Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CL 1 Pararayos
CL 1 Pararayos
Resumo – Os pára-raios de Óxido de Zinco (ZnO) simples indicadores de falta, para indicação de uma
são equipamentos fundamentais para a falha nos pára-raios completos, até instrumentos de
confiabilidade dos sistemas elétricos de alta e extra alta sensibilidade, que são capazes de medir
alta tensões. Devido ao fato de não apresentarem pequenas variações na componente resistiva da
centelhadores série estes pára-raios, além de corrente ou nas perdas dos pára-raios de Óxidos
expostos às mais adversas condições climáticas e Metálicos.
transitórias, estarão permanentemente submetidos a
tensão de operação do sistema. Eventuais falhas II. FUNCIONAMENTO DOS
poderão ocorrer nos pára-raios e, portanto, técnicas PÁRA-RAIOS DE ZnO
de diagnóstico devem ser desenvolvidas e aplicadas,
para avaliar o desempenho dos pára-raios no campo. O circuito elétrico equivalente simplificado dos
pára-raios de Óxido de Zinco é apresentado na
O presente trabalho aborda as técnicas atualmente Figura 1. Rs representa a resistência dos grãos de
utilizadas para o diagnóstico de pára-raios de ZnO, ZnO, Rp a resistência não-linear da região
com ênfase nas técnicas preditivas, onde não há a intergranular e Cp a capacitância formada pelos
necessidade de desenergização dos sistemas. grãos de ZnO separados pela região intergranular.
Palavras Chave: Pára-raios de ZnO, Técnicas
preditivas, Diagnóstico de falhas.
I. INTRODUÇÃO
- Tensão normal de operação Ainda hoje, muitas das empresas de energia elétrica
- Sobretensões temporárias e indústrias de grande porte utilizam técnicas
- Descargas de longa duração ou de alta preventivas para “diagnosticar” o estado dos pára-
intensidade e curta duração raios, tais como medição da resistência de
- Contaminação externa do invólucro isolamento e de perdas dielétricas. Apesar destas
- Penetração de umidade por perda de técnicas serem utilizadas a bastante tempo, existem
estanqueidade algumas divergências quanto aos critérios de
avaliação dos resultados, que dependem de
Todas as solicitações acima afetam e alteram comparações entre os valores previamente obtidos
significativamente a característica “tensão x para o pára-raios sob consideração e valores obtidos
corrente” doe elementos de ZnO utilizados na para pára-raios novos de características similares.
montagem dos pára-raios, levando à degradação ou
envelhecimento dos mesmos. Contadores de descarga também têm sido
freqüentemente utilizados nos pára-raios.
Detalhes sobre o efeito de cada tipo de solicitação Dependendo da sensibilidade e do seu princípio de
acima são apresentados na referência /1/. operação, esse instrumento pode ser uma indicação
das sobretensões que ocorrem no sistema, provendo
informações siginificativas sobre o número de
III. TÉCNICAS UTILIZADAS PARA descargas a que um pára-raios é submetido. Porém,
DIAGNÓSTICO DE PR’s DE ZnO para intervalos entre descargas muito curtos (abaixo
de 50 ms), alguns contadores de descarga podem não
Na maioria dos casos, o envelhecimento de um pára- detectar todos os impulsos de corrente. Além disso,
raios provoca um aumento gradual na componente esses contadores não fornecem informações
resistiva da corrente de fuga com o tempo. Portanto, específicas sobre o estado do pára-raios /2/.
a maioria dos métodos de diagnóstico de pára-raios
são baseados na medição da corrente de fuga. Atualmente as empresas vêm implementando cada
vez mais técnicas de diagnóstico / monitoramento
O aumento da corrente resistiva que flui pelo pára- preditivas, as quais permitem avaliar o desempenho
raios pode conduzir à instabilidade térmica do pára- dos pára-raios sem a necessidade de desenergização
raios e a sua falha completa, com possibilidade de dos sistemas. Medições com o sistema energizado
fragmentação e/ou explosão do invólucro isolante no podem ser realizadas através de instrumentos
caso do uso de invólucros de porcelana. Neste caso, portáteis ou permanente instalados /3/. Instrumentos
é importante ressaltar que uma eventual falha do portáteis são geralmente conectados ao terminal de
pára-raios não acarreta somente na perda do mesmo, terra do pára-raios por meio de um miliamperímetro
podendo causar distúrbios severos no sistema e tipo alicate ou por um transformador de corrente
também uma danificação para outros equipamentos, permanentemente instalado.
como por exemplo, buchas de transformadores. A
utilização de pára-raios poliméricos tem reduzido É importante ter-se em mente que os instrumentos
significaticativamente os riscos de danos a outros de diagnóstico devem ser desenvolvidos e
equipamentos devido a fragmentação do invólucro. manuseados de forma a prover segurança do pessoal
durante as medições. No caso de instrumentos
O estabelecimento de procedimentos para permanentemente instalados deve ser levando em
monitoramento dos pára-raios em serviço tem consideração as possíveis solicitações operacionais e
aumentado a confiabilidade dos mesmos e reduzido de curto-circuito. Em alguns casos, um terminal de
os custos operacionais das empresas de energia terra isolado é requerido. Neste caso, estes terminais
elétrica, possibilitando a detecção prévia de pára- devem apresentar um nível de suportabilidade de
raios envelhecidos e, deste modo, permitindo a tensão suficientemente alta, de modo a considerar as
retirada programada dos mesmos de serviço antes da quedas de tensão indutivas que aparecem entre os
ocorrência da falha. terminais e a estrutura aterrada durante o durante
uma descarga /4/.
Por outro lado, técnicas preditivas permitem,
algumas vezes, o diagnóstico prévio de possíveis As técnicas freqüentemente utilizadas para o
causas de degradação dos pára-raios, possibilitando diagnóstico de pára-raios de ZnO estão baseadas na
o aumento da vida útil dos mesmos. Por exemplo, se medição e análise da corrente de fuga /4/, /5/, /6/ e
o envelhecimento causado por poluição é detectado inspeção termográfica /4/, /7/.
III.1 - Medição da corrente de fuga total raios pode ser usada para o diagnóstico das
condições de operação dos pára-raios em serviço. A
A medição da corrente total é realizada por meio de componente resistiva da corrente quando da
miliamperímetros montados nos contadores de aplicação de tensões alternadas é definida como o
descarga e permanentemente instalados aos pára- nível de corrente no instante da máxima tensão.
raios, ou por instrumentos portáteis, que indicam os
valores eficazes, médios ou de pico. Existem vários métodos para a medição direta da
componente resistiva da corrente:
A medição da corrente de fuga total consiste
basicamente da corrente capacitiva, uma vez que a - Usando uma fonte de tensão como referência;
componente resisitiva da corrente corresponde a - Através da compensação componente
uma pequena fração da corrente total. A corrente capacitiva, utilizando-se uma fonte de tensão;
total medida nos terminais de terra de um pára-raios - Através da compensação da componente
depende da permissividade dos elementos de ZnO, capacitiva da corrente sem a utilização de uma
das capacitâncias parasitas para a terra e dos fonte de tensão.
capacitores de equalização, se aplicados.
A medição direta da componente resistiva da
Estudos realizados em laboratórios, mostrando o corrente através de uma fonte de tensão tem sido
efeito da variação da componente resistiva da mais utilizada no campo. O valor de crista da
corrente no aumento da corrente média medida pelo corrente resistiva é obtido no instante em que a
instrumento, associada a experiência de campo, tensão através dos terminais do pára-raios atinge o
indicam uma baixa sensibilidade deste método para seu valor de crista. Os valores medidos para um
detecção da variação da componente resistiva da pára-raios sob análise podem ser diretamente
corrente ao longo do tempo /3/, /5/. Um aumento de comparados com os valores obtidos previamente.
10 vezes na corrente resistiva acarreta, em geral, um
aumento na leitura do instrumento em torno de 10% A dificuldade prática na implementação deste
/4/. Menores sensibilidades são obtidas quando da método, para medições periódicas no campo, está no
utilização de instrumentos para medição do nível de fato da necessidade de medição simultânea da tensão
pico. aplicada ao pára-raios e da corrente total, tornando-
se necessária a utilização de fontes de tensão
Em adição, a medição da corrente de fuga total é móveis, adequadas aos níveis de tensão do sistema.
muito sensível às condições da instalação, uma vez Além disso, as conexões para a medição da tensão
que a corrente capacitiva depende das capacitâncias deverão ser realizadas com o sistema energizado.
parasitas.
A distribuição de tensão não uniforme ao longo do
Outros aspectos que devem ser levados em pára-raios, devido a influência das capacitâncias
consideração quando da utilização deste método, e parasitas para a terra e para equipamentos
que podem acarretar erros significativos na medição adjacentes. Desta forma, o valor de tensão através
da corrente obtida, são os efeitos da poluição - dos elementos de ZnO no terminal de terra do pára-
acarreta um aumento na corrente de fuga externa raios pode desviar do valor médio de tensão ao
pelo invólucro, e do campo elétrico nas longo do pára-raios em amplitude e ângulo de fase,
proximidades do equipamento /4/, /8/. afetando a medição da componente resistiva da
corrente /2/. Da mesma forma, as correntes
A baixa sensibilidade às alterações na componente capacitivas induzidas na conexão de terra do pára-
resistiva da corrente, faz a medição da corrente de raios pelas fases adjacentes reduz a exatidão deste
fuga total apropriada para diagnóstico do método de medição. O efeito da poluição também
desempenho dos pára-raios somente nos raros casos deve ser considerado, pois a poluição altera
em que a componente resistiva da corrente é da significativamente a distribuição de tensão ao longo
mesma ordem de grandeza da componente do pára-raios. Em adição, a presença de harmônicos
capacitiva. na tensão podem reduzir a exatidão desse método.
Entretanto, cuidados devem ser tomados com Para os dois primeiros métodos acima descritos,
relação a leitura durante a inspeção, visto que cuidados devem ser tomados com relação a
pequenos diferenciais de temperatura podem indicar quantidade de harmônicos presentes na tensão do
o início de defeitos nos pára-raios: evitar a sistema, que varia com o tipo de carga e com o nível
realização de medições durante períodos do dia de de tensão, e interfere nos harmônicos gerados pelas
alta insolação; ajustar adequadamente o aparelho resistências não-lineares dos pára-raios /5/, /9/.
para o fator de emissividade do objeto sob inspeção;
fazer o referencial de temperatura em relação ao O método de medição de corrente harmônica de 3a
objeto adjacente, etc. Em termovisores modernos ordem utilizando-se a técnica de compensação, tem
alguns ajustes são realizados pelo próprio sido considerado o método mais eficaz e exato
instrumento. atualmente existente. Segundo este método,
correntes harmônicas de terceira ordem geradas
A referência /7/ aborda uma experiência de mais de pelos harmônicos na tensão do sistema são
5 anos na utilização sistemática desta técnica com eliminadas, de modo a obter-se somente a
resultados satisfatórios. Segundo critérios adotados componente de terceira ordem gerada pelo próprio
pela empresa, pára-raios que apresentarem durante pára-raios. O método é baseado na determinação da
as inspeções termográficas a imagem térmica com corrente resisitiva de terceiro harmônico, obtida a
branco saturado, tem a sua temperatura medida, partir da diferença entre a corrente total de terceiro
sendo considerados suspeitos caso esta temperatura harmônico e a corrente capacitiva de terceiro
exceda a 5o C em relação a temperatura ambiente. harmônico. A corrente total de terceiro harmônico é
Neste caso, os pára-raios são retirados de operação, obtida diretamente, a partir da transformada de
através de desligamentos programados, e submetidos Fourier da corrente total medida. A corrente
a ensaios complementares, como por exemplo capacitiva de terceiro harmônico é determinada
medição de perdas. indiretamente por medição de campo elétrico.
Esta técnica tem se mostrado razoavelmente Maiores detalhes sobre os métodos apresentados
consistente para o diagnóstico do estado de pára- podem ser obtidos nas referências /2/, /5/, /6/ e /9/.
raios de ZnO com riscos de falha. No entanto, a
dificuldade de utilização deste método consiste em Informações sobre os métodos de monitoramento
determinar com exatidão o valor de temperatura a dos pára-raios, suas complexidades, eficiência no
partir do qual o pára-raios pode ser considerado diagnóstico e experiência de campo foram
como defeituoso, uma vez que a diferença de apresentadas pelo Grupo de Trabalho WG10 da IEC
temperatura entre os resistores e a superfície do em sua Comissão Técnica TC37 /2/, e estão
invólucro pode ser substancial e variar em função do sintetizadas nas Tabelas 1 e 2.
projeto construtivo do pára-raios.
Corrente superficial
fase na medição da
tensão ou corrente
Complexidade de
Deslocamento de
Harmônicos na
Qualidade de
informação
manuseio
tensão
Medição da corrente de fuga total Baixa Baixa Média Baixa Baixa Extensiva