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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DE MATERIAIS
Fortaleza – Ce
Janeiro de 2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DE MATERIAIS
Fortaleza – Ce
Janeiro de 2009
“O temor do Senhor é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a
sabedoria e a instrução.”
Provérbios 1:7
A Deus
Aos meus pais Socorro e Francisco
Aos meus Padrinhos Prazer e Roldão
Aos meus avós Laura e Zé Gino
À minha namorada Dejane
PREFÁCIO
George L. G. de Oliveira
Janeiro de 2009
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Francisco e Socorro, pelo amor, dedicação, carinho e ensinamentos,
Aos meus avós, Laura e Zé Gino, que sempre torceram por mim.
Aos meus irmãos (Carol e Edson), meus padrinhos (Roldão e Prazer), tios (José
Maria e José da Paz), tias (Helena, Dudu) e primos que sempre me apoiaram e
incentivaram.
Aos amigos Lúcio, Thiago e Demetrius Ricarte pela amizade e apoio em todos os
momentos.
Ferreira Motta e Prof. Dr. Jesualdo Pereira Farias, pelos grandes ensinamentos.
Aos Professores Dr. Joaquim Teixeira de Assis e Dr. Vladimir Ivanovitch Monin do
Instituto Politécnico da UERJ, Nova Friburgo – RJ, pela imensa colaboração e apoio
fornecidos durante minha estada para realização das medidas de tensões residuais.
trabalho.
Aos amigos de turma Edvan, Everton, George Matos, Helton, Januário, Rodolfo,
laboratório.
pesquisa.
Oliveira, G. L. G., 2008, “Avaliação de Tensões Residuais de soldagem em chapas
planas do aço estrutural ASTM A516 G70”. Dissertação de Mestrado, Universidade
Federal do Ceará, CE.
RESUMO
ABSTRACT
The main aim of this work was to evaluate the employed welding procedure effect on the
level and profile of the final residual stresses on a multipass joint, with emphasis in the
welding energy, chamfer and used welding technique. It was also evaluated the effect of the
welding current and speed on these stresses, as well as it was correlated the results with
microstructure and microhardness. The residual stress measurement was accomplished
through X-ray diffraction, using a minidiffractometer for measurement in field. Metallographic
analysis was accomplished in the transverse section of the welded joint, using optic
microscopy and scanning electron microscopy. It were determined the microhardness
profiles in the traverse section of the welded joint. The results showed that the multipass
welding residual stresses on the surface of the analyzed samples are compressive in the
weld metal and tensile in the HAZ. In the weld root, the welding residual stresses are tensile
as in the weld metal as in the HAZ. The welding energy showed a non-linear relationship with
the founded residual stresses and it was observed that the most influential parameter was
the welding speed, what can be a trouble, since this parameter is the less controlled in
manual weldings. The semi-v chamfered samples were the ones that present the fewer
levels of residual stresses, due to the stress relief created by plastic deformations during the
welding, what do not occur in the X chamfered samples. The double layer technique showed
that it can be used in the welding of ASTM A516 Gr70 steel, because, besides promote a
refinement and a drawing back of the CG-HAZ, it increased compressive residual stress in
the whole surface of the analyzed samples. The founded microstructures and microhardness
were similar for all samples and it has believed that the acicular ferrite founded in the weld
metal was one of the the main causes for the compressive characteristics of the welding
residual stresses in the joints.
Keywords: residual stress, welding current, welding speed, chamfer, double layer technique.
SUMÁRIO
1.2. OBJETIVOS................................................................................................................... 4
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1. Fluxo de calor bidimensional durante a soldagem de uma chapa fina (Kou, 2002). ............ 6
Figura 2.2. Fluxo de calor tridimensional durante a soldagem de uma chapa de grande espessura
(Kou, 2002). ............................................................................................................................................. 7
Figura 2.3. Diferentes tipos de macro e micro tensões residuais (WITHERS & BHADESHIA, 2001a). 8
Figura 2.4. Arranjo de três barras fixas nas extremidades. (a) sem aquecimento. (b) Barra 2 (central)
aquecida (Modenesi, 2001). .................................................................................................................... 9
Figura 2.5. Efeito da temperatura sobre as tensões na barra 2 (central) (Modenesi, 2001). ............... 10
Figura 2.6. Tipos de tensões residuais de acordo com os diferentes tipos de escala (Withers &
Badeshia, 2001). ................................................................................................................................... 11
Figura 2.7. Ilustração esquemática das mudanças de temperatura e de tensão durante a soldagem
(Welding Handbook, 1987).................................................................................................................... 13
Figura 2.8. Distribuição típica de tensões residuais (a) transversais (σx) e (b) longitudinais (σy) em
soldas de topo (Kou, 2002). .................................................................................................................. 14
Figura 2.9. Simulação e Medição das Tensões residuais em uma amostra soldada a) AISI 1020. b)
AISI 1045 ............................................................................................................................................... 16
Figura 2.10. Distribuição das tensões residuais na superfície da amostra soldada: 1- longitudinal, 2-
transversal. Adaptado de Assis et al (2002). ........................................................................................ 17
Figura 2.11. Distribuição das tensões residuais superficiais para três amostras. Adaptado de Gao et al
(1998). ................................................................................................................................................... 18
Figura 2.12. Exemplos de Trincas de Solidificação. (a) Trinca típica alinhada ao centro do cordão de
solda em uma solda com arco submerso. (b) “Dove-wing” em uma solda com arco submerso
(Svensson, 1993). ................................................................................................................................. 19
Figura 2.13. Trincas induzidas por hidrogênio. a) trinca intergranular, seguindo os contornos de grão
da austenita primária. b) seção longitudinal através do metal de solda, mostrando a propagação da
trinca em um ângulo de aproximadamente 45º com a direção de soldagem (Svensson, 1993).......... 20
Figura 2.14. Trinca intergranular associada ao fenômeno de corrosão sob tensão (Kuz´nicka & Junik ,
2007). .................................................................................................................................................... 23
Figura 2.15. Trinca transgranular associada ao fenômeno de corrosão sob tensão (Kannan et al,
2007). .................................................................................................................................................... 24
Figura 2.21. Conceito da análise de difração em materiais policristalinos (Eigenmann & macherauch,
1996). .................................................................................................................................................... 32
ii
Figura 2.22. Efeito da variação dos parâmetros de soldagem na geometria de cordões de solda
depositados com uma energia de soldagem de aproximadamente 1,8 kJ/mm (esquemático). (a) 800A,
26V e 12mm/s e (b) 125A, 26V e 1,7mm/s. (Modenesi et at., 2005). ................................................... 35
Figura 2.23. Fluxo de calor durante a soldagem de diferentes juntas. a) topo. b) ângulo. .................. 35
Figura 2.24. Distribuição das tensões residuais transversais ao longo da espessura de uma amostra
soldada com multipasse (Leggatt 2008). .............................................................................................. 37
Figura 2.25. Distribuição de Tensões Residuais longitudinais (σL) e transversais (σT) medidas por
difração de Raios-X em uma amostra soldada com multipasse em um aço ferrítico. Adaptado de Lu
(1994). ................................................................................................................................................... 38
Figura 2.26. Ilustração da técnica da dupla camada. (F) penetração da segunda camada. (A)
penetração da primeira camada. (H) altura média da primeira camada. (R) profundidade refinada pela
segunda camada. Adaptado de LANT et al, 2001. ............................................................................... 39
Figura 3.1. Equipamentos necessários para execução das soldagens: a) mesa para restrição das
juntas meio-V e sistema de referência de velocidade, b) Suporte de fixação e restrição para as juntas
em X. ..................................................................................................................................................... 42
Figura 3.2. a) Preaquecimento da amostra a ser soldada. b) controle de temperatura por meio de
pirômetro de contato. ............................................................................................................................ 42
Figura 3.3. Difratômetro de Raios-X portátil para medição de Tensões Residuais. ............................. 43
Figura 3.6. Desenho técnico dos chanfros confeccionados. a) meio V, b) reto e c) K. ........................ 45
Figura 3.7. Soldagem dos corpos de prova utilizando o processo eletrodo revestido. ........................ 46
Figura 3.8. Desenho esquemático das juntas preparadas para soldagem. a) meio-V. b) X ................ 46
Figura 3.9. Amanteigamento das amostras soldadas com dupla camada a), c) e e) início. b), d) e f)
final. ....................................................................................................................................................... 48
Figura 3.12. Disposição dos pontos onde foi feita a medição de tensões residuais na junta chanfrada
em meio-V. ............................................................................................................................................ 50
Figura 3.13. Disposição dos pontos onde foi feita a medição de tensões residuais na junta chanfrada
em meio-X. ............................................................................................................................................ 51
Figura 3.15. Regiões onde os perfis de microdureza foram levantados. a) meio-V. b) X. ................... 53
Figura 4.3. Interpolação da curva de intensidade de Raios-X para o ponto 8 50° da Amostra 3
utilizando: a) Gauss, b) Lorentz, c) Pearson VII, d) PsdVoigt e e) Voigt. ............................................. 57
Figura 4.4. Distribuição das tensões residuais na Amostra 01, para as diversas funções utilizadas. . 58
Figura 4.5. Distribuição das tensões residuais na Amostra 03, para as diversas funções utilizadas. . 59
Figura 4.6. Curvas d x sen2ψ para um mesmo ponto analisado. a) Tensão cisalhante desconsiderada.
b) Tensão cisalhante considerada. Chanfro meio-V. ............................................................................ 60
Figura 4.7. Curvas d x sen2ψ para um mesmo ponto analisado. a) Tensão cisalhante desconsiderada.
b) Tensão cisalhante considerada. Chanfro X. ..................................................................................... 61
Figura 4.18. Ilustração do efeito da restrição no metal de solda durante o resfriamento na soldagem
multipasse, sobre a geração de tensões residuais. a) metal líquido (livre de tensões). b) metal
solidificado contraindo sem restrição. c) metal de solda em condições de resfriamento reais. ........... 70
Figura 4.19. Soldagem com chanfro em V que favorece a flexão na amostra soldada. a) sem
restrição. b) com restrição. .................................................................................................................... 71
Figura 4.20. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com diferentes energias e mesmo
valor de velocidade de soldagem. ......................................................................................................... 73
Figura 4.21. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com diferentes energias e mesmo
valor de velocidade de soldagem. ......................................................................................................... 74
Figura 4.22. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com diferentes energias e mesmo
valor de corrente de soldagem. ............................................................................................................. 74
Figura 4.23. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com diferentes energias e mesmo
valor de corrente de soldagem. ............................................................................................................. 75
Figura 4.24. Influência da energia de soldagem de forma isolada sobre o nível de tensão residual
máximo no metal de solda das amostras chanfradas em meio-V. ....................................................... 76
Figura 4.25. Influência da energia de soldagem de forma isolada sobre o nível de tensão residual
máximo na ZAC das amostras chanfradas em meio-V......................................................................... 76
iv
Figura 4.26. Influência da energia de soldagem dependente do tipo de variação empregado sobre o
nível de tensão residual máximo nas amostras chanfradas em meio-V............................................... 77
Figura 4.27. Influência do tipo de variação da energia sobre o nível de tensão residual máximo, a) no
metal de solda e b) na ZAC, das amostras chanfradas em meio-V. .................................................... 78
Figura 4.28. Perfis de Tensões Residuais para amostras soldadas com energia de 8 kJ/cm para
diferentes técnicas da energia empregadas. ........................................................................................ 81
Figura 4.29. Perfis de Tensões Residuais para amostras soldadas com energia de 15 kJ/cm para
diferentes valores de corrente e velocidade de soldagem. ................................................................... 82
Figura 4.30. Perfis de tensões residuais em amostras soldadas com os mesmos parâmetros e tipos
de chanfro diferentes. 8 kJ/cm. ............................................................................................................. 84
Figura 4.31. Perfis de tensões residuais em amostras soldadas com os mesmos parâmetros e tipos
de chanfro diferentes. 8 kJ/cm. ............................................................................................................. 85
Figura 4.32. Perfis de tensões residuais em amostras soldadas com os mesmos parâmetros e tipos
de chanfro diferentes. 10 kJ/cm. ........................................................................................................... 85
Figura 4.33. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com os mesmos parâmetros e tipos
de chanfro diferentes. 12 kJ/cm. ........................................................................................................... 86
Figura 4.34. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com os mesmos parâmetros e tipos
de chanfro diferentes. 12 kJ/cm. ........................................................................................................... 87
Figura 4.35. Efeito do tipo de chanfro sobre o nível de tensões residuais resultantes no metal de solda
e na ZAC. .............................................................................................................................................. 87
Figura 4.36. Influência do tipo de chanfro dependente do nível de energia empregado sobre o nível de
tensão residual máximo no metal de solda e na ZAC. ......................................................................... 88
Figura 4.39. Distribuição das tensões residuais em amostras soldadas utilizando o método
convencional e a técnica da dupla camada. ......................................................................................... 91
Figura 4.40. Distribuição das tensões residuais em amostras soldadas utilizando o método
convencional e a técnica da dupla camada. ......................................................................................... 91
Figura 4.41. Comparação do nível de tensão residual máxima em amostras soldadas utilizando
técnica de soldagem convencional e dupla camada.. .......................................................................... 92
Figura 4.42. Comparação do nível de tensão residual máxima em amostras soldadas utilizando
técnica de soldagem convencional e dupla camada para as diferentes regiões e tipos de chanfro
analisados. ............................................................................................................................................ 93
Figura 4.43. Macrografia de duas amostras soldadas utilizadas no trabalho. a) chanfro meio-V. b)
chanfro X Ataque Nital 2%. ................................................................................................................... 94
Figura 4.44. Microestrutura do aço ASTM A516 Gr 70 na condição como recebido. Aumento 500x.
Ataque Nital 2%. .................................................................................................................................... 95
Figura 4.45. Microestruturas encontradas na Amostra 01. a) interface metal de solda-ZAC (200x). b)
interface metal de solda-ZAC (500x). c) metal de solda (200x). d) metal de solda refinado (200x). e)
metal de solda (500x). f) metal de solda (1000x). Ataque Nital 2%. ..................................................... 96
v
Figura 4.46. Micrografias obtidas em MEV, mostrando a estrutura entrelaçada da ferrita acicular - AF
e a ferrita de contorno de grão - PF(G). a) 2500x. b) 5000x. Ataque Nital 2%. .................................... 98
Figura 4.48. Natureza dos tipos de transformação: “reconstructive” (esquerda) e “displacive” (direita).
Adaptado de Bhadeshia (2004)........................................................................................................... 100
Figura 4.49. Microestruturas do metal de solda das demais amostras chanfradas em meio-V. a)
Amostra 02. b) Amostra 03. c) Amostra 04. d) Amostra 05. 500x. Ataque Nital 2%. ......................... 101
Figura 4.50. Microestruturas do metal de solda das amostras chanfradas em X. a) Amostra 06. b)
Amostra 07. c) Amostra 08. d) Amostra 09. d) Amostra 10. 500x. Ataque Nital 2%. ......................... 102
Figura 4.51. Principais regiões microestruturais encontradas nas amostras soldadas chanfradas em
meio-V. a) ZAC-GG com maior gradiente térmico. b) ZAC-GG com menor gradiente térmico. c) ZAC-
GF. d) ZAC intercrítica. 1000x. Ataque Nital 2%................................................................................. 103
Figura 4.52. Ampliaçãoda região em destaque apresentada na Figura 4.51a. a) 2500x. b) 5000x.
Ataque Nital 2%. .................................................................................................................................. 104
Figura 4.53. Microestruturas da ZAC-GG das demais amostras soldadas em meio-V. a) Amostra 02.
b) Amostra 03. c) Amostra 04. d) Amostra 05. 1000x. Ataque Nital 2%. ............................................ 105
Figura 4.54. Microestruturas da ZAC-GG das amostras chanfradas em X. a) Amostra 06. b) Amostra
07. c) Amostra 08. d) Amostra 09. e) Amostra 10. 1000x. Ataque Nital 2%. ...................................... 106
Figura 4.56. Perfis de microdureza no lado chanfrado das amostras chanfradas em meio-V. .......... 108
Figura 4.57. Perfis de microdureza no lado reto das amostras chanfradas em meio-V. .................... 108
Figura 4.59. Microestruturas encontradas nas Amostras 11. a) metal de solda (500x). b) interface
dupla camada - ZAC (500x). c) ZAC-GF (1000x). d) ZAC intercrítica (1000x). Ataque Nital 2%. ...... 110
Figura 4.60. Perfis de microdureza para as amostras soldadas com e sem a aplicação da técnica da
dupla camada. a) meio-V. b) X............................................................................................................ 111
Figura 4.61. Regiões não refinadas. a) ZAC-GG com formação de FS (UB), 1000x. b) ZAC-GG sem
transformações adifusionais, 1000x. Ataque Nital 2%. ....................................................................... 112
vi
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3.4. Amostras soldadas para a análise da técnica da dupla camada. ...................................... 48
Tabela 3.5. Parâmetros de soldagem utilizados durante o amanteigamento dos corpos de prova
soldados com dupla camada................................................................................................................. 48
Tabela 4.1. Efeito dos parâmetros de soldagem sobre a microestrutura do metal de solda, adaptação
(Savage 1968). ...................................................................................................................................... 81
Tabela 4.2. Mudança de forma devido à transformação. Adaptado de Handbook of residual stress and
deformation of steel (2002). ................................................................................................................ 100
Capítulo I
Introdução e Objetivos
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Contudo, deve ficar claro que não existe relação entre os níveis de distorção e de
tensão residual presentes em uma junta soldada, desta forma, a existência de níveis baixos
de distorção em uma junta não necessariamente acarreta em níveis baixos de tensão
residual. Além disso, uma relação entre as tensões residuais resultantes e o tipo de chanfro
empregado em uma junta soldada ainda não é bem caracterizada.
Uma alternativa para redução dos níveis finais das tensões residuais de soldagem,
sem a necessidade de TTPS, seria a utilização de estratégias de controle destas tensões
através do procedimento de soldagem empregado. Dentre estas estratégias, destacam-se o
emprego adequado da energia de soldagem e a técnica de soldagem adotada.
1.2. Objetivos
De acordo com o que foi exposto, esse trabalho tem por objetivos:
Além destes dois objetivos principais, este trabalho tem o objetivo específico de
avaliar a influência da corrente e da velocidade de soldagem (de forma isolada) para
determinados níveis de energia sobre a intensidade, o tipo (compressiva ou trativa) e a
distribuição das tensões residuais resultantes na junta.
5
Capítulo II
Revisão Bibliográfica
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
⎛ ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞
ρcp ⎜ ⎟ = Q + ∂x ⎜ k ∂x ⎟ + ∂y ⎜ k ∂y ⎟ + ⎜k ⎟
⎝ ∂t ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠ (Equação 2.1)
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 6
T é a temperatura [K];
t é o tempo;
Fonte de energia
Velocidade de
Soldagem Poça de Fusão
Espessura
Figura 2.1. Fluxo de calor bidimensional durante a soldagem de uma chapa fina (Kou, 2002).
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 7
2π (T − T0 )kg ⎛ Vx ⎞ ⎛ Vr ⎞
= exp ⎜ ⎟ K0 ⎜ ⎟
Q ⎝ 2α ⎠ ⎝ 2α ⎠ (Equação 2.2)
Fonte de energia
Velocidade de Poça de Fusão
Soldagem
Figura 2.2. Fluxo de calor tridimensional durante a soldagem de uma chapa de grande
espessura (Kou, 2002).
2π (T − T0 )kR ⎛ −V (R − x ) ⎞
= exp ⎜ ⎟
Q ⎝ 2α ⎠ (Equação 2.3)
onde: R = (x2+y2+z2)1/2
Prever o histórico térmico de uma determinada junta soldada significa prever também
características importantes após a operação de soldagem, características essas como:
microestrutura resultante da junta, geometria do cordão de solda e distribuição de tensões
residuais. As tensões residuais estão associadas a alguns tipos de falha que ocorrem
frequentemente em estruturas soldadas e serão abordadas em tópicos seguintes.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 8
Macrotensões Microtensões
Tensões de carregamento
Expansão de furo a frio
Soldagem
Tensões intergranulares
Figura 2.3. Diferentes tipos de macro e micro tensões residuais (WITHERS & BHADESHIA,
2001a).
Para tensões residuais com origem térmica, uma analogia com um arranjo de três
barras presas em suas extremidades (Figura 2.4a) é um bom caminho para se melhor
entender o mecanismo de formação das tensões. Quando um metal é aquecido
uniformemente, sob condições controladas, o mesmo sofre uma expansão uniforme, não
ocorrendo nesse caso a formação de tensões. Por outro lado, se o material é submetido a
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
a 9
um gradiente
g térmico, com um aqu
uecimento não-uniform
n me, como n
no caso mostrado na
a
Figurra 2.4b, onde a Barrra 2 (centtral) é aqu
uecida a partir
p da te
emperatura ambiente,,
indep
pendente das outras duas
d barras, tensões té
érmicas e deformações
d s serão des
senvolvidass
no material.
m Co
om o aque
ecimento, a Barra 2 tenderá
t a sofrer
s uma
a expansão, que será
á
restringida pela
a ação da
as barras das
d extrem
midades (B
Barras 1 e 3). Isso causará o
dese
envolvimentto de tensõ
ões compre
essivas na Barra centtral e de trração nas barras dass
extre
emidades.
Figu
ura 2.4. Arra
anjo de trêss barras fixa
as nas extre
emidades. (a) sem aqu
uecimento. (b)
( Barra 2
(central) aquecida
a (M
Modenesi, 2001).
A evolu
ução das tensões
t du
urante o aqueciment
a esfriamento pode serr
to e o re
acom
mpanhada na
n Figura 2.5.
2 Ao long
go do aquec
cimento (tre
echo A-B), inicialmente
e a Barra 2
(centtral) é subm
metida a um
m estado de
e tensões elásticas,
e um
ma vez que
e os níveis de tensõess
não são suficie
entes para causar de
eformações permanen
ntes no ma
aterial. Com
mo a barra
a
manttém seu comprimento
o original, tem-se que a dilataçção térmica
a é compe
ensada porr
deforrmações elásticas. À medida
m que
e a tempera
atura aumenta, a dilata
ação térmic
ca da Barra
a
2 torrna-se mais intensa, am
mplificando os níveis das
d tensõess. É importa
ante ressalta
ar que com
m
o aumento da temperatura
t a a tensão de escoam
mento dimin
nui. Desta fforma, ao atingir
a uma
a
deterrminada tem
mperatura na
n qual a te
ensão seja superior
s a te
ensão de escoamento, o materiall
passsa a experim
mentar defo
ormações permanente
p es, as quaiss ocorrem em níveis de
d tensõess
cada
a vez mais baixos
b com
m o aumento
o da temperatura (treccho B-C). Uma vez que
e a Barra 2
sofre
eu deformaçção plástica
a, o seu comprimento não será mais
m igual a
ao comprime
ento inicial,,
quan
ndo retornarr a tempera
atura ambien
nte.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 10
Figura 2.5. Efeito da temperatura sobre as tensões na barra 2 (central) (Modenesi, 2001).
2.2.1
1. Tipos de
d tensões
s residuais
A Figura
a 2.6 ilustra como os diferentes
d tip
pos de tenssão se equiilibram de acordo
a com
m
os diiferentes co a. σMacro são
omprimentos de escala o Tipo I, σIIM
o tensões do M e σIIR são as tensões
s
ada pela intteração entrre as fases, e σIIIM são
do Tipo II causa o as tensõess do Tipo III no interiorr
da matriz.
m
Figu
ura 2.6. Tipo
os de tensões residuais de acordo
o com os differentes tip
pos de escala (Withers
& Badeshia,, 2001).
As do tiipo II ou microtensõe
m es são tens
sões residu
uais que esstão equilib
bradas noss
limite
es dos con
ntornos de um grão ou de grãos vizinhoss. Essas te
ensões oco
orrem pela
a
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 12
interação entre os grãos de uma mesma fase ou entre fases diferentes, ou ainda entre
partículas presentes no interior do material, como precipitados e inclusões, e a matriz. Assim
sendo, os níveis desse tipo de tensões são mais significativos em materiais que apresentam
microestruturas complexas, formadas por várias fases, ou nos que estão sujeitos a
transformações de fases.
Por fim, as tensões do tipo III ou submicrotensões são as tensões residuais que
estão equilibradas nos limites de uma, ou de algumas células unitárias. Estas tensões
originam-se pela coerência entre interfaces e campos de discordâncias.
Uma vez que a seção A-A não é afetada pelo aporte térmico, a tensão termicamente
induzida σx é zero. Ao longo da seção B-B, σx é próximo de zero na região abaixo da fonte
de calor, já que a poça de fusão não suporta carga. Em regiões longe da fonte de calor, as
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
a 13
TENSÃO = 0
S
SEÇÃO A-A
TRAÇÃO
ZONA FUNDID
DA
REGIÃO ONDE OC
CORRE COMPRESS
SÃO
DEFORMAÇÃO PLLÁSTICA
DURANTE A SOLD
DAGEM SEÇÃO B-B
SE
EÇÃO C-C
TENSÃO
RESIDUAL
S
SOLDA
S
SEÇÃO D-D
VARIAÇÃO DE ENSÃO σX
TE
TEMPERATURA
Fig
gura 2.7. Ilu
ustração esq
quemática das
d mudanças de temperatura e d
de tensão durante
d a
soldagem (Welding Handbook,
H 1
1987).
A Figura
a 2.8 mostra
a uma distribuição típic
ca de tensão
o residual e
em uma solda de topo..
A disstribuição das ais σy ao lo
d tensõess residuais longitudina ongo do com
mprimento da solda é
mosttrada na Figura
F 2.8b
b. Como pode ser viisto, as tensões de tração de magnitude
e
relatiivamente baixa
b são produzida
as na parrte central da solda
a, enquantto tensõess
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 14
compressivas são produzidas no final da solda. Se a contração lateral for restrita por
grampos, as tensões de tração, que são aproximadamente uniformes, serão adicionadas ao
longo do cordão, como tensões de reação. Esta restrição externa tem, contudo pouco efeito
em σx.
tração compressão
tração
solda
compressão
Metal Metal
base solda base
com restrição
externa
Figura 2.8. Distribuição típica de tensões residuais (a) transversais (σx) e (b) longitudinais
(σy) em soldas de topo (Kou, 2002).
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 15
a)
b)
Figura 2.9. Simulação e Medição das Tensões residuais em uma amostra soldada a) AISI
1020. b) AISI 1045. Cho & Kim (2002).
metal de solda
a Amostra RS 1
a) b) Amostraa RS 3
Tensão Residual (MPa)
Distância do centro da
d solda
c Amostra RS
c) R 2
Figu
ura 2.11. Disstribuição das tensões residuais superficiais
s para três am daptado de
mostras. Ad
Gao et al (1998).
3.
2.2.3 Efeito das tensõe
es residuaiis
As trinca
as constitue
em uma da
as principais fontes de
d falha em
m soldagem
m. Contudo,,
para que as trin
ncas se form
mem e se propagem,
p torna-se
t ne
ecessária a presença de
d um nívell
ado de tensões trativa
eleva as, da orde
em da tens
são de esco
oamento. S
Se o materiial trabalha
a
subm
metido a essforços dessta natureza
a, é necess
sária à min
nimização d
das tensões residuaiss
para evitar que
e durante a operação
o, as comb
binações entre
e as ten
nsões resid
duais e ass
tensõ
ões de trab
balho, atinja
am níveis capazes
c de
e promover a propagação de trincas, sendo
o
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
a 19
em alguns
a casos possíve
el o rompim
mento do material
m som
mente sob o efeito da
as tensõess
resid
duais, sem qualquer
q açção de força
as externas.
o F
Fissuração a quente
Na fissurração a que
ente, a com
mbinação de
e um determ
minado níve
el de tensõe
es residuaiss
trativvas com filmes líquidos intergra
anulares formados na
as etapas ffinais de solidificação
s o
devid
do à presen
nça de segrregações, resulta
r na fo
ormação de
e trincas qu
ue ocorrem a elevadass
temp
peraturas, geralmente
g p
próximas a temperaturra sólidus do material.
A Figura 2.12 mo
ostra a ap
parência típica de trrincas a quente ou trincas de
e
solidificação. Essse tipo de fissuração
o é facilmen
nte reconhe
ecido pelo ffato da trinc
ca formada
a
geralmente seg
guir a linha
a central do cordão de
d solda, a não ser em alguns
s casos de
e
agem com arco submerso, onde um tipo es
solda special de trinca
t a que
ente, cham
mado “dove--
wings” (Figura 2.12b)
2 pode
e aparecer (Svensson,
( 1993).
a)
b)
Fig
gura 2.12. Exemplos
E de
e Trincas de
e Solidificaç
ção. (a) Trin
nca típica alinhada ao centro do
cordão de solda
a em uma solda com arco submerrso. (b) “Dovve-wing” em m uma solda com arco o
submerso (Svens sson, 1993)).
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 20
o Trincas de solidificação
Onde USF significa unidade de sensibilidade à fissuração. Quando USF é maior que
30, então o risco de fissuração é grande, quando é menor que 10 o risco é pequeno
(Svensson, 1993).
A fissuração induzida por hidrogênio ou trinca a frio é outro tipo de fissuração comum
em componentes soldados e certamente um dos mais perigosos. A trinca acontece em
temperaturas abaixo de 200ºC e frequentemente ocorre dias após a operação de soldagem,
necessitando assim que inspeções tenham de esperar por volta de 48h para serem
executadas. Esse tipo de trinca é mais comum na zona afetada pelo calor (ZAC), perto da
linha de fusão, mas também pode ocorrer no metal de solda. Na ZAC, as trincas podem ser
tanto intergranular, seguindo os contornos de grão da austenita primária, quanto
transgranular. As trincas frequentemente nucleiam em pontos de altos níveis de tensão,
como na raiz, por exemplo.
• Pressença de te
ensões;
• Pressença de hidrogênio;
• Micrroestrutura frágil.
a) b)
b
Figu
ura 2.13. Triincas induzidas por hiddrogênio. a)) trinca interrgranular, sseguindo oss contornos
de grão
g da ausstenita primáária. b) seçã
ão longitudiinal atravéss do metal d de solda, moostrando a
propagação da a trinca em um ângulo de aproxim madamente 45º com a direção de soldagem
(
(Svensson, 1993).
O mecan
nismo exato
o para expliicar como o hidrogênio
o age juntam
mente com as tensõess
de fo
orma a indu
uzir uma trin
nca não é claro.
c A teoria original diz que os átomos de hidrogênio
o
difun
ndem para vazios com
mo micropo aces entre inclusões e a matriz
oros, interfa z, e outrass
desccontinuidade
es onde se combinam para forma
ar H2. A mo
olécula não pode difun
ndir e então
o
o hid
drogênio é aprisionado
a o, a menos que a molé
écula seja dissociada
d na superfíc
cie de onde
e
está aprisionad as pressões são acumuladas até que oco
da. Elevada orre uma espécie
e de
e
“expllosão” local que inicia a trinca. Embora
E esta
a teoria não
o explique todos os aspectos da
a
fissuração induzzida pelo hidrogênio, serve como um bom mo
odelo qualittativo.
fissuração pelo hidrogênio. A Equação 2.5 descrita por Hemsworth et al (1969) é muito
utilizada para o cálculo do carbono-equivalente.
Um critério simples, baseado na Equação 2.5, considera que, se CE < 0,4, o aço é
pouco sensível à fissuração e, se CE > 0,6, o material é fortemente sensível, exigindo
técnicas especiais de soldagem, por exemplo, o uso de processos de baixo nível de
hidrogênio e de preaquecimento, valores intermediários deste valor indicam uma
sensibilidade a fissuração moderada do material podendo o uso de preaquecimento ser
ainda necessário, no entanto, com temperaturas menores.
Outro tipo de falha é a corrosão sob tensão sendo a mesma uma das principais
preocupações nas indústrias químicas, petroquímicas e nucleares. Este tipo de corrosão
está associada à ação conjunta de tensões trativas, que podem ser residuais, e um meio
corrosivo, ocasionando fratura em um tempo mais curto do que a soma das ações isoladas
de tensão e de corrosão. Um dos principais problemas deste tipo de falha é que em alguns
casos ela pode ocorrer de forma completamente inesperada, uma vez que o mecanismo de
falha não apresenta perda considerável de massa e sim a nucleação e crescimento de
trincas.
A velocidade de pe
enetração de trincas intergranula
ares, sob a ação de tensões, é
maio
or em diverssas ordens de grandeza do que a penetração por ação puramente química..
Na maioria do
os casos, é observado através
s de experimentos, que a pen
netração é
desccontínua, co
onsistindo em períodoss alternados
s de corrosã
ão e fratura mecânica.
No caso
o transgranu ativamente o processo
ular, a presença de tensões modifica qualita o
de corrosão,
c re
esultando no aparecim
mento de um
ma modalid
dade de fra
atura que envolve
e um
m
meca
anismo de corrosão que não oco
orre na aus
sência de te
ensão. O fe
enômeno é observado
o
em liigas, e na grande
g maio na dos materiais susce
oria dos cassos a estruttura cristalin eptíveis é a
cúbicca de face
e centrada (CFC). A explicação do problema é partiicularmente
e difícil porr
requerer um mecanismo
m o que perm
mita o ap
parecimento
o de trinca
as em ma
ateriais de
e
nhecida ductilidade, co
recon omo: ligas de
d latão e alumínio.
a A Figura 2.15
5 mostra ex
xemplos de
e
trinca o fenômeno de corrosã
as transgranulares asssociadas ao ão sob tensã
ão.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 24
Figura 2.15. Trinca transgranular associada ao fenômeno de corrosão sob tensão (Kannan
et al, 2007).
Uma vez que as tensões residuais oriundas do ciclo térmico de soldagem não podem
ser evitadas, pelo fato de não existir soldagem a arco elétrico sem fusão e solidificação do
material soldado, torna-se necessário então lançar mão de estratégias que minimizem os
efeitos dessas tensões quando as mesmas forem indesejáveis.
Muitos são os métodos utilizados para alívio de tensões residuais, podendo ser
esses métodos classificados em dois grupos (Berezhnyts’kal, 2007):
• Métodos para minimizar o surgimento de tensões residuais;
• Métodos para aliviar as tensões residuais.
Os métodos para minimizar o surgimento de tensões residuais estão relacionados à
execução de medidas durante etapas anteriores a realização da operação de soldagem,
como a seqüência de deposição a ser utilizada, o projeto da junta e o tipo de chanfro
empregados, grau de restrição e fixação, consumível, utilização de preaquecimento, entre
outros. Estas medidas são melhor discutidas em um tópico posterior que trata de
procedimentos de soldagem.
Os métodos do segundo grupo são tratamentos realizados após a soldagem e que
utilizam a aplicação de carga ou elevação de temperatura, como no caso de tratamentos
térmicos pós-soldagem e deformação plástica superficial.
Visto que as tensões residuais em soldagem são, em parte, resultantes de
deformações não uniformes causadas pelo gradiente térmico, então uma redução no volume
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 25
• Métodos destrutivos;
• Métodos não destrutivos.
Esses dois grupos são melhor abordados nos tópicos seguintes.
o Método do furo-cego
4 e2 df
σ (e ) = − E
3 L2 de (Equação 2.6)
f – é a deflexão e,
o Método do seccionamento
Este método é bastante similar ao método da remoção de camadas. Mais uma vez, a
criação de superfícies livres permite deformação do componente. A Figura 2.17 mostra uma
ilustração esquematizada do método.
As tensões residuais são obtidas pela medição da abertura da chapa. Para o caso da
Figura 2.17a, a tensão longitudinal pode ser relacionada à abertura δ pela Equação 2.7 (Lu,
1996):
Etδ
σ 1=
2L (1 − υ 2 )
2 (Equação 2.7)
ν – é o coeficiente de Poisson;
t – é a espessura do componente.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 29
o Difração de raios-x
θ θ
hkl
AθθC
hkl
Bd
D F
hkl
E
supe
erfície de uma
u material policrista
alino, será difratado somente
s por alguns grãos com
m
orien
ntação favorrável, confo
orme é apre
esentado na
a Figura 2.19 (Silva, 20
006).
Figu
ura 2.19. Difração em material
m pollicristalino.
eriais policristalinos, co
Tais mate om grãos finos
f e livre
e de tensõe
es, possuem
m distância
a
interp
planar cara
acterística e invariante
e com a oriientação do
os grãos (F
Figura 2.20)). Contudo,,
para um material submetido a tensõ
ões, sejam elas aplica
adas ou ressiduais, oco
orrerá uma
a
ação na disstância interplanar, de
varia e acordo co
om a orienttação da fa
amília de planos e da
a
tensã
ão aplicada
a. Se uma te
ensão comp
pressiva é aplicada
a co
onforme mostrado na Figura
F 2.21,,
verifiica-se que para
p uma dada
d a de planos,, perpendicular à direçção da tensã
família ão (ψ=90º),,
à disstância interplanar d0 é reduzida em função
o da compre
essão caussada. Para grãos cuja
a
orien
ntação da mesma
m fam
mília de pla
anos se aprresenta incclinada em relação à direção de
e
nsão (90º > ψ > 0º), ve
apliccação da ten erifica-se que a distân
ncia interpla
anar vai aum
mentando à
mediida que o ângulo
â ψ dim
minui, devid
do a decom
mposição da
a tensão. A
Alem disso, o efeito de
e
Poissson també
ém contribu
ui para esssa variação
o. Para oss grãos cu
uja família de planoss
apressenta-se pa
aralela à direção de aplicação da
a tensão (ψ = 0º), veriffica-se uma
a expansão
o
do grão
g na dirreção perpe
endicular à direção da
d tensão, causada n
novamente pelo efeito
o
Poissson, fazend
do com que a distância
a interplanarr seja maiorr que d0.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 32
o Método sin2ψ
1 +ν ν
ε ϕ ,ψ = σ ϕ ⋅ sen 2ψ − (σ 1 + σ 2 )
E E (Equação 2.9)
E dε ϕ ,ψ
σϕ = ⋅
1 + ν dsen 2ψ (Equação 2.10)
d ϕ,ψ − d 0
εϕ,ψ =
d0
(
= −ctgθ0 θϕ,ψ − θ0 )
(Equação 2.11)
E ⋅ ctgθ 0 dθ ϕ ,ψ
σϕ = −
1 + ν dsen 2ψ (Equação 2.12)
dθ ϕ ,ψ dN
=K
dsen ψ 2
dsen 2ψ (Equação 2.13)
dN
σϕ = A (Equação 2.14)
dsen 2ψ
onde A é a constante que inclui todos os valores conhecidos da Equação 2.12, tais como o
módulo de elasticidade e o ângulo de difração.
A técnica de difração de raios-x utilizando o método sin2ψ pode ser considerada uma
boa ferramenta para medição de tensões residuais, aliando confiabilidade e facilidade de
medição, que juntamente com a não necessidade do conhecimento das características
estruturais do material analisado, na condição livre de tensões, proporcionado pelo método
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 34
UI
ES = η (Equação 2.15)
VS
η – é a eficiência térmica;
Contudo, deve-se tomar cuidado com as análises feitas tendo como base a energia
de soldagem, pois, nem sempre uma relação direta entre a mesma e seus efeitos na junta
pode ser encontrada, já que parâmetros como corrente e velocidade de soldagem afetam de
modo diferente a intensidade do arco e o rendimento térmico do processo. Desta forma,
mesmo utilizando valores de energias de soldagem iguais, é possível obter soldas com
características distintas do ponto de vista geométrico, através da variação individual dos
parâmetros de soldagem (corrente e velocidade). A Figura 2.22 ilustra esquematicamente
esse efeito.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 35
a) b)
a) b)
Figura 2.23. Fluxo de calor durante a soldagem de diferentes juntas. a) topo. b) ângulo.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 36
Muitos são os trabalhos que buscam um bom entendimento físico e matemático das
tensões residuais de soldagem (Withers & Bhadeshia 2001, Price 2008, Janosch 2008,
Taljat 1998, Cho 2002, Brown 2006), bem como suas consequências nas mais diversas
estruturas soldadas. Em chapas planas soldadas com um único passe a distribuição de
tensões residuais transversais já é bem conhecida (Welding Handbook 1987, Kou 2002,
ASM Handbook 1992), apresentando tensão trativa no metal de solda e compressiva na
zona afetada pelo calor (ZAC) e adjacências (Figura 2.8).
Superfície 1
Restrição
baixa
Profundidade (mm)
Restrição
elevada
Superfície 2
Tensão residual transversal (MPa)
Figura 2.24. Distribuição das tensões residuais transversais ao longo da espessura de uma
amostra soldada com multipasse (Leggatt 2008).
Cho (2004) e Lu (1994) mostram os perfis de tensão residual para juntas soldadas
com multipasse. A distribuição de tensões residuais transversais é modificada
completamente, quando comparado a soldagem com passe único, apresentando tensões
trativas na ZAC e compressivas no metal de solda. A Figura 2.25 mostra um perfil de
tensões residuais transversais onde esse comportamento é observado.
Tensão (MPa)
Metal de solda
Sobreposição
Lateral
Segunda camada
Primeira camada
Regiões não refinadas
Metal de solda
ZAC com granulação grosseira
ZAC com granulação fina
Região Intercrítica
Figura 2.26. Ilustração da técnica da dupla camada. (F) penetração da segunda camada. (A)
penetração da primeira camada. (H) altura média da primeira camada. (R) profundidade
refinada pela segunda camada. Adaptado de LANT et al, 2001.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica 40
AGUIAR (2001), usando a técnica da dupla camada, verificou que, para o aço ABNT
4140, tomando-se as adequadas relações de energia para cada deposição de metal, o grau
de refino da ZAC com granulação grosseira foi satisfatório e que os melhores resultados
foram obtidos com baixos aportes de energia na primeira camada, onde as relações de
energia de 6/6 e 6/10 kJ/cm foram as camadas utilizadas. O uso de uma elevada energia na
deposição da primeira camada promoveu um maior crescimento de grão, o que
comprometeu o refino pela segunda camada, prejudicando a tenacidade da junta.
Capítulo III
Materiais e Métodos
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Materiais e equipamentos
3.1.1. Metal de base e consumível de soldagem
Capítulo III – Materiais e Métodos
s 42
• fonte
e eletrônica
a para solda
agem;
• siste
ema de aqu
uisição de dados;
• conjjunto comp
posto por mesa
m para restrição da junta m
meio-V e sistema
s de
e
referência de ve
elocidade (Figura 3.1a
a);
• supo
orte de fixaçção e restrição para as
s juntas em X (Figura 3
3.1b);
• siste
ema de aqu
uecimento (maçarico,
( oxigênio
o e acetileno)
a e pirômetro de contato
o
com
m termopa
ar de cro
omel-alume
el para controle d
da tempe
eratura de
e
prea
aquecimento e da temp
peratura de interpasse (Figura 3.2
2).
referência de
e velocidade
mesa pa
ara restrição a) b)
a) b)
Fig
gura 3.2. a)) Preaquecimento da amostra
a a se
er soldada. b) controle
e de tempera
atura por
meio de
d pirômetroo de contato
o.
Capítulo III – Materiais e Métodos
s 43
3.1.2.2
2. Medição
o das Tensõ
ões Residu
uais
Para a medição
m dass Tensões Residuais,
R foram
f utiliza
ados os seg
guintes equipamentos:
• siste
ema de rem
moção de ca
amada por ataque
a eletrrolítico;
• difra
atômetro de
e raios-X portátil (Figura
a 3.3);
• conjjunto fonte de
d raios-x/m
mesa posiciionadora - UERJ
U (Figura 3.4).
3.1.2.3
3. Caracterrização Mic
croestruturral
Para a caracterizaç
c ção microestrutural os seguintes
s e
equipamento
os foram utilizados:
• lixad
deira e polittriz;
• micrroscópio ele
etrônico de varredura;
• micrrodurômetro
o de bancad
da.
Figura 3.3
3. Difratôme
etro de Raio
os-X portátil para medição de Ten
nsões Resid
duais.
Capítulo III – Materiais e Métodos
s 44
Fig
gura 3.4. Co
onjunto fonte de raios--x/mesa possicionadora
a (UERJ).
3.2. Metodo
ologia
Para um
ma maior organização
o o durante a execução deste tra
abalho, o mesmo foii
dividido em qua
atro etapas:
• E
Etapa 1 – Prreparação das
d juntas a serem soldadas;
• E
Etapa 2 – So
oldagem do
os corpos de prova;
• E
Etapa 3 – Medição
M das Tensões Residuais
R de
e Soldagem
m;
• E
Etapa 4 – Caracterização microesttrutural dass juntas.
O detalh
hamento desssas etapass é feito nos
s tópicos se
eguintes.
1.
3.2.1 Preparração das juntas a se
erem soldad
das
O Aço ASTM
A A516 Gr. 70 foi
f adquirido na forma
a de placa
as quadrada
as com ass
ensões de 1000
dime 1 x 100
00 x 38 mm
m. Sendo assim,
a foram
m confeccio
onados vintte e quatro
o
corpo
os de provva retangula
ares com dimensões
d de 110 x 80
8 x 38 mm
m. Desses corpos de
e
prova
a, dezoito amostras
a fo
oram chanffradas por fresagem,
f s
sendo seis amostras chanfradass
em “meio-V”
“ e doze amo
ostras chanfradas em “K” (Figura
a 3.5). A F
Figura 3.6 mostra um
m
dese
enho técnico
o dos chanffros confecccionados.
Capítulo III – Materiais e Métodos
s 45
a
a)
b)
a) b)
c
c)
2.
3.2.2 Soldag
gem dos Co
orpos de Prova
P
o dos chanfros, os co
Após a preparação orpos de prrova foram soldados utilizando
u o
proce
esso eletrodo revestido (Figura 3.7).
3 Uma vez
v que os consumíveis utilizados
s possuíam
m
revesstimento básico
b com opriedade higroscópica, todos os eletrodos foram
m forte pro m
Capítulo III – Materiais e Métodos
s 46
resse
ecados a 300°C duran
nte 2h e arm
mazenados
s em estufa
a a 125°C, ttais parâme
etros foram
m
indiccados pelo fabricante
f p meio de
por e catálogo. Foram sold
dadas doze juntas com
m dois tiposs
de co
onfiguração
o (meio V e X) e cinco tipos de energia de so
oldagem. A Figura 3.8 mostra um
m
dese
enho esque
emático dass juntas pre
eparadas para
p soldag
gem. Em to
odas as soldagens oss
dado
os de corrrente e de
e tensão de
d soldagem foram adquiridos
a e a temperatura de
e
preaquecimento
o e de interp
passe foi de
e 150°C.
a
a) b)
b
Fig
gura 3.8. De
esenho esq d juntas preparadas para
quemático das p soldag
gem. a) meiio-V. b) X
As energ
gias de sold
dagem fora
am aplicada
as em três níveis:
n 8, 10 e 12 kJ/c
cm. A partirr
da energia de 10
1 kJ/cm, o valor de corrente
c de soldagem foi variado
o, enquanto o valor da
a
veloccidade de soldagem
s oi mantido constante (20
fo ( cm/min). Deste mo
odo, foram obtidos oss
Capítulo III – Materiais e Métodos 47
Como pode ser visto na Tabela 3.4, duas amostras (11 e 12) foram soldadas
utilizando-se a técnica da dupla camada, de modo a verificar a eficiência da técnica em
relação a refinamento e revenimento microestrutural da ZAC, bem como avaliar sua
influência sobre a distribuição de tensões residuais finais da junta. Tais amostras
primeiramente passaram pelo processo de amanteigamento de suas faces e só então foram
soldadas utilizando os parâmetros de soldagem de referência (10 kJ/cm, 165 A e 20
cm/min). Os parâmetros empregados para o amanteigamento (Tabela 3.5) foram adquiridos
através de trabalhos anteriores que se basearam no teste de Higuchi e no teste de Higuchi
modificado para obtenção dos mesmos (Relatório Técnico Engesolda, 2008). Durante todo o
processo de amanteigamento a tensão de soldagem foi mantida em 24 V. A Figura 3.9
mostra o amanteigamento das amostras soldadas com dupla camada.
Capítulo III – Materiais e Métodos
s 48
Tab
bela 3.5. Pa
arâmetros de
d soldagem
m utilizados
s durante o amanteigam
mento dos corpos
c de
prova solldados com
m dupla cam
mada.
Diâmetro dod nte
Corren Velocid
dade Energgia
Camada
a
eletrodo(mmm) (A) (cm/m
min) (kJ/cm
m)
1º 3,25 80 24 4,8
2º 4,0 150 36 6,0
a) b)
c) d)
e) f)
eigamento as amostra
Após o processo de amante as foram ssoldadas utilizando
u o
mesm
mo proced
dimento d
das demaiis amostra
as, ou seja, mesm
mos parâm
metros de
e
Capítulo III – Materiais e Métodos
s 49
preaquecimento
o, de tempe
eratura de interpasse e sistemas de restrição
o das juntas. A Figura
a
3.10 apresenta a Amostra 11 preparad
da para soldagem.
Figura
a 3.10. Amo
ostra 11 pre
eparada parra soldagem
m.
Todas as
a juntas com
c chanffro em me m soldadas com uma
eio-V foram a completa
a
restrição, por meio de uma
a mesa de restrição,
r vis
sta na Figura 3.1a. Assim, foi garrantida uma
a
maio
or aproximação da condição real de
d soldagen
ns em camp
po, onde a jjunta faz pa
arte de uma
a
estru
utura bem maior
m e pe
esada, que promove um
u alto gra
au de restrição à solda. Para ass
amosstras chanfrradas em X foi constru
uído um sup
porte especcial (Figura 3.1b), de maneira
m que
e
durante a solda
agem os passes apliccados fosse
em executa
ados de forma alterna
ada, o que
e
ns autores (WELDING
algun G HANDBO
OOK, 1987) descrevem como um bom pro
ocedimento
o
para minimizar as tensõess residuais e distorção
o. A Figura 3.11 mostrra uma representação
o
esqu a execução dos passess na amostrra chanfrada
uemática da a em X.
F
Figura 3.11. Execução dos passes
s na amostrra chanfrada
a em X.
Capítulo III – Materiais e Métodos 50
Figura 3.12. Disposição dos pontos onde foi feita a medição de tensões residuais na junta
chanfrada em meio-V.
Capítulo III – Materiais e Métodos 51
Figura 3.13. Disposição dos pontos onde foi feita a medição de tensões residuais na junta
chanfrada em meio-X.
Por problemas técnicos na fonte de raios-x, outro sistema de medição, composto por
fonte e sistema de posicionamento foi utilizado (Figura 3.3c), mantendo o mesmo detetor.
Foram feitas medições em pontos já medidos pelo sistema anterior que confirmaram os
resultados obtidos e validaram a utilização do novo sistema.
Capítulo III – Materiais e Métodos
s 52
θ ψ
θ
Figura 3.14
4. Montagem
m do difratô
ômetro na amostra ana
alisada.
Capítulo III – Materiais e Métodos
s 53
3.2.4
4. Caractterização Microestrut
M ural
As regiõ
ões analisad
das foram lixadas
l utilizando lixass com gran
nulometria de
d 80, 100,,
220, 320, 400, 600 e 1200. Depois de
d lixadas as amostra
as foram en
ntão polidas
s utilizando
o
pasta
as de 3µ, 1µ e 1/4µ e finalmente foram atac
cadas quimicamente u
utilizando um
ma solução
o
de Nital 5%.
a)
b))
Capítulo IV
Resultados e Discussão
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Determinação da posição do pico difratado
1000
Intensidade de Raios –X (pulsos)
800
Intensidade de Raios-X
600
400
200
−( x − xc )2
Gauss → y = y 0 + Ae 2w 2
(Equação 4.1)
2A w
Lorentz → y = y 0 +
π 4( x − x c )2 + w 2 (Equação 4.2)
1/ mu − mu
2 mue( Γ(2 −1)) ⎡ 21/ mu − 1 ⎤
PearsonVII → y = A ⎢1+ 4 ( x − xc )2 ⎥
π e( Γ( mu −0.5)) ⎢⎣ w 2
⎥⎦ (Equação 4.3)
⎡ 2w 4ln2 w 2
4ln2( x − x )2 ⎤
c
Psd − Voigt → y = y 0 + A ⎢mu + (1− mu ) e ⎥
⎢
⎣
π 4( x − xc )2 + w 2 πw ⎥ (Equação 4.4)
⎦
∞ 2
2ln2 w e −t
Voigt → y = y 0 + A 3 / 2 L2 ∫ dt
π wG −∞ ⎛ w ⎞ ⎛
2
x − xc ⎞
2
⎜ ln2 L ⎟ + ⎜ 4ln2 −t ⎟
⎜ ⎟
wG ⎠ ⎝ ⎜ wG ⎟ (Equação 4.5)
⎝ ⎠
As cinco funções foram utilizadas nas curvas obtidas para duas Amostras (01 e 03),
que foram escolhidas por possuírem os extremos de energia (8 kJ/cm e 12 kJ/cm) e por
essas energias terem sido conseguidas através de uma velocidade de soldagem constante
e uma variação na corrente de soldagem. Magalhães (2008) afirma que a corrente de
soldagem é o parâmetro que mais influencia, considerando níveis de energia de soldagem
semelhantes, em algumas propriedades finais da solda, como a diluição por exemplo.
Intensidade de Raios-X
800 800
600 600
400 400
200 200
0 0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
Intensidade de Raios-X
Intensidade de Raios-X
800
800
600
600
400
400
200
200
0
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
800
600
400
200
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
Canal do detetor
Figura 4.2. Interpolação da curva de intensidade de Raios-X para o ponto 19 0° da Amostra
1 utilizando: a) Gauss, b) Lorentz, c) Pearson VII, d) PsdVoigt e e) Voigt.
Para todos os pontos analisados, todas as funções interpolaram com eficiência
mínima de 90% a curva experimental. As funções que apresentaram melhores resultados
foram Lorentz e Voigt com eficiência de interpolação variando entre 97% e 99% para a
grande maioria das amostras.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 57
450
a) 450
b)
400 Gauss 400 Lorentz
Intensidade de Raios-X
Intensidade de Raios-X
350 350
300 300
250 250
200 200
150 150
100 100
50 50
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200
Canal do detetor Canal do detetor
450
c) 450
d)
400 Pearson VII 400 PsdVoigt
Intensidade de Raios-X
Intensidade de Raios-X
350 350
300 300
250 250
200 200
150 150
100 100
50 50
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200
Canal do detetor Canal do detetor
450
e)
400 Voigt
Intensidade de Raios-X
350
300
250
200
150
100
50
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200
Canal do detetor
Figura 4.3. Interpolação da curva de intensidade de Raios-X para o ponto 8 50° da Amostra
3 utilizando: a) Gauss, b) Lorentz, c) Pearson VII, d) PsdVoigt e e) Voigt.
Dessa fo
orma, de acordo
a com
m os resulta
ados obtido
os optou-se
e por utiliza
ar a função
o
Voigtt para a inte
erpolação das
d curvas de intensidade de raio
os-x subseq
quentes. Es
ssa escolha
a
foi fe
eita devido a uma maio
or estabilida
ade da funçã
ão Voigt, um
ma vez que
e a mesma apresentou
u
uma eficiência de interpo
olação elevvada para todos os pontos ana
alisados prreviamente..
Alguns autoress optaram também por essa função de
e interpola
ação alegando maiorr
confiiabilidade e menor disp
persão de resultados
r (Fry,
( 2002).. Vale salien
ntar que os valores de
e
tensã
ão residual calculados para as divversas funç
ções utilizad
das não dife
eriram muito
o de função
o
para função, como pode se
er visto na Figura
F 4.4 e Figura 4.5
5, que mosttram a distriibuição dass
ões residua
tensõ ais para as amostras
a 01 e 03, resp
pectivamentte.
Distrib
buição das tensões re
esiduais pa
ara a amostra 01.
8 kJ/cm
m / Tipo I
As tensõ
ões residua
ais normais,, segundo a teoria clásssica de an
nálise de te
ensões pelo
o
odo sen2ψ, são calcu
méto a curva d x sen2ψ e a tensão
uladas utilizzando a inclinação da o
cisalhante oriun
nda do efeitto chamado
o “ψ-splitting
g” (Noyan & Cohen, 1
1987). No entanto,
e em
m
ns trabalho
algun os (Silva 20
006, Oliveirra 2006, Cruz
C 2006, Costa 200
07, Cardoso
o 2007) ass
tensõ
ões residua
ais cisalhan
ntes não sã
ão contabiliz
zadas para
a o cálculo das tensõe
es normais..
Tal aproximaçã
a o pode serr feita para análises onde o gráfico d x sen2ψ constitui uma reta,,
onde
e as tensõe
es cisalhanttes são mín
nimas e não influencia
am os valorres de tens
são normal..
Esse
e comportam
mento foi en
ncontrado em
e todas as
s amostras chanfradass em meio-V
V. A Figura
a
4.6 mostra currvas de d x sen2ψ para um mesmo
m ponto analisa
ado, onde em a) foii
descconsiderado
o o efeito das tensõess cisalhante
es para cálcculo da tenssão normall, enquanto
o
para b) o efeito das tensõe
es cisalhante
es foi considerado.
Capítulo IV
V – Resultado
os e Discuss
são 60
Tensão Norm
mal: -43,7 ± 13
3,0 MPa a)
Tensão Norm
mal: -47,0 ± 244,6 MPa
b)
Tensão Cisallhante: 2,2 ± 14,0
1 MPa
F
Figura 4.6. Curvas d x sen2ψ para
a um mesmo ponto ana alisado. a) T
Tensão cisa
alhante
dessconsiderad
da. b) Tensã
ão cisalhantte considera
ada. Chanfrro meio-V.
Pode se
er visto acim
ma, a aproxximação utillizada desccartando a ttensão cisa
alhante não
o
enciou de forma
influe f significativa o valor
v de te
ensão norm
mal calculad
da, já que o valor de
e
tensã
ão cisalhan ado é pequeno (2,2 MPa). Nota-sse também que a segunda curva
nte encontra a
que aparece em
m b) (referrente a tensão cisalha
ante) está bem próxim
ma da reta de tensão
o
mal. Em parrágrafos po
norm osteriores pode-se
p verr que um maior
m distan
nciamento entre
e essass
curva
as implica em
e um nível maior de tensão
t cisalhante.
Tensão No
ormal: -105,7 ± 87,1 MPa a)
Tensão No
ormal: 94,2 ± 13,5
1 MPa
b)
Tensão Cisallhante: -133,3 ± 7,7 MPa
F
Figura 4.7. Curvas d x sen2ψ paraa um mesmo ponto ana alisado. a) T
Tensão cisa
alhante
d
desconsiderrada. b) Ten
nsão cisalhante consid
derada. Cha anfro X.
Uma po
ossível expllicação parra este res
sultado consiste em u
um prováve
el alívio de
e
tensõ
ões (norma
ais e cisalha
antes) causa
ado por mic
crodeformações plásticcas geradas
s durante a
solda
agem das juntas ch
hanfradas em
e meio-V
V, o que diminuiria considerav
velmente a
magn
nitude das tensões ge
eradas e ate
enuaria o effeito das tensões cisallhantes no cálculo
c dass
tensõ
ões residua
ais destas amostras, co
omo foi mos
strado na Figura 4.6.
No caso
o das amosstras chanffradas em X, esse efeito de alívio de ten
nsões seria
a
basta
ante reduzid
do, já que o procedime
ento de sold
dagem utilizzado para e
estas amosttras adotou
u
a aplicação alte
ernada dos passes de
e soldagem de forma a minimizar efeitos de
e distorção..
Capítulo IV – Resultados e Discussão 62
Como resultado disto, as tensões cisalhantes geradas influenciariam de forma bem mais
profunda o cálculo das tensões residuais para este grupo de amostras.
Deve-se deixar claro também que, os pontos calculados, que apresentaram erro
maior ou igual a 50 MPa ou que mostraram um ajuste demasiadamente fora dos perfis
levantados, foram submetidos a novas medições em posições ligeiramente deslocadas dos
pontos de medição originais de forma a buscar regiões com melhores condições para a
medição (regiões com menor quantidade de defeitos estruturais, por exemplo), tendo esses
em todos os casos seu valor de tensão residual modificado e seu erro diminuído. Sendo
assim, como todos os pontos analisados obtiveram erros menores que o aceitável na
literatura para o método utilizado (50 MPa) (Noyan & Cohen, 1987), os mesmos não foram
traçados nos perfis de tensão residual e somente os valores médios foram considerados,
essa escolha foi tomada de modo a não deixar os gráficos sobrecarregados e facilitar a
visualização dos mesmos pelo leitor.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 63
4.3. Tensões Residuais
4.3.1. Efeito da Soldagem Multipasse
50
-50
-100
Superfície
Raiz
CR
-150
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
50
-50
-100
Superfície
Raiz
CR
-150
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
50
-50
-100
Superfície
Raiz
CR
-150
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
Figura 4.10. Distribuição das Tensões Residuais na Amostra 03.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 65
Distribuição das Tensões Residuais na Amostra 04.
150
8 kJ/cm
165 A
Metal de Solda
250 mm/min
100
chanfro meio-V
Tensão Residual (MPa)
50
-50
-100
Superfície
Raiz
CR
-150
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
50
-50
-100
Superfície
CR
-150
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
100
Tensão Residual (MPa)
-100
-200
Superfície
CR
100
Tensão Residual (MPa)
-100
-200 Superfície
CR
100
Tensão Residual (MPa)
-100
-200 Superfície 1
Superfície 2
CR
Como pode ser visto na Figura 4.15, foram levantados perfis de tensões residuais
nas duas superfícies da Amostra 08 (chanfrada em X) de modo a verificar a semelhança
Capítulo IV – Resultados e Discussão 68
entre estes perfis relacionada com a simetria da junta. Como estão apresentados, os perfis
levantados mostraram – se bastante semelhantes não sendo necessário o levantamento do
perfil de tensões residuais na superfície oposta das demais amostras chanfradas em X.
100
Tensão Residual (MPa)
-100
-200 Superfície
CR
Pode ser notada ainda nos perfis apresentados uma irregularidade na distribuição
dos pontos de tensão residual o que é descrito por Lee (2003) e Shim et al (1992) como um
comportamento característico de amostras soldadas com multipasse, provavelmente
causada pela sobreposição das tensões geradas por cada passe aplicado.
Devido a diversos fenômenos exclusivos ao metal de solda, como por exemplo:
fusão de material, fenômenos físicos (convecção na poça de fusão), estruturas brutas de
solidificação e transformações de fase variadas, a geração das tensões residuais de
soldagem nessa região é mais complexa, mudando completamente o padrão esperado de
um resultado simplesmente relacionado à contração durante o resfriamento. Vários
fenômenos podem estar relacionados a essa diferença de padrão, entre eles tem-se:
transformações martensíticas, bainíticas, de ferrita acicular, de ferrita de Widmanstätten,
alívio de tensões residuais anteriores por meio de passes subsequentes e durante o estado
líquido de um cordão aplicado, e até tensões de equilíbrio geradas durante o resfriamento
da ZAC.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 69
Distribuição das Tensões Residuais na Amostra 10.
200
Metal de Solda
100
Tensão Residual (MPa)
-100
12 kJ/cm
165 A
-200 170 mm/min
chanfro X
No entanto, se cada cordão de solda aplicado durante uma soldagem multipasse for
avaliado como formado por um conjunto de pequenos elementos interligados por molas
(Figura 4.18a), poder-se-á imaginar que, durante o resfriamento, os elementos das
extremidades resfriarão mais rapidamente que os do centro, devido à diferença de gradiente
térmico ao longo do cordão, desta forma, o maior nível de restrição seria aplicado aos
elementos das extremidades, ficando os elementos da região central mais “livres” durante a
contração.
a)
b)
c)
Aliado ao efeito suposto na Figura 4.18, outros fenômenos podem contribuir para o
entendimento da presença de tensões residuais compressivas no metal de solda. Durante o
enchimento de uma junta de espessura considerável por meio de vários passes, o ângulo de
abertura do chanfro juntamente com as tensões térmicas de contração tendem a fletir a
junta causando distorção (no caso de soldagem sem restrição - Figura 4.19a) WITHERS &
BHADESHIA (2001).
Sendo assim, por mais que em escalas bem pequenas, durante a soldagem das
amostras chanfradas em meio-v, pequenas distorções angulares podem ter ocorrido ao
longo da junta, o que pode ter resultado na formação de tensões residuais compressivas na
superfície de enchimento do metal de solda (Figura 4.19b), causadas por microdeformações
oriundas da flexão causada durante a suposta distorção gerada pelas tensões térmicas e
pelo ângulo de abertura do chanfro.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 71
Desta forma, devido à mesma suposta flexão comentada no parágrafo anterior,
tensões residuais trativas seriam geradas na superfície inferior da amostra (raiz), esse
comportamento foi observado nas amostras chanfradas em meio-V utilizadas nesse
trabalho, onde como já foi citado anteriormente, tensões residuais trativas (principalmente
nos pontos centrais) foram geradas na raiz das amostras analisadas (Figura 4.8 a Figura
4.11). Vale salientar que o nível de tensão residual médio na amostra de aço ASTM A516
Gr70 como recebida, está mostrada nos gráficos de distribuição de tensões residuais das
amostras (Figura 4.8 a Figura 4.17) e possui caráter compressivo (-35,3 MPa) o que revela
que as tensões trativas encontradas na raiz das amostras são resultado de algum fenômeno
externo, podendo esse fenômeno estar relacionado a combinação dos efeitos de contração
durante o resfriamento e do o suposto esforço de flexão aqui levantado.
a)
b)
‐
+
Figura 4.19. Soldagem com chanfro em V que favorece a flexão na amostra soldada. a) sem
restrição. b) com restrição.
Contudo, ao mesmo tempo em que essa suposta flexão pode induzir tensões
residuais compressivas na superfície da amostra e trativas na raiz da solda, a mesma pode
aliviar tensões previamente geradas a cada aplicação de um passe de soldagem, através de
deformações plásticas oriundas dessa flexão. Dessa forma, tensões residuais de baixa
magnitude seriam formadas tanto na raiz quanto na superfície da amostra. Na raiz esse
efeito foi observado. Contudo, nas superfícies da maioria das amostras chanfradas em
meio-V as tensões residuais geradas foram de magnitude bem superior. Para explicar essa
adição de tensões residuais compressivas, uma fonte de tensões bem conhecida (Park et al
(2004), Withers & Bhadeshia (2001), Porter & Easterling (1991), Cho & Kim (2002)) e não
desprezível é lembrada: as transformações de fases adifusionais.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 72
No Tópico 2.2.2.3. do Capítulo II desse trabalho foi abordada a influência das
transformações de fase adifusionais sobre o nível de tensões residuais final no metal de
solda das juntas soldadas. Como foi visto, transformações adifusionais como: martensita,
bainita, ferrita de Widmänstatten e até ferrita acicular acarretam em níveis de tensões
residuais compressivos no metal de solda de aços transformáveis, devido à expansão de
volume associada com essas transformações, além das tensões de cisalhamento geradas
durante a transformação.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 73
4.3.2. Efeito da Energia de Soldagem
20
0
-20
-40
-60
-80
-100 8 kJ/cm
130 A
-120
10 kJ/cm
-140 165 A
12 kJ/cm
-160
200 A
-180
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
Figura 4.20. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com diferentes energias e
mesmo valor de velocidade de soldagem em amostras chanfradas em meio-V.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 74
Distribuição das Tensões Residuais na amostras
soldadas com variação na corrente de soldagem.
250
20 cm/min
200 X
100
Tensão Residual (MPa)
50
-50
-100
8 kJ/cm
-150 130 A
10 kJ/cm
165 A
-200
12 kJ/cm
200 A
-250
-40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
Figura 4.21. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com diferentes energias e
mesmo valor de velocidade de soldagem em amostras chanfradas em X.
Distribução das Tensões Residuais nas amostras
soldadas com variação na velocidade de soldagem.
150
165A
meio-V
100
Metal de Solda
50
Tensão Residual (MPa)
-50
-100 8 kJ/cm
25 cm/min
10 kJ/cm
-150 20 cm/min
12 kJ/cm
17 cm/min
-200
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
Figura 4.22. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com diferentes energias e
mesmo valor de corrente de soldagem em amostras chanfradas em meio-V.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 75
Distribução das Tensões Residuais nas amostras
soldadas com variação na velocidade de soldagem.
300
165A
X
Metal de Solda
200
Tensão Residual (MPa)
100
-100
8 kJ/cm
25 cm/min
-200 10 kJ/cm
20 cm/min
12 kJ/cm
17 cm/min
-300
-40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
Figura 4.23. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com diferentes energias e
mesmo valor de corrente de soldagem em amostras chanfradas em X.
Para tais análises, optou-se por excluir dos dados estatísticos os fornecidos pela
amostras 06 e 10. O motivo dessa exclusão ocorreu pelo fato das mesmas, apesar de
apresentarem perfis similares às demais, apresentarem magnitude de suas tensões
demasiadamente elevadas e bem diferentes das apresentadas pelas demais amostras
chanfradas em X. Tais inconsistências foram provavelmente ocasionadas por problemas no
sistema de medição durante a análise destas amostras. Sendo assim, algumas das análises
mostradas abaixo são feitas com base apenas nos dados obtidos para as amostras
chanfradas em meio-V, o que não prejudica a realização das mesmas, já que as análises de
energia, corrente e velocidade de soldagem independem do tipo de chanfro empregado.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 76
Influência da energia de soldagem sobre o nível
de tensão residual máximo no metal de solda.
-40
-50
-60
Tensão Residual (MPa)
-70
-80
-90
-100
-110
-120
-130
8 10 12
Figura 4.24. Influência da energia de soldagem de forma isolada sobre o nível de tensão
residual máximo no metal de solda das amostras chanfradas em meio-V.
90
80
Tensão Residual (MPa)
70
60
50
40
30
20
10
0
8 10 12
Figura 4.25. Influência da energia de soldagem de forma isolada sobre o nível de tensão
residual máximo na ZAC das amostras chanfradas em meio-V.
100
Tensão Residual (MPa)
50
-50
-100
Tipo I
Tipo V
-150
8 10 12 8 10 12
Energia de Soldagem (kJ/cm) Energia de Soldagem (kJ/cm)
Metal de Solda ZAC
Localização
Uma possível explicação para o resultado mostrado na Figura 4.24 e Figura 4.25
consiste na hipótese de um efeito de compensação entre os extremos de energia.
Para outro grupo de amostras a energia de soldagem utilizada foi de 12 kJ/cm que
produz maiores expansões e contrações, gradientes térmicos e velocidades de resfriamento
menores que fornecem tempos maiores de resfriamento e facilitam o alívio de tensões
residuais modificando completamente a distribuição de tensões residuais presentes na junta.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 78
Tais efeitos combinados podem resultar nessa compensação de tensões, o que pode
acarretar em um nível de energia intermediária que apresenta melhores resultados, nesse
caso 10 kJ/cm.
a)
-50
Tensão Residual (MPa)
-60
-70
-80
-90
-100
-110
I V
65
b)
60
Tensão Residual (MPa)
55
50
45
40
35
30
25
I V
Nas regiões compreendidas pela ZAC essa tendência de relação entre técnica da
energia e tensão residual máxima foi menor, podendo ser observado que a técnica Tipo I
apresentou novamente uma tendência de aumentar o nível de tensões residuais máximos
(agora trativos) na ZAC quando comparado a técnica Tipo V, que novamente resultou em
níveis menores de tensão residual compressiva.
Essa tendência é comprovada estatisticamente na Figura 4.26, onde pode ser notado
que embora a energia de soldagem de 12 kJ/cm apresente diferenças maiores nos valores
máximos de tensão residual no metal de solda para os diferentes tipos de variação
empregados (Tipo I e Tipo V), a energia de 8 kJ/cm também apresenta diferença
significativa nos níveis de tensões residuais resultantes entre os tipos de variação
empregados. Deve-se lembrar que a energia de 10 kJ/cm foi tomada como a energia de
referência não possuindo parâmetros distintos de corrente e velocidade de soldagem e
obviamente não podendo ser levada em conta para análise da técnica da energia.
Pode ser visto ainda na Figura 4.26 que a curva de tensão máxima no metal de solda
com variação na corrente de soldagem (símbolo redondo) possui comportamento distinto da
curva com variação na velocidade de soldagem (símbolo quadrado). É notável que, do ponto
de vista estatístico, a curva com variação na corrente de soldagem (e velocidade de
soldagem constante) não apresenta variação significativa no valor de tensão residual
resultante, independente do valor de energia empregado, o que já era esperado devido ao
comportamento das curvas de distribuição de tensões residuais para este grupo de
amostras mostrados na Figura 4.20 e Figura 4.21.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 81
Tabela 4.1. Efeito dos parâmetros de soldagem sobre a estrutura do metal de solda,
adaptação (Savage 1968).
Velocidade de
150 A 300 A 450 A
soldagem
Celular dendrítica
0,85 mm/s Celular Celular dendrítica
grosseira
Celular dendrítica Celular dendrítica
1,69 mm/s Celular
fina grosseira
Celular, pouca
3,39 mm/s Celular fina Muita mordedura
mordedura
6,77 mm/s Celular muito fina Celular, mordedura Muita mordedura
Pode ser visto também na Figura 4.28 que, como já era esperado pelos resultados
que foram apresentados, um mesmo valor de energia de soldagem (8 kJ/cm), com valores
de corrente e de velocidade de soldagem diferentes, resulta em perfis de tensões residuais
distintos. Onde, principalmente no metal de solda, níveis de tensão residual diferentes são
encontrados, sendo essa diferença oriunda da variação dos valores de corrente e,
principalmente, da velocidade de soldagem, já que o aporte térmico gerado é o mesmo.
80
Metal de solda
60
40
Tensão Residual (MPa)
20
-20
-40
-60
-80
-100 Tipo I
-120
Tipo V
-140
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
Figura 4.28. Perfis de tensões residuais para amostras soldadas com energia de 8 kJ/cm
para diferentes técnicas da energia empregadas em amostras chanfradas em meio-V.
A Figura 4.29 confirma o resultado acima citado, onde para outra energia de
soldagem (12 kJ/cm), valores de corrente e velocidade distintos geraram perfis com valores
de tensão residual diferentes principalmente no metal de solda. Tal resultado mostra a
Capítulo IV – Resultados e Discussão 82
importância da escolha correta dos parâmetros de energia (corrente e velocidade de
soldagem), e o erro que se comete ao imaginar que o aporte térmico gerado pela energia de
soldagem é o único fator a influenciar o estado final de tensões residuais em determinada
junta soldada. Esse erro se torna mais grave ainda, pois segundo os resultados descritos e
comentados, a velocidade de soldagem é o parâmetro que influencia mais fortemente o
estado final de tensões da junta e na prática é o parâmetro que recebe menos atenção,
principalmente em processos manuais de soldagem, onde, a velocidade é aquela que
possibilita um maior conforto ao soldador, sendo essa em muitos casos, determinada de
forma arbitrária pelo mesmo.
100
80 Metal de solda
60
Tensão Residual (MPa)
40
20
0
-20
-40
-60
-80
-100
-120 Tipo I
-140
Tipo V
-160
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
Figura 4.29. Perfis de tensões residuais para amostras soldadas com energia de 15 kJ/cm
para diferentes técnicas da energia empregadas em amostras chanfradas em X.
Outra vertente para a análise da influência desses parâmetros seria a relação entre
os mesmos e a geometria final e a quantidade de metal depositado dos cordões de solda
produzidos. A corrente, por exemplo, está diretamente relacionada à penetração do cordão
de solda, enquanto a velocidade de soldagem possui menor efeito.
Partindo, por exemplo, do parâmetro de referência utilizado neste trabalho (10 kJ/cm,
165 A e 20 cm/min), ao se aumentar a energia de soldagem através da variação da corrente
ou através do decréscimo do valor de velocidade de soldagem a quantidade de material
depositado por cada passe também aumenta. Desta forma, maiores quantidades de material
Capítulo IV – Resultados e Discussão 83
depositado poderão gerar maiores níveis de contração e, consequentemente, níveis maiores
de tensões residuais no metal de solda.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 84
4.3.3. Efeito do tipo de chanfro
Como pode ser visto, a soldagem de juntas chanfradas em “X” resultou em uma
distribuição de tensões residuais de ordem superior ao das juntas chanfradas em “meio-V”,
tanto na região trativa, quanto na região compressiva. Além disso, pode ser visto que
enquanto as amostras chanfradas em X apresentaram picos incisivos tanto de tensões
compressivas (no metal de solda) quanto de trativas (na ZAC), as amostras chanfradas em
meio-V apresentaram distribuição de tensões residuais relativamente uniformes.
50
Tensão Residual (MPa)
-50
-100
-150
meio-V
X
-200
MB ZAC ZAC MS MS ZAC ZAC MB
Localização
Figura 4.30. Perfis de tensões residuais em amostras soldadas com os mesmos parâmetros
e tipos de chanfro diferentes. 8 kJ/cm.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 85
Distribuição das tensões residuais em amostras
soldadas com energia de 8 kJ/cm.
250
130 A
200 20 cm/min
150
Metal de solda
100
Tensão Residual (MPa)
50
-50
-100
-150
-200
meio-V
X
-250
MB ZAC ZAC MS MS ZAC ZAC MB
Localização
Figura 4.31. Perfis de tensões residuais em amostras soldadas com os mesmos parâmetros
e tipos de chanfro diferentes. 8 kJ/cm.
Distribuição das tensões residuais em amostras
soldadas com energia de 10 kJ/cm.
150
165 A
20 cm/min
100 Metal de solda
50
Tensão Residual (MPa)
-50
-100
-150
meio-V
X
-200
MB ZAC ZAC MS MS ZAC ZAC MB
Localização
Figura 4.32. Perfis de tensões residuais em amostras soldadas com os mesmos parâmetros
e tipos de chanfro diferentes. 10 kJ/cm.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 86
A AWS (1987) descreve a utilização de chanfros duplos (duplo V ou X, duplo U, entre
outros) como forma de melhorar o projeto da junta e minimizar distorções. Tal conselho é
pertinente e se torna eficaz para diminuição da distorção resultante, dependendo da escolha
da sequência de aplicação dos passes de soldagem. No entanto, de acordo com os
resultados mostrados, percebe-se que ao se utilizar um chanfro duplo, níveis de tensões
residuais da ordem de 150 MPa surgem na zona afetada pelo calor dessa junta, o que
aliado a possíveis transformações de fase que fragilizem a microestrutura ali presente
podem gerar sérios problemas a junta. Estas tensões residuais trativas são acompanhadas
de tensões residuais compressivas no metal de solda da ordem de -200 MPa.
50
-50
-100
-150
-200
meio-V
X
-250
MB ZAC ZAC MS MS ZAC ZAC MB
Localização
Figura 4.33. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com os mesmos
parâmetros e tipos de chanfro diferentes. 12 kJ/cm.
A Figura 4.35 mostra o efeito do tipo de chanfro empregado sobre o nível de tensões
residuais resultantes no metal de solda e na ZAC, desconsiderando o efeito da diferença
dos aportes térmicos causada pelas diferentes energias utilizadas.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 87
Distribuição das Tensões Residuais em amostras
soldadas com energia de 12 kJ/cm.
300
165A
Metal de Solda 17 cm/min
200
Tensão Residual (MPa)
100
-100
-200
meio-V
X
-300
MB ZAC ZAC MS MS ZAC ZAC MB
Localização
Figura 4.34. Perfis de Tensões Residuais em amostras soldadas com os mesmos
parâmetros e tipos de chanfro diferentes. 12 kJ/cm.
100
Tensão Residual (MPa)
50
-50
-100
-150
Metal de solda
ZAC
-200
meioV X
Figura 4.35. Efeito do tipo de chanfro sobre o nível de tensões residuais resultantes no metal
de solda e na ZAC.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 88
Como está mostrado na Figura 4.35, a diferença do nível de tensão residual máxima,
tanto no metal de solda, quanto na ZAC é significativa, e comprova estatisticamente o que é
visto de forma qualitativa da Figura 4.30 à Figura 4.34.
Uma explicação para esse fato reside no balanceamento aplicado à junta com a
utilização do chanfro em “X”. Com a aplicação dos passes de forma alternada, os níveis de
tensão gerados pela contração são contrabalanceados no passe subsequente o que
diminuiria consideravelmente a possibilidade de deformação plástica para acomodação das
tensões geradas.
150
100
Tensão residual (MPa)
50
-50
-100
-150
-200 meioV
X
-250
8 10 12 8 10 12
Energia de soldagem (kJ/cm) Energia de soldagem (kJ/cm)
Metal de solda ZAC
Localização
Figura 4.36. Influência do tipo de chanfro dependente do nível de energia empregado sobre
o nível de tensão residual máximo no metal de solda e na ZAC.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 89
4.3.4. Efeito da aplicação da técnica da dupla camada
-100
-200
-300
Superfície
Raiz
CR
-400
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30
Distância do centro da peça (mm)
Como pode ser visto, os perfis de tensão residual encontrados nas Amostras 11 e 12
possuem características semelhantes aos perfis encontrados nas demais amostras
analisadas (Figura 4.8 a Figura 4.17), apresentando tensões compressivas no metal de
solda das superfícies medidas, além de tensões trativas na raiz da Amostra 11 (chanfrada
em meio-v). As tensões residuais encontradas na raiz desta amostra apresentaram
magnitude bem superior às encontradas na raiz das demais amostras chanfradas em meio-
v, o que indica que além do possível efeito de flexão suposto no Tópico 4.3.1, as tensões
residuais trativas encontradas na raiz destas amostras podem estar relacionadas com um
efeito de equilíbrio das tensões encontradas na outra superfície, já que as tensões residuais
compressivas encontradas na superfície da Amostra 11 (Figura 4.37) são de magnitude bem
superior às encontradas nas demais amostras chanfradas em meio-v.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 90
Deve-se notar a ausência dos pontos da direita da curva de tensões residuais
levantada na Amostra 11 e soldada utilizando a dupla camada. Tais pontos não foram
relacionados por apresentarem níveis de erro demasiadamente elevados (> 200 MPa),
estando os mesmos provavelmente associados a um ataque eletrolítico defeituoso na
superfície medida, o que prejudicou a medição nessa região conforme explicado
anteriormente. No entanto, um ponto isolado apresentou erro em nível aceitável (≤ 50 MPa)
e como está mostrado, indica uma certa simetria com o lado oposto.
50
Metal de solda
0
Tensão Residual (MPa)
-50
-100
-150
-200
-250 10 kJ/cm
165 A
20 cm/min
-300
Superfície chanfro X
CR Dupla camada
-350
-40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
Na Figura 4.39 e Figura 4.40 pode ser visto o efeito da aplicação da técnica da dupla
camada sobre a distribuição das tensões residuais resultantes.
Metal de Solda
0
Tensão Residual (MPa)
-100
-200
-300
10 kJ/cm
165 A
20 cm/min Convencional
chanfro meio-V Dupla camada
-400
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
Figura 4.39. Distribuição das tensões residuais em amostras soldadas utilizando o método
convencional e a técnica da dupla camada.
Distribuição das tensões residuais na amostras soldadas com mesmos
parâmetros.
200
Metal de Solda
100
Tensão Residual (MPa)
-100
-200
10 kJ/cm
-300
165 A
20 cm/min Convencional
chanfro X Dupla camada
-400
-40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Distância do centro da peça (mm)
Figura 4.40. Distribuição das tensões residuais em amostras soldadas utilizando o método
convencional e a técnica da dupla camada.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 92
A Figura 4.41 mostra a influência da aplicação da técnica da dupla camada sobre as
tensões máximas nas amostras analisadas, independente do tipo de chanfro empregado e
da região analisada. Como pode ser visto, a redução das tensões residuais trativas (amostra
chanfrada em X) e o aumento das tensões residuais compressivas (amostras chanfradas em
X e meio-v) em amostras soldadas utilizando a técnica da dupla camada é relevante.
-20
-40
Tensão Residual (MPa)
-60
-80
-100
-120
-140
-160
-180
Convencional Dupla camada
Técnica Aplicada
0
-50
-100
-150
-200
-250
-300
-350 Metal de Solda
ZAC
-400
Convencional Dupla camada Convencional Dupla camada
Técnica empregada Técnica empregada
meio-V X
Chanfro utilizado
Figura 4.42. Comparação do nível de tensão residual máxima em amostras soldadas
utilizando técnica de soldagem convencional e dupla camada para as diferentes regiões e
tipos de chanfro analisados.
Capítulo IV
V – Resultado
os e Discuss
são 94
4.4. Caracte
erização Metalográfic
ca
a)
b)
b
Figura 4.43. Ma
acrografia de duas amoostras solda
adas utilizad
das no trabalho. a) cha
anfro meio-
V. b) ch
hanfro X Ata
aque Nital 2%.
2
Capítulo IV
V – Resultado
os e Discuss
são 95
Tais defe
eitos embora venham a ser preju
udiciais à operação de
e juntas soldadas, não
o
invalidam as co
onsideraçõe
es feitas atté aqui porr três motivvos: todas as tensões residuaiss
mediidas neste trabalho forram macrottensões, as
s amostras soldadas a
apresentam espessura
a
eleva
ada e as en
nergias e pa
arâmetros utilizados
u na
a metodolog
gia foram e
escolhidos tendo
t como
o
princcipal objetivo o efeito dos mesmoss sobre as tensões
t ressiduais finaiss na junta.
Antes de
e apresenta
ar as microe
estruturas das amostra
as analisada
as nesse tra
abalho está
á
mosttrada na Fiigura 4.44 a microesttrutura do aço
a ASTM A516 Gr 7
70 na cond
dição como
o
receb
bido. Foi utilizada
u a nomenclatu
ura propostta pela IIW
W (1998) pa
ara caracte
erização de
e
todass as microestruturas encontrada
as. Como está
e aprese
entado, a m
microestrutu
ura do aço
o
utilizado é uma
a microestru
utura caraccterística de
e aços com
m baixo teo
or de carbo
ono, sendo
o
posto basicamente por ferrita e agreg
comp gado ferrita
a carbonetto (perlita)) FC (P),
apressentando dureza médiia de 173 HV.
H
Figu
ura 4.44. Microestrutura
a do aço AS
STM A516 Gr
G 70 na co ondição com
mo recebido
o. Aumento
500
0x. Ataque Nital 2%.
A microe
estrutura da
a interface metal
m de so
olda/ZAC e do
d metal de
e solda da Amostra
A 01
está mostrada na
n Figura 4..45.
a) b)
b
ZAC
Z
ZAC
C
c) d)
d
e) f)
f
Como pode ser visto, o metal de solda apresentou uma microestrutura composta
basicamente por ferrita acicular - AF e ferrita de contorno de grão - PF(G). A Figura 4.46,
obtida através de microscopia eletrônica de varredura (MEV), mostra a o comportamento
microestrutural da ferrita acicular. Na Figura 4.46a pode ser visto também a ferrita de
contorno de grão que envolve o grão da austenita prévia.
AF
F
PF(G)
b)
A prime
eira caracte
erística cittada está relacionada
a à tempe
eratura de início da
a
transsformação da
d ferrita accicular. Bha
adeshia et. al.
a (2007), Jones
J & Alb
berry (1977
7) e Franciss
et al (2007), mo
ostram em seus experrimentos qu
ue as tensõ
ões residuaiis geradas nos metaiss
de solda que apresentara
a m transform
mações bainíticas são
o compresssivas, o que
e reforça a
osição levantada no Tópico
supo T 4.3.1. que sug
gere a rela
ação entre as tensões
s residuaiss
comp
pressivas e as transfformações de fase ad
difusionais. Como foi dito anteriormente, a
Capítulo IV – Resultados e Discussão 99
bainita e a ferrita acicular apresentam mecanismos de transformação bastante semelhantes,
ou seja, a elevada fração de ferrita acicular encontrada no metal de solda de todas as
amostras analisadas neste trabalho pode ser, sim, uma das razões dos níveis de tensões
residuais compressivos nas mesmas. Nestes trabalhos também é verificado que
temperaturas de início de transformações martensíticas e bainíticas menores favorecem
níveis de tensões residuais compressivos maiores ao final do resfriamento, compensando o
efeito das tensões térmicas e até mesmo gerando um estado de tensões residuais final
compressivo. Dessa forma, como a ferrita acicular é formada somente em temperaturas
menores que a bainita, as tensões compressivas geradas durante essa transformação
devem fornecer um efeito de compensação maior que o da transformação bainítica.
“Reconstructive” “Displacive”
Difusão de todos os Plano invariante de
átomos durante a deformação, com grande
nucleação e o componente cisalhante.
crescimento. Estrutura agulhada.
Ferrita Ferrita de
alotriomórfica Widmanstätten
Difusão de carbono durante a
nucleação e o crescimento.
Ferrita
idiomórfica
Martensita
Perlita Sem difusão na nucleação e no
crescimento.
Como pode ser visto na Figura 4.47, assim como a bainita, a ferrita acicular possui
um mecanismo de transformação do tipo “displacive”, transformação essa que é
acompanhada pela geração de uma forte componente cisalhante e um aumento do volume
inicial do cristal, mostrado na Figura 4.48.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 100
expansão isotrópica plano invariante de
deformação
antes da transformação
após a transformação
A Figura
a 4.49, ap
presenta ass microestrruturas doss metais d
de solda das demaiss
amosstras chanffradas em meio-V, co
om exceção
o da soldad
da utilizand
do a técnica
a da dupla
a
cama
ada, pois a mesma se
erá abordad
da separada
amente con
nforme dito anteriorme
ente. Como
o
pode
e ser observvado, as microestrutu
m ras das am
mostras até aqui apressentadas sã
ão bastante
e
seme
elhantes, ap
presentando predomin
nância de fe
errita acicula
ar AF.
a) b)
c) d)
c) d)
d
e))
Figu
ura 4.50. Microestruturras do metaal de solda das
d amostraas chanfraddas em X. a)
a Amostra
066. b) Amostrra 07. c) Am
mostra 08. d)
d Amostra 09.
0 d) Amosstra 10. 500
0x. Ataque Nital 2%.
A Figura
a 4.51 mosttra as princcipais regiõe
es microesttruturais da
a ZAC enco
ontradas na
a
Amostra 01 e na
as demais amostras
a ch
hanfradas em
e meio-V.
Capítulo IV
V – Resultado
os e Discuss
são 103
a) b)
b
destaque para
p a Figurra 4.52
FC(P)
PF(G
G)
c) d)
d
A Figura
a 4.51a mo
ostra a regiião da ZAC da zona de ligação e,
C-GG mais próxima d
conssequenteme
ente, com maior
m velocidade de resfriamento. Pode ser o
observada a formação
o
de microestrutu
m uras agulha ões dentro dos círcu
adas (regiõ ulos) possivvelmente Ferrita
F com
m
segu
unda fase alinhada
a (ba
ainita superrior) – FS (UB) ou Ma
artensita - M
M, não send
do possívell
sua identificaçã
ão apenas através
a de microscopiia ótica. A Figura 4.52
2 mostra a ampliação
o
desssa região de
entro do círculo atravé
és de MEV
V, onde pod
de ser consstatada a prresença de
e
Ferrita com segunda fase alinhada
a (ba
ainita superrior) – FS (U
UB) ao invé
és de Marten
nsita – M.
Capítulo IV
V – Resultado
os e Discuss
são 104
a)
b)
Fig
gura 4.52. Ampliação
A da região em
m destaque apresentad a 4.51a. a) 2500x. b)
da na Figura
500
00x. Ataque
e Nital 2%.
As dema
ais regiões mostradass na Figura
a 4.51 apre
esentam miicroestruturas comunss
para aços com baixo teor de
d carbono
o, com simp
ples identificcação. Na F
Figura 4.51b
b, pode serr
G um pouco
vista a ZAC-GG o mais afasstada da zo
ona de ligação, esta rregião foi su
ubmetida a
uma velocidade de resffriamento menor
m que
e a região
o anterior, o que re
esultou em
m
oestruturas obtidas po
micro or mecanism
mos de tran
nsformação
o difusionais: Ferrita de
d contorno
o
de grão
g - PF(G
G) e Agreg
gado Ferrita
a – Carbon
neto (Perlita
a) – FC(P), apresenta
ando ainda
a
pequ
uenas regiões de Ferritta com segu
unda fase alinhada
a – FS.
F
Capítulo IV
V – Resultado
os e Discuss
são 105
Ao se affastar um pouco mais da zona de
e ligação, encontramoss a região da
d ZAC-GF
F
mosttrada na Fig
gura 4.51c, composta basicamen
nte por ferritta poligonal e Agregad
do Ferrita –
Carb
boneto (Perrlita) – FC(P). Por fim
m, a Figura 4.51d mosstra a regiã
ão da ZAC intercrítica
a
onde
e a microesstrutura do metal
m de ba
ase é mantida ocorren
ndo apenas uma degen
neração da
a
perlitta (Agregad
do Ferrita – Carboneto – FC(P)).
A Figura
a 4.53, mosstra as micro
oestruturas
s das regiõe
es da ZAC-GG mais próximas da
a
zona
a de ligação
o das dema
ais amostra
as chanfradas em meio-V. As demais regiõe
es não são
o
mosttradas por serem
s comu
uns a aços com baixo teor de carrbono como
o já fora antteriormente
e
dito. Como foi comentado,
c o, as microestruturas d
e pode ser observado das amostras até aquii
apressentadas são bastante
e semelhan
ntes, com predominân
p cia de Ferrrita com seg
gunda fase
e
alinh
hada (bainita
a superior) – FS (UB).
a) b)
b
c) d)
d
A Figura
a 4.54, apre
esenta as microestrutu
m AC-GG das amostras chanfradass
uras da ZA
em X.
X Como pode
p ser ob
bservado, assim
a como
o nas amo
ostras chanfradas em meio-V ass
micro
oestruturas mostram Ferrita
F com segunda fase alinhada
a (bainita su
uperior) – FS (UB).
Capítulo IV
V – Resultado
os e Discuss
são 106
a) b)
b
c) d)
d
e))
Figu
ura 4.54. Miicroestruturras da ZAC--GG das am
mostras cha
anfradas em
m X. a) Amo
ostra 06. b)
Amostra 077. c) Amostra 08. d) Am e Amostra 10. 1000x. Ataque Nital 2%.
mostra 09. e)
A Figura
a 4.55 mostra uma ampliação
a da região predomina
ante na ZA
AC-GG dass
amosstras chanffradas em X e confirm
ma a presença de Ferrrita com segunda fas
se alinhada
a
(bain
nita superio
or) – FS (UB), assim como foi
f observa
ado na ZA
AC-GG das
s amostrass
nfradas em meio-V.
chan
Capítulo IV
V – Resultado
os e Discuss
são 107
a)
b)
Figura 4.55. Am
mpliação da região pred
dominante na
n ZAC-GG G das amostras chanfra
adas em X.
a) 2500x. b) 5000x. Ataque
A Nita
al 2%.
Os perfis de micro
odureza levvantados para as amostras utilizzadas ness
se trabalho
o
o mostrados da Figura
estão a 4.56 à Figu
ura 4.58.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 108
Perfis de Microdureza para as amostras chanfradas em meio-V
360
Metal de Solda ZAC Lado Chanfrado
340
8 kJ/cm 12 kJ/cm
320 12 kJ/cm
8 kJ/cm
300 10 kJ/cm
260
240
220
200 Amostra 01
Amostra 02
Amostra 03
180
Amostra 04 Dureza Média do Metal de Base - 173 HV
Amostra 05
160
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Figura 4.56. Perfis de microdureza no lado chanfrado das amostras chanfradas em meio-V.
260
Microdureza (HV)
240
220
200
Amostra 01
Amostra 02
180 Amostra 03 Dureza Média do Metal de Base - 173 HV
Amostra 04
Amostra 05
160
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Distância da zona de ligação (mm)
Figura 4.57. Perfis de microdureza no lado reto das amostras chanfradas em meio-V.
Capítulo IV – Resultados e Discussão 109
Perfis de Microdureza para as Amostras chanfradas em X
400
Metal de Solda ZAC
380
360 8 kJ/cm
10 kJ/cm
340
320
12 kJ/cm
Microdureza (HV)
300 12 kJ/cm
260
240 8 kJ/cm
220
200 Amostra 6
180 Amostra 7
Dureza Média do Metal de Base - 173 HV
Amostra 8
160 Amostra 9
Amostra 10
140
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Como pode ser visto na Figura 4.56 e Figura 4.58, os perfis de microdureza
mostraram-se bastante semelhantes, tanto nas amostras chanfradas em X, como no lado
chanfrado das amostras chanfradas em meio-V, apresentando picos de dureza nas regiões
compreendidas pela ZAC-GG com maior velocidade de resfriamento (regiões mais próximas
da linha de fusão), regiões essas onde, como mostrado anteriormente, foi detectada a
existência de Ferrita com segunda fase alinhada (bainita superior) – FS (UB),
microconstituinte de conhecida elevada dureza. Tais picos de dureza, como era de se
esperar, variaram de acordo com o nível de energia empregado, sendo a amostra com
maior pico (368 HV) a amostra soldada com uma energia de 8 kJ/cm e a de menor pico (275
HV) a soldada com energia de 12 kJ/cm.
A Figura 4.57 mostra os perfis de microdureza no lado sem chanfro das amostras
chanfradas em meio-V, diferente do encontrado no lado chanfrado, pode ser visto uma
queda nos valores de dureza nas regiões da ZAC desses lados. A possível causa para essa
redução de dureza consiste em uma maior influência dos passes laterais aplicados durante
a soldagem nesse lado da junta, o que pode ter causado um revenimento das
microestruturas ali presentes e ter resultado os perfis mostrados.
Capítulo IV
V – Resultado
os e Discuss
são 110
4.4.2
2. Amosttras soldad
das utilizan
ndo a técnic
ca da dupla
a camada.
A microe
estrutura prredominante d solda, da interface metal de so
e do metal de olda/ZAC e
da ZAC
Z das am
mostras sold cnica da dupla camada
dadas utilizzando a téc a estão mo
ostradas na
a
Figurra 4.59.
a) b)
b
c) d)
d
260
Microdureza (HV)
240
220
200
180
320
300
260
240
220
200
180 10 kJ/cm
Dureza Média do Metal de Base - 173 HV
165 A
160 20 cm/min
X Convencional
Dupla camada
140
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Figura 4.60. Perfis de microdureza para as amostras soldadas com e sem a aplicação da
técnica da dupla camada. a) meio-V. b) X.
Capítulo IV
V – Resultado
os e Discuss
são 112
A Figura
a 4.61 mosstra alguma
as microestruturas enccontradas n
na ZAC das
s amostrass
solda
adas utiliza
ando a técnica da du
upla camad
da. Tais microestrutur
m ras encontrram-se em
m
regiõ
ões não refiinadas pela
a dupla cam
mada. Na Figura 4.61a
a, por exem
mplo, podem
m ser vistass
algum
mas ilhas de Ferrita co
om segunda
a fase alinhada (bainita
a superior) – FS (UB), de elevada
a
durezza, mas qu
ue não com
mprometem
m a eficácia
a da técnicca já que ta
ais regiões
s são rarass
nesssas amostra
as.
a)
b)
Figu
ura 4.61. Re
egiões não refinadas. a)
a ZAC-GG com forma ação de FS (UB), 1000x. b) ZAC-
G sem tra
GG ansformaçõe nais, 1000x. Ataque Nital 2%.
es adifusion
Capítulo IV – Resultados e Discussão 113
4.5. Considerações Finais
De acordo com o que foi mostrado ao longo deste capítulo, algumas considerações
podem ser levantadas.
A energia de soldagem não apresentou uma relação linear com as tensões residuais
resultantes e, mais importante ainda, diferentes parâmetros de soldagem que resultam em
aportes térmicos “iguais”, geram níveis diferentes de tensões residuais, ou seja, a energia
de soldagem não pode ser considerada de forma isolada em previsões de níveis de tensões
residuais resultantes em soldagem multipasse.
Por fim, o aço ASTM A516 Gr 70 de acordo com os pontos aqui analisados, mostrou-
se um material com características peculiares, pois ao mesmo tempo em que após soldado
apresenta no metal de solda microestrutura com boa tenacidade e propriedades mecânicas
e devido à formação dessa microestrutura apresenta também níveis sempre compressivos
de tensão residual. É claro que as regiões compreendidas pela ZAC não apresentam
resultados tão bons, mas que podem ser manipulados de acordo com o procedimento de
soldagem utilizado e com até mesmo a aplicação de técnicas como a dupla camada.
Capítulo V
Conclusões
5. CONCLUSÕES
Com base nos resultados experimentais obtidos neste trabalho foi possível concluir
que:
Capítulo VI
Capítulo VII
Referências Bibliográficas
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