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APOSTILA DE BATERIA NÍVEL 1

SEJA BEM VINDO!

SOBRE O AUTOR

Lucas Sabel começou seus estudos musicais tendo como primeiro instrumento a
bateria, com aulas tomadas na Sociedade Artística Cultural (SCAR) de Jaraguá do Sul.
Atualmente, é formado em música pela Universidade Estadual do Paraná (Escola de
Música e Belas Artes do Paraná), onde concentrou seus estudos na área da
performance de instrumentos de percussão sinfônica, sob a orientação do profº Me.
Paulo Demarchi. Participou de diversos grupos como orquestra sinfônica, banda
sinfônica, big band, grupos de percussão, trabalhos solo, e bandas de diversos gêneros
musicais, com repertórios que vão desde a música contemporânea, até o popular.
Atualmente trabalha como professor em escolas privadas de música e projetos
culturais, além do trabalho de performer como percussionista e baterista.
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ESTRUTURA, MECÂNICA E DIFERENTES CONFIGURAÇÕES DA BATERIA

Eu considero este set-up da imagem anterior, um kit “básico” de bateria. Podemos


ainda ter baterias com menos ou mais peças, irá depender muito do estilo musical em
questão, e das próprias necessidades do baterista!

No kit da imagem, nós temos as seguintes peças:


- Tambores (com as dimensões em polegadas) : bumbo (20”), surdo (14”), tom 2
(12”), tom 1 (10”) e caixa (14”);
- Pratos: prato de ataque, prato de condução e chimbal;
- Ferragens: duas estantes retas de prato, pedal de bumbo, estante de caixa e
máquina de chimbal;

COMO SEGURAR A BAQUETA CORRETAMENTE

Aqui começamos a dar nossos primeiros passos no desenvolvimento de uma “técnica”,


termo que utilizo para me referir a ferramenta que você irá utilizar para expressar suas
ideias musicais, ou seja, ao pensar em algum som e querer produzi-lo, você irá utilizar
a sua técnica! E quanto maior for o seu controle sobre o que você estiver tocando, mais
desenvolvida estará a sua técnica.
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Portanto, partimos para o nosso primeiro ponto de discussão, a pegada ou “grip” da


baqueta.

A baquetas é dividida da seguinte forma:

O principal material utilizado na sua construção é a madeira, mas também podemos


encontrar baquetas feitas de fibra de carbono, por exemplo.

Existem diferentes tipos de madeira utilizadas para a construção de uma baqueta, e


cada tipo influencia diretamente na sonoridade. A seguir, uma descrição de alguns tipos
de madeira utilizados:
- Marfim: Tem uma sonoridade bem suave, por ser uma madeira mais leve, que
proporciona velocidade e conforto para o músico;
- Hickory (Nogueira): Uma madeira que tem um bom equilíbrio entre maciez e
durabilidade;
- Jatobá: É uma madeira mais pesada, rígida e com uma ótima durabilidade,
possuindo uma cor escura e proporcionando uma sonoridade estridente nos
pratos e encorpada nos tambores;
- Maple: Madeira leve, indicada para estilos que demande leveza e rapidez;
- Oak (Carvalho): Madeira leve de cor mais escura;
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As cabeças podem ser arredondadas e de formatos diferentes, como em forma de


barril, gota, flecha, etc. E os materiais utilizados, além da própria madeira, podem ser
nylon, metal, borracha, etc.

Mas o tipo de material não é a única coisa que influencia no peso e sonoridade da
baqueta. É muito comum elas virem com uma classificação que indica características
como peso e tamanho, podendo ser:

- Tamanho 5A: é o modelo mais versátil, recomendado para maior parte dos
estilos musicais não muito pesados, como pop, rock, country, samba e reggae;
- Tamanho 7A: é mais leve que a 5A, recomendado para estilos com sons leves
ou ágeis, como jazz, bossa nova, salsa, samba;
- Tamanho 5B: é mais pesado que a 5A, recomendado para práticas de exercícios
técnicos e a estilos um pouco mais pesados, como hard-rock e heavy-metal;
- Tamanho 2B: recomendado para tocar estilos pesados e que precisam de
baquetas extremamente resistentes, como por exemplo maracatu e samba rock.
- Existem também medidas para banda marcial (Marching Band), que são
baquetas mais grossas e maiores em comprimento. Essas podem levar vários
nomes/códigos, como SD, AS ou MB.

MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS

Para tocarmos bateria, podemos pensar numa série de quatro movimentos que irão
possibilitar infinitas sonoridades, sendo eles: FULL Stroke, DOWN Stroke, TAP Stroke e
UP Stroke.

Digamos que o mais importante aqui, é gravar o posicionamento da sua mão no início e
final do movimento, podendo ser “em cima” ou “embaixo”.

O movimento do FULL Stroke começa em cima e termina em cima, gerando um som


mais encorpado e preparando para o próximo toque, que no caso poderá ser um FULL
Stroke ou um DOWN Stroke, pois ambos os movimentos começam em cima.

O movimento do DOWN Stroke começa em cima e termina embaixo, também gerando


um som com maior intensidade sonora, mas por terminar o movimento embaixo serve
de preparação para o caso de o próximo toque ser um TAP Stroke ou um UP Stroke.

Já o movimento do UP Stroke começa embaixo e termina em cima, gerando um som


com menor intensidade, pelo fato do movimento começar com a ponta da baqueta a
uma distância próxima da pele do tambor. Por este movimento terminar em cima, serve
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de preparação para o caso de os próximos movimentos serem um FULL Stroke ou um


DOWN Stroke.

E por fim, nós temos o TAP Stroke, que começa o movimento embaixo e termina
embaixo, também gerando um som com menor intensidade, porém, pelo movimento
também terminar embaixo, ele serve de preparação para o caso de o próximo toque for
um UP Stroke ou um TAP Stroke novamente.

É muito importante que você saiba quando utilizar cada movimento. Este assunto
retornará no próximo módulo de aulas, quando nos tratarmos de “notas acentuadas”,
onde você entenderá com maior clareza a utilização destes movimentos.

PULSO E BEAT

O Pulso pode ser definido como um evento que acontece com regularidade num
espaço-tempo, podendo ser por exemplo um som ou um gesto. Um evento sonoro
musical tende a seguir um pulso, e nós podemos “pulsar” junto com a música batendo
o pé, regendo, ou tocando algum instrumento. O pulso pode ser rápido, com intervalos
muito curtos entre as interações ou eventos, ou lento com intervalos longos, sendo
essa velocidade medida a partir do termo “BPM”, que significa “batidas por minuto”
(beats per minute).

Já o Beat, determina uma duração ou espaço de tempo específico de um pulso, que


portanto, é composto de um ou vários beats. Costuma-se também usar o Beat para
significar a fórmula de compasso, uma maneira pela qual os Beats individuais de um
pulso são agrupados, sentidos e contados, como por exemplo quando nós temos 3
Beats por compasso ou 4 Beats por compasso.
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RUDIMENTOS 1: TOQUE SIMPLES E DUPLO

Os rudimentos podem ser entendidos como um conjunto de padrões rítmicos


relativamente pequenos que formam a base para padrões mais extensos e complexos,
e são utilizados como um método particular para aprender bateria ou percussão,
começando com rudimentos, e gradualmente desenvolvendo uma destreza motora e
velocidade com o manuseio das baquetas.

Fazendo uma associação com o estudo do piano, um aprendiz neste instrumento


começa a se desenvolver no instrumento por meio de estudos técnicos com escalas,
arpejos, etc. Na bateria, junto com o estudo de ritmos e músicas em geral, deve-se
realizar a prática dos rudimentos, que por sua vez irão desenvolver a sua técnica.

O primeiro rudimento estudado será o toque simples. Você irá executá-lo em


pequenos grupos de beats, 4 neste caso, seguindo um pulso definido por um
metrônomo.

O metrônomo é um recurso extremamente importante nos estudos musicais, e hoje


em dia além do aparelho físico que você pode adquirir, ele também pode ser
encontrado em forma de aplicativo, disponível no seu celular ou computador! Ele
marcará um pulso para você, que realizará o exercício a partir desta marcação.

O aplicativo que eu uso neste caso se chama “Soundcorset”, mas você também pode
utilizar outros, experimente até achar um que você se adapte bem!

Os rudimentos são organizados por meio de manulações, que basicamente se referem


às “sequências de mãos” utilizadas no rudimento em questão. A seguir, alguns
exemplos de rudimentos com suas respectivas sequências de mãos:

- Toque Simples (4 beats): D (Direita) - E (Esquerda) - D - E


- Toque Duplo (4 beats): D - D - E - E
- Paradiddle (8 beats): D - E - D - D - E - D - E - E

Sendo assim, o Toque Simples terá a seguinte manulação: D - E - D - E, onde cada


uma dessas letras representa uma batida. Sendo assim, o exercício é dividido em
quatro beats/tempos.
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O Toque Simples está em quase tudo que você irá tocar na bateria, então podemos
considerá-lo como fundamental. Ele pode ser realizado também com manulação
formada por repetidas notas apenas com a mão direita ou esquerda, além de você
poder realizá-lo contando 2, 3, ou 4 notas por batida do metrônomo, e assim por diante.

Já na imagem a seguir, você tem a divisão do Toque Duplo:

Além destes dois primeiros rudimentos, há uma infinidade de outros exercícios que
serão explorados mais a frente!

SUBDIVISÕES RÍTMICAS

Dado o espaço de tempo existente entre dois pulsos, uma série de ideias musicais
podem ser realizadas através de diferentes figuras rítmicas, que seguem uma lógica
matemática de divisibilidade.

As figuras rítmicas são:

Semibreves
Mínimas
Semínimas
Colcheias
Semicolcheias
Fusas
Semifusas

A imagem a seguir nos mostra a divisão destas figuras, assim como o símbolos que as
representam:
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Agora a parte matemática é que a divisão destas figuras se dá por meio de frações! A
Semibreve é a figura rítmica que possui maior valor, totalizando 1 inteiro. Em seguida,
vem as demais figuras que possuem menor valor em relação a Semibreve, sendo que
a Mínima terá o valor de ½ em relação a Semibreve, a Semínima o valor de ¼, a
Colcheia o valor de ⅛, a Semicolcheia o valor de 1/16, a Fusa o valor de 1/32, e a
Semifusa o valor de 1/64.

FÓRMULAS DE COMPASSO

Podemos também utilizar as frações para entender as Fórmulas de Compasso.

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Tomamos como exemplo o compasso de 4
, onde o número de baixo da fórmula de
compasso indica em quantas partes uma semibreve, que possui o maior valor, deve ser
dividida para obtermos uma unidade de duração, que será o nosso Beat. Como neste
caso o número de baixo é um 4, e a figura rítmica que possui o mesmo valor (4) no
seu denominador é a semínima, chegamos a conclusão de que cada beat deste
4
compasso de 4
será preenchido completamente por uma semínima. Além disso, o
número de cima da fórmula de compasso nos indica o número de beats por compasso,
4
neste caso do 4
, são 4 beats por compasso.
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COMPASSOS SIMPLES

Os compassos podem ser classificados de acordo com dois critérios: se levarmos em


conta as notas que os compõem, podemos dividi-los em simples e compostos. Se por
outro lado considerarmos a métrica, eles podem ser binários, ternários, quaternários
ou complexos.

Neste primeiro módulo do curso de bateria, nós iremos estudar apenas os compassos
simples, para nos próximo módulos explorarmos os compassos compostos e
complexos!

Compasso Simples é aquele em que cada unidade de tempo corresponde à duração


determinada pelo denominador da fórmula de compasso. Por exemplo, um compasso
2
de 4
possuem dois pulsos com duração de uma semínima cada. Os tipos mais
comuns de compassos simples possuem 2 ou 4 no denominador. Alguns exemplos de
2 2 3 3 4
compassos simples: 2
, 4
, 4
, 8
, 4
, etc.

LEITURAS RÍTMICAS

Agora que você já possui conhecimento básico sobre subdivisões rítmicas e fórmulas
simples de compasso, vamos aplicar estes conceitos para ler ritmo utilizando partitura.

Acompanhe a explicação e execução dos próximos exercícios na vídeo aula.


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Agora os próximos exercícios continuarão tratando de leituras rítmicas, para você poder praticar
mais!
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NOTAÇÃO MUSICAL PARA BATERIA

A escrita musical para bateria, como em outros instrumentos, é feita no pentagrama ou


pauta. O pentagrama é o conjunto de 5 linhas horizontais, paralelas e equidistantes,
que formam entre si 4 espaços onde são escritas as notas musicais. Em instrumentos
melódicos ou harmônicos, é onde as notas de uma escala de Dó Maior são escritas,
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por exemplo. No caso da bateria que é um instrumento sem alturas definidas, ou seja,
que não é afinado em nenhuma escala, cada peça da bateria, desde os pratos até os
tambores, possuem um determinado espaço ou linha no pentagrama. Observe a
imagem a seguir:

Com isso, conseguiremos organizar nossos primeiros Grooves e Viradas!

FORMANDO GROOVES 1

Os Grooves ou Levadas são formas de distribuir as notas musicais através das peças
da bateria, para criar diferentes padrões rítmicos que darão forma ao próprio Groove.

Aqui eu vou separar os grooves por estilos musicais, sendo que estes que você
aprenderá neste primeiro bloco, são Grooves que podem muito bem ser usados em
estilos musicais como Pop ou Rock.

Acompanhe a explicação e execução dos próximos exercícios na vídeo aula.


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a)

b)

c)

d)

e)
15

f)

g)

1) Grooves escritos com marcação de colcheia no chimbal:

a)

b)

c)
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d)

e)

f)

FORMANDO VIRADAS 1

As Viradas tem a função de ligação entre diferentes partes da música, como por
exemplo quando nós estamos saindo do verso de uma canção e indo para o refrão,
sendo neste caso bem vinda uma virada para marcar esta transição.

As Viradas podem ser criadas apenas utilizando os tambores , ou surgindo diretamente


de um Groove, ao utilizar as mesmas peças deste, geralmente bumbo, caixa e algum
prato. Além disso, as viradas estudadas neste primeiro bloco podem ser classificadas
como Lineares, pois apenas uma peça da bateria é tocada por vez.

Para estudar essas viradas, primeiramente realize-as isoladamente num andamento


confortável, e depois junto com os grooves que estarão no exercício.
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Acompanhe a explicação e execução dos próximos exercícios na vídeo aula.

1) Viradas lineares de um compasso:

A)

B)

C)
18

D)

E)

2) Viradas lineares de 2 compassos:

F)
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G)

H)

3) Viradas lineares de dois compassos utilizando o bumbo:

I)
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J)

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