Você está na página 1de 33

Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

LODOS ATIVADOS - I

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Desenvolvido na Inglaterra por Andern e Lockett em 1914;

Lodo ativado é formado por bactérias, fungos, protozoários,


metazoários; principais

Responsáveis pela biodegradação da matéria


orgânica e formação dos flocos biológicos

No reator aeróbio é mantida uma alta concentração de biomassa


(SSVTA) através do retorno de lodo do decantador secundário
para o reator aeróbio.
Biomassa ativa – intensificação das reações
bioquímicas de remoção de DBO
Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Lay-out característico de um reator biológico aeróbio - Lodo ativado

Reator Decantador
X0 X X
Afluente S
S0 X; S; Q S
Q Q+Qr Q

Xr Recirculação
S Xr
Q S
Concentração de sólidos suspensos r
X0 =
Qex
S0 = concentração de matéria orgânica (DBO)
Q = Vazão afluente
Qr = vazão de recirculação
Qex = vazão de excess de lodo descartado
Xr = concentração de sólidos suspensos no lodo de retorno
Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Lay-out completo de uma ETE com sistema de lodo ativado


Rede de
esgoto

desinfecção com
Estação de

decloração ou
sanitário Reator

Cloração e
bombeamento Decantador
(elevatória)
Remoção Decantador Biológico

UV
Grade de O&G Secundário
Primário aerado

Tanque para Filtração


lodo de
fossa/esgoto Lodo
primário Retorno de lodo ativado
Tratamento do esgoto sanitário

Excesso de lodo
Tratamento do
ativado
excesso de lodo

Biogás

Centrífuga Disposição
Digestor
Dosagem de Final
Anaeróbio
produtos químicos
(adensamento lodo)

Adensador

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Configuração típica de um sistema de lodos ativados aeração


prolongada – Lay-out básico

Retirado da linha
de recirculação ou
direto do TA

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Lodo Ativado: floco produzido no reator aeróbio devido ao


crescimento de bactérias ou outros organismos, na presença
de aeração.

Amplamente utilizado a nível mundial para o tratamento de


esgoto sanitário e efluentes industriais, onde necessita-se uma
elevada qualidade do efluente final.

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Flocos Biológicos

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Bomba para recirculação de Lodo Ativado

Lodo de retorno do decantador secundário entra no


reator aeróbio junto com esgoto bruto afluente a ETE.

Esgoto bruto a [Sólidos em suspenção] é  350 mg/L e


aumenta para cerca de 3000 - 3500 mg/L dentro do
reator biológico devido ao crescimento da biomassa.

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Variantes do Processo de Lodos ativados:

1) Quanto ao tempo de retenção de sólidos(TRS) ou idade


do lodo: convencional ou aeração prolongada

2) Quanto ao fluxo: fluxo contínuo ou intermitente

Para manter a qualidade do efluente final e as condições


ótimas no reator é necessário descartar a mesma quantidade
de biomassa que é produzida (Lodo Excedente)
Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Classificação dos sistemas em função da idade do lodo (TRS)

Tempo de retenção de Faixa de idade Denominação usual


sólidos (idade do lodo) do lodo
Reduzidíssima Inferior a 3 dias Aeração modificada

Reduzida 4 a 10 dias Lodos ativados


convencional
Intermediária 11 a 17 dias -

Elevada 18 a 30 dias Aeração prolongada

Esta classificação se aplica tanto para sistemas de fluxo


contínuo como para fluxo intermitente ou batelada

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Principais característica do processo de tratamento por lodos


ativados

Necessidades de oxigênio para manter atividade dos flocos


biológicos (bactérias, fungos, leveduras, protozoários, etc);

O2 fornecido por aeração forçada podendo ser superficial ou


submersa;

O aumento na concentração de flocos biológicos no reator


se dá pelo retorno de lodo sedimentado no decantador
secundário para o reator.
Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Características relevantes do esgoto sanitário para


projetos de lodos ativados

1. Caracterização do perfil de vazão afluente, com dados sobre as


variações diárias, sazonal e durante períodos de chuva;
2. Características físico-químicas do afluente;
3. Determinação do volume do tanque de aeração;
4. Determinação da taxa de produção de lodo;
5. Determinação da taxa de fornecimento de oxigênio;
6. Determinação das concentrações dos parâmetros relevantes no
efluente tratado

Sem uma caracterização adequada pode haver o sub ou


superdimensionamento do sistema
Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Características físico-químicas relevantes do esgoto


sanitário para projetos de lodos ativados

1. Concentração de matéria orgânica carbonácea;


2. Característica dos compostos nitrogenados e sua concentração;
3. Característica dos compostos fosforados e sua concentração;
4. Sólidos suspensos totais e voláteis afluentes (SST e SSV);
5. Concentração de alcalinidade;
6. pH;
7. Temperatura do esgoto nas diferentes estações do ano.

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Características da matéria orgânica carbonácea

- DBO ou DQO: são parâmetros críticos para o projeto de lodos


ativados;

- Concentrações elevadas podem resultar em:


1) Maior volume do tanque de aeração;
2) Necessidade de maiores taxas de transferência de O2;
3) Maiores taxas de produção de lodo.

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Ácidos graxos

DQOfiltrada floculada
voláteis biodegradáveis

DQOfiltrada
Outros compostos solúveis biodegradáveis Relações
relevantes
Solúvel não biodegradável

DQOtotal
entre DBO e
Coloidal biodegradável

Coloidal não biodegradável DQO para o


processo de
Particulada
Biodegradável lodos
ativados
Particulada
Não biodegradável
Presente no
efluente final

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Requisitos de Nutrientes

Necessidade de reposição de nutrientes depende da


concentração de N e P que saem do reator junto com o lodo
excedente e com o efluente;

Biomassa (lodo) contém cerca de 12,3% em massa de Nitrogênio e


2,6% de Fósforo
Relação massa/massa de nutrientes é estimada conforme as seguintes
relações:
LA Convencional: DBO:N:P = 100:5:1
LA Aeração Prolongada: DBO:N:P = 200:5:1

Tratamento de esgoto sanitário geralmente não necessita


suplementação de N e P.
Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Distribuição dos principais compostos nitrogenados

NTK (Nitrogênio Kjeldahl Total)

N-amoniacal N-orgânico
(≈ 60-70%)

Biodegradável Não biodegradável


(6 – 7% dos SSV)

Solúvel Particulada Solúvel Particulada


Presente no efluente final
(representa cerca de 1 a
2 mg/L do NT efluente)

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Processo de Lodos Ativados - Vantagens x Desvantagens


Elevada eficiência de tratamento;
Flexibilidade de operação frente ao esgoto afluente;
Pequena área ocupada em relação a filtração biológica;
Possibilidade de remoção de nutrientes.

Operação requer cuidado e operador treinado;


Necessidade de completo controle de laboratório;
Custo elevado de operação;
Elevado volume de lodo gerado;
Lodo necessita de estabilização para disposição final.
Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Eficiências Típicas do Processo de Lodos Ativados


Característica DBO SST
Efluente típico (mg/L) 20 – 30 20 - 30
Remoção típica (%) 85 – 95 85 - 95

Comparativo: FBP x LA
DBO aplicada População equivalente
Processo
(g/m³.d)* (hab/m³)
Filtro Biológico Percolador
• Baixa taxa 175 5
• Alta Taxa 875 25

Lodos Ativados
• Baixa capacidade 1800 50
• Alta capacidade 3600 100

* Por m³ de filtro biológico ou tanque de aeração.


Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Controle do Processo
• Controle da idade do lodo (TRS);
• Controle da concentração de O2 dissolvido;
• Controle do retorno de lodo ativado;
• Controle do nível do manto de lodo;
• Controle da taxa de consumo de oxigênio;
• Controle da relação F/M (A/M)

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Definições das Variáveis

Q = vazão de alimentação (m3/d)

Qr = vazão de recirculação (m3/d)

Qex = vazão de lodo excedente (m3/d)

So = concentração de DBO afluente (mg/L)

S = concentração de DBO efluente (mg/L)

X = concentração de sólidos em suspensão no reator (mg/L ou g/L)

Xo = concentração de sólidos em suspensão no afluente (mg/L)

Xe = concentração de sólidos em suspensão no efluente (mg/L)

Xr = concentração de sólidos em suspensão do lodo excedente (mg/L ou g/L)

V = volume do reator (m3)

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Tempo de retenção de sólidos (TRS) ou idade do lodo


(representa o tempo médio que uma partícula de lodo permanece no sistema)

V = volume do reator (m³)


Qd = vazão de lodo descartado da linha de descarte em m³/d
X = concentração de sólidos suspensos no tanque de aeração (g/L)
Xr = concentração de lodo na linha de retorno (g/L)

Valores
definidos a
partir de
análise em
V X
laboratório Xr
Qd
Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Tempo de retenção de sólidos (TRS) ou idade do lodo


(representa o tempo médio que uma partícula de lodo permanece no sistema)

Para descarte de lodo direto do tanque de aeração a vazão de bombeamento


pode ser estimada utilizando as equações abaixo.

Neste caso considera-se que a concentração de SST no efluente do decantador secundário é


desprezível.

V X
Xr

Qd
Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Controle da concentração de oxigênio dissolvido


O sistema de aeração deve ser projetado para fornecer a demanda de O2 exigida
pela biomassa do lodo ativado, para uma ampla faixa de vazões e cargas afluentes,
assegurando a manutenção de uma concentração de OD mínima no sistema.

O sistema de aeração deve permitir a realização de ajustes para atender as mudanças de


demanda de O2 de acordo com as medidas da concentração de O2 no reator biológico.

Exemplo: quando as cargas de DBO e amônia no afluente se reduzem, a concentração de


OD no reator aumenta. O sistema de aeração deve perceber estas variações e fazer o ajuste
adequado de acordo com as condições pré-estabelecidas na operação, reduzindo o consumo
de energia quando o sistema opera em baixa carga. Quando a carga aumenta, a
concentração de OD começa a diminuir e o fornecimento de O2 pelo sistema de aeração deve
aumentar, mantendo a concentração ótima no reator biológico.

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Controle da concentração de oxigênio dissolvido


Concentração de OD baixa: favorece o
desenvolvimento de bactérias filamentosas
afetando negativamente a sedimentabilidade do
lodo no decantador secundário.

Concentração de O2 no reator
biológico, em geral, deve ser mantida
entre 1,5 e 2,0 mg/L em todas as
regiões do reator.

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Controle da concentração de oxigênio dissolvido

Concentração mínima de 0,7 mg/L é necessária para que o processo de nitrificação seja
iniciado.

Concentrações de OD abaixo de 1,0 mg/L pode resultar em economia de energia e é


praticado em algumas estações para possibilitar a nitrificação e desnitrificação simultâneas.
Contudo, nessas condições, as taxas de reações bioquímicas são menores, o que vai exigir
reator com maior volume.

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Controle da concentração de oxigênio dissolvido


Concentração de OD elevada (2,0 a 3,0 mg/L): resulta num aumento adicional
muito pequeno nas taxas de nitrificação

Concentração de OD acima de 4,0 mg/L: não geram aumento significativo no desempenho


do sistema, aumentam custos de aeração significativamente e resultam em queda no pH e
crescimento de microrganismos formadores de espuma na superfície do reator.

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Controle da concentração de oxigênio dissolvido

Cálculos estequiométricos determinam:


Para oxidar 1g de NH4+ são requeridos 4,57g de O2, desta
forma pode-se calcular o oxigênio necessário (ON), através da
seguinte equação:

NTK = Nitrogênio Total Kjeldahl (orgânico + amoniacal)

O valor deve ser fornecido a partir de análise em


laboratório do afluente

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Controle do retorno de lodo ativado


A finalidade do retorno de lodo é manter a concentração de lodo ativado no reator
biológico e no manto de lodo o decantador secundário com uma espessura
adequada (0,15 a 0,30 m).

Vazões típicas de bombeamento do retorno de lodo variam de 50 a 75% da


vazão média de projeto de efluente, e a capacidade média é de,
geralmente, 100 a 150% da vazão média de projeto (taxa de reciclo de 1,0
a 1,5).

Recomendado o uso de bombas com motores de velocidade variável


permitindo ajustar a operação entre 50 a 150% da vazão.
Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Controle do retorno de lodo ativado

Característica de sedimentabilidade do lodo ativado pode ser determinada


a partir da medida do IVL (índice volumétrico de lodo).

IVL ≤ 100 mL/g – lodo com boas características de sedimentação (pode


variar de uma instalação para outra)
Teste de sedimentação de lodo em proveta

Sedimentabilidade IVL (mL/g)


Ótima 0 a 50
Boa 50 a 100
Média 100 a 200
Ruim 200 a 300
Péssima > 300

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Controle do retorno de lodo ativado – Cálculo do IVL


IVL deve ser medido utilizando uma proveta de 1000 mL – Fazer a medida
utilizando um Cone Imhoff está ERRADO, o cone é para avaliar o teor de
sólidos sedimentáveis (ideal: < 1 mL/L) no efluente final da ETE

Vamos considerar 3 situações diferentes para comparação do IVL:


Sólidos sedimentados na proveta [SSTA] (mg/L) IVL
após 30’ de repouso (mL)
Situação 1 200 mL 4000 200 mL/g
Situação 2 800 mL 4000 50 mL/g
Situação 3 800 mL 8000 100 mL/g

O IVL depende das características e da concentração do lodo biológico


presente no tanque aerado.

Lodos Ativados
Sistemas de Tratamento de Esgotos – Lodos Ativados

Controle do retorno de lodo ativado – Cálculo do IVL

Situação 1 Situação 2

Floco com má sedimentabilidade Floco com boa sedimentabilidade


(bulking filamentoso)

É por isso que para uma mesma concentração de SSTA pode-se ter uma
condição de boa decantação ou uma condição de decantação muito ruim.

Lodos Ativados

Você também pode gostar