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FACULDADE IMED

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL


NÍVEL MESTRADO

JORDANA RAE ANTUNES

INFLUÊNCIA DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AGREGADO MIÚDO POR


RESÍDUO DE MADEIRA NAS PROPRIEDADES TÉRMICAS E ACÚSTICAS DE
ARGAMASSA DE REVESTIMENTO

Passo Fundo
2019
JORDANA RAE ANTUNES

INFLUÊNCIA DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AGREGADO MIÚDO POR


RESÍDUO DE MADEIRA NAS PROPRIEDADES TÉRMICAS E ACÚSTICAS DE
ARGAMASSA DE REVESTIMENTO

Dissertação apresentada como requisito


parcial para obtenção do título de Mestre
em Engenharia Civil, pelo Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil da
Faculdade IMED

Orientador (a): Prof.ª Dr.(a) Aline Zanchet

Passo Fundo
2019
JORDANA RAE ANTUNES

INFLUÊNCIA DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AGREGADO MIÚDO POR


RESÍDUO DE MADEIRA NAS PROPRIEDADES TÉRMICAS E ACÚSTICAS DE
ARGAMASSA DE REVESTIMENTO

Dissertação apresentada como requisito


parcial para obtenção do título de Mestre
em Engenharia Civil, pelo Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil da
Faculdade IMED

Aprovado em 20 de maio de 2019.

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Dr. (a) Aline Zanchet – Faculdade Meridional

Prof. Dr. Tarcísio Dorn de Oliveira – Universidade Regional do Noroeste do Estado


do Rio Grande do Sul

Prof. Dr. Richard Thomas Lermen – Faculdade Meridional


Dedico esse trabalho à minha mãe pelo apoio, incentivo e
ajuda para essa conquista.
.
AGRADECIMENTOS

À Deus, por sua luz, essência em nossas vidas, que sempre está ao meu lado
em todos os momentos.
A minha família, por todo amor, incentivo, compreensão, paciência que tem me
dedicado, em especial a minha mãe que foi suporte importante para minha
caminhada.
Ao curso de Mestrado de Engenharia Civil da IMED, pela experiência
profissional proporcionada, e aos professores da instituição por todos ensinamentos.
A minha eterna Doutora e querida amiga, Prof.ª Aline Zanchet, por todo apoio,
orientação e incentivo durante a elaboração desse trabalho, ao longa desta
caminhada.
Aos colegas, professores e técnicos do laboratório da IMED, pelo apoio da
realização de parte dos ensaios.
Ao eterno colega, amigo, e sócio Rafael, por todos momentos de estudos,
risadas, e incondicional apoio durante essa jornada.
E finalmente a todos que, mesmo não citados aqui, contribuíram de alguma
forma para conclusão desta etapa da minha vida. Minha eterna gratidão.
“Lembre-se que as pessoas podem tirar tudo de você, menos o seu
conhecimento”.
(Albert Stein)
RESUMO

Diante de um amplo crescimento no campo da construção civil e uma


preocupação maior com a sustentabilidade, surge um problema que é a geração de
resíduos nos canteiros de obras e industrias de madeira. Em 2009, o IBAMA estimou
cerca de 80 milhões de metros cúbicos de resíduos de madeira no Brasil, o qual seu
principal destino de descarte é a queima, e aterros. Visando auxiliar na correta
destinação, e expectativa de minimizar os impactos causados pela grande geração de
resíduos, e possivelmente uma argamassa de revestimento mais benéfica que forneça
melhor conforto térmico e acústico aos usuários, o objetivo desse estudo é analisar
qual o desempenho do resíduo de madeira da espécie Itaúba na substituição parcial
do agregado miúdo, através de ensaios laboratoriais. O eixo principal de discussão é
estudar como se comporta o resíduo de madeira introduzido na argamassa, quais as
suas propriedades e influências. Dessa forma, as dosagens que serão preparadas
terão substituições de 0%, 5%, 15% e 30% em relação agregado miúdo/resíduo, ou
seja, areia/resíduo de madeira, levando em consideração a trabalhabilidade do
produto e variando a relação da água na argamassa. Como resultado, pode-se
observar que quanto maior o percentual de resíduo de madeira em substituição a
areia, menor a resistência da argamassa, restringindo a sua utilização para fins
estruturais, o que não necessariamente inviabiliza para outros fins, que além
apresentar um material leve, possui uma boa condutividade térmica, provando
significativas propriedades junto a argamassa.

Palavras-chave: Resíduo de madeira. Conforto térmico. Conforto acústico.


Argamassa de revestimento.
ABSTRACT

Faced with a large growth in the field of construction and a greater concern with
sustainability, a problem arises that is the generation of waste in the construction sites
and wood industries. In 2009, IBAMA estimated some 80 million cubic meters of wood
waste in Brazil, whose main destination for disposal is burning and landfills. The aim
of this study is to analyze the performance of wood residues and to evaluate the
performance of wood residues. The aim of this study is to analyze the performance of
wood residues, and to minimize the impacts caused by large waste generation, and
possibly a more beneficial coating mortar that provides better thermal and acoustic
comfort to users. of the Itaúba species in the partial replacement of the small
aggregate, through laboratory tests. The main axis of discussion is to study how the
wood residue introduced in the mortar behaves, what its properties and influences.
Thus, the dosages that will be prepared will have substitutions of 0%, 5%, 15% and
30% in relation to the small / residue aggregate, that is, sand / wood residue, taking
into account the workability of the product and varying the water in the mortar. As a
result, it can be observed that the higher the percentage of wood residue replacing the
sand, the lower the mortar resistance, restricting its use for structural purposes, which
does not necessarily make it unfeasible for other purposes has a good thermal
conductivity, proving significant properties together with the mortar.

Key-words: Wood residue. Thermal comfort. Acoustic comfort. Coating mortar.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Diagnóstico de RCD em Erechim - RS....................................................... 17


Figura 2: Estrutura hierárquica de fibra lignocelulósica – MEV da fibra de eucalipto 32
Figura 3: Classificação granulométrica da madeira................................................... 34
Figura 4: Árvore espécie Itaúba ................................................................................ 36
Figura 5: Resíduo (serragem) de Itaúba ................................................................... 36
Figura 6: Fluxograma Experimental .......................................................................... 41
Figura 7: Tubo de impedância acústica. .................................................................... 50
Figura 8: Curva granulométrica do resíduo de madeira ............................................ 52
Figura 9: Distribuição do tamanho de partícula do resíduo de madeira .................... 53
Figura 10: Curva de TGA do resíduo de madeira...................................................... 54
Figura 11: Microscopia do resíduo de madeira. ........................................................ 55
Figura 12: Distribuição do tamanho de partícula do agregado miúdo ....................... 56
Figura 13: Curva granulométrica do agregado miúdo ............................................... 56
Figura 14: Pontos médios índice de consistência ..................................................... 58
Figura 15: Resultado de resistência à tração na flexão dos compósitos ................... 59
Figura 16: Resultado de resistência à compressão................................................... 60
Figura 17: Cronograma das atividades ..................................................................... 61
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Tipos de cimento Portland ......................................................................... 21


Tabela 2: Classificação de argamassas de assentamento e revestimento de paredes
e tetos ....................................................................................................................... 29
Tabela 3: Formulação das composições de argamassa ........................................... 43
Tabela 4: Quantidade de corpos de prova das composições .................................... 44
Tabela 5: Valores do índice de consistência ............................................................. 57
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


DMC Dimensão Máxima Característica
IMED Instituto Meridional de Educação
Kg/m³ Quilograma por metro cúbico
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
mm Milímetros
MPa Mega Pascal
NBR Normas Brasileiras de Regulação
PIB Produto Interno Bruto
RCD Resíduo da Construção e Demolição
RS Rio Grande do Sul
TGA Termogravimétrica
UFPel Universidade Federal de Pelotas
UFScar Universidade Federal de São Carlos
Unisinos Universidade do Vale do Rio dos Sinos
12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 20
2.1 Argamassa de revestimento ......................................................................... 20
2.1.1 Materiais constituintes da argamassa de revestimento ................................ 20
2.1.1.1 Cimento..................................................................................................... 20
2.1.1.2 Cal ............................................................................................................ 22
2.1.1.3 Agregado miúdo........................................................................................ 23
2.1.1.4 Água ......................................................................................................... 24
2.1.2 Funções e características ............................................................................ 24
2.1.3 Propriedades da argamassa de revestimento .............................................. 24
2.1.3.1 Consistência ............................................................................................. 25
2.1.3.2 Trabalhabilidade ....................................................................................... 25
2.1.3.3 Coesão e Tixotropia .................................................................................. 25
2.1.3.4 Plasticidade............................................................................................... 26
2.1.3.5 Retenção de água ..................................................................................... 26
2.1.3.6 Adesão inicial ............................................................................................ 26
2.1.3.7 Aderência .................................................................................................. 27
2.1.3.8 Elasticidade............................................................................................... 27
2.1.3.9 Permeabilidade ......................................................................................... 27
2.1.4 Classificação das argamassas ..................................................................... 27
2.1.4.1 Argamassa de cal ..................................................................................... 28
2.1.4.2 Argamassa de cimento ............................................................................. 28
2.1.4.3 Argamassa mista ...................................................................................... 28
2.1.5 Caracterização das argamassas .................................................................. 29
2.1.5.1 Classificação segundo NBR 13281/2005 .................................................. 29
2.1.6 Caracterização dos revestimentos ............................................................... 30
2.1.6.1 Emboço ..................................................................................................... 30
2.1.6.2 Reboco...................................................................................................... 30
2.1.6.3 Massa única .............................................................................................. 30
2.1.6.4 Chapisco ................................................................................................... 31
2.2 Madeira ........................................................................................................... 31
2.2.1 Resíduo de madeira ..................................................................................... 33
2.2.2 Resíduo de madeira espécie de Itaúba ........................................................ 35
2.3 Compatibilidade química entre a madeira e o cimento .............................. 37
2.4 Desempenho térmico e acústico.................................................................. 38
2.5 Estudos realizados com resíduo de madeira .............................................. 39
3 METODOLOGIA ............................................................................................. 40
3.1 Materiais ......................................................................................................... 40
3.2 Metodologia ................................................................................................... 41
3.3 Caracterização do resíduo de madeira Itaúba ............................................ 42
3.3.1 Análise Granulométrica ................................................................................ 42
3.3.2 Análise Termogravimétrica ........................................................................... 42
3.3.3 Microscopia Eletrônica de Varredura ........................................................... 42
3.4 Caracterização do agregado miúdo ............................................................. 43
3.4.1 Análise Granulométrica ................................................................................ 43
3.5 Desenvolvimento das composições ............................................................ 43
3.6 Caracterização das composições ................................................................ 44
3.6.1 Preparação da mistura e determinação do índice de consistência .............. 45
3.6.2 Determinação da retenção de água ............................................................. 45
3.6.3 Determinação da massa específica e teor de ar incorporado ...................... 46
3.6.4 Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão ................ 46
3.6.5 Determinação da densidade de massa aparente no estado endurecido ..... 47
3.6.6 Determinação da absorção de água, índice de vazios, e massa específica 47
3.6.7 Ensaio de transmitância térmica .................................................................. 48
3.6.8 Ensaio de impedância acústica .................................................................... 49
3.6.9 Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV................................................ 51
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................... 52
4.1 Caracterização do resíduo de madeira Itaúba ............................................ 52
4.1.1 Análise Granulométrica ................................................................................ 52
4.1.2 Análise Termogravimétrica ........................................................................... 53
4.1.3 Microscopia Eletrônica de Varredura ........................................................... 54
4.2 Caracterização do agregado miúdo ............................................................. 55
4.2.1 Análise Granulométrica ................................................................................ 55
4.3 Caracterização das composições ................................................................ 57
4.3.1 Preparação da mistura e determinação do índice de consistência .............. 57
4.3.2 Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão ................ 58
14

5 CRONOGRAMA.............................................................................................. 61
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 62
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63
1 INTRODUÇÃO

A construção civil é reconhecida como uma das mais importantes atividades


para o desenvolvimento econômico e social do país, sendo responsável por uma
parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) e pelo enorme contingente de
pessoas que emprega, direta ou indiretamente, ocupando posição de destaque na
economia nacional (LORDÊLO et al., 2006).
A construção civil representa uma fração expressiva na economia do Brasil,
sendo responsável por 14,8% PIB e por proporcionar emprego para a população com
pouca formação educacional (GUACELLI, 2010).
Entretanto, conforme afirma Pinto (2005), se por um lado a construção civil é
uma das mais importantes atividades para o desenvolvimento econômico e social, por
outro, comporta-se, como grande gerador de impactos ambientais, quer seja pelo
consumo de recursos naturais, ou pela geração de resíduos.
De acordo com Guacelli (2010), a construção civil consome 50% dos recursos
minerais produzidos no planeta e o consumo de agregados no Brasil pode ser
considerado um fator econômico. Sua demanda varia de acordo com as diversas
regiões, chegando a 4,5 t/hab/ano, ao mesmo tempo que em locais menos
desenvolvidos chega a 2 t/hab/ano.
Conforme Mohammed (2014), o aumento da população tem criado uma
demanda maior no material de construção que leva a uma carência crônica de
materiais de construção e, assim, aumenta o custo de construção e para aliviar este
problema, os engenheiros não são apenas desafiados com o futuro de construção civil
em termos de controle de custos de construção, mas também a necessidade de
converter os resíduos industriais de construção e materiais de construção úteis. Uma
dessas formas é a introdução de material de resíduos industriais em argamassas e
concretos, tais materiais, como lascas de madeira, papel, borracha triturada e de
clínquer de óleo, podendo reduzir o uso do agregado a partir de fontes naturais e
garantindo a sustentabilidade (MOHAMMED, 2014).
De acordo com John (2000) a construção civil utiliza entre 14% a 50% dos
recursos naturais que são extraídos da terra, tornando um dos setores que provocam
maior impacto ambiental devido ao elevado consumo de matéria-prima.
Os resíduos de indústrias de base madeireira, tornam-se uma alternativa para
resolver a questão de sustentabilidade, utilizando menos agregado miúdo que ao
16

passar do tempo por ser um recurso mineral se torna insustentável, os resíduos de


madeira é um recurso natural renovável, de versátil utilização e baixo consumo
energético, apresenta massa específica reduzida, o que o torna um material
apropriado para substituir em determinada proporção o agregado miúdo do concreto
e argamassa (JOHN, 2000).
Considerando que as indústrias madeireiras apresentam baixo rendimento e
geram grande quantidade de resíduos, que dispersos ao meio ambiente podem trazer
sérios problemas de poluição.
De acordo com Dantas Filho (2004), pode-se reduzir a demanda de agregado
miúdo para a fabricação de concreto e argamassa, além de tornar esses compostos
mais isolantes termicamente e leves.
Devido à grande geração de resíduos de indústrias madeireiras, segundo
Fontes (1994), a carbonização e a combustão da madeira, seriam uma das
alternativas de redução dos mesmos, porém o processo, apesar gerar a redução dos
resíduos através da carbonização, gera impactos ao meio ambiente por meio da
liberação de gases e derivados, com isso, a utilização desses resíduos em artefatos
torna-se a solução menos impactante ao meio.
Neste contexto, tem aumentado o interesse pela reciclagem de resíduos
diversos.
Segundo Grandi (1995) a utilização do resíduo de madeira como agregado
miúdo em blocos de concreto e em argamassas visa melhorar o conforto ambiental
da edificação e dá ao resíduo um destino mais nobre que a combustão.
De acordo com Zanatta (2016), um subproduto que está sendo estudado e
pode ser utilizado na composição da argamassa, são os resíduos de madeira serrada
(pó de serra). Estes resíduos, quando não tratados com pinturas ou outros produtos,
são considerados inertes (resíduos não perigosos, que podem ser reutilizados como
matéria prima em outros produtos), e podem ser empregados como agregados de
enchimento em concreto e argamassa.
Vive-se um momento, em que a sociedade se preocupa com a preservação do
meio ambiente, com a exploração racional dos recursos naturais e com a reciclagem
de materiais. O Brasil vem ampliando significativamente o número de construções,
consumindo grandes quantidades de materiais.
A utilização dos resíduos industriais, na composição de materiais de
construção, tem vital importância na preservação ambiental e na viabilização para
fabricação de materiais de baixo custo.
Segundo John (2000), o desenvolvimento sustentável requer ações como a
desmaterialização da economia e da construção. Ou seja, construir mais usando
menos materiais; substituir matérias-primas naturais por resíduos, reduzindo a
pressão sobre a natureza e o volume de materiais nos aterros, sem aumentar outros
impactos ambientais, como a poluição do ar, do solo e da água.
Faresin; e Melo (2009) apresentam o diagnóstico de RCD das construtoras do
município de Erechim – RS (Figura 1: Diagnóstico de RCD em Erechim - RSFigura 1),
o qual mencionam que no município são dispostos um volume aproximado de 350 a
400m³ de RCD, onde nesse resíduo uma parte é oriunda da madeira.
Figura 1: Diagnóstico de RCD em Erechim - RS

Fonte: Faresin e Melo (2009).

Por ser comum a disposição irregular de RCD, esses resíduos são


considerados como um problema de limpeza pública, acarretando uma série de
inconvenientes para toda sociedade, tais como: custos de limpeza urbana, saúde
pública, enchentes, assoreamento e contaminação de cursos d’água, contaminação
de solos, erosão, obstrução de sistemas de drenagem urbanos, queima de CO2, entre
outros. Na maioria dos municípios, os resíduos da construção civil são depositados
em bota-foras clandestinos, nas margens de rios e córregos ou em terrenos baldios.
18

Além do problema da destinação do resíduo de madeira, existe ainda problema


da extração da areia natural, a qual vem aumentando seu custo nos últimos anos,
devido um maior controle dos órgãos fiscalizadores na sua extração, afim de diminuir
e minimizar os impactos causados pela mesma.
Na construção e reabilitação de uma edificação, um dos produtos mais
utilizados é a argamassa. A mesma é utilizada para assentamento de blocos
cerâmicos, rebocos (internos e externos) de parede e teto, em camada de enchimento
e regularização. A argamassa é composta por uma mistura homogênea, composta
por cimento, cal hidratada, água e areia natural. Devido ao elevado consumo de areia
natural, é importante que se adotem estratégias, no sentido de minimizar o impacto
ambiental causado pela extração dos recursos naturais utilizados na composição da
argamassa (FARIA, 2012).
De acordo com Guacelli (2010), a extração da areia natural nas margens dos
rios tem inúmeros efeitos indesejáveis, pois, além de degradar o meio ambiente,
provoca extinção das matas ciliares, a instabilidade das margens e alteração na calha
dos rios.
Desta forma, vê-se a importância de se pesquisar sobre a possibilidade do
aproveitamento de resíduos industriais de madeira que são gerados pelas
madeireiras, com vista para reutilização nos processos de construções civis, assim
como argamassa, concretos, blocos de alvenaria.
Este tipo de pesquisa pode trazer benefícios ambientais e econômicos e
apresentar uma alternativa de material de construção, que além de ofertar uma
destinação correta ao resíduo ela contribui com a redução da extração da areia
natural.
Com base nos problemas quem vem apresentando o uso final indevido do
resíduo de madeira apresentado, foi definida a questão principal de pesquisa:
Qual o desempenho, propriedades e influências dos resíduos de madeira de
Itaúba nas propriedades térmicas e acústicas de argamassa de revestimento?
O objetivo geral da pesquisa tem por finalidade estudar a viabilidade técnica da
utilização de resíduos de madeira na produção de argamassa, através de ensaios
mecânicos e físicos, assim como analisar a influência do resíduo na composição de
argamassa nas propriedades de térmicas e acústicas.
Através do objetivo geral da pesquisa obteve-se demais objetivos a serem
alcançados, os quais são:
a) analisar as propriedades térmicas e acústicas dos compósitos de
argamassa com resíduo;
b) desenvolver uma argamassa com resíduo de madeira que empregue
condições de uso na construção civil.
c) desenvolver uma argamassa que permita associar à função de conforto
térmico e acústico, levando em conta a sustentabilidade;
d) diminuir a utilização do agregado miúdo – areia na produção de argamassa
levando em conta a redução da extração da areia natural;
e) oferecer um destino mais satisfatório para o resíduo de madeira;
A obtenção dos resíduos de madeira foi fornecida por uma madeireira residente
no município de Independência – RS, que tem produção de móveis e esquadrias de
madeira, trabalhando com espécie Itaúba, sendo grande produtora de resíduos, sem
destinação correta, e utilizando como descarte a queima dos resíduos.
Os ensaios laboratoriais para analisar o desempenho da argamassa com
resíduo serão realizados no laboratório da IMED em Passo Fundo/RS, ao contrário da
caracterização que será feito em laboratórios de outras Instituições (UFPel, Unisinos
e UFScar).
20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Argamassa de revestimento

A NBR 13529 (ABNT, 2013) define a argamassa para revestimento como “uma
mistura homogênea de agregado (s) miúdo (s), aglomerante (s) inorgânico (s) e água,
contendo ou não aditivos ou adições, com propriedades de aderência e
endurecimento”. Nesta norma também são definidos outros termos envolvendo o
revestimento à base de cimento e cal, ou ambos. Podem ser encontradas definições
como:
- Revestimento de argamassa: cobrimento de uma superfície com uma ou mais
camadas superpostas de argamassa, apto a receber acabamento decorativo ou
constituir-se acabamento final, decorativo ou não;
- Argamassa de cal: argamassa preparada com cal como único aglomerante;
- Argamassa de cimento: argamassa preparada com cimento como único
aglomerante;
- Argamassa de cimento e cal: argamassa preparada com cimento e cal como
aglomerantes;
- Adições: materiais inorgânicos naturais ou industriais adicionados às
argamassas para modificar as suas propriedades (pó calcário, saibro, materiais
pozolânicos, entre outros);
- Aditivo: produto adicionado à argamassa em pequena quantidade, com a
finalidade de melhorar uma ou mais propriedades, no estado fresco ou endurecido;

2.1.1 Materiais constituintes da argamassa de revestimento

2.1.1.1 Cimento

Conforme Falcão Bauer (2001), o cimento Portland é o produto obtido através


da pulverização constituído principalmente de silicatos hidráulicos de cálcio, com uma
certa proporção de sulfato de cálcio natural, contendo, eventualmente, adições de
certas substâncias que modificam suas propriedades ou facilitam seu emprego.
De acordo com Petrucci (1979), as únicas matérias primas que são usadas na
fabricação do cimento são de natureza calcária e argilosa. Normalmente são usados
dois materiais, porém às vezes pode ser preciso usar mais alguns para fazer
correções necessárias. Deve-se saber a composição química dos materiais e do
clínquer, que são calculadas as quantidades que irão compor a mistura, podendo ser
dosados por peso ou por volume.
Matérias primas usadas:
- Calcário: ≈ 90 % da mistura, componente básico do cimento fornecendo o
Óxido de Cálcio.
- Argila: ≈ 10 % da mistura, componente usada para fornecer Silicatos de
Alumínio e Ferro.
- Areia: Usada para corrigir o teor de sílica SiO2 da argila.
- Minério de ferro: Usado para corrigir o teor de óxido de ferro Fe2O3 da argila.
Na Tabela 1 encontra-se o resumo dos diversos tipos de cimentos brasileiros e
as normas que os especificam.

Tabela 1: Tipos de cimento Portland


Designações Classes Norma ABNT
CP I - 25 NBR - 5732
Cimento Portland Comum CP I - 32
CP I - 40
CP I - S - 25 NBR - 5732
Cimento Portland Comum (com adições) CP I - S - 32
CP I - S - 40
CP II - E - 25 NBR - 11578
Cimento Portland Comum (com escória) CP II - E - 32
CP II - E - 40
CP II - Z - 25 NBR - 11578
Cimento Portland Comum (com pozolana) CP II - Z - 32
CP II - Z - 40
CP II - F - 25 NBR - 11578
Cimento Portland Comum (com filler) CP II - F - 32
CP II - F - 40
CP III - 25 NBR - 5735
Cimento Portland de alto-forno CP III - 32
CP III - 40
CP IV - 25 NBR - 5736
Cimento Portland pozolânico
CP IV - 32
Cimento Portland de alta resistência inicial CP V - ARI NBR - 5733
Fonte: SOUZA e RIPPER (1998).
22

De acordo com SILVA (2006), usualmente utilizam-se para confecções de


argamassas Cimento Portland CP II Z (com adição de material pozolânico) e o CP II
F (com adições de material carbonático – filer).
Segundo Petrucci (1979), CP II - Z – Contém adição de material pozolânico que
varia de 6% a 14% em massa, o que confere ao cimento menor permeabilidade, sendo
ideal para obras subterrâneas, principalmente com presença de água, inclusive
marítimas. O cimento CP II-Z, também pode conter adição de material carbonático
(fíler) no limite máximo de 10% em massa.
CP II - F – É composto de 90% a 94% de clínquer+gesso com adição de 6% a
10% de material carbonático (fíler) em massa. Este tipo de cimento é recomendado
desde estruturas em concreto armado até argamassas de assentamento e
revestimento, porém não é indicado para aplicação em meios muito agressivos
(PETRUCCI, 1979).

2.1.1.2 Cal

O homem conheceu a cal provavelmente nos primórdios da Idade da Pedra, e


apesar disso, a cal só ganhou mais destaque com a documentação arqueológica
durante e após a época das construções das monumentais pirâmides, feito
extraordinário dos povos da Ásia Menor e, principalmente, do admirável império
egípcio (GUIMARÃES, 2002). Ainda conforme Guimarães (2002) a arte de manipular
a cal passou do Egito a Grécia, a seguir para a Roma e depois para outras
mediterrâneas, até alcançar a modernidade.
Segundo a NBR 13529 (ABNT, 2013), a cal hidratada é um pó obtido pela
hidratação da cal virgem, constituída essencialmente de uma mistura de hidróxido de
cálcio e hidróxido de magnésio, ou ainda, de uma mistura de hidróxido de cálcio,
hidróxido de magnésio e óxido de magnésio. Ainda de acordo com a NBR 13529
(ABNT, 2013), a cal virgem é um produto provido pela calcinação de carbonatos de
cálcio e/ou magnésio, constituído essencialmente de uma mistura de óxido de cálcio
e óxido de magnésio, ou ainda de uma mistura de óxido de cálcio, óxido de magnésio
e hidróxido de cálcio.
Para GUIMARÃES (2002), a cal, dentre todos os produtos de procedência
mineral, tem muitas aplicações tais como, na construção civil, na indústria, nos
serviços públicos, na proteção do meio ambiente, nas comunicações, nos lares, nos
escritórios, e também na obtenção de outros materiais.
A cal no estado fresco proporciona maior plasticidade à argamassa, permitindo
melhor trabalhabilidade e, consequentemente, maior produtividade na execução do
revestimento. Outra principal propriedade no estado fresco da cal é a retenção de
água, por assim não possibilitar a sucção excessiva de água pela base (CINCOTTO,
1995).
Segundo a NBR 13529 (ABNT, 2013), a cal hidratada é um pó obtido pela
hidratação da cal virgem, constituída essencialmente de uma mistura de hidróxido de
cálcio e hidróxido de magnésio, ou ainda, de uma mistura de hidróxido de cálcio,
hidróxido de magnésio e óxido de magnésio. Ainda de acordo com a NBR 13529
(ABNT, 2013), a cal virgem é um produto provido pela calcinação de carbonatos de
cálcio e/ou magnésio, constituído essencialmente de uma mistura de óxido de cálcio
e óxido de magnésio, ou ainda de uma mistura de óxido de cálcio, óxido de magnésio
e hidróxido de cálcio.

2.1.1.3 Agregado miúdo

A NBR 7211/2009, define os agregados miúdos como sendo os agregados


cujos os grãos passam pela peneira com abertura de malha 4,75 mm e ficam retidos
na peneira com abertura de malha 0,015 mm (150 µm).
Segundo Silva (2006), as principais funções dos agregados são:
- Prover o aglomerante de um material de enchimento relativamente
econômico;
- Prover a pasta das partículas adaptadas a resistir às cargas aplicadas, ao
desgaste mecânico e à percolação da intempérie;
- Reduzir as variações de volume resultantes do processo de pega,
endurecimento e variações de umidade na pasta de cimento, cal e água.
A distribuição granulométrica da areia interfere diretamente no desempenho da
argamassa, intervindo na trabalhabilidade e no consumo de água e aglomerantes, no
estado fresco; no revestimento acabado, interfere na fissuração, na rugosidade, na
permeabilidade e na resistência de aderência (ANGELIM et al., 2003).
De acordo com SILVA (2006), é importante destacar que o módulo de finura,
a distribuição granulométrica e o coeficiente de uniformidade desconsideram a
24

forma dos grãos que, evidentemente, tem grande influência no empacotamento


dos grãos.

2.1.1.4 Água

A água além de permitir o endurecimento da argamassa pela hidratação do


cimento, é o responsável pela trabalhabilidade da argamassa. A quantidade de água
deve permitir uma boa aplicação, mas não pode causar a segregação dos
constituintes (ROMAN et al., 1999).

2.1.2 Funções e características

Segundo Fiorito (2003), as argamassas de cimento e areia, cimento, cal e areia


ou cimento, aditivo e areia são comumente utilizadas em obras, possuindo múltiplas
aplicações nas construções.
A eficiência de uma argamassa depende da qualidade dos materiais que a
compõem, assim como da aplicação de traços apropriados para cada serviço
especifico (RIPPER, 1995). O mau uso das argamassas, em obra, ocasiona
desempenhos ruins a curto, médio e longo prazo, gerando manutenções contínuas
(PINTO, 1996).
Entende-se por traço de uma argamassa a indicação das proporções dos seus
componentes. Ao utilizarmos o traço em peso (massa) teríamos uma segurança
absoluta quanto à qualidade da argamassa e as suas quantidades no consumo e
apropriações de custos, porém é impraticável no canteiro de obras (FIORITO, 2003).

2.1.3 Propriedades da argamassa de revestimento

A avaliação do desempenho dos materiais de construção é considerada como


um fator de grande importância (KRUS et al., 1997). Para que se possa prever o
desempenho dos materiais de construção quando da sua exposição às intempéries,
as propriedades dos mesmos precisam ser estudadas anteriormente as suas
aplicações. A análise da relação entre a microestrutura e as propriedades contribui
positivamente para o desempenho dos mesmos (QUENARD et al., 1998).
Pode-se dizer basicamente que, as argamassas necessitam das mesmas
propriedades para obterem um bom desempenho quando do seu uso, e, sendo assim
a seguir apresentam-se algumas propriedades necessárias às argamassas de
revestimento.

2.1.3.1 Consistência

Para o teste de consistência da argamassa é utilizada normalmente no Brasil a


mesa de consistência (flow table) prescrita pela NBR 7215 (ABNT, 2019) e são
realizados procedimentos de ensaio para determinação do índice de consistência
prescrito pela NBR 13276 (ABNT, 2016).

2.1.3.2 Trabalhabilidade

De acordo com Santos (2008), a trabalhabilidade pode ser considerada como


uma propriedade subjetiva das argamassas. Não existe uma trabalhabilidade padrão
a ser utilizada tanto no assentamento quanto no revestimento da alvenaria.
Uma argamassa possui adequada trabalhabilidade quando a mesma se
espalha com facilmente sobre o substrato assim como adere à sua superfície. No caso
das argamassas de revestimento possui boa trabalhabilidade quando proporciona
facilidade no seu acabamento final (SANTOS, 2008).

2.1.3.3 Coesão e Tixotropia

A coesão de uma argamassa pode ser definida como sendo a propriedade da


argamassa de manter seus constituintes homogêneos sem haver segregação, por
intermédio das forças físicas de atração existentes entre as partículas sólidas da
argamassa e às ligações químicas da pasta aglomerante (CINCOTTO et al., 1995).
Ainda conforme Cincotto et al. (1995) as argamassas necessitam de adições especiais
e aglomerantes adequados para obter uma boa coesão, e apesar da existência de
diversos aditivos, o uso da cal hidratada ainda é a forma mais utilizada de se conseguir
esta propriedade.
A tixotropia é solicitada em argamassas de assentamento de peças cerâmicas,
assim como em argamassas de recuperação. As argamassas tixotrópicas exigem
26

pouca energia para alterar sua forma, porem quando alterada conseguem mantê-la
mesmo sob a ação da gravidade. Para obtê-las pode-se utilizar aditivos a base de
polímeros e adições minerais como cinza volante, microssílica e cinza de casca de
arroz (SANTOS, 2008).

2.1.3.4 Plasticidade

Segundo Silva (2006), é a propriedade pela qual a argamassa no estado fresco


tende a conservar-se deformada após a redução das tensões de deformação.
A plasticidade de uma argamassa está diretamente ligada a sua consistência,
coesão e retenção de água (SANTOS, 2008).
A plasticidade apropriada para cada mistura, de acordo com seu desígnio e
forma de aplicação da argamassa, necessita uma quantidade ótima de água a qual
significa uma consistência ótima, sendo esta função do proporcionalmente e natureza
dos materiais (CASCUDO et al., 2005).

2.1.3.5 Retenção de água

A retenção da água determina as condições de manejo das argamassas e


influência nas propriedades do seu estado endurecido, como a retração por secagem,
aderência e resistência mecânica final, na medida em que determina as condições de
hidratação do cimento e carbonatação da cal, que são os encarregados pelo
endurecimento das argamassas mistas de cal e cimento (SANTOS, 2008).

2.1.3.6 Adesão inicial

Pode ser definida como a propriedade relacionada ao fenômeno mecânico que


ocorre em superfícies porosas, pela ancoragem da argamassa na base, através da
entrada da pasta nos poros, reentrâncias e saliências, seguido do endurecimento
progressivo da pasta (BAÍA e SABATTINI, 2000).
A adesão inicial depende basicamente das propriedades da argamassa no
estado fresco, das características da base de aplicação, como a porosidade,
rugosidade, condições de limpeza e da superfície de contato efetivo entre a
argamassa e o substrato. Para se obter uma adequada adesão inicial, a argamassa
deve apresentar uma boa trabalhabilidade e retenção de água adequada para sucção
do substrato no qual será aplicado (BAÍA e SABATTINI, 2000).

2.1.3.7 Aderência

A NBR 15258 (ABNT, 2005), propõe procedimentos de ensaio para


determinação da resistência de aderência à tração.
Após o endurecimento, as argamassas sempre serão submetidas a algum tipo
de esforço mecânico. Para as argamassas de assentamento são solicitadas à
compressão, já as argamassas de revestimento são solicitadas à abrasão superficial,
impacto, tensões de cisalhamento providas de movimentações do substrato e
variações térmicas/higrométricas (SANTOS, 2008).

2.1.3.8 Elasticidade

A capacidade do revestimento de absorver deformações pode ser examinada


por meio do módulo de elasticidade, que pode ser obtido pelo método estático ou
dinâmico. Quanto menor o valor do módulo, maior será a capacidade do revestimento
de absorver deformações (SILVA, 2006).

2.1.3.9 Permeabilidade

De acordo com Santos (2008), a permeabilidade de uma argamassa depende


essencialmente da quantidade e do tipo de aglomerante empregado, da granulometria
do agregado e das características do substrato. O cimento Portland quando utilizado
em quantidades adequadas, pode diminuir significativamente à permeabilidade de um
revestimento argamassado, no entanto, se utilizado em teores muito elevados pode
resultar na fissuração por retração hidráulica comprometendo assim a permeabilidade
da argamassa.

2.1.4 Classificação das argamassas

Usualmente as argamassas utilizadas pela construção civil são as argamassas


à base de cal, argamassa de cimento e areia e as argamassas de cimento, cal e areia,
mais conhecida como argamassa mista (SILVA, 2006).
28

2.1.4.1 Argamassa de cal

Segundo SILVA (2006), esta argamassa é constituída de cal, agregado miúdo


e água. A pasta de cal preenche os vazios entre os grãos do agregado miúdo,
contribuindo para o melhoramento da plasticidade e a retenção de água. A argamassa
de cal recebe usualmente o nome de argamassa intermediária, pois quando se utiliza
a cal virgem este tipo de argamassa é empregue para a maturação da cal, para
posteriormente ser misturado o cimento.

2.1.4.2 Argamassa de cimento

A argamassa de cimento Portland é constituída por cimento, agregado miúdo e


água. Adquire elevada resistência mecânica em pouco período de tempo, porém, não
possui muita trabalhabilidade, assim como baixa retenção de água. Este tipo de
argamassa tem utilização especifica para certas situações, como por exemplo na
confecção de pisos como argamassa armada, sendo raramente empregadas em
revestimentos de alvenaria. É muito utilizada na confecção de chapisco para as
paredes de alvenaria e estruturas de concreto (SILVA, 2006).

2.1.4.3 Argamassa mista

A argamassa mista é composta basicamente por cimento, cal, agregado miúdo


e água. Segundo Sabbatini (1986), os ingleses utilizavam a proporção 1:3
(cimento+cal: areia seca) em volume como traço básico, pois partem do princípio de
que com esta proporção os vazios da areia são preenchidos pela pasta aglomerante,
e assim ao alterar-se as proporções relativas de cal e cimento, a trabalhabilidade fica
mais ou menos assegurada, independente das modificações.
Ainda conforme o autor, esta proporção é muito utilizada no Brasil, como
tradicionais traços em volume 1:2:8 (cimento:cal:agregado miúdo) para revestimentos
internos, 1:1:6 para revestimentos externos e 1:0,5:4,5 para assentamento de
unidades de alvenaria estrutural (SABBATINI, 1986).
2.1.5 Caracterização das argamassas

2.1.5.1 Classificação segundo NBR 13281/2005

São sete os requisitos para as argamassas:


P – resistência à compressão (MPa) – NBR 13279 (ABNT, 2005);
M – densidade de massa aparente no estado endurecido (kg/m3) – NBR 13280
(ABNT, 2005);
R – resistência à tração na flexão (MPa) – NBR 13279 (ABNT, 2005);
C – coeficiente de capilaridade (g/dm2/min1/2) – NBR 15259 (ABNT, 2005);
D – densidade de massa no estado fresco (kg/m3) – NBR 13278 (ABNT, 2005);
U – retenção de água (%) – NBR 13277 (ABNT, 2005);
A – resistência potencial de aderência à tração (MPa) – NBR 15258 (ABNT, 2005).

Os requisitos foram subdivididos em 6 classes, exceto a resistência potencial


de aderência à tração, que foi subdividida em 3 classes. As argamassas são
classificadas conforme as características e propriedades apresentadas na Tabela 2.
Caso haja sobreposição entre faixas, deve ser considerado o desvio de cada ensaio
e, caso o valor fique no meio de duas faixas, adota-se a maior como classificação.

Tabela 2: Classificação de argamassas de assentamento e revestimento de


paredes e tetos
CLASSES P M R C D U A
Mpa kg/m³ Mpa g/dm².min¹ˡ² kg/m³ % Mpa
1 ≤ 2,0 ≤ 1200 ≤ 1,5 ≤ 1,5 ≤ 1400 ≤ 78 ≤ 0,20
2 1,5 a 3,0 1000 a 1,0 a 1,0 a 2,5 1200 a 72 a 85 ≥ 0,20
1400 2,0 1600
3 2,5 a 4,5 1200 a 1,5 a 2,0 a 4,0 1400 a 80 a 90 ≥ 0,30
1600 2,7 1800
4 4,0 a 6,5 1400 a 2,0 a 3,7 a 7,0 1600 a 86 a 94 -
1800 3,5 2000
5 5,5 a 9,0 1600 a 2,7 a 5,0 a 12,0 1800 a 91 a 97 -
2000 4,5 2200
6 > 8,0 > 1800 > 3,5 > 10,0 > 2000 95 a 100 -
Fonte: NBR 13281 (ABNT, 2005).
30

2.1.6 Caracterização dos revestimentos

2.1.6.1 Emboço

De acordo com NBR 13529 (ABNT, 2013), o emboço é uma camada de


revestimento executada para cobrir e regularizar a superfície da base ou chapisco,
propiciando uma superfície que permita receber outra camada, de reboco ou de
revestimento decorativo, ou que se constitua no acabamento final.
Para SILVA (2006), o emboço é uma camada cuja a principal função é a
regularização da superfície de alvenaria, e deve proporcionar espessura média entre
15 mm e 25 mm. É aplicado sobre a base antecipadamente preparada (com ou sem
chapisco) e se propõe a receber as camadas futuras do revestimento (reboco,
cerâmica, ou outro revestimento final). Para isso, necessita ter porosidade e textura
superficiais compatíveis com a capacidade de aderência do acabamento final previsto.

2.1.6.2 Reboco

Camada de revestimento utilizada para cobrimento do emboço, propiciando


uma superfície que permita receber o revestimento decorativo ou que se constitua no
acabamento final (NBR 13529, ABNT 2013).
Segundo SILVA (2006), o reboco, ou massa fina, é a camada de acabamento
dos revestimentos de argamassa. Esta é aplicada sobre o emboço, e sua espessura
normalmente é apenas o necessário para constituir uma película contínua sobre o
emboço, devendo ter no máximo 5 mm de espessura.
O reboco confere a textura superficial final aos revestimentos de múltiplas
camadas, sendo a pintura aplicada sobre o mesmo. Logo, o reboco não deve exibir
fissuras, principalmente em aplicações externas (exposta ao tempo). Portanto, a
argamassa deve apresentar alta capacidade de acomodar deformações (SILVA,
2006).

2.1.6.3 Massa única

De acordo com SILVA (2006), a massa única, é o revestimento com


acabamento em pintura executado em apenas uma camada. Portanto, a argamassa
utilizada e a técnica de execução deverão proceder em um revestimento capaz de
cumprir as funções tanto do emboço quanto do reboco, ou seja, regularização da base
e acabamento.

2.1.6.4 Chapisco

O chapisco não é avaliado como uma camada de revestimento. É um


procedimento de preparação da base, de espessura irregular, sendo necessário ou
não, conforme a natureza da base. E tem por alvo aprimorar as condições de
aderência da primeira camada do revestimento (SILVA, 2006).

2.2 Madeira

Madeira é um material natural orgânico renovável de grande resistência,


extraída do tronco das árvores, largamente utilizada pela humanidade durante
milênios, usada sob várias formas como material de construção civil, naval e também
como matéria-prima para fabricação de papel e papelão.
Segundo Lepage (1986) e Bordini et al. (2004), do ponto de vista químico, é um
biopolímero tridimensional composto de três constituintes principais: celulose,
hemicelulose e lignina, responsáveis pela formação da parede celular de seus
elementos anatômicos e pela maioria de suas propriedades como é visto na Figura 2.
.
32

Figura 2: Estrutura hierárquica de fibra lignocelulósica – MEV da fibra de eucalipto

Fonte: PYSKLO, L.; PAWLOVSKI, P.; PARASIEWICZ (2007).

A madeira contém em menores porções, e em quantidades variáveis, outras


substâncias, usualmente citadas como constituintes acidentais, englobando as cinzas
minerais e compostos de baixo peso molecular, chamados de extrativos, encontrados
notadamente na casca, reunindo os terpenos, óleos, ácidos graxos, compostos
aromáticos, corantes além de outros (SOUZA, 2006).
Ainda conforme Souza (2006), as características e quantidades destes
componentes e as diferenças em estrutura celular resultam em significantes variações
nas propriedades da madeira. Algumas são mais pesadas, outras mais leves, algumas
mais fáceis de trabalhar que outras.
As longas fibras tubulares que formam a madeira são constituídas por dois
carboidratos poliméricos chamados celulose e hemicelulose. Ambas as substâncias
são glicoses complexas. A glicose é um açúcar, o que explica em parte o fato da
madeira retardar a pega do cimento (SOUZA, 2006).
Segundo Latorraca (2000), os extrativos são uma mistura complexa de
substâncias, responsáveis por determinadas características, como a cor, o cheiro, o
desenho, o gosto, resistência natural da madeira ao ataque de organismos
destruidores, etc.
Embora em menor percentual em relação aos demais componentes, o teor de
extrativos tem efeitos negativos na interação cimento-madeira e é um importante
indicador para sua utilização com fins industriais (LATORRACA, 2000).
Para Bordini et al. (2004), a quantidade de extrativos e a composição relativa
dos mesmos, dependem de diversos fatores como a espécie, idade da planta e região
de ocorrência, variando este teor entre dicotiledôneas na faixa de 2% a 4% e nas
coníferas de 5% a 8%, na madeira seca.

2.2.1 Resíduo de madeira

Segundo Stancato; Burke e Paulon (2001) o resíduo vegetal denominado pó de


serra é constituído de material proveniente de fontes renováveis, que sendo utilizado
na substituição parcial da areia contribui para um programa específico de reciclagem,
diminuindo a demanda de agregado miúdo para a fabricação de concreto e
argamassa, tornando estes compostos mais isolantes termicamente, em função da
baixa condutividade térmica da madeira.
O IBAMA estimou que no ano de 2000, a indústria brasileira produziu cerca de
166,31 milhões de metros cúbicos de madeira, tanto nativa como de reflorestamento,
e que deste total, cerca de 80 milhões de metros cúbicos foram de resíduos, ou seja,
48,10%.
O Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento (2009) estima que é
gerado no Brasil aproximadamente 30 milhões de toneladas de resíduos de madeira
anualmente. A principal fonte geradora de resíduos é a indústria madeireira, a qual
contribui com 91% dos resíduos de madeira gerados.
A resolução 307 do CONAMA (2002) em seu artigo 4º cita que os geradores
deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente,
a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos resíduos sólidos e a
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, sabendo que os resíduos de
34

madeira serrada são produzidos em todas as técnicas de serragem, a reutilização é


fator obrigatório.
Teixeira (2005), classificou os resíduos de madeira de acordo com o ensaio de
granulometria (Figura 3), no estudo, como: Descartes (Partículas grosseiras,
compostas de lascas e maravalha de grandes dimensões e de restos de pontas, casca
e palha), grosso (Constituído de lascas e maravalha, ásperas e rijas ao toque), médio
(material com fases entre granulosa e fibrosa, composto de pequenas lascas,
maravalhas e raspas ásperas ao toque) e fino (Material granuloso, com fases indo do
pó fino como talco até grãos com textura similar à farinha de mandioca e ainda
partículas fibrosas, macias e maleáveis ao toque).

Figura 3: Classificação granulométrica da madeira

Fonte: Teixeira (2015).

A extração da madeira gera grande quantidade de resíduos, levando em conta


os resíduos florestais, aqueles gerados e deixados nas florestas como resultado das
atividades da extração assim como os resíduos industriais gerados pelo seu
beneficiamento.
Os resíduos industriais de madeira são provenientes do processamento
mecânico das toras de madeira bruta. No processo de beneficiamento estão
envolvidas várias etapas, de acordo com o uso destinado ao material.
Cada etapa gera uma quantidade e tipo de resíduo, que passam a ser
descartados e acumulados no meio ambiente, causando não somente problemas de
poluição, como caracterizando desperdiço da matéria originalmente utilizada
(REVISTA REFERÊNCIA, 2003).
O resíduo pode apresentar-se sob várias formas e texturas, dependendo da
indústria e da espécie beneficiada, que vão desde cascas, costanheiras, destopo,
serragem, maravalhas, pó de lixamento, sobras e rejeitos, havendo a necessidade de
caracterização para uso.

2.2.2 Resíduo de madeira espécie de Itaúba

Da família das Lauraceae, a árvore de Itaúba é conhecida também pelos nomes


de itaúba-amarela, itaúba-abacate, itaúba-preta e louro-itaúba, possuem madeiras
com características similares (GARGIA et al., 2012).
Ainda segundo Garcia et al. (2012), a madeira é muito pesada e dura, densidade
de 1,14 g/cm3, com alta resistência mecânica e baixa retratibilidade, elevada
resistência natural ao apodrecimento e ao ataque de insetos. É encontrada sempre
em solos pobres, silicosos ou argilossilicosos. Sua madeira vem sendo largamente
usada em construções externas, como postes, moirões, dormentes, cruzetas e
estacas; em partes internas, pode ser utilizada como vigas, caibros, marcos ou
batentes de portas e janelas, esquadrias e tacos. Tem uso também em carrocerias e
cabos para ferramenta.
As Lauraceae destacam-se entre as demais famílias pela sua importância
econômica, pois além da utilização da sua madeira, são espécies aromáticas e
produtoras de óleos essenciais, sendo frequentemente utilizadas como matéria-prima
nas indústrias. Trata-se de uma madeira considerada de alta resistência ao ataque de
organismos xilófagos (fungos apodrecedores, cupins e xilófagos marinhos), com
propriedades mecânicas e de durabilidade natural. A sua madeira (tronco) é
geralmente comercializada para construções hidráulicas, pontes, laminações,
mobílias de alta classe, construções náuticas, etc., e traz grande vantagem para a
construção civil pois não apresenta alto risco de deterioração (FEARNSIDE, 1997).
A árvore de espécie de itaúba pode medir entre 20 a 40 metros, possui uma
copa globosa, tronco ereto e cilíndrico, que varia de 60 a 80 cm de diâmetro (Figura
4), a sua casca é rugosa e fissurada de cor avermelhada. Trata-se de uma planta
36

típica da região Amazônica, encontrada principalmente no Pará, porém, altamente


comercializada por todo o país (LORENZI, 1998). Na Figura 5, encontra-se o resíduo
(serragem) da madeira utilizada para os processos que serão descritos no decorrer
deste trabalho.
Figura 4: Árvore espécie Itaúba

Fonte: RW Paisagismo (2014).

Figura 5: Resíduo (serragem) de Itaúba

Fonte: Autoria própria (2019).


2.3 Compatibilidade química entre a madeira e o cimento

De acordo com Latorraca (2000), a compatibilidade química entre o cimento e


a madeira depende da quantidade de uma mistura complexa de substâncias
denominadas de extrativos que incluem resinas, gorduras ácidas, terpenos e
terpenóides, fenóis, taninos, açucares simples e sais presentes na madeira, e
também, o ambiente alcalino do cimento hidratado que contribui para a degradação
da fibra.
Compósitos reforçados com fibras contendo grande quantidade de lignina são
mais sensíveis ao desgaste natural, que aqueles com quantidades desprezíveis. Isto
porque a lignina e hemicelulose que existem nas fibras da madeira são mais
suscetíveis ao ataque do álcali do cimento e degradação química do meio alcalino que
a celulose (VICAR et al., 1999).
Para Beraldo & Carvalho (2004), o efeito inibitório pode ser verificado quando
se varia a concentração dessas substâncias em relação à massa de cimento.
A concentração de 1% de glicose inibiu completamente a pega de um tipo de
cimento. Glicose, sacarose e frutose foram responsáveis pelo baixo desempenho de
compósitos à base de partículas de bambu. Na interação entre o cimento e a madeira,
parte da hemicelulose que é um açúcar, é solubilizada, retardando a reação de pega
e endurecimento da pasta de cimento. O ambiente alcalino do cimento poderá
contribuir para a conversão parcial da hemicelulose e polímeros de açúcar provocando
problemas na pega. Os extrativos solúveis em água, que migram para a superfície da
madeira formam uma camada hidrófoba sobre o grão de cimento, que reduzem as
pontes de hidrogênio entre a madeira e o cimento, implicando em uma diminuição de
resistência na interface.
Segundo Biblis & Lo. (1968), a quantidade e o tipo de substancias orgânicas
presentes na madeira, variam entre coníferas e dicotiledôneas, como também em
relação à madeira de verão ou inverno. De todos os componentes orgânicos, os
carboidratos parecem ter o maior efeito na pega do cimento. A lignina não apresenta
nenhum efeito inibitório assim como os terpenos, o mesmo não acontecendo com os
taninos, especialmente os hidrolisáveis.
Miller & Moslemi (1991), analisando o comportamento de compósitos com 10%
de madeira (em massa) em quatro dicotiledôneas e cinco coníferas, com relação às
38

características da hidratação do cimento e resistência à tração, concluíram, que as


dicotiledôneas apresentaram geralmente um efeito prejudicial maior que as coníferas.
Estudos com base no teor de extrativos solúveis em água fria ou quente são os
mais realizados para identificação de como essas substancias afetam a pega e o
endurecimento da pasta de cimento. A diferença de compatibilidade pode acontecer
se existirem variações no conteúdo e composição dos extrativos entre espécies
semelhantes ou distintas.

2.4 Desempenho térmico e acústico

Segundo Carraro (2015), desempenho na construção civil está relacionado ao


comportamento em uso das edificações, dentro de determinadas condições. Ainda
conforme o autor, a edificação deve apresentar determinadas características que
desempenham os objetivos e funções para quais foram projetados, podendo afirmar
que a edificação corresponde aos requisitos para qual foi projetado.
De acordo com Santos (2015), as técnicas construtivas precisam ser
repensadas de maneira a conter os conceitos energéticos e ambientais no projeto, a
fim de melhorar as relações entre homem e meio ambiente, conciliando a redução de
impactos ambientais e melhorando a qualidade de vida. Também conforme o autor, é
muito importante conhecer o comportamento dos materiais utilizados nos
fechamentos das edificações, para que consigam estabelecer estratégias que
respondam de forma positiva as variações climáticas, oferecendo conforto e redução
de energia, logo diminuindo o impacto ambiental da grande geração de energia.
A preocupação com o desempenho mínimo das edificações aos poucos foi
conquistando seu espaço. A norma NBR 15575/2013, define requisitos mínimos de
desempenho, vida útil e de garantia para os principais sistemas que constituem as
edificações.
De acordo com a norma NBR 15575/2013 – “ Edificações habitacionais-
Desempenho”, os requisitos podem ser divididos em seis partes, são elas:
 parte 1 – Requisitos gerais;
 parte 2 – Requisitos para sistemas estruturais;
 parte 3 – Requisitos para os sistemas de pisos internos;
 parte 4 – Sistemas de vedação verticais externas e internas;
 parte 5 – Requisitos para os sistemas de coberturas;
 parte 6 – Sistemas hidrossanitários.
A NBR 15575/2013 estabelece três métodos de avaliação para determinar o
desempenho térmico de uma edificação. O primeiro, denominado como simplificado
(normativo), verifica o atendimento dos requisitos e critérios para os sistemas de
vedação e coberturas. Em caso de atendimento insatisfatório, a norma aconselha a
utilização do segundo método, a simulação computacional. O terceiro método é a
medição no local já com a obra concluída ou com protótipo, levando em consideração
os requisitos descritos, pela norma.
Para determinar o desempenho acústico a NBR 15575/2013 considera dois
tipos de isolamento acústico: o isolamento de ruído de impacto no sistema de piso,
causados por caminhamento, queda de objetos e outros, e o isolamento de ruído
aéreo causados por sons provenientes de TV, conversas e outros. A norma
estabelece dois métodos para avaliação do desempenho acústico. O primeiro método
de engenharia, realizado em campo, de forma mais rigorosa, caracterizando de forma
direta o comportamento acústico do sistema, para os dois tipos de isolamento
acústico. O segundo método, mais simplificado de campo, permite obter uma
estimativa do isolamento acústico global da vedação.

2.5 Estudos realizados com resíduo de madeira

Conforme artigo de Mohammed, Abdullahi e Hoong (2014) , a utilização de


resíduos de madeira no concreto tem maior elevação de absorção de água em
comparação aos agregados, e conforme os resultados encontrados a partir de ensaios
laboratoriais de resistência a flexão, compressão, trabalhabilidade, pode se chegar as
seguintes conclusões do comportamento do resíduo de madeira no concreto: a
trabalhabilidade do concreto aumenta com lascas de madeira, a unidade de peso de
resíduos de madeira diminui o teor de ar do concreto, a substituição do agregado
miúdo pelo resíduo de madeira resulta em concretos leves, o aumento de resíduos de
madeira leva também, além da redução de força, a uma redução na velocidade de
impulsos de ultrassons, e enfim a utilização de aparas de madeira para produção de
concreto é possível e conveniente.
De acordo com dissertação de mestrado de Dantas Filho (2004), para as
misturas analisadas, identificam-se comportamentos distintos para os diferentes
traços analisados em relação a proporção de pó de serra na composição dos corpos-
40

de-prova de concreto, e com o aumento da porcentagem do pó de serra nos traços


estudados, os valores da resistência e da massa em metros cúbicos tendem a um
valor menor com um aumento da resistência térmica.
Ainda conforme o autor da dissertação citada acima, a partir dos resultados
obtidos no estudo de resíduos de madeira junto ao concreto, conclui-se que a
utilização do pó de serra como agregado miúdo em substituição parcial ou total do
agregado miúdo mineral, possibilita a redução significativa do agregado mineral
(areia) na produção de blocos de concreto para vedação e/ou elementos de
enchimento em lajes pré-moldadas, comportando-se como um material mais leve e
termo isolante, em função da baixa condutividade térmica do pó de serra.
A utilização do resíduo da madeira traz grandes benefícios ao meio ambiente,
pois através do emprego do pó de serra, promove-se a substituição de outras
matérias-primas não renováveis.
Diversos são os usos dos resíduos da madeira na construção civil. Para realizar
sua aplicação na construção civil, é necessário conhecer as propriedades físicas e
mecânicas, para então, proceder corretamente quanto ao seu uso, fazendo
aproveitamento de forma mais eficaz.
3 METODOLOGIA

Neste capítulo será abordada a metodologia de pesquisa que será utilizada


para o desenvolvimento deste trabalho, incluindo os materiais utilizados, caraterização
dos materiais, a estratégia da pesquisa, e delineamento.

3.1 Materiais

As seguintes matérias-primas foram utilizadas neste trabalho:


a) água fornecida pelo laboratório de Engenharia Civil da Imed – Passo
Fundo/RS;
b) areia natural;
c) cal hidratada CH – II;
d) cimento Portland – CP II 32 Z;
e) resíduo de madeira da espécie de Itaúba, da empresa Dupont Móveis da cidade
de Independência/RS, que atua como comercio de fabricação de móveis e
esquadrias de madeira.
3.2 Metodologia

A metodologia utilizada para o estudo do resíduo de madeira, está demonstrado


no fluxograma da Figura 6.

Figura 6: Fluxograma Experimental

Fonte: Autoria própria (2019).

Na primeira etapa, foi realizado a caracterização do resíduo de madeira, onde


foi feito a analise granulométrica, a analise termogravimétrica e a microscopia
eletrônica de varredura, em seguida foi realizado a caracterização do agregado miúdo
(areia), onde apenas foi feito a analise granulométrica.
Após ter concluído a caracterização do resíduo de madeira e da areia, as quais
foram substituídos parcialmente nas composições de argamassa, foi feito as
composições de argamassa, em 4 teores de substituição, de 0%, 5%, 15% e 30% e 3
idades de cura, 7, 14 e 28 dias, para caracterização da argamassa de revestimento
conforme requisitos exigidos pela NBR 13281/2005, bem como a caracterização para
análise de desempenho térmico e acústico, e a microscopia eletrônica de varredura
para analisar a estrutura dos compósitos.
42

3.3 Caracterização do resíduo de madeira Itaúba

Para melhor compreender a influência do resíduo de madeira como substituto


do agregado miúdo na produção de argamassa, foram realizados alguns testes a fim
de compreender composição química e a estrutura dos resíduos.

3.3.1 Análise Granulométrica

A distribuição do tamanho de partícula do resíduo de madeira de cada espécie


foi determinada através de análise granulométrica, de acordo com a norma NBR
7211/2009, utilizando peneiras de 3/8, 1/4, 4, 8, 16, 30, 50, 100, e fundo mm.

3.3.2 Análise Termogravimétrica

A análise termogravimétrica foi conduzida para fornecer informações sobre a


composição dos resíduos de madeira, bem como sua estabilidade térmica. Através
dessa analise foi estudada a estabilidade térmica do resíduo de madeira de espécie
Itaúba.

As análises foram realizadas na Universidade Unisinos em um equipamento


Q500 TGA (TA Instruments, New Castle, DE, EUA). Cerca de 15 mg de cada amostra
foram submetidas da temperatura ambiente até 900 °C sob atmosfera de nitrogênio a
uma taxa de aquecimento de 10 °C / min. Todas as análises foram feitas em triplicata.

3.3.3 Microscopia Eletrônica de Varredura

A caracterização da morfologia e estrutura do resíduo foi realizada através de


um microscópio eletrônico de varredura FESEM JMS – 6701F, JEOL (UFPel). As
amostras dos resíduos foram previamente secas e posteriormente, revestidas com
uma fina camada de ouro com finalidade de evitar o acúmulo de carga eletrostática
na superfície do material.
3.4 Caracterização do agregado miúdo

Para compreender melhor o agregado miúdo-areia, o qual será substituído pelo


resíduo de madeira, foi realizada o ensaio de granulometria afim de analisar o
tamanho de partícula que seria substituído.

3.4.1 Análise Granulométrica

A distribuição do tamanho de partícula do agregado miúdo foi determinada através


de análise granulométrica, de acordo com a norma NBR 7211/2009, utilizando
peneiras de 3/8, 1/4, 4, 8, 16, 30, 50, 100, e fundo mm.

3.5 Desenvolvimento das composições

As composições das argamassas de revestimento foram desenvolvidas em


uma argamassadeira, numa quantidade de 6,0 kg de material de argamassa, para os
corpos de prova prismáticos, seguindo o traço planejado de 1:1:3, cimento, cal, areia,
e uma relação de água/cimento variável para cada substituição, assim como a
amostra de referência, considerando sempre fixo o índice de trabalhabilidade com 260
mm ± 5 mm, apresentados na Tabela 3.

Os teores de substituição do resíduo de madeira pelo agregado miúdo – areia,


foram de 0%, 5%, 15% e 30%, onde cada amostra terá 3 idades de cura, 7, 14 e 28
dias.

Tabela 3: Formulação das composições de argamassa


Identificação Traço Relação Cimento Cal Areia Resíduo Água Trabalhabilidade
água/cimento (kg) (kg) (kg) (kg) (L) (mm)

Argamassa 1:1:3 0,664 1,00 1,00 3,00 0,00 0,664 255


Ref.
Argamassa 1:1:3 0,739 1,00 1,00 2,85 0,15 0,739 264
5%
Argamassa 1:1:3 0,856 1,00 1,00 2,55 0,45 0,856 257
15%
Argamassa 1:1:3 1,300 1,00 1,00 2,10 0,90 1,300 261
30%
Fonte: Autoria própria (2019).
44

O ensaio de resistência à tração na flexão e compressão, foram realizados em


moldes prismáticos de 40x40x160 mm, o ensaio de conforto térmico será realizado
em molde de placa de 100x200x30 mm, o ensaio de desempenho acústico será
realizado em molde circular de 100mm de diâmetro e 20mm de espessura, o ensaio
de determinação da densidade de massa no estado endurecido serão realizados em
moldes prismáticos de 40x40x160 mm, e os demais ensaios serão não destrutivos,
pretendendo a utilização dos moldes confeccionados, produzindo 80 corpos de prova,
sendo: 48 corpos de prova para ensaios de resistência à tração na flexão e
compressão, assim 4 corpos de prova para cada idade de cura e teor de substituição;
16 corpos de prova para ensaio de densidade de massa no estado endurecido, assim
4 corpos de prova para cada teor de substituição; 8 corpos de prova para ensaio de
conforto térmico, assim 2 corpos de prova para teor de substituição, e 8 corpos de
prova para ensaio de impedância acústica, assim 2 corpos de prova para teor de
substituição, conforme Tabela 4.

Tabela 4: Quantidade de corpos de prova das composições


Argamassa Argamassa Argamassa Argamassa Idade de
Ref. 5% 15% 30% Cura
Ensaio Resistência 4 4 4 4 07 dias
Ensaio Resistência 4 4 4 4 14 dias
Ensaio Resistência 4 4 4 4 28 dias
Ensaio Densidade de 4 4 4 4 28 dias
Massa
Ensaio Conforto Térmico 2 2 2 2 28 dias
Ensaio Impedância 2 2 2 2 28 dias
acústica
Total Cps. 20 20 20 20 80
Fonte: Autoria própria (2019).

3.6 Caracterização das composições

De modo a determinar as características das composições desenvolvidas,


foram realizados ensaios, seguindo as especificações e requisitos exigíveis pela NBR
13281/2005.
3.6.1 Preparação da mistura e determinação do índice de consistência

O Índice de Consistência foi realizado para determinar o teor ideal da


argamassa a ser utilizada, considerando a NBR 13276/2016, que prescreve o método
de determinação do Índice de Consistência da argamassa a ser utilizada na realização
de ensaios necessários à caracterização do material, com a utilização da mesa de
consistência proposto pela norma NBR 7215/2019. O índice de consistência-padrão
proposto pela norma NBR 16541/2016 – Argamassa para assentamento e
revestimento de paredes e tetos – Preparo da mistura para realização de ensaios, é
260 mm ± 5 mm.

3.6.2 Determinação da retenção de água

A retenção de água das argamassas foi determinada conforme a NBR


13277/2005, que prescreve o método de determinação da retenção de água para
argamassas de revestimento utilizando discos de papel filtro, e bomba de vácuo, que
se aplica uma sucção de mercúrio.
Para calcular a retenção de água (Ra), expressada em porcentagem, é através
( )
da 𝑅𝑎 = 1 − ( )
100 equação 1:

( )
𝑅𝑎 = 1 − ( )
100 equação 1

sendo:

𝐴𝐹 = equação 2

onde:
ma= a massa do conjunto com argamassa, em gramas;
ms= a massa do conjunto após sucção, em gramas;
mv= a massa do conjunto vazio, em gramas;
AF= o fator água/argamassa fresca;
mw= a massa total de água acrescentada à mistura, em gramas;
m= a soma das massas dos componentes anidros de argamassa, em gramas.
46

3.6.3 Determinação da massa específica e teor de ar incorporado

A determinação da densidade da massa especifica e do teor de ar incorporado


foi obtida através de um método prescrito pela NBR 13278/2005, a qual é necessário
um recipiente cilíndrico não absorvente, com capacidade de aproximadamente 400
cm³, de altura aproximada de 85 mm e diâmetro aproximado de 80 mm, para
introdução da argamassa.
Para o cálculo de densidade massa (d), no estado fresco, que é expressada
em Kg/m², é através da 𝑑 = 1000 equação 3:

𝑑= 1000 equação 3

onde:
mc= massa do recipiente cilíndrico, contendo a argamassa de ensaio, em gramas;
mv= a massa do recipiente cilíndrico vazio, em gramas;
Vr= o volume do recipiente cilíndrico, em cm³.
E para o cálculo do teor de ar incorporado na argamassa (A), expressada em

porcentagem, é através da 𝐴 = 100 1 − equação 4:

𝐴 = 100 1 − equação 4

onde:
d= valor da densidade de massa da argamassa, em gramas por cm³, medida no
cálculo anterior;
dt= valor da densidade de massa teórica da argamassa, em gramas por cm³, sem
vazios.

3.6.4 Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão

Para determinação da resistência à tração na flexão e à compressão, foi obtida


através da NBR 13279/2005, que prescreve a utilização de moldes prismáticos
metálicos, nas dimensões de 40x40x160 mm, e máquina para ensaios de resistência
à tração na flexão e de compressão, conforme ABNT NBR NM ISO 7500-1.
3.6.5 Determinação da densidade de massa aparente no estado endurecido

A determinação da densidade de massa aparente no estado endurecido é


prescrita pela NBR 13280/2005, a qual são utilizados corpos-de-prova moldados
conforme a NBR 13279, mencionada acima. Para determinação da densidade de
massa aparente no estudado endurecido, é necessário moldar e curar os corpos-de-
prova até a idade dos 28 dias e calcular a densidade de massa conforme 𝑃𝑚á𝑥 =
1000 equação 5, expressada em kg/m²:

𝑃𝑚á𝑥 = 1000 equação 5

sendo:

𝑣 = 𝑙. ℎ. 𝑐 equação 6

onde:
Pmáx= densidade de massa;
m= massa do corpo-de-prova, registrada depois dos 28 dias;
v= volume do corpo-de-prova, registrado depois dos 28 dias;
l= largura do corpo-de-prova;
h= altura do corpo-de-prova;
c= comprimento do corpo-de-prova;

3.6.6 Determinação da absorção de água, índice de vazios, e massa específica

Para método de absorção de agua, índice de vazios e massa especifica a NBR


9778/2005 descreve os seguintes conceitos e equações para seus devidos cálculos:
- absorção de água por imersão (A), apresentada na 𝐴 = 𝑥100

equação 7: processo pela qual a água é conduzida e tende a ocupar os poros


permeáveis de um corpo solido poroso, em relação à sua massa em estado seco.

𝐴= 𝑥100 equação 7

onde:
msat= massa da amostra saturada em água após imersão e fervura,
ms= massa da amostra seca em estufa,
48

A= absorção da água em porcentagem;

- índice de vazios (Iv): é relação entre o volume de poros permeáveis e o


volume total da amostra, apresentada na 𝐼𝑣 = 𝑥100

equação 8.

𝐼𝑣 = 𝑥100 equação 8

onde:
Iv= índice de vazios em porcentagem,
mi= massa da amostra saturada imersa em água após fervura;

- Massa especifica da amostra seca (ps): é a relação entre a massa do material


seco e o volume total da amostra, incluindo os poros permeáveis e impermeáveis,
apresentada na 𝑃𝑠 = equação 9.

𝑃𝑠 = equação 9

- massa especifica da amostra saturada (Psat): é a relação entre a massa do


material saturado, o volume total da amostra, incluindo os poros permeáveis e
impermeáveis, apresentada na 𝑃𝑠𝑎𝑡 = equação 10:

𝑃𝑠𝑎𝑡 = equação 10

- massa especifica real (Pr): é relação entre a massa do material seco e o seu
volume, excluindo os poros permeáveis, apresentada na 𝑃𝑟 =

equação 11:

𝑃𝑟 = equação 11

3.6.7 Ensaio de transmitância térmica

O método que será utilizado para verificação da condutividade térmica, será o


do fio quente superficial, que consiste na coleta de informações referentes a
temperatura, por meio de um equipamento experimental. As temperaturas do material
são aferidas através de quatro sensores (Termistores NTCS – Negative Temperature
Coefficient) de 10 kΩ, calibrados para um intervalo de temperatura de 5º a 100º, ligado
a uma placa arduíno controlado por um algoritmo desenvolvido em linguagem python.

O ensaio é realizado utilizando dois corpos de prova no formato de placa de 3


cm x 10 cm x 30 cm, onde a condutividade térmica é calculada a partir da transição
de temperatura passando por um fio de kanthal, com 0,2 mm de diâmetro. O fio é
conectado e aquecido por uma fonte de potência de 6V e corrente continua de 1,5A,
verificada com auxílio de dois multímetros posicionadas na extremidade do fio. As
temperaturas obtidas através dos sensores foram analisadas e a partir dos resultados,
calcula-se a resistência térmica do material e a sua condutividade térmica através
da𝜆 = equação 12:

𝜆= equação 12

sendo:
α= coeficiente angular da reta (variação de temperatura pelo logaritmo natural do
tempo);
U= diferença de potencial elétrico (V);
i= intensidade da corrente elétrica (A)
l= comprimento do fio (m);
λ= condutividade térmica (W/m.K).

3.6.8 Ensaio de impedância acústica

O coeficiente de absorção sonora real é difícil de ser medido diretamente,


porque depende de como o material foi instalado, do ângulo de incidência sonora e
das características do recinto. Para medir esse parâmetro acústico dos materiais,
existem basicamente três métodos experimentais: câmara reverberante (ASTM
C423/ISO 354:1985), método “in situ” e tubo de impedância (ASTM C384:2004/ISO
10534-1:1996, ASTM E1050:1998/ISO 10534-2:1998) (FLACH, 2012).
O método que será utilizado para verificação da absorção acústica, será o de
tubo de impedância.
O tubo de impedância é constituído de um tubo de seção transversal uniforme
onde se forma um padrão de ondas planas estacionárias, em condições adequadas.
50

Em uma extremidade é instalada uma fonte sonora (alto falante), o qual é alimentado
por um gerador de sinais, e na outra extremidade, é introduzida uma terminação rígida
(GERGES, 2000). Ainda conforme Gerges (2000) os provetes de teste são colocados
em frente a esta terminação, assim parte da excitação acústica é absorvida pelo
material e outra parte é refletida. Com este equipamento há a possibilidade de testar
provetes de tamanho reduzido, calculando a absorção acústica dos materiais a partir
da medição do coeficiente de reflexão. Esse cálculo é determinado pelos métodos
SWR e da função de transferência. No método SWR (ASTM C384:2004/ISO 10534-
1:1996), utiliza-se um sistema de medição analógico, que fornece valores para
frequências discretas. É um método preciso, porém requer mais tempo e trabalho do
pesquisador (GERGES, 2000).
O método da função de transferência possibilita determinar o coeficiente de
absorção de materiais com bandas de frequências contínuas. Esse segundo método
(ASTM E1050:1998/ISO 10534-2:1998) consiste em excitar o tubo com um ruído
branco de banda larga, e em seguida, mede-se a pressão sonora no seu interior, em
duas posições diferentes, apresentado na Figura 7. Os sinais verificados são
encaminhados para um analisador digital de espectro de frequência e a função
transferência entre eles é calculada. Através dela, determina-se a curva de absorção
acústica do material em função da frequência (BISTAFA, 2006).

Figura 7: Tubo de impedância acústica.

Fonte: Bistafa (2006).


3.6.9 Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV

Assim como o resíduo de madeira, as composições de argamassa com resíduo


serão caracterizadas através de um microscópio eletrônico de varredura FESEM JMS
– 6701F, JEOL (UFPel). As amostras das composições foram previamente secas e
posteriormente, revestidas com uma fina camada de ouro com finalidade de evitar o
acúmulo de carga eletrostática na superfície do material.
Será realizado MEV para as composições para analisar e comprovar a aderência
e a dispersão do resíduo de madeira quando substituído parcialmente pelo agregado
miúdo na argamassa de revestimento. Através deste, também se obterá algumas
respostas para as análises térmicas e acústicas.
52

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados da caracterização do resíduo de madeira


da espécie de Itaúba, caracterização do agregado miúdo, areia, e a caracterização
das misturas desenvolvidos com diferentes teores de substituição do agregado miúdo
por resíduo de madeira.

4.1 Caracterização do resíduo de madeira Itaúba

4.1.1 Análise Granulométrica

A curva granulométrica permite analisar de forma efetiva o diâmetro e a


desconformidade das partículas. Os enquadramentos dos agregados nas zonas
utilizáveis e ótima seguem requisitos exigidos pela norma NBR 7211/2009.
A Figura 8 apresenta a curva granulométrica do resíduo de madeira da espécie
Itaúba, encontrando-se fora da zona ótima e utilizável exigidos pela NBR 7211/2009,
verificando que na distribuição do tamanho de partícula a maior proporção do resíduo
de madeira encontra se na faixa de 1,18 a 2,4 mm (Figura 9).

Figura 8: Curva granulométrica do resíduo de madeira

Fonte: Autoria própria (2019).


Figura 9: Distribuição do tamanho de partícula do resíduo de madeira

250

200

Massa (g)

150

100

50

0
0.15 0.3 0.6 1.18 2.4 Fundo
Peneiras (mm)

Fonte: Autoria própria (2019).

A norma estabelece a definição de granulometria como agregado miúdo o


material que passa pela peneira 4,75 mm e agregado graúdo o material que fica retido
na peneira 4,75 mm. Analisando a curva do resíduo de madeira, é possível perceber
que a maior parte retida são nas peneiras inferiores a 4,75mm, sendo assim, o material
denomina-se agregado miúdo.
Nas figuras acimas, onde observa-se a distribuição granulométrica do resíduo
de madeira, apresentam dimensão máxima característica (DMC), igual a 9,5mm e
modulo de finura de 5,88, que segundo a NBRNM 248/2003, caracteriza-se um
agregado miúdo como muito grosso.
Segundo a literatura de Souza (2006) a fração fina retida (fração granulométrica
abaixo da peneira de malha 0,60mm), é inferior a 10%, o que essa fração tem
influência significativa na resistência a compressão, desde que o efeito inibidor da
partícula não seja acentuado, proporcionando resistências mais elevadas,
provavelmente pelo melhor empacotamento da mistura da fibra-matriz.

4.1.2 Análise Termogravimétrica

Os resultados da análise termogravimétrica são apresentados na Figura 10, e


representam eventos de perda de massa do resíduo de madeira de Itaúba.
54

Figura 10: Curva de TGA do resíduo de madeira

12 0,00

-0,02

Derivada da Perda de Massa


10
Perda de Massa (mmg)

59,55 °C -0,04
8 6,021%
Água -0,06
6

-0,08
4

-0,10
355,55
2 58,452% Celulose
Itauba
-0,12
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
Temperatura ( C)

Fonte: Autoria própria (2019).

De acordo com a figura acima, na analise realizada, dois eventos de perda de


massa foram observados. A primeira perda de massa ocorreu aos 59,55 ºC,
correspondendo à decomposição de água intramolecular na amostra (6,021%).
O segundo evento é referente a celulose e possui um máximo de perda de
massa na temperatura de 355ºC. Ela é resistente termicamente que a hemicelulose
devido ao maior número de ligações hidrogênio inter e intramoleculares presentes.
Esse elevado número de ligações de hidrogênio é proveniente da maior linearidade
da celulose, o que possibilita a formação de uma estrutura cristalina que requer uma
maior quantidade de energia para ser rompida (KABIR et al., 2013).
O processo de degradação da celulose envolve a despolimerização,
desidratação e decomposição das unidades glicosídicas (SILVÉRIO et al., 2013).

4.1.3 Microscopia Eletrônica de Varredura

Na Figura 11 estão as imagens de microscopia eletrônica de varredura.


Figura 11: Microscopia do resíduo de madeira.

Fonte: Autoria própria (2019).

Com as imagens do resíduo de madeira de espécie de Itaúba, foi possível


visualizar a estrutura das fibras microscopicamente, sendo possível notar um perfil
completamente irregular. A morfologia da superfície da fibra desempenha um papel
vitalquando fibras naturais são usadas em materiais compostos (POLETTO; ZENI,
ZATTERA, 2012).
De acordo com Bledzki, Mamun e Volk (2010) cada fibra natural possui
propriedades superficiais únicas, que podem influenciar nas interações entre a matriz
e a fibra. Pelas imagens podemos concluir que o resíduo de Itaúba, possui grande
rugosidade superficial, o que pode favorecer a adesão na matriz cimenticia.
Segundo o estudo de Gomes et al. (2017), qualquer material de madeira retido
em qualquer peneira granulométrica, possui as mesmas características morfológicas,
exceto o tamanho de sua partícula. Ainda conforme o autor o resíduo de madeira
apresenta formato lamelar, elevada porosidade, fibras longitudinais, e extremidades
angulares.

4.2 Caracterização do agregado miúdo

4.2.1 Análise Granulométrica

A distribuição do tamanho de partícula do agregado miúdo segue conforme


Figura 13, verificando que na distribuição do tamanho de partícula a maior proporção
do agregado miúdo – areia encontra-se na faixa de 0,3 a 0,15 mm.
56

Figura 12: Distribuição do tamanho de partícula do agregado miúdo

450

400

350

300

250
Massa (g)

200

150

100

50

-50
0.075 0.15 0.3 0.6 1.18 2.4 4.75 6.3 9.5 Fundo
Peneiras (mm)
Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 13: Curva granulométrica do agregado miúdo

Fonte: Autoria própria (2019).

Na curva granulométrica do agregado miúdo – areia (Figura 13) ficou


posicionada na zona utilizável exigido pela norma NBR 7211/2009, sendo possível
notar que a curva do agregado se desloca, afastando-se da zona ótima exigido pela
norma. O não enquadramento da areia às condições consideradas adequadas para o
uso de um agregado em argamassas pode dificultar diretamente na trabalhabilidade
do produto.
Nas figuras acimas, onde observa-se a distribuição granulométrica do agregado
miúdo - areia, apresentam dimensão máxima característica (DMC), igual a 9,5mm e
modulo de finura de 3,50, que segundo a NBR 7211/2009, o modulo de finura da zona
utilizável superior varia de 2,90 a 3,50, caracterizando o material como agregado
miúdo fino.

4.3 Caracterização das composições

Esse subcapítulo apresenta os resultados das composições da argamassa de


revestimento com substituição parcial do agregado miúdo pelo resíduo de madeira da
espécie de Itaúba.

4.3.1 Preparação da mistura e determinação do índice de consistência

O Para o Índice de Consistência das argamassas realizadas, sendo de


referência, e com 3 diferentes teores de substituição do resíduo de madeira de espécie
de Itaúba, foi através da média de três valores medidos com paquímetro na mesa de
adensamento, em três pontos uniformemente distribuídos ao longo do espalhamento
da argamassa conforme Figura 14. Os valores do índice de consistência para cada
teor de argamassa seguem na Tabela 5.

Tabela 5: Valores do índice de consistência


Identificação Trabalhabilidade (mm)
1º Ponto 2º Ponto 3º Ponto Média
Argamassa Ref. 257 256 253 255
Argamassa 5% 264 265 263 264
Argamassa 15% 258 256 256 257
Argamassa 30% 262 259 263 261
Fonte: Autoria própria (2019).
58

Figura 14: Pontos médios índice de consistência

Fonte: Autoria própria (2019).

4.3.2 Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão

De acordo com Torkaman et al. (2014) existe uma relação inversamente


proporcional entre o aumento do percentual de resíduo de madeira e a resistência
mecânica. Ainda conforme o autor, a queda da resistência da argamassa com resíduo
de madeira, ocorre pelo aumento da relação de água/cimento, já que o resíduo de
madeira é um material higroscópico e absorve a água de hidratação do cimento
(TORKAMAN et al., 2014).
Segundo a literatura de Garcez, Santos e Gatto (2013), quanto à proporção de
água e o cimento (A/C), percebe-se que quanto maior o percentual de substituição de
areia por resíduo de madeira no concreto, maior é a quantidade de água exigida para
atingir uma melhor trabalhabilidade.
O ensaio para determinar a resistência à tração na flexão e a compressão foi
realizado em corpos de prova de 4x 4x16 cm, com três idades de cura de 7, 14 e 28
dias para cada teor de substituição.
Contudo, pode se observar que quanto maior percentual da substituição da
areia pelo resíduo de madeira Itaúba, maior era quantidade de água, e mais leve e
espumigeno apresentava os compósitos. Os resultados de resistência à tração na
flexão são apresentados na Figura 15.

Figura 15: Resultado de resistência à tração na flexão dos compósitos

4,5
Referência
4,0 5% Itaúba
15% Itaúba
3,5 30% Itaúba

3,0
Resistência Flexão (MPa)

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0
7 dias 14 dias 28 dias

Tempo de Cura (Dias)

Fonte: Autoria própria (2019).

Na substituição de 30 %, notou-se uma significativa perda de resistência nas


três idades de cura, 7 dias, 14 dias e 28 dias, estando abaixo de 1,0 MPa.
Provavelmente essa perda se deu pela maior quantidade de água adicionada nessas
composições.

Os resultados da avaliação de resistência à compressão estão apresentados


na Figura 16.
60

Figura 16: Resultado de resistência à compressão

16
Referência
14 5% Itaúba
Resistência Compressão (MPa) 15% Itaúba
12 30% Itaúba

10

0
7 dias 14 dias 28 dias
Tempo de Cura (Dias)

Fonte: Autoria própria (2019).

Na substituição de 30 % apresentada, notou-se uma significativa perda de


resistência nas três idades de cura, 7 dias, 14 dias e 28 dias, estando abaixo de 1,0
MPa.
De acordo com a NBR 13279/2005, o valor mínimo para resistência à tração na
flexão é de 0,2 MPa, e conforme a NBR 13281/2005 o valor mínimo para resistência
a compressão é de 0,1 MPa, contudo, para os limites de resistência, o teor de resíduo
aplicado não refletiu em alterações positivas no comportamento mecânico dos
compósitos, em relação a amostra de referência, mas ainda assim não passaram os
valores mínimos exigidos pelas NBRs.
5 CRONOGRAMA

O cronograma das atividades está apresentado na Figura 17. Partindo do mês de


maio de 2019, o qual é realizado a qualificação da dissertação, até a defesa é
realizado a fundamentação teórica, estando sempre revisando, escrevendo e
melhorando. Nos meses de julho e agosto de 2019 pretende-se realizar os ensaios de
argamassa no estado fresco, exigidos pela NBR 13281/2005, sendo a determinação
da retenção de água, determinação da massa específica e teor de ar incorporado,
determinação da absorção de água, índice de vazios e massa específica, e também
a determinação da densidade de massa no estado endurecido, e nos meses de agosto
e setembro de 2019, realizar a análise dos resultados obtidos dos ensaios citados
acima.
Para o mês de agosto de 2019 também está previsto a realização dos CPs dos
compósitos para os ensaios de transmitância térmica e impedância acústica, e
seguindo nos meses de setembro, outubro e novembro de 2019, a análise do
desempenho térmico e acústico dos resultados obtidos.
Também, para mês de julho e agosto de 2019 está prevista a chegada das
imagens de microscopia eletrônica de varredura dos compósitos de cada percentual
de substituição, o qual também será feito uma análise das microscopias.
Nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro de 2020, já na etapa final será
realizado as conclusões finais da pesquisa, para no mês de março realizar a defesa
da dissertação. Contudo, sempre levando em conta a fundamentação teórica, os
estudos já realizados com resíduo de madeira para melhor interpretação dos
resultados obtidos.

Figura 17: Cronograma das atividades


1º semestre 2019 2º semestre 2019 1º semestre 2020
mai/19 jun/19 jul/19 ago/19 set/19 out/19 nov/19 dez/19 jan/20 fev/20 mar/20
Fundamentação teórica
Ensaios dos compósitos de argamassa no estado fresco
Análise de resultados dos ensaios no estado fresco
Ensaio de determinação de densidade de massa estado endurecido
Análise de densidade de massa estado endurecido
CPs dos compósitos para transmitância térmica
Cps dos compósitos para impedância acústica
Análise do desempenho térmico e acústico dos compósitos
Análise caracterização de Microscopia dos compósitos
Conclusões finais
Revisão geral
Defesa da dissertação

Fonte: Autoria própria (2019).


62

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral da pesquisa é mostrar a viabilidade técnica da utilização de


resíduo de madeira na produção de argamassa, e a influência nas propriedades de
desempenho térmico e acústico.
Nesse capítulo encontram-se as principais conclusões obtidas desta pesquisa,
através dos resultados confirmados pela realização dos ensaios mecânicos e fisicos
na produção de argamassa com substituição parcial do resíduo de madeira.
A presença de resíduo de madeira na mistura apresentaram desempenho
comprometido nas propriedades de resistência à tração na flexão e resistência à
compressão. As argamassas com o percentual de substituição de 30% mostraram
uma diminuição mais desfavorável que as produzidas com 5% e 15% de substituição.
As correlações indicam que quanto maior o teor de resíduo de madeira em
substituição com a areia na argamassa menor será a resistência mecânica alcançada.
O conhecimento das características do resíduo de madeira de espécie de
Itaúba, apresentaram na análise termogravimétrica uma estrutura cristalina, a qual
requer maior quantidade de energia para ser rompida, influenciando positivamente no
desempenho térmico na mistura.
A utilização do resíduo da madeira traz grandes benefícios ao meio ambiente,
pois através do emprego do pó de serra, promove-se a substituição de outras
matérias-primas não renováveis.
Diversos são os usos dos resíduos da madeira na construção civil. Para realizar
sua aplicação na construção civil, é necessário conhecer as propriedades físicas e
mecânicas, para então, proceder corretamente quanto ao seu uso, fazendo
aproveitamento de forma mais eficaz.
Por isso a continuidade desse estudo segue na produção de argamassa com
substuição parcial do resíduo de madeira, para análisar através dos determinados
ensaios a influência no desempenho térmico e acústico, as propriedades da mistura
no estado fresco da argamassa, como: absorção de água, retenção de água, índice
de vazios, massa específica e teor de ar incorporado, e também análisar a microscopia
de cada mistura, pois através desta serão obtidas respostas para a influência do
resíduo na argamassa.
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