Universidade Federal de Campina Grande

Unidade Acadêmica de Engenharia Civil

Departamento de Engenharia Civil
Disciplina: Mecânica dos Solos Experimental
Professora: Veruschka Escarião Dessoles Monteiro
Estagiário docência: Thiago Fernandes da Silva

E-mail para envio das respostas: engthiagofernandes1989@gmail.com

Alunos: Elysonara de Medeiros Felix

Fernanda Souto Medeiros
Henrique Matheus Conde de Melo
Iranilza Costa da Silva
João Pedro de Souza Andrade
Solange Honório dos Santos

Avaliação – 1° estágio

Turma 03 (Sexta 08:00 às 10:00)

1- (2,5 Pontos) Acerca da preparação de amostras e teor de umidade dos solos, responda:

a) Qual a importância de preparar as amostras para execução dos diversos ensaios citados
pela NBR 6457/2016?

A descreve como devem ser preparadas as amostras para ensaios de caracterização de solos,
com o objetivo de padronizar as amostras garantindo que os resultados sejam satisfatórios
independentes do operador, ou seja, a norma apresenta critérios para se obter amostras representativas
para os ABNT NBR 6457:2016 ensaios de análise granulométrica, limites de liquidez e plasticidade
e densidade real dos grãos. Pois, duas amostras distintas de um mesmo solo podem resultar em índices
diferentes pela não-padronização da amostra.

b) Cite ensaios que podem utilizar amostras deformadas e/ou indeformadas.

As amostras deformadas são utilizadas nos ensaios de classificação (granulometria, limites de

consistência e massa específica dos sólidos), ensaio de compactação, na preparação de corpos de
prova para ensaios de permeabilidade, compressibilidade e resistência ao cisalhamento. Já as
amostras indeformadas são utilizadas para determinar as características do solo in situ como os
índices físicos, o coeficiente de permeabilidade, os parâmetros de compressibilidade, os parâmetros
de resistência ao cisalhamento.
 c) Calcule o teor de umidade do solo obtido pelo método da estufa a partir dos dados
constantes na Tabela 1.

Tabela 1 - Dados de umidade do solo pelo método da estufa.

CÁPSULA N° 15 26 32

PBU (g) 46,18 49,21 45,26

Tara da cápsula (g) 14,80 13,20 15,65
PBS (g) 44,05 46,78 43,15

Note que, para calcular o teor de umidade do solo para cada cápsula utilizaremos a equação
abaixo:
(𝑃𝐵𝑈 − 𝑃𝐵𝑆)
ℎ= 𝑥100%
(𝑃𝐵𝑆 − 𝑡𝑎𝑟𝑎)

Para a cápsula nº 15:

(46,18 − 44,05)
ℎ15 = 𝑥100%
(44,05 − 14,80)

ℎ15 = 7,28%

Para a cápsula nº 26:

(49,21 − 46,78)
ℎ26 = 𝑥100%
(46,78 − 13,20)

ℎ26 = 7,24%
Para a cápsula nº 32:

(45,26 − 43,15)
ℎ32 = 𝑥100%
(43,15 − 15,65)

ℎ32 = 7,67%

Calculando a média dos teores de umidades, temos:

ℎ15 + ℎ26 + ℎ32

ℎ=
3

7,28 + 7,24 + 7,67

ℎ=
3

ℎ = 7,40%
 Logo, o teor de umidade do solo obtido pelo método da estufa é 7,4%.

d) Em que situações de campo devo utilizar os métodos da estufa, speedy e álcool? Discuta
sobre as vantagens e desvantagens de cada um.

O método do álcool se mostra bastante pertinente quando há necessidade de uma informação

rápida sobre a umidade de um solo ou amostra, sem, porém, necessidade de grande precisão, uma vez
que há pouca possibilidade de controle da temperatura de realização do ensaio, além do aumento na
possibilidade de erro referente à queima uniforme da amostra, sem contar com o risco de acidentes
ao qual é submetido o operador deste método.
O método do speedy apesar de não ser o mais preciso (embora tenha boa precisão para
determinação de umidade) quando se une os aspectos de precisão aos de rapidez, torna-se o melhor
método para uso em campo. Porém, caso haja pouca amostra e seja de difícil acesso a obtenção de
mais amostra do material para análises futuras, esta metodologia apresenta a desvantagem de ser
destrutiva, isto é, causa a perda da amostra usada para a determinação da umidade.
O método da estufa é bastante preciso (o mais preciso entre os três métodos apresentados) e
seguro. Porém, nem sempre seu uso é prático, uma vez que a obtenção de resultados é mais demorada
(haja vista a espera de 16-24h de secagem da amostra), além de requerer aparelhagem de difícil
manuseio. Apesar disso, por sua alta precisão, é usado para a calibração de outros métodos de
obtenção de umidade.
Por fim, em situações de campo, usa-se o método do álcool para a obtenção de informações
rápidas sobre o solo que será estudado, sem que haja necessidade de grande precisão. O da estuda,
por sua vez, pode ser usado em campo se houver necessidade da maior precisão possível e/ou se
houver estufa próxima de onde está sendo realizada a obra. O método do speedy é o mais utilizado
em campo por unir bem as características de rapidez na execução do ensaio e precisão nos dados
obtidos.

2- (2,5 pontos) Sobre a massa específica dos grãos de solo, responda:

a) Diferencie massa específica dos grãos, massa específica aparente e densidade do solo.

Massa específica dos grãos é a relação entre a massa das partículas sólidas e o seu volume. Já
a massa específica aparente refere-se à relação entre a massa do solo e seu volume, considerando que
não há variação da amostra. Por fim, a densidade do solo é a relação entre a massa específica do solo
e a massa específica da água.

b) Acerca da execução do ensaio de densidade real dos grãos de solo, por que devo realizar
imersão do solo em água destilada por 12 horas e misturar em agitador mecânico?

Deixa-se em repouso por cerca de 12 horas para que as partículas sedimentem completamente,
possibilitando a devida separação das fases para que não haja perda de material no momento da
transferência para o picnômetro e obtenha-se com maior exatidão o verdadeiro volume da amostra
por meio do deslocamento de fluido.
Utiliza-se o misturador para destorroar os grãos, permitindo que a bomba de vácuo retire o ar
ocluso entre os grãos.
 c) Sobre os resultados da massa específica dos grãos de solo, em que situação devo
considerar esse ensaio não satisfatório?

Conforme a ABNT NBR 6458/2016, os resultados para o ensaio devem ser considerados
insatisfatórios quando diferem em mais de 0,02 𝑔/𝑐𝑚3 .

d) Em quais ensaios utilizo o valor da densidade real dos grãos de solo?

Utilizamos o valor da densidade real dos grãos de solos no ensaio de granulometria na etapa
de sedimentação.

3- (2,5 pontos) Classifique pelo Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS) os dois
solos com dados apresentados na Figura 1 e, a partir da classificação, disserte sobre qual dos
dois você escolheria para utilizar em uma obra de drenagem em um campo de futebol.
 O SOLO 1 apresenta uma curva granulométrica que caracteriza um solo de granulação
bem graduada e a sua classificação SUCS indica que se diz respeito a uma areia argilosa. Deste
modo, espera-se que as partículas mais finas acabem ocupando os espaços vazios oriundos da
fração arenosa, o que acabará fazendo com que este solo tenha característica mais
impermeabilizante do que o SOLO 2, pois o segundo solo, por meio da classificação SUCS, pôde
ser considerado como uma areia bem graduada, tendo, portanto, quantidade de finos menor que a
do SOLO 1, o que lhe tornará mais permeável, devido à maior quantidade de vazios.
Como deseja-se escolher um solo a ser usado para a drenagem de um campo de futebol,
espera-se deste material uma boa capacidade de condução de fluido, isto é, com índice de vazios
que permita a drenagem eficiente da água. Levando em consideração os dois solos apresentados
por meio de suas curvas granulométricas e por meio de suas classificações, deve ser escolhido o
SOLO 2, justamente por satisfazer às necessidades para a função a qual o solo será requerido.

4- (2,5 pontos) Você é o engenheiro responsável pela pavimentação de uma rodovia e lhe
foi solicitado, inicialmente, a elaboração de um relatório sobre a análise do solo que
constitui o terreno sobre o qual a obra irá ser realizada. O Quadro 1 apresenta os
resultados obtidos após a realização do ensaio de compactação com energia Proctor
Normal de um solo em laboratório.

Quadro 1. Dados do ensaio de compactação de um solo.

Ponto 1 2 3 4 5 6

W (%) 6,54 8,43 10,46 12,16 14,75 18,17

ρs (g/cm³) 1,630 1,690 1,760 1,810 1,760 1,700

 Com base nas informações fornecidas, pede-se:

a) Traçar a curva de compactação deste solo e determinar a umidade ótima e a

Curva de Compactação
1,85
Massa Específica Aparente

1,80
Seca (g/cm³)

1,75

1,70

1,65

1,60
6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00

Umidade (%)
massa específica aparente seca máxima.

De acordo, com o gráfico temos que a Umidade ótima é 13,20% e a Massa específica
aparente seca máxima dos grãos (ρsmáx) é 1,79 g/cm3.

b) Qual a importância da realização do ensaio de compactação para a obra em

questão e para as demais obras de engenharia que utilizam solos como material de
construção?

A importância de se realizar o ensaio de compactação é avaliar se o solo está devidamente

compactado, e através desse resultado, tirar conclusões acerca da homogeneidade, da resistência,
já que quanto melhor compactado o solo estiver mais resistência a esforços ele vai apresentar,
além disso, avaliar o grau de deformação e permeabilidade do mesmo. E a importância maior de
se estudar a compactação é a aplicação que se vai dar pra esse solo, que pode ser utilizado em
aterros, pavimento, barragens de terra, muros de arrimo, preenchimentos de valetas que se abrem
nas ruas e etc.

c) De que forma o teor de umidade, a energia de compactação, a estrutura do

solo e a espessura das camadas influenciam no processo de compactação dos solos?

Umidade: A massa específica resultante é relacionada a umidade em que o solo se

encontra. Isso quer dizer que se o solo tiver com uma umidade muito baixa o atrito entre as
partículas é muito alto o que dificulta a diminuição do índice de vazios, de maneira significativa.
Com o aumento da umidade, a água vai servir como lubrificante fazendo com que as partículas
deslizem entre si e se acomodem de maneira mais compacta, até que obtenham o seu melhor
arranjo que permita a obtenção da massa especifica aparente seca máxima ao valor de uma
umidade ótima.
O aumento da massa específica se dá pela eliminação de ar dos vazios. Porém, a partir de
certo teor de umidade, a compactação não consegue mais expulsar o ar dos vazios porque o grau
de saturação já está elevado e o ar fica envolto pela água ocasionando o fenômeno que os
Engenheiros denominam de borrachudo, isto é, ao ser compactado o solo diminui o seu volume,
resultante da redução do volume do ar, logo volta a se expandir com a redução da energia de
compactação.
Energia de Compactação: Quando o solo se encontra com umidade abaixo da ótima, a
aplicação de maior energia de compactação provoca aumento da massa específica seca, mas
quando a umidade é maior do que a ótima, maior esforço de compactação não provoca mais o
aumento da densidade, pois não consegue expulsar o ar dos vazios. Por esse comportamento
chega-se à conclusão que quanto maior a energia de compactação, maior será a massa específica
seca e menor será a umidade ótima.
Estrutura do Solo: Quando o solo apresenta uma baixa umidade, a atração face-aresta
das partículas não é vencida pela energia aplicada e o solo fica com estrutura denominada:
estrutura floculada, com essa estrutura é mais difícil que as partículas deslizem umas sobre a
outras. Já para maiores umidades, a repulsão entre partículas aumenta, e a compactação as orienta,
posicionando-as paralelamente, ficando com uma estrutura dispersa, com essa estrutura é mais
fácil para as partículas deslizarem umas sobre as outras.
Espessura das Camadas: Quanto menores forem as espessuras das camadas, melhor serão
compactadas pelos equipamentos mecânicos ou pelos equipamentos manuais, como o soquete. Dá
mesma forma, quanto maior for a camada a ser compactada, pior compactada ficará a camada,
pois a parte superior que terá mais contado com o equipamento, ficará mais compactada, enquanto
a parte mais inferior ficará praticamente no estado fofo, pois o esforço não será suficiente para
atingir as partes mais profundas das camadas.

d) Após execução de uma camada de sub-base do pavimento, foi realizado um ensaio de

densidade in situ, por meio do método frasco de areia, e foi obtido o resultado da massa
específica aparente seca de 1,65 g/cm³. A umidade do solo foi verificada pelo método speedy
e resultou em um teor de umidade de 11,5%. Calcule o Grau de Compactação dessa
 camada e discuta se a execução foi satisfatória de acordo com os objetivos a serem
atingidos. Caso não seja satisfatória, qual a sua decisão como engenheiro responsável?

Calculando o grau de compactação, temos que:

1,65
𝐺 = 100 ×
1,79

𝐺 = 92,18%

Como G < 95%, então nossos resultados não foram satisfatórios, visto que o ideal seria
que o grau de compactação fosse no mínimo 95%. Assim, a decisão do Engenheiro responsável é
refazer todo o processo de compactação do solo (retirar o solo compactado, homogeneizá-lo e
recompactá-lo), com o objetivo de obter um grau de compactação satisfatório e evitar problemas
futuros.

Boa Prova!