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DORNELES, Patrícia S et al.

Cidadania cultural, tecnologia assistiva e


pessoa com deficiência. PragMATIZES - Revista Latino-Americana
Latino de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 10, n. 19,, p. 91-117, set. 2020.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Cultura,
Cultura, Tecnologia e Sociedade")
Sociedade

Cidadania cultural, tecnologia assistiva e pessoa com deficiência

DOI: https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v10i19.42436
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v

Patrícia Silva Dorneles1


Cláudia Reinoso Araujo de Carvalho2
Eduardo Cardoso3
Jefferson Fernandes Alves4
Miryam Bonadiu Pelosi5

Resumo: Nos últimos anos, a inclusão dos recursos de acessibilidade em produtos, projetos e
programas artísticos culturais tem se ampliado como exigência em políticas de fomento a fim de
garantir o direito cultural das pessoas com deficiência. Tais exigências são resultado da luta política
no âmbito cultural de diferentes atores, pessoas com deficiência ou não, que atuam nas áreas da
produção artística e nos campos da cultura e dos direitos humanos. O cenário destas conquistas
compõe os processos políticos de democratização
democratização da cultura, a inserção do direito cultural e da
diversidade como eixo estruturante das políticas culturais contemporâneas, e ainda em desafio, o
fortalecimento da perspectiva da inclusão a partir do modelo social da deficiência. Neste contexto, a
efetivação da legislação no campo cultural na perspectiva da acessibilidade para o público de
pessoas com deficiência provocou deslocamentos de áreas e aproximação de saberes a fim de inter

1
Patrícia
cia Silva Dorneles. Doutora em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
professora
rofessora do Departamento de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade
Univ
Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Brasil. E-mail:
E mail: patricia.dorneles.ufrj@gmail.com -
https://orcid.org/0000-0003-3440
3440-7549
2
Claudia Reinoso Araujo de Carvalho. Doutora em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz.
Professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Brasil. E-mail:
E claudiareinoso@ufrj.br - https://orcid.org/0000-0003-
https://orcid.org/0000
4105-9191
3
Eduardo Cardoso. Doutor em Design pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS,
professor da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, Brasil. E-mail:
mail: eduardo.cardoso@ufrgs.br -
https://orcid.org/0000-0002-1202
1202-1779
4
Jefferson Fernandes Alves. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
UFRN, professor do Centrontro de Educação da UFRN, Brasil. E-mail:
E mail: jeffersonfernandes248@gmail.com
- https://orcid.org/0000-0003-0808
0808-7115
5
Miryam Bonadiu Pelosi. Doutora
utora em Educação pela Universidade
Universidade do Estado do Rio de Janeiro -
UERJ, professora do Departamento de Terapia Ocupacional
Ocupacional da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Brasil. E-mail:
mail: miryampelosi@ufrj.br -
http://orcid.org/0000-0002-6109-4296
4296

Recebido em 30/04/2020,aceito
20,aceito para publicação em 07/05/2020,
07 20, disponibilizado online em
01/09/2020.

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e transdisciplinar buscar soluções tecnológicas que qualifiquem a mediação e a fruição estética deste
público. Este artigo tem como objetivo apresentar um breve contexto da pauta da cidadania cultural
das pessoas com deficiência no âmbito das políticas culturais, o papel da universidade pública na
qualificação do campo, a inserção dos recursos e serviços de tecnologia assistiva nos ambientes
culturais e os desafios da qualificação das políticas culturais para pessoas com deficiência.

Palavras Chaves: Cultura; Políticas Culturais;


Culturais Direitos humanos; Acessibilidade Cultural.
Cultural

Ciudadanía cultural, tecnología asistencial y personas con discapacidad

Resumen: En los últimos años, la inclusión de recursos de accesibilidad en productos, proyectos y


programas artísticos culturales se ha ampliado como un requisito en las políticas de desarrollo para
garantizar el derecho cultural de las personas con discapacidad. Tales demandas son el resultado de
la lucha política en la esfera cultural de diferentes actores, personas con discapacidad o no, que
trabajan en las áreas de producción artística y en los campos de la cultura y los derechos humanos.
El escenario de estos logros compone los procesos políticos de democratización de la cultura, la
inserción del derecho cultural y la diversidad como eje estructurante de las políticas culturales
contemporáneas, y aún desafía el fortalecimiento de la perspectiva de inclusión basada en el modelo
social de discapacidad. En este contexto, la implementación de la legislación en el campo cultural en
la perspectiva de accesibilidadlidad para el público de las personas con discapacidad provocó el
desplazamiento de áreas y la aproximación del conocimiento para encontrar soluciones tecnológicas
interdisciplinarias que califiquen la mediación y el disfrute estético de esta audiencia. Este artículo
tiene como objetivo presentar un breve contexto de la agenda de ciudadanía cultural de las personas
con discapacidad dentro del alcance de las políticas culturales, el papel de la universidad pública en
la calificación del campo, la inserción de tecnologías de asistencia en entornos culturales y los
desafíos de las políticas culturales calificadas para personas con discapacidad.

Palabras clave: Cultura; Políticas culturales; Derechos humanos; Accesibilidad Cultural.


Cultural

Cultural citizenship, assistive


sistive technology and people with disabilities

Abstract: In recent years, the inclusion of accessibility resources in products, projects and cultural
artistic programs has expanded as a requirement in development policies in order to guarantee the
cultural right of people with disabilities. Such demands are the result of the political struggle in the
cultural sphere of different actors, people with disabilities or not, who work in the areas of artistic
production and in the fields of culture and human
human rights. The scenario of these achievements is part of
the political processes of democratization of culture, the insertion of cultural law and diversity as a
structuring axis of contemporary cultural policies, and still in challenge the strengthening of the
perspective of inclusion from the social model of disability. In this context, the implementation of
legislation in the cultural field in the perspective of accessibility for the public of people with disabilities
caused displacement of areas and approximation
approximation of knowledge in order to inter and trans disciplinary
technological solutions that qualify the mediation and aesthetic enjoyment of this public. This article
aims to present a brief context of the agenda of cultural citizenship of people with disabilities
dis within the
scope of cultural policies, the role of the public university in the qualification of the field, the insertion of
assistive technologies in cultural environments and the challenges of qualifying cultural policies for
people with disabilities.

Keywords:: Culture; Cultural Policies; Human Rights; Cultural Accessibility.


Accessibility

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Cidadania cultural, tecnologia assistiva e pessoa com deficiência

Introdução Para se promover a inclusão de


Como parte da Cidadania pessoas com deficiência nos espaços
Cultural, a pauta da acessibilidade culturais é necessário garantir que
cultural para pessoas com deficiência qualquer pessoa que tenha o desejo
é recente junto às políticas, projetos, de se beneficiar de tais equipamentos
programas e ações culturais. Ainda não seja excluída por conta de
assim, a legislação brasileira mostra-
mostra diferentes formas de locomoção,
se, de certa forma, abrangente na cognição e percepção.
cepção. Desta forma, a
garantia dos direitos culturais da “acessibilidade nos espaços culturais
pessoa com deficiência, pois, verifica-
verifica pressupõe o desenvolvimento de
se que o tema está presente em novas estratégias de mediação, nas
diversos dispositivos constitucionais e quais todos os sentidos inerentes à
legais. Contudo, não obstante os percepção sejam envolvidos”
avanços na legislação, ain
ainda se (SARRAF, 2012, p.68).
observa certa disparidade entre o que Este artigo tem como objetivo
diz a lei e a prática, bem como apresentar e discutir a pauta da
persistem os desafios atuais da cidadania cultural das pessoas com
qualificação e fortalecimento da pauta deficiência no âmbito das políticas
junto às políticas públicas, o que exige culturais. Para isso, apresenta-se
apresenta um
um esforço intersetorial (DORNELES;
(DORNELES breve contexto da construção histórica
CARVALHO; MEFANO, 2019). recente dessa pauta, aborda-se
aborda o
Enquanto
o campo em papel da universidade pública na
construção, a acessibilidade cultural qualificação do campo em construção,
deve ser inicialmente compreendida a inserção dos recursos e serviços de
como o direito de vivenciar tecnologia assistiva em ambientes e
experiências de fruição cultural com produtos culturais, bem como os
igualdade de oportunidades para desafios inerentes à qualificação das
diversos públicos, entre eles, pessoas políticas culturais para pessoas com
com deficiência e mobilidade reduzida.
reduzid deficiência.

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Cidadania cultural das pessoas com acessibilidade


ilidade que provocou os
deficiência no âmbito das políticas deslocamentose aproximações entre
culturais as áreas e saberes a fim de a
Em outubro 2008, a então buscar,inter e transdisciplinarmente, as
Secretaria de Identidade e Diversidade soluções tecnológicas visando
Cultural – SID, do Ministério da Cultura qualificar a mediação e a fruição
- MinC realizou, em parceria com a estética deste público.
Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, a A SID foi constituída em 2004
Oficina Nacional de Indicação de com o objetivo
etivo de elaborar e
Políticas Públicas
licas Culturais para implementar uma política que
Pessoas com Deficiência. Tal iniciativa assegurasse a todos os segmentos da
representou o processo de sociedade a possibilidade de produzir
institucionalização da política de e difundir suas manifestações culturais
acessibilidade cultural junto ao em diferentes escalas. A realização de
governo federal. oficinas temáticas junto a alguns
Embora, no âmbito do MinC, por segmentos da diversi
diversidade cultural
meio da Fundação Nacional das Artes compôs um conjunto de iniciativas
- FUNARTE- RJ já existisse uma ação metodológicas de aproximação com o
de fomento e difusão da produção público alvo da secretaria e suas
estética, artística e cultural de pessoas demandas para ass políticas culturais.
com deficiência, em parceria com a Embora o Brasil tenha se tornado
organização brasileira Arte sem signatário da Convenção da
Barreiras, foi na referida Diversidade Cultural desde 2007,
oficinapromovida pela SID que a pauta sabe-se que a partir de 2003, na
acessibilidade no sentido de direito gestão do ministro da cultura Gilberto
cultural da pessoa com deficiência à Gil, o governo brasileiro desenvolveu
fruição estética surgiu como demanda uma política de cultura baseada no
do movimento social para que tal conceito amplo de cultura dedicado,
direito fosse institucionalizado junto às então, a toda a sociedade e rompendo
políticas públicas de cultura com a perspectiva das gestões
(DORNELES; CARVALHO;
CARVALHO MEFANO, anteriores que estruturava
struturava-se para
2019). Foi justamente a pauta da atender às artes e outros segmentos

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da cultura não atendidos pelo reconhecida até hoje. Cabe destacar


mecanismo de renúncia fiscal (DUPIN, que a oficina foi realizada no mesmo
2015). ano que o Brasil se tornou signatário
Nesta perspectiva, a Oficina da Convenção dos Direito
Direitos das
Nacional de Indicação de Políticas Pessoas com Deficiência, e a mesma
Públicas Culturais para a Inclusão de tornou-se
se um dos resultados dos
Pessoas com Deficiência foi realizada compromissos do MinC à demanda
com a participação de mais de 60 latente da sociedade civil que atuava
pessoas envolvidas com o tema, de no campo da produção e difusão
diferentes regiões do país e de artística e cultural das pessoas com
representatividade institucional, deficiência.
composta por colaboradores ativos, É importante ressaltar a
pessoas com deficiência ou não, que significativa
iva contribuição do grupo
atuavam, no período, no campo da articulado do movimento Artes sem
produção
ção artística de pessoas com Barreiras no que se refere a
deficiência, ou, que já estavam sistematização e articulação da
envolvidas com a temática da demanda da sociedade civil em
acessibilidade cultural no que diz relação à pauta de uma política
respeito ao direito da fruição estética cultural para a produção estética e
da pessoa com deficiência em relação artística das pessoas com deficiência,
deficiência
aos diferentes produtos culturais. Por incluindo a pauta da acessibilidade
ser uma oficina
a com o princípio de cultural junto ao MinC.
MinC
escutar o setor (DUPIN,
(DUPIN 2015) e O “Arte sem Barreiras”, nos
sistematizar por meio de grupos de anos 90, reuniu um grupo de artistas e
trabalhos ações e diretrizes profissionais com ou sem deficiência
visandoorientar a constituição de uma de diferentes áreas das artes, e se
política cultural para o mesmo, o grupo constituiu como um trabalho articulado
participante sugeriu que a publicação em rede nacional de forma voluntária
do relatório final e a própria oficina com o objetivo de mapear iniciativas e
fosse denominada com o lema de luta produções artísticas para articular
das pessoas com deficiência, “Nada fomento, difusão e qualificação
sobre nós sem nós”, como tal é profissional dos grupos e indivíduos

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envolvidos com o direito cultural das encontros, Albertina e colegas da


pessoas com deficiência.
eficiência. Esta rede, FUNARTE com um considerável grupo
inicialmente foi fomentada a partir da de representantes de diferentes
Fundação Nacional das Artes – entidades de arte e da educação
FUNARTE/RJ através de uma figura inclusiva constituem o comitê no Brasil
preciosa ao grupo, senhora Albertina do Programa Very Special Arts. Este
Brasil. Funcionária de carreira da comitê, associado à rede internacional
instituição, Albertina, sensibilizada por do mesmo nomefoi formado em 1998,
experiências internacionais
rnacionais da e realizou
lizou em maio do mesmo ano em
associação Very Special Arts - VSA parceria com o Serviço Social do
iniciou um trabalho no Brasil instituindo Comércio - SESC/SP o “1º Festival
na ocasião o Programa Arte sem Latino-Americano
Americano de Artes sem
Barreiras na FUNARTE/RJ em Barreiras" e o "1º Congresso Latino-
Latino
parceria com diferentes atores do Americano de Arte
Arte-Educação
campo da produção cultural e artística Inclusiva". A partir de então uma
junto a pessoas com deficiência agenda intensa e de articulação
(DORNELES;
ORNELES; CARVALHO; SILVA; nacional foi desenvolvida com o
MEFANO, 2018). O VSA é objetivo de articulação, capacitação e
umprograma criado em 1974 pela Sra. difusão em prol da valorização da
Jean Kennedy Smith no Kennedy produção estético artística das
Center Performing Arts, em pessoas com deficiência no Brasil.
Washington, D.C., com o objetivo de O resultado potente deste
possibilitar o desenvolvimento da trabalho, associado às orientações dos
capacidade de criação da pessoa com grupos internacionais
ais foi a formação
deficiência. de representações regionais do Arte
O Programa Arte sem Barreiras sem Barreiras. As representações
se desenvolveu com pouco apoio do regionais da associação serviram de
MinC, mas encontrou algum base de mobilização e articulação local
acolhimento nas iniciativas do e nacional de diferentes intercâmbios
Ministério da Educação – MEC em deste trabalho em rede e da realização
relação a promoção dos encontros dos Festivais Artes
rtes sem Barreiras.
nacionais de arte-educação.
educação. Nestes Como resultados da atuação deste

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grupo, entre tantos outros, observa-se


observa FUNARTE passou a política de cultura
a visibilidade da produção estética e para pessoas com deficiência para
artística da pessoa com deficiência, a SID. Umas das razões da
rica troca de experiências e a transferência da pauta para a SID é
qualidade do trabalho em rede, o que esta secretaria iniciou uma política
fortalecimento do campo político da nacional de cultura dedicada às ações
cidadania cultural das pessoas com e expressões culturais e artísticas que
deficiência, a construção da rede se encontravam no grupo das pessoas
nacional Artes sem Barreiras e seus com sofrimento psíquico e ou
núcleos específicos de dança, teatro, transtorno mental. A SID em parceria
artes visuais entre outros. O legado com a FIOCRUZ, realizou em 2007 a
cultural e artístico para a diversidade Oficina Nacional de Políticas Culturais
da cultura brasileira, identificado na para pessoas em sofrimento psíquico
contribuição da produção estética e e vulnerabilidade social, chamada
artística das pessoas com deficiência Loucos pela Diversidade. Em 2008, as
nas políticas culturais, se deve a este duas instituições lançaram o edital de
grupo e ao seu trabalho. premiação “Loucos pela Diversidade”,
A separação institucional da que homenageou o autor do livro
ONG Artes sem Barreiras com a Bicho de Sete Cabeças – Austregésilo
FUNARTE/RJ ocorreu nos anos 2000. Carrano.
O grupo Arte sem Barreiras buscou No exercício das políticas
novos apoios para dar continuidade às públicas culturais neste período se
suas ações. A gestão da observava ainda um olhar restrito
FUNARTE/RJ do ano de 2006, sobre acessibilidade cultural para
atendendo as demandas do grupo e pessoas com deficiência. A
de outros militantes da pauta, realizou perspectiva limitada reduzindoà
com o apoio da Caixa Econômica acessibilidade
de física do espaço e não
Federal o edital Além dos Limites que do produto ou objeto cultural foi
apoiou iniciativas, indivíduos, rompida a partir da Oficina “Nada
promoveu debates e a qualificação e sobre nós sem nós”. A oficina teve
circulação dos projetos artísticos como objetivo escutar, conhecer e
premiados. No fim de 2007, a sistematizar as experiências no campo

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da interface de políticas e produção incorporação da acessibilidade nas


estética, artística
a e cultural das/e para produções culturais do órgão e o
as pessoas com deficiência; construir, diálogo com os outros ministérios para
a partir dos Grupos de Trabalho sobre ampliar a articulação interinstitucional
o fomento, patrimônio, difusão e para a implementação das políticas de
acessibilidade, ações e diretrizes fomento, difusão, patrimônio e
orientadoras para uma política pública acessibilidade junto às produções
cultural para pessoas com deficiência. estéticas e artísticas das pessoas com
A inclusão
o do GT Acessibilidade foi o deficiência. Percebeu-se
Percebeu também a
que fez a diferença desta oficina em necessidade de ampliar o conceito de
relação às outras organizadas pela acessibilidade cultural até então
SID para construção de políticas utilizado pelo MinC que se reduzia a
públicas culturais. Entre os resultados, perspectiva de gratuidade e de valores
destacaram-se
se a ampliação e o acessíveis para espetáculos e outros
fortalecimento do debate sobre o tema produtos culturais beneficiados pela
e o direito da
a cidadania cultural da Lei Rouanet. Assim, se torna função
pessoa com deficiência nas do MinC a partir da oficina, o
conferências municipais, estaduais e compromisso de orientar e fomentar a
nacional de cultura. (DORNELES
(DORNELES; aplicabilidade de acessibilidade
CARVALHO; SILVA, 2017) cultural nas políticas e gestões
Somando as ações e diretrizes públicas culturais, no que diz respeito
para uma política pública cultural para ao direito de fruição estética,
pessoas com deficiência, registra-se
registra ampliando os formatos de
também na publicação dos resultados acessibilidade
ade dos diversos produtos
da Oficina Nada sobre nós sem nós, a culturais.
nota técnica nº 001/2009 que A partir da oficina, registraram-
registraram
apresentou: a necessidade de se novas iniciativas do MinC em
incorporação da política de relação a acessibilidade cultural. Em
acessibilidade na Lei Rouanet, nos 2010 a Secretaria do Audiovisual,
sites e editais do MinC de forma geral; através da Programadora Brasil incluiu
a importância da implementação de 30 filmes com audiodescrição que
uma política de livro acessível; a fazem parte
te dos kits distribuídos pelo

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programa. No ano seguinte, o MinC Willys em parceria com a Escola de


lançou o edital Prêmio Arte e Cultura Gente/ RJ (Projeto de Lei 129/2013). A
Inclusiva Albertina Brasil para 30 criação do Grupo de Trabalho
iniciativas culturais. Em 2012 o Interministerial de Acessibilidade: GTI -
Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM SCDC/MinC e Secretaria de Direitos
lançou o Cadernos Museológicos 2 Humanos da
a Presidência da República
com o tema especial
ecial Acessibilidade a SDH/PR;
PR; e o edital projeto
Museus. Acessibilidade em Bibliotecas
Em 2013 a pauta da Públicas, parceria MinC e a instituição
acessibilidade cultural tornou-se
tornou mais Mais Diferença também foram
fortalecida. O MinC publicou a desenvolvidos no mesmo período.
Instrução Normativa - IN da Lei No ano de 2014 a Agência
Rouanet que previu medidas de Nacional de Cinema - Ancine
acessibilidade cultural. Hoje novas INs estabeleceu a Instrução Normativa - IN
na lei vêm
m qualificando a inserção dos 116 obrigando a inclusão de recursos
recursos de acessibilidade nos de acessibilidade nas cópias das obras
projetos que pretendem ser audiovisuais fomentadas com recursos
beneficiados pela lei. No mesmo ano, públicos federais. Também foi previsto
em parceria com a UFRJ o MinC que todos os projetos apresentados à
realizou a primeira turma do Curso de agência que utilizassem recursos
rec de
Especialização em Acessibilidade renúncia fiscal ou do Prêmio Adicional
Cultural em um projeto que se estende de Renda deveriam incluir os recursos
por quase uma década,
ada, com diferentes de legendagem, legendagem
iniciativas de formação e difusão da descritiva, audiodescrição e Libras.
pauta. Ainda em 2013 ocorreu a Esta medida ocasionou que
inclusão da rubrica de acessibilidade praticamente a totalidade do conteúdo
cultural nos editais dos Pontos de audiovisual brasileiro voltado ao
Cultura, de valor de 2% à 5% do total segmento de exibição cinematográfica
do projeto cultural do Ponto, e em 19 passasse a contar com os recursos de
de setembro do mesmo
o ano lançou-se
lançou acessibilidade. Cabe destacar que a
o Dia Nacional do Teatro Acessível Ancine, desde 2015, passou a incluir
pelo então Deputado Federal Jean em editais que empregam recursos do

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Fundo Setorial do Audiovisual a específica, mas observa


observa-se o
obrigatoriedade dos recursos de crescente de ações acessíveis nestes
acessibilidade. Nesse
sse sentido as INs ambientes culturais.
rais. As iniciativas se
132/2017 e 145/2018 qualificaram a IN baseiam nas orientações do Estatuto
116/2014. dos Museus - lei 11904/2009 que
Em 2015, o Brasil aprovou o orientam a universalidade e a
Tratado de Marraqueche
aqueche na forma importância de um plano museológico
qualificada prevista no § 3º do artigo 5º de acessibilidade, e a IN IPHAN nº
da Constituição Federal, conforme o 1/2003.
Projeto de Decreto Legislativo A pauta da acessibilidade
347/2015 do Senado F
Federal cultural é destacada no Plano Nacional
(57/2015, na Câmara dos Deputados). de Cultura – PNCdesde 2010, através
O Tratado de Marraqueche
aqueche tem como da meta 29, que nos desafia a atingir
objetivo facilitar o acesso a obras “100% de bibliotecas públicas,
publicadas a pessoas cegas, com museus, cinemas, teatros, arquivos
deficiência visual ou com outras públicos e centros culturais atendendo
dificuldades para ter acesso ao texto aos requisitos legais de acessibilidade
impresso. e desenvolvendo ações de promoção
pr
A Secretaria de Audiovisual do da fruição cultural por parte das
MinC lançou em 2016 em parceria pessoas com deficiência”.Sobre o
com a Universidade de Brasília - UnB acompanhamento do PNC observa-se
observa
e parceiros, o Guia de Produções que os Museus tê
êm ampliado os
Audiovisuais Acessíveis com o objetivo quesitos de acessibilidade física
de trazer parâmetros para os recursos (MINISTÉRIO DA CULTURA, 2010).
de acessibilidade para que todos os Atualmente Secretaria de Cidadania e
envolvidos com a produção Diversidade Cultural
ral - SCDC tem
audiovisual pudessem
dessem seguir um realizado algumas iniciativas que
padrão de qualidade de maneira a contemplam a população com
atender a comunidade de pessoas deficiência, como o caso do Edital de
com deficiência visual e auditiva. Cultura Populares de 2018 e o apoio
No âmbito dos Museus não há ao VI e VII Encontro Nacional de
até o momento uma orientação Acessibilidade Cultural - ENAC.

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Na atual conjuntura política variadas encontram espaço,


brasileira, observamos desde 2016 conferindo, de certa maneira, um
uma situação bastante adversa para a terreno no qual o pensamento reflexivo
cultura, bem como as questões dos costuma envolver muitas vezes a
direitos das pessoas com deficiência, formação de sujeitos com um olhar
implicando em uma fragilidade na mais permeável à diversidade, à
continuidade e no desmonte de diferença, à inclusão e ao acolhimento
importantes ações. As conquistas de visões alternativas
as sobre o mundo
anteriores que representam um (FRANÇA JUNIOR
JUNIOR; LIMA;
processo, ainda permanecem vivas na RODRIGUES, 2018). No entanto, a
pauta dos atores que atuam em prol atuação das universidades, em se
da cidadania cultural das pessoas com tratando das ações culturais, não têm
deficiência. se dado em todo o seu potencial
devido ao desconhecimento,
Contribuições da Universidade desarticulação e redundância das
Pública para a Cidadania Cultural ações (RUBIM, 2019). Para
P qualificar o
das Pessoas Com Deficiência papel da universidade na relação com
Como parte importante do a cultura e sua contribuição com as
esforço intersetorial da pauta da políticas culturais nos últimos anos
promoção da acessibilidade cultural observou-se a sua qualificação através
encontra-se
se a universidade, que pode da constituição depolíticas ou planos
mobilizar todo ciclo dinâmico da de cultura. A Universidade Federal do
cultura, dada a sua complexidade. A Rio de Janeiro – UFRJ tem
universidade, no âmbito da cultura, pioneirismo neste processo, incluído a
pode atuar na: criação,
ção, transmissão, acessibilidade cultural como uma
difusão, distribuição, veiculação, meta. A Universidade Federal do Rio
preservação, consumo, pesquisa, Grande do Norte – UFRN e a
crítica, curadoria, organização e Universidade Federal do Rio Grande
legitimação. do Sul – UFRGS têm estruturado
Nas Universidades as ações identificadas com a constituição
manifestações culturais e a expressão de seus
eus planos e políticas culturais.
de linguagens artísticas das mais

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Os contextos de formação inicial uma rede de formação em


e continuada, sob o protagonismo das acessibilidade cultural nacional e
universidades, no que se refere aos internacional de caráter
diversos campos profissionais, em interdisciplinar. Este curso de pós-
pós
especial aqueles que se orientam graduação é uma iniciativa única de
d
diretamente pelas esferas da cultura e formação sobre o tema em nível de
da educação,
o, são carentes de lato sensu na América Latina com
experiências curriculares em torno das enfoque inter e transdisciplinar. O
temáticas da acessibilidade e da projeto surgiu, em 2010, inspirado nas
inclusão. Os componentes ofertados, demandas e nas necessidades de
tais como LIBRAS e fundamentos ou capacitação e formação, tendo como
noções da educação especial na referência os direitos culturais da
perspectiva inclusiva, são insuficientes pessoa com deficiência e é dirigido a
para o enfrentamento dass demandas gestores públicos de cultura, Pontos
contemporâneas de formação das de Cultura, professores universitários,
diversas profissões que precisam representantes do terceiro setor e
considerar novos desenhos de produtores culturais.
profissionalidadee de A acessibilidade cultural é um
profissionalização, levando em conta a campo em construção, complexo e
perspectiva da reinvenção social a interdisciplinar. O domínio das
partir da consideração das pessoas tecnologias para a aplicabilidade da
com deficiência ou co
com formas acessibilidade cultural encontra
encontra-se
singulares de ser e de estar no mundo centrado na iniciativa privada, que lhe
como protagonistas culturais. garante um mercado e uma
O Curso de Especialização em sustentabilidade, a partir de
Acessibilidade Cultural da UFRJ tem consultorias, prestações de serviços e
colaborado no sentido de promover formação. As universidades públicas
capacitação no nível lato sensu
ensu no que brasileiras ainda abordam timidamente
diz respeito ao uso de tecnologia essa temática e faz-se
faz urgente a
assistiva
iva como instrumento de constituição de um campo. As poucas
mediação para a fruição estética, e iniciativas de formação e pesquisa nas
para a constituição e fortalecimento de universidades parecem partir de ações

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isoladas e solitárias de alguns do conhecimento adquirido, da difusão


professores e técnicos e na sua e da reflexão sobre a prática,
grande maioria se direcionam
recionam para pretendendo a implementação de
uma única linguagem de mediação, metodologias ativas capazes de
um único formato de comunicação construir programas de sensibilização
acessível específico para um tipo de e políticas de institucionalização para a
deficiência (DORNELES; CARVALHO;
CARVALHO pauta.
CASTRO, 2017). A matriz curricular da Curso é
O curso embasa-se
se fortemente composta por 12 disciplinas: Política e
na legislação pertinente ao campo dos Diversidade Cultural, Aspectos Gerais
direitos sociais, culturais
ais e aos direitos das Deficiências, Tecnologia Assistiva
da pessoa com deficiência. A proposta I, Tecnologia Assistiva II,
da formação em acessibilidade cultural Audiodescrição I, Audiodescrição II,
da UFRJ configura-se
se como uma Exposição Acessível I, Exposição
formação acadêmica e de ação Acessível II, Braile e outros recursos,
cultural, identificada com a concepção Sensibilização
ensibilização em Libras, Seminário
de Freire (1981) para quem ação de Projeto I e Seminário de Projeto II.
cultural é ação política, isto é, ação A formação profissional dos
coletiva e engajada. Assim, ela se alunos foi diversificada, ao longo das
caracteriza pelo “diálogo libertador, três edições do curso, o que contribuiu
que promove conhecimento e práxis, para uma produção científica com
comunhão de sujeitos participantes da diferentes enfoques. Entre os temas
transformação da realidade” (FREIRE, dos trabalhos finais destacam
destacam-se:
1981, p. 85). Portanto, na perspectiva políticas culturais, a acessibilidade nos
do curso, cada aluno deve tornar-se Pontos de Cultura, a acessibilidade em
um multiplicador de conhecimento e equipamentos culturais, a formação
um ator político-social
social de promoção da profissional, os recursos de
política pública de acessibilidade acessibilidade, e acessibilidade no
cultural para pessoas com deficiência. contexto da deficiência, entre outros.
Desenvolve-se
se uma metodologia da No projeto
jeto de formação ainda
implicação, caracterizada pelo se associa a realização do Encontro
compromisso político da aplicabilidade
aplicabil Nacional de Acessibilidade Cultural –

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ENAC, que em 2019 chegou a 7ª aglutinar pesquisadores de outras


edição. Os ENAC têm contribuído para universidades, tendo como referência
a construção da política cultural de a necessidade de que
q esta pauta
acessibilidade. Cabe destacar que o I emergisse no ambiente universitário e
ENAC foi realizado
o em 2013 em que permitisse a convergência de
parceria com a UFRGS que somou a esforços interinstitucionais. De fato, a
sua iniciativa de realizar o II Seminário questão da acessibilidade manifesta-
manifesta
Nacional de Acessibilidade em se no contexto universitário em íntima
Ambientes Culturais – SENAC. Junto a relação com a Tecnologia Assistiva e
esta iniciativa realizou
realizou-se a com a Educação Especial.
ecial. No entanto,
Conferência Livre em Acessibilidade sua qualificação para os múltiplos
Cultural que apresentou 90 propostas
proposta cenários artísticos e culturais é algo
para última Conferência Nacional de recente e ainda incipiente. Verificam-
Verificam
Cultura, aprovando como prioritária a se esforços investigativos articulados
proposta 3.18 do eixo 4.Entre o ex-
ex na Universidade Estadual do Ceará
alunos, alguns foram delegados nas (UECE), com o Grupo LEAD
conferências municipais, estaduais e (Legendagem e Audiodescrição),
Audiodescriçã na
nacional de cultura, o que confere o Universidade Federal da Bahia, com o
sucesso da metodologia empregada. Grupo TRAMAD (Tradução, Mídia e
No II ENAC realizado em 2014 em Audiodescrição) e iniciativas de
parceria com a UFRGS e a UFRN pesquisadores em outras
como uma atividade do TEIA – universidades. Do ponto de vista
Encontro Nacional dos Pontos de formativo, é recorrente a oferta de
Cultura se constituiu o GT de cursos de extensão, sobretudo, em
Acessibilidade Cultural dos Pontos de audiodescrição. Destacam-se,
Dest nesse
Cultura e a circulação do abaixo sentido, as iniciativas de pós
pós-
assinado, hoje legislação, da inclusão
incl graduação (especialização) em
da janela de libras na produção audiodescrição da Universidade
audiovisual brasileira. Federal de Juiz de Fora (UFJF) e da
Desde sua proposição inicial, a UECE, sendo que essa última
especialização em acessibilidade universidade também ofereceu uma
cultural se orientou pela perspectiva de especialização em Legendagem para

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Surdos e Ensurdecidos,
dos, ambas as formação continuada que possa
formações na modalidade EAD. Ainda ampliar a capacidade de ofertas
cabe ressaltar as disciplinas de formativas, considerando a dimensão
acessibilidade cultural que estão continental do Brasil. Para tanto, é
sendo constituída em diferentes cursos fundamental o delineamento de ações
de graduação a partir de discentes da investigativas compartilhadas que
pós-graduaçãoda
da UFRJ multiplicando permitam a construção
ão e socialização
a pauta.Entre elas podemos destacar
d de saberes, procedimentos e
a disciplina “Acessibilidade Cultural” no tecnologia assistiva que concorram
Curso de Terapia para a consecução dos objetivos
objetiv da
Ocupacional,“Gastronomia Acessível” acessibilidade cultural.
no curso de Gastronomia da UFRJ,
“Teatro Acessível” no curso de Teatro Da Tecnologia assistiva
da Universidade Federal do Amapá – As definições mundiais sobre
UNIFAP, e a disciplina “Produção Tecnologia Assistiva relacionadas às
Cultural Acessível”
ível” no Instituto Federal políticas públicas, às classificações de
do Rio de Janeiro. saúde, de educação e de movimentos
Em vista disso, foi sendo sociais têm sido atualizadas e
delineada uma rede de articulação modificadas constantemente, com o
envolvendo a UFRJ, a UFRGS e a intuito de contemplar as demandas da
UFRN em torno da temática da população mundial.
Acessibilidade Cultural em favor de No Brasil, o desenvolvimento da
ações convergentes que mobilizassem área de Tecnologia Assistiva, a partir
asuniversidades públicas
blicas na da ótica das políticas públicas, teve
consolidação dessa temática, marcos importantes nas áreas da
considerando a observância dos educação e saúde. Entre elas
direitos culturais da pessoa com destacam-se:
se: o Programa de
deficiência. Além de identificação e Implantação de Salas de Recursos
estabelecimento de interlocução com Multifuncionais, que
ue levou para a
pesquisadores de outras instituições escola um conjunto de recursos de
públicas de ensino superior, almeja-se
almeja Tecnologia Assistiva (BRASIL, 2007);
a constituição
nstituição de uma plataforma de o Programa de Formação continuada

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de Professores na Educação Especial 2014b); e na área da Saúde, o


com o objetivo de favorecer o investimento do Governo Federal na
desenvolvimento de práticas criação de Centros Especializados em
pedagógicas inclusivas apoiadas pelos Reabilitação (CER) buscando garantir
recursos
ursos de TA (BRASIL, 2014a); o o desenvolvimento de habilidades
Programa de Assistência à Pessoa funcionais das pessoas com
com Deficiência em 2008, que deficiência e promover sua autonomia
compreendeu um conjunto de políticas e independência (BRASIL, 2014b).
públicas estruturadas em quatro eixos: Além dessas ações, desde 2010
Acesso à Educação, Inclusão social, o Ministério de Ciência e Tecnologia –
Atenção à Saúde e Acessibilidade MCT
CT em parceria com a Financiadora
(BRASIL, 2014b); e o Plano Nacional de Estudos e Projetos –FINEP entre
dos Direitos da Pessoa com outros parceiros tem investido através
Deficiência - Viver sem Limite de 2011, de diferentes editais na composição
com novas iniciativas que de Núcleos de Pesquisa em
intensificaram ações em benefício das Tecnologia Assistiva no país, com o
pessoas com deficiência (BRASIL, intuito de favorecer iniciativas de
2011a). desenvolvimento
to de tecnologias de
Entre outras ações, destaca-se
destaca baixo custo; tecnologias desenvolvidas
a inauguração, em 2012, do Centro a partir do conceito de desenho
Nacional de Referência em Tecnologia universal, além de produtos que
Assistiva - CNRTA com o objetivo de pudessem substituir recursos
orientar uma rede de núcleos de importados; apoiando projetos
pesquisa em universidades públicas, cooperativos entre empresas e
estabelecer diretrizes e articular a instituições científicas e tecnológicas
atuação dos núcleos de produção com o objetivo de estimular o
científica e tecnológica do país; o desenvolvimento e a inovação de
crédito facilitado
cilitado para produtos de produtos de Tecnologia Assistiva e
Tecnologia Assistiva, lançado em 2012 desenvolvimento de produtos ou
pelo Governo Federal, que tinha como soluções inovadoras que pudessem
meta financiar a aquisição de produtos trazer maior qualidade de vida para as
de tecnologia assistiva (BRASIL, pessoas com deficiência. Ainda em

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2013, foi lançada a Chamada


Chama Pública O conceito oficial
ofici de Tecnologia
CNPq n°84/2013 de Tecnologia Assistiva, no Brasil, foi elaborado pelo
Assistiva, que teve como foco o apoio Comitê de Ajudas Técnicas e foi
financeiro a projetos de pesquisa em incluído na Lei Brasileira de Inclusão
Tecnologia Assistiva, com a entrega (LBI)/Estatuto da Pessoa com
de produtos ou serviços tecnológicos Deficiência (Lei no 13.146, de
que pudessem promover a 6/7/2015) como “produtos, recursos,
independência e melhorar a qualidade metodologias, estratégias, práticas
prát e
de vida e inclusão social de pessoas serviços que objetivam promover a
com deficiência, ou mobilidade funcionalidade, relacionada à atividade
reduzida (BRASIL, 2013b). e participação, de pessoas com
Em 2015 aconteceu mais um deficiência, incapacidades ou
financiamento na área que foi a mobilidade reduzida, visando sua
chamada da FINEP “Viver Sem autonomia, independência, qualidade
Limites”, com recursos não de vida e inclusão social” (BRASIL,
reembolsáveis oriundos do Fundo 2017).
Nacional de Desenvolvime
Desenvolvimento A Lei Brasileira de
Científico e Tecnológico (FNDCT) que Inclusãogarantiu à pessoa com
contemplou 14 projetos com ações de deficiência acesso a produtos,
11 estados do país (FINEP, 2016), recursos, estratégias, práticas,
além dos estímulos regionais como a processos, métodos e serviços de
Seleção Pública Fapesp e Tecnologia Assistiva que ampliassem
MCTI/FINEP/FNDCT - Propostas para sua autonomia, mobilidade pessoal e
Inovação - PAPPE-PIPE
PIPE Fase 3 - qualidade de vida, e o governo se
2018, que com recursos
rsos orçamentários comprometeu
ometeu a facilitar o acesso ao
a
da FAPESP estimulou projetos de crédito especializado; criar
pesquisa para o desenvolvimento de mecanismos de fomento à pesquisa e
produtos, processos e serviços à produção nacional de Tecnologia
inovadores, por pequenas empresas Assistiva; ampliar o rol de produtos
paulistas, visando o desenvolvimento distribuídos no âmbito do SUS; e
de projetos em tecnologia assistiva agilizar, simplificar e priorizar
(FAPESP, 2018). procedimentos de import
importação de

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tecnologia assistiva — sobre esse Cury (2009) salienta que o público, o


último item, o Projeto de Lei no autor e os profissionais da cultura são
10.425/2018 vem sendo analisado todos sujeitos desse processo, uma
pela Câmara dos Deputados vez que "participam da (re)significação
(CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2018). do objeto patrimonial e da circulação
da significação” de forma mútua e
Tecnologia Assistiva em Ambientes compartilhada, denotando a dinâmica
di
e Produtos Culturais social relatada nas abordagens para
Entendendo o ambiente cultural construção do conhecimento. A
enquanto
to “agente humanizador” do imaginação é um aspecto importante
processo de desenvolvimento do para a interpretação do público e
homem e da humanidade, Bruno resulta do seu envolvimento emocional
(2010, p. 124) salienta que “a profunda com a obra, mediada também por seus
relação entre o homem e o bem conhecimentos prévios. Assim como o
cultural nos contextos culturais, tal significado da experiência vivida
como museus, não depende apenas continua no trabalho “imaginativo” do
da comunicação das evidências do público que o incorpora consigo em
objeto, mas também do espaço como sua agenda, experiências e
agente da troca”. Essa troca ocorre sentimentos.
pela administração, conservação e Araújo (2004, p. 306-307)
306 afirma
que
organização de novas maneiras de
a relação homem a
informação por meio da elaboração de obra/experiência não se constitui
apenas em um processo de
discursos expositivos e estratégias comunicação, mas de interação
informativa, onde o homem se
pedagógicas (BRUNO, 1996).
1996)
transforma pela apreensão da
Na perspectiva da passagem do informação, e o objeto/realidade
pela revitalização e ampliação de
sujeito passivo e contemplativo para o seu valor simbólico, em um
que age e transforma a sua realidade, processo contínuo e recíproco,
recípro
constitutivo e constituidor.
constituidor
preservar o patrimônio cultural
aproxima-se
se cada vez mais de uma Assim, quando a experiência
nova prática social, ressaltando a ocorre de forma eficaz e didática, pode
importância da inclusão de todos “gerar uma nova dimensão no contexto
nessa dinâmica (GABRIELE, 2014).
2014) e tem o seu grau de pertencimento

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reativado”, fortalecendo um dos entre os diversos públicos, onde uma


principais objetivos das instituições abordagem inclusiva preveja múltiplas
múl
culturais: a difusão do conhecimento soluções, flexíveis e adaptáveis a
para instigar
gar a capacidade de reflexão diferentes situações. Consoante a isto,
e o questionamento (GABRIELE, é essencial compreender o conceito de
2014, p. 46). Tecnologia Assistiva (TA) e os
Frente aos avanços principais recursos e estratégia de
tecnológicos e às mudanças do acessibilidade que podem ser
público, que se tornou mais diverso e empregados em ambientes culturais
ativo, os ambientes culturais devem para recepção,
ecepção, experiência e fruição
seguir novos rumos. Primo (2006) pelo maior número de pessoas em
salienta que um novo caminho
caminh implica suas diferenças e capacidades.
na renovação da apresentação das O maior acesso aos recursos de
informações e experiências, adotando tecnologia assistiva pessoais como
linguagens mais diretas, abertas e cadeira de rodas, andadores e
potencializadoras da reflexão crítica bengalas, óculos, aparelhos auditivos,
pelo visitante por meio de concepções recursos de comunicação alternativa
alt
de ambientes culturais que assumam ampliam a possibilidade de
processos de comunicação mais participação da população nos
interativos, que façam apelo aos ambientes culturais, contudo, esses
sentidos, às emoções, às memórias. espaços necessitam desenvolver uma
Para tanto, a interdisciplinaridade é série de estratégias para favorecer a
considerada como um instrumento fruição.
promotor da transformação e, Entre as soluções mais
enquanto veículo de comunicação empregadas em ambientes culturais,
interativa, opera pela apresentação destacam-se: oss audioguias, enquanto
sensível dos objetos expostos, seja em sistema eletrônico de tour
uma linguagem visual, audível ou tátil. personalizado; Língua Brasileira de
Segundo Neves (2009), para Sinais - LIBRAS para Surdos e
um espaço cultural receber a todos Legendas descritivas para Surdos e
deverá pensar antecipadamente em Ensurdecidos (LSE); Recursos táteis,
cada um e nas possíveis interações que podem englobar maquetes táteis,

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taxidermia, réplicas e toque em ampliação das informações de


artefatos originais tais como artefatos acessibilidade como a audiodescrição
arqueológicos; a audiodescrição, de uma imagem, ou a apresentação de
enquanto tradução das informações e informações em áudio ou como um
mensagens visuais no meio sonoro; o vídeo em Libras; e o uso de
texto ampliado, como recurso às dispositivos de alta tecnologia como
pessoas com visão residual, como as computadores,
utadores, comunicadores e
pessoas com baixa visão; o Braille, dispositivos móveis como facilitadores
enquanto
o sistema de escrita com do processo de fruição estética. Assim,
pontos em relevo; e o closed caption, novas estratégias e recursos começam
como sistema de transmissão de a ser empregadas para aproximação
legendas que descreve os sons e falas ao público geral por meio de novas
presentes nas imagens e cenas. oportunidades de percepção.
Outras soluções menos usuais, Um espaço cultur
cultural pode
mas igualmente importantes, envolvem receber pessoas que tenham
os Sistemas de Comunicação dificuldades comunicativas e, por essa
Aumentativa e Alternativa, enquanto razão, é fundamental que haja
formatos para comunicação com pranchas de comunicação disponíveis
diferentes públicos, principalmente que possibilitem ao visitante fazer
pessoas com dificuldades de se perguntas, comentários e escolhas
comunicar por meio da fala ou da dentro daquele espaço. Para oferecer
escrita; o texto simples, que traduz o acesso à “Exposição Cidade
conteúdos complexos dos diferentes Acessível”, que aconteceu na Casa da
equipamentos culturais
urais considerando Ciência da UFRJ, foram elaboradas 34
as necessidades das pessoas com pranchas impressas. As pranchas de
deficiência intelectual, e pessoas com comunicação foram organizadas a
dificuldades de leitura, ou que não têm partir dos diferentes espaços da
o Português como primeira língua; o exposição como a “entrada”, a “praça”,
texto apoiado por pictogramas que tem o “ônibus” e a “escola” (PELOSI et al.,
o objetivo de facilitar a compreensão 2015).
do conteúdo a ser transmitido; o uso Sabe-se
se que somente a
do QRCode como dispositivo de implementação das tecnologias

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assistivas não é suficiente para estejamos mais atentos ao público


garantir a qualidade de fruição cultural com deficiência.
das pessoas com deficiência os É importante destacar que os
produtos culturais. As dimensões de avanços da obrigatoriedade de
acessibilidade arquitetônica, acessibilidade
ibilidade nos produtos culturais,
comunicacional
acional e instrumental devem seja pelo avanço do debate e das
ser acompanhadas de iniciativas de conquistas no âmbito das políticas
acessibilidades atitudinais e culturais ou pela LBI tem provocado
metodológicas a fim de romper as uma rede de contatos e ampliado o
barreiras e buscar alternativas que diálogo qualificado entre os
qualifiquem o conforto, a inclusão, a trabalhadores culturais, profissionais
convivência em diversidade, a de diferentes áreas
reas que atuam na
autonomia para a real participação
ticipação da promoção da inclusão e pessoas com
pessoa com deficiência no uso e no deficiência. Nesta aproximação
consumo dos produtos culturais. Desta observa-se
se que um significativo
forma, cabe aos gestores dos número de profissionais da área
diferentes ambientes culturais buscar cultural tem buscado formação não só
informação e capacitação de sua para qualificar seus projetos culturais
equipe para a qualificação do em função de atender a legislação,
legislaç
atendimento a este público, bem como mas também para incorporar as
ampliar
iar a participação de profissionais diferentes tecnologias assistivas como
da área para colaborar na construção recurso de linguagem de sua obra
de programas e projetos culturais artística. Do mesmo modo, um
acessíveis. Do mesmo modo, se faz conjunto de pessoas com deficiência
necessário que a implementação de tem se qualificado para atuar como
tais iniciativas se comprometa a mediadores nos ambientes culturais e
atender a diversidade das deficiências. consultores de
e implementações de
Sem dúvida,
da, esta não é uma tarefa projetos acessíveis. Entre estas
fácil e se torna urgente que iniciativas destaca
destaca-se a
comprometidos com uma audiodescrição, uma área identificada
políticacultural afinada com a no campo da tradução e considerada
promoção da diversidade cultural uma tecnologia assistiva que tem

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crescido com rapidez no mercado possibilita a dimensão


nsão física da
brasileiro e que de forma qualificada experiência musical. A incorporação
exige-se
se um consultor com deficiência da obrigatoriedade nas iniciativas da
visual e de preferência com formação Lei Rouanet fez também com que o
na área da audiodescrição para atuar MinC fosse gradualmente
na elaboração dos roteiros incorporando para o seu quadro de
audiodescritos para diferentes áreas. pareceristas perfil qualificado para
Neste contexto, observa--se que se avaliação dos quesitos de
amplia o número de pessoas da área acessibilidade.
cultural atentas àss orientações da luta Do mesmo modo, cabe aqui
das pessoas com deficiência que nos destacar o pioneirismo do Brasil na
provocam a atualização constante área do audiovisual tanto no que diz
através da perspectiva do modelo respeito a produção cinematográfica
social da deficiência e sua luta com acessibilidade bem como da
legitimada no tema “Nada sobre nós obrigatoriedade de as3.336
as salas de
sem nós”. cinema do país oferecerem
oferecer recursos
Sabe-se
se que a partir da de acessibilidade cultural para
obrigatoriedade da incl
inclusão de pessoas com deficiência auditiva e
recursos acessíveis nos projetos visual. Após a MP 917/19 que adiou
financiados pela Lei Rouanet até janeiro de 2021 a IN 128/2016 da
ampliaram-se
se em escala significativa Ancine, todos os exibidores deverão
as diferentes iniciativas culturais oferecer legendagem, legendagem
acessíveis no país. As iniciativas de descritiva, audiodescrição e Libras
acessibilidade geralmente até então para
a quem solicitar.Filmes nacionais
encontradas em grandes centros com financiamento público ou não e
culturaiss ou museus agora se filmes internacionais já são produzidos
estendem a espetáculos das diferentes com os recursos de acessibilidade
áreas artísticas, tornando-se
se comum a para exibição no Brasil. A iniciativa
presença do intérprete de libras em brasileira tem provocado a política
diferentes shows e até o uso de internacional da produção e exibição
mochilas áudio táteis e piso vibratório audiovisual
diovisual para os quesitos de
para uso da comunidade surda que acessibilidade. Na produção

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audiovisual para TV brasileira já se propriedade intelectual” coloca em


observa o número crescente da questão o papel das editoras na
produção audiovisual acessível que produção de obras acessíveis para
tem cumprido a legislação. diferentes públicos.
No âmbito da política do Livro e É fundamental ampliar os
Leitura há muito o que se fazer. O recursos destinados à implementação
tratado de Marraqueche,
aqueche, tem como dos recursos de acessibilidade para os
objetivo possibilitar a criação de cópias projetos e produtos culturais. O pouco
de obras em formatos acessíveis e conhecimento dos gestores públicos
permite aos países signatários sobre a demanda tem sido
adotarem o intercâmbio transfronteiriço representado no baixo orçamento para
dessas obras por intermédio de tal, o que tem dificultado
dificu para o
entidades autorizadas. Muitas realizador cumprir suas metas de
questõesproblematizadoras
tizadoras surgem a acessibilidade com qualidade nos seus
partir do tratado, entre elas destacam-
destaca produtos culturais. É urgente a
se: de autorização de algumas aproximação dos trabalhadores e
entidades selecionadas para tal gestores culturais ao conhecimento da
atividade concentrando esta produção;
produção demanda de acessibilidade cultural,
a autonomia da pessoa com bem como aos serviços a serem
deficiência visual em poder escolher a contratados.
ratados. A qualidade dos serviços
obra a que quer ter acesso;
acesso a é fundamental para a fruição do
atualização
alização das iniciativas que público com deficiência. Do mesmo
ampliam o direito cultural das pessoas modo, é hora também de as pessoas
com deficiência a leitura através de com deficiência ampliarem sua
livros multiformatos que atendem visibilidade como público e plateianas
diferentes deficiências e a própria LBI, atividades culturais acessíveis, bem
no capítulo 9§ 1 que ao destacar que como os ambientess culturais atuarem
“É vedada a recusa de oferta de obra com a formação de público com esta
intelectual
telectual emformato acessível à população.
pessoa com deficiência, sob qualquer
argumento, inclusive sob a alegação
de proteção dos direitos de

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Sociedade

Considerações finais soluções lúdico-pedagógicas


pedagógicas muito
Tais reflexõesreiteram a apreciadas pelo público infantil, que
importância de considerar os direitos pode ter a oportunidade de atuar
culturais da pessoa com deficiência e ativamente (NEVES, 2009).
a perspectiva inclusiva na medida em Uma abordagem multissensorial
que os espaços e as mentalidades
mentali são visa fundamentalmente a inclusão pela
alterados para considerar as oferta de experiências em distintos
mediações comunicacionais diversas, níveis de complexidade e por diversos
e também, a necessidade de retomada recursos e meios de comunicação
de investimentos públicos no para todos, levando em consideração
desenvolvimento de pesquisa em as capacidades e eficiências de um
acessibilidade e no fortalecimento dos público maiss diverso e as
Núcleos de Pesquisa em Tecnologia possibilidades de interação entres
Assistiva e o correlato diferentes públicos em um mesmo
desenvolvimento de grupos e redes de espaço. Tal perspectiva, alinha-se
alinha à
pesquisa, especialmente, entre as compreensão expansiva da Tecnologia
Instituições Públicas de Ensino Assistiva como área interdisciplinar, a
Superior. qual não se reduz ao paradigma
Importante salientar que os clínico-médico
médico centrando-se
centrando apenas
recursos e estratégias de tecnologia na adaptação individual, levando em
assistiva que são empregados com o conta, sobretudo, o caráter dialógico
foco nas pessoas com deficiência,
deficiênci das interações sociais em diversas
podem ser facultados a todos. Assim, esferas, como por exemplo, a artística
proporcionando experiências únicas, e a cultural.
uma vez que os sentidos podem ser Um caminho longo já foi
estimulados de outras maneiras, percorrido, mas o desafio de qualificar
considerando as vivências dos mais a aproximação do uso da tecnologia
diversos públicos ao respeitar suas assistiva nos ambientes e produtos
diferenças, potencializando suas culturais nos convoca não só a ampliar
experiências
as e promovendo a inclusão. as experiências interdisciplinares, mas
O apelo à experiência multissensorial ao aprofundamento em pesquisa da
e à interatividade também conduz a aplicabilidade destes recursos no bom

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Sociedade

uso dos processos de mediação e tecnologias assistivas e as pessoas


consumo do produto cultural. Neste com deficiência devem ser inseridas
sentido se faz necessário ampliar a com qualidade como público e plateia
sensibilização dos gestores públicos participando em pé de igualdade com
de cultura e os diversos atores do os demais na construção deste novo
campo para o conhecimento técnico momento histórico da humanidade.
destas tecnologias que atuam no
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tempos de reclusão serão expandidos BRASIL. Financiadora de Estudos e


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aperfeiçoarão os cooperação empresa--ICT – tecnologia
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