pela instrumental idade da argumentacao. Pode ser feito por mimo excessivo, mas quase nunca por mera forga da determinagao mental. Porém, o que nao pode ser destruido dessa maneira, pode ser desapropriado; e um gosto pode ser feito para dar lugar a outro, ¢ para perder inteiramente seu Poder como o afeto reinante da mente. E assim que o menino deixa, por fim, de ser escravo de seu apetite, mas ¢ Porque agora um gosto mais varonil 0 pés em subordinagao. A juventude deixa de idolatrar o prazer, mas & porque 0 {dolo da riqueza ficou mais forte @ adquiriu predominio, Até o amor do dinheiro deixa de ter dominio sobre o coragao pa. 7 hitpsressureicao.comvindex php/pensalas/matulandalpense-nistolsermoes/401-o-poder-expulsvo-de-um-nove-afelo?impl=companent&prin 1704/2020 (0 Poder Expulsivo de um Novo Ateto de muitos cidadaos présperos, mas 6 porque, atraido ao redemoinho da politica citadina, outro afeto fol forjado em seu sistema moral, e agora ele é vadeado pelo amor do poder. Nao ha sequer uma destas transformagées em que o corago é deixado sem objeto. Seu desejo por um objeto particular pode ser conquistado; mas quanto ao seu desejo de ter um ou outro objeto, isto ¢ inconquistével. Sua ades&o ao que sua preferéncia prendeu a estima nao pode ser vencida voluntariamente pela laceragao de uma separagao simples. S6 pode ser feita pela aplicagao de algo mais, a0 qual sente a adesao de uma preferéncia ainda mais forte e mais poderosa, Tal é a tendéncia avida do coracao humano, que tem de ter algo a que se agarrar — e o qual, se for extorquido sem a substituigao de outro algo em seu lugar, deixaria um vazio e uma vacdncia téo dolorosa & mente quanto a fome é para o sistema natural. Pode ser desa- propriado de um objeto, ou de alguns, mas ndo pode ser devastado de todos. Que haja uma respiragao e um coragéo sensivel, mas sem uma preferéncia e sem afinidade a qualquer uma das coisas que estao ao seu redor, e num estado de triste abandono, teria de estar vivo para nada mais que o fardo de sua prépria consciéncia e de sentila, que é intoleravel. Nao faria nenhuma diferenga a seu possuidor se ele vivesse num mundo prazenteiro e agradével ou habitasse muito além das cercanias da criagao, se ele vivesse como unidade solitaria no nada escuro e despovoado, © coragao tem de ter algo a que se agarrar — e nunca, por consentimento voluntario, se desnudard de todas as suas estimas de modo que nao haja um objeto restante que o atraia ou o solicite. ‘A mmiséria de um coragao destituido de todo 0 encanto por aquilo que ministrava prazer é notavelmente exemplificado naqueles que, satisfeitos com a indulgéncia, tém sido espancados com a variedade e a pungéncia dos sentimentos apraziveis que tém experimentado, para que no fim se cansem de toda capacidade por qualquer sentimento. A doenga do enfado é mais freqiiente na metrépole francesa, onde a diversao é mais exclusivamente a ocupagao das Classes mais altas, do que é na metrépole briténica, onde os desejos do coragdo so mais diversiticados pelos recursos dos negécios e da politica. Ha os partidarios da moda que, desta forma, se tomaram por fim vitimas do excesso da moda — em quem a prépria multidéo de prazeres finalmente extinguiu poder do prazer —, que, com as satisfagées da arte e da natureza as ordens, agora olham em tudo o que esté ao redor com olhos de insipidez; que, manipulados com as delicias do sentimento ¢ do esplendor até ao cansago, e incapazes de maiores delicias, chegaram a um fim de toda a perfeigo, e como o Salomao de antigamente, descobriram ser vaidade e vexagao. O homem cujo coragao se transformou em deserto pode dar testemunho do langor insuportavel que tem de se seguir, quando um afeto é arrancado do peito, sem outro para substitui-lo, Nao é necessario que 0 homem receba a dor de algo para ficar miseravel. E somente o bastante que ele olhe com desgosto em tudo — e nesse asilo que 6 0 repositério de mentes desconjuntadas, e onde o érgao do sentimento como também o érgao do intelecto foram danificados, nao & na cela dos altos e frenéticos clamores onde vocé se encontrar com 0 apogeu do softimento mental, Mas esse & o individuo que perscruta a miséria de todos os seus companhelros, que ao longo de toda expansao da natureza e da sociedade nao conhece um objeto que tenha absolutamente 0 poder de deté-1o ou interessé-lo; que nem na terra, embaixo, nem no céu, cm cima, conhece um tinico atrativo ao qual seu coragao pode enviar um movimento cobigoso ou respondente; a quem o mundo, a seus olhos uma desolagao vasta e vazia, nao the deixou nada mais que a prépria consciéncia para alimentar — morto para tudo o que c sem ele e vivo para nada mais, que a carga da propria existéncia entorpecida e init ‘Agora, talvez, serd percebido por que o coragdo guarda seus atuais afetos com tanta tenacidade, quando a tentagio 6 pé-los de lado por mero processo de extirpagao. Ele néo consentira ser devastado assim. O homem forte, cuja morada ¢ ali, pode ser compelido a dar lugar a outro ocupante; mas a menos que outro mais forte que ele tenha o Poder de desaproprié-lo e sucedé-lo, ele manteré seu atual alojamento inviolével. O coragdo se revoltaria contra sua propria vacuidade, Nao suportaria ser deixado num estado de desperdicio e insipidez triste, O moralista que tenta tal processo de desapropriacao do coragao é contrariado a todo passo pelo recuo de seu préprio mecanismo, Vocé sabe que a natureza detesta o vazio. Pelo menos esta 6 a natureza do coracao, que apesar do espago que nele ha possa mudar um ocupante por outro, no pode permanecer vazio sem a dor do mais intoleravel soffimento. Nao é 0 bastante argumentar a loucura de um afeto existente. Nao é o bastante, nos termos de uma demonstragao enérgica ‘ou comovente, fazer valer 0 esvaecimento do seu objeto. Talvez nem mesmo seja o bastante associar as ameagas & terrores de alguma vinganga vindoura com sua indulgéncia, O coragao ainda resiste a toda aplicagao, por cuja ‘obediéncia seria por fim conduzida a um estado tanto em guerra com todos os seus apetites quanto de inanigaio absoluta, Assim, lacerar um afeto do coragao, como a despi-lo de toda a estima e de todas as preferéncias, seria hitpsressureicao.convindex phpipensalas/matutandaipense-ristolsormoes/401-o-poder-expulsve-de-um-novo-afeto7impl=component&prini=18pa.... 2/7 1704/2020 (0 Poder Expulsivo de um Novo Ateto ‘empresa dura e desesperada; e pareceria como se somente a maquina poderosa da desapropriagao trouxesse 0 dominio de outro afeto para suporté-la Nao conhecemos interdigao mais radical dos afetos da natureza que a que foi entregue pelo apéstolo Joao no versiculo citado inicialmente. Ordenar um homem em quem ainda néo entrou a influéncia grandiosa e ascendente do principio da regenerago, ordenar-Ihe que retire seu amor de todas as coisas que esto no mundo, é ordenar-lhe que abandone todos os afetos que esto no seu coragao. O mundo é 0 tide de um homem natural. Ele no tem um gosto, nem um desejo, que nao aponte para algo colocado dentro dos confins de seu horizonte visivel. Ele ndo ama nada acima disso, e nao se importa com nada além disso; ¢ ordenar-Ihe que ndo ame o mundo 6 passar uma sentenca de expulsao a todos os ocupantes do seu peito, Para calcularmos a magnitude e dificuldade de tal rendigao, pensemos apenas que seria da mesma maneira rduo predominar nele 0 néo amar a riqueza, que é apenas uma das coisas do mundo, quanto a predominar nele o intento voluntario de atear fogo em sua propriedade. Ele o faria com relutancia penosa e dolorosa, se visse que a salvagao de sua vida dependesse disso. Mas ele o faria de boa vontade, se visse que uma propriedade nova de valor décuplo surgisse imediatamente dos escombros da antiga. Neste caso, ha algo mais que o mero deslocamento de afeto. Ha 0 dominio de um afeto sobre outro. Porém, devastar seu coragao de todo ‘© amor pelas coisas do mundo, sem a substituigéo de algum amor em seu lugar, ser-Ihe-ia processo de tamanha violéncia antinatural, quanto a destruir todas as coisas que ele tem no mundo c no Ihe dar nada em troca. De forma que, se o desapego ao mundo é indispensavel ao cristianismo de alguém, entao a crucificago do velho homem néo é termo muito forte para marcar essa transi¢do em sua histéria, quando todas as coisas velhas so postas de lado e todas as coisas se tornam novas. Esperamos que a esta altura, vocé entenda a impoténcia de uma mera demonstrago da insignificancia deste mundo, Seu efeito pratico exclusivo, se houver algum, seria deixar 0 coragao num estado que é insuportavel a todo coragao, e que & mero estado de nudez e negacao. Vocé se lembra da tenacidade aficionada ¢ irrompivel com que seu corago se valeu periodicamente de buscas, acima da frivoli-dade absoluta da qual apenas ontem ele suspirava e lamentava, Aaritmética dos seus dias efémeros pode no sdbado deixar a impressao mais clara em seu entendimento — e de seu imaginado leito de morte, possa 0 pregador fazer com que uma voz desca em repreensio e adversao de todas as buscas do mundanismo. E & medida que ele pinta diante de voc8 as geragdes passageiras dos homens, com 0 sepulcro consumidor, para onde todas as alegrias e interesses do mundo correm ao seu olvido seguro e veloz, que voc® possa, tocado e solenizado pelo argumento apresentado, sentir por um momento como se na véspera de uma ‘emancipacao pratica e permanente de uma cena de tamanha vaidade. Mas o dia seguinte vem, @ os negécios do mundo, 0s objetos do mundo e as forgas méveis do mundo o acompanham — e a maquinaria do coragao, em virtude dda qual tem de ter algo a que se apegar ou algo a que se aderi, subjuga um tipo de necessidade moral a ser incitada da mesma maneira que antes. Em repulsdo absoluta a um estado tdo indelicadamente quanto o de ser boicotado do bilo © do desejo, o coragao sente todo o calor e urgéncia de suas habituadas solicitagées — nem no habito e historia de todo homem detectamos tanto quanto um sintoma de nova criatura —, assim que a Igreja, em vez de the ser uma escola de obediéncia, é mero lugar de passeio para o luxo de uma emogao passageira e teatral. A pregagao, que 6 poderosa para compelir a freqiiéncia das multidées, que é poderosa para acalmar e solenizar os ouvintes em m tipo de sensibilidade tragica, que ¢ poderosa no jogo da variedade e vigor que ela pode sustentar ao redor da imaginagao, nao é poderosa para derrubar fortalezas. (© amor do mundo no pode ser expurgado por mera demonstrago da imprestabilidade do mundo. Mas nao pode ser suplantado pelo amor daquilo que mais merecedor do que ele mesmo? O coragao no pode ser convencido em se separar do mundo por simples ato de resignagao. Mas 0 coraco ndo pode ser convencido em admitir em sua preferéncia outro, que subordinaré o mundo e o derrubaré de seu predominio querido? Se o trono que é colocado ali tem de ter um ocupante, e 0 tirano que agora reina 0 ocupou injustamente, ele nao pode deixar o peito que antes 0 deferia do que 0 deixaria em desolagao. Porém, ele ndo pode dar lugar ao soberano legal, aparecendo com todo atrativo que Ihe assegure sua admissao voluntaria, e tomando em si mesmo seu grande poder para subjugar a natureza moral do homem e reinar sobre ela? Numa palavra, se a maneira de desimpedir 0 coragdo do amor positive de um objeto grande e ascendente & prendé-lo no amor positive de outro, entdo nao é expondo a imprestabilidade do primeiro, mas dirigindo aos olhos mentais 0 valor e a exceléncia do dltimo, para que todas as coisas velhas passem e todas as coisas permanegam novas. htpstressureicao.convindex php/pensalas/matulandalpense-nstolsermoes/401-o-poder-expulsvo-de-um-nove-afelo?impl=companent&prin 1704/2020 (0 Poder Expulsivo de um Novo Ateto Obiiterar todos os nossos atuais afetos simplesmente expungindo-os, e deixar o lugar deles desocupado, seria destruir o velho carater e nao substituir pelo novo. Mas quando eles partem pelo ingresso de outras visitas; quando eles resignam sua preponderdncia pelo poder e predominancia de novos afelos; quando, abandonando o coragéo & soliddo, eles meramente dao lugar a um sucessor que se torna residéncia t4o ocupada de desejo, interesse e expectativa como antes — nao ha nada em tudo isso que contrarie ou reprima as leis de nossa natureza sensivel —e ‘vemos, no mais pleno acordo com o mecanismo do coragao, que grande revolugao moral pode ser feita a suceder rele. Isto, cremos, explicard a operagao desse atrativo que acompanha a pregagao eficaz do Evangelho, O amor de Deus @ 0 amor do mundo sao dois afetos, nao meramente em estado de rivalidade, mas em estado de inimizade — e tao irreconeliéveis entre si que no podem habitar juntos no mesmo peito. J afirmamos o quanto é impossivel para o coragéo, por qualquer elasticidade inata que Ihe seja prépria,langar fora o mundo e reduzir-se a um deserto, O coragao néo é téo constitu, eo Unico modo de desaproprié-o de um antigo afeto é pelo poder expulsivo de um novo. Nada pode exceder a magnitude da mudanca exigida no cardter de um homem, quando Ihe ¢ ordenado, como esté no Novo Testamento, que no ame o mundo. Nao, nem algumas das coisas que estao no mundo, pois isto tanto compreende tudo o que Ihe 6 querido na existéncia quanto a ser equivalente a uma ordem de auto-aniquilagao. Mas a mesma revelacao que dita tao poderosa obediéncia, coloca dentro de nosso alcance tao poderoso instrumento de obediéneia, Traz & entrada, & prépria porta de nossos coragées, um afeto que, uma vez tenha ocupado o lugar em ‘seu trono, ou subordinard todo ocupante anterior, ou o expulsard, Ao lado do mundo, coloca diante dos olhos da mente aquEle que fez o mundo, e com esta peculiaridade que Ihe é totalmente propria: que no Evangelho nés realmente vemos Deus, de modo que podemos amar a Deus. € all, e somente ali, onde Deus é revelado como objeto de confianga aos pecadores; e onde nosso desejo por Ele nao é esfriado na apatia pela barreira da culpa humana. Esta, por sua vez, intercepta toda aproximagao que nao ihe é feita pelo Mediador designado. € pela apresentagao desta esperanga melhor que nos aproximamos de Deus — e viver sem esperanga é viver sem Deus, e se 0 coragéo esté sem Deus, o mundo teré todo predominio. € Deus apreendido pelo crente como Deus em Cristo que sozinho pode depé-lo deste predominio. E quando Ele c desmantelado dos terrores que the pertencem como Legislador ‘ofendido, ¢ quando somos capacitados pela fé, que é 0 seu proprio dom, que vemos sua gloria na face de Jesus Cristo e ouvimos sua voz suplicante, conforme ela exige boa vontade para com os homens e pede o retomo de todos que chegam a um perdéo total e a uma aceitagao graciosa; é entdo que um amor superior ao amor do mundo, © por fim expulsivo dele, surge pela primeira vez no peito regenerado. E quando, lberto do espifito de escravidao, com 0 qual o amor néo pode habitar, ¢ quando admitido no rol dos filhos de Deus, pela fé que esta em Cristo Jesus, que o espirito de adogéo é derramado em nés — é entéo que o coragao, posto sob o dominio de um grande ¢ predominant afeto, é liberto da tirania de seus desejos anteriores e da Unica maneira pela qual a libertagdo é possivel. E essa fé, que nos 6 revelada do céu como indispensavel para a justificagao do pecador a vista de Deus, também é o instru- mento das maiores realizagies morais e espirtuais numa natureza morta a influéncia © além do alcance de todas as. outras aplicagées. ‘Assim, que nos conscientizemos do que produz 0 tipo mais eficaz de pregagao, Nao é o bastante oferecer aos olhos do mundo o espelho de suas proprias imperfeigées. Nao é o bastante vir com uma , demonstragao, por mais patética que seja, do cardter evanescente de todos os seus prazeres. Nao é o bastante percorrer 0 ilinerdrio da experiéncia junto com vocé e falar a sua consciéncia, a sua meméria, sobre a falsidade do coragao e a falsidade de tudo a que o coragao se prende. Ha portador da mensagem do Evangelho que néo tem suficiente discernimento natural, que no tem suficiente poder de descrigao caracteristica e que ndo tem suficiente talento de delineagao moral para apresentar a vocé um esbogo vivide e fie! das loucuras da sociedade, Mas essa mesma corrupgao que ele ndo tem a faculdade de representar em seus detalhes visiveis, ele pode ser praticamente o instrumento de erradicagao de seu principio. Que ele seja apenas um explanador fiel do testemunho do Evangelho. Inapto para aplicar um estilo descritivo 20, cardter do mundo atual, que ele apenas relate com preciso o assunto cuja revelagdo 0 trouxe de um mundo distante —inabil como ele c no trabalho de anatomizar 0 coragéo, como ocorre com o poder de um novelista em criar uma exibicao vivida ou impressionante da inutilidade de seus muitos afetos, Que ele lide apenas com os mistérios da doutrina peculiar, sobre a qual os melhores novelistas langaram o capricho da derrisfio, Com os olhos da observacao astuta e satirica, ele pode no ser capaz de expor ao pronto reconhecimento dos ouvintes os desejos do mundanismo; mas comissionado com as Boas Novas do Evangelho, ele pode brandir 0 Ginico instrumento que tem a htpstressureicao.convindex php/pensalas/matulandalpense-nstolsermoes/401-o-poder-expulsvo-de-um-nove-afelo?impl=companent&prin pa. 47

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