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Autora: ​Beatriz.

Série: Terceiro (2021) do Ensino Médio.


Escola Antônio Scalon SESI - 423.

Os “Escudos” Oceânicos Contra a Covid-19

Há quarenta ou setenta anos atrás, um vírus começou a se proliferar em morcegos,


com parentes próximos em ​Yunnan​, China. A família desse vírus é nomeada como
coronavírus, a qual foi responsável pela emergência de saúde mais agravante dos últimos
tempos. Afetando assim o mundo todo; até lugares impensáveis, como os oceanos.
O planeta Terra é composto por 70,65% de água salgada, sendo que a cada quilo de H2O
(água), é estimado que cerca de trinta e cinco gramas sejam sais minerais como magnésio,
cálcio, potássio e sulfato (Mg, Ca, e K). Essa pandemia gerou um aumento significativo no
consumo de materiais descartáveis, como luvas, máscaras, e outros. Embora por um lado
estejam ajudando a combater o alastramento da covid-19, esses objetos pioram ainda mais a
situação dos oceanos.
De acordo com um relatório de pesquisa feito pela ​OceansAsia,​ foi calculado que 1,56
bilhões de máscaras entraram nos mares em 2020, amontoando entre 4.680 e 6.240 toneladas
de poluição por plástico. As quais são feitas de uma variedade de plásticos fundidos e feitas
diretamente de fibras plásticas ultrafinas (cerca de 1 a 10 mícrons de espessura). Alguns dos
componentes que são tecidos nesses "escudos"
são, flanela (65% algodão e 35% poliéster), seda
sintética (100% poliéster), Spandex (52% nylon,
39% poliéster e 9% Spandex), cetim (97%
poliéster e 3% Spandex), chiffon (90% poliéster
e 10% Spandex) e diferentes misturas de
poliéster e poliéster-algodão.
Traços de metais pesados ​(ou seja, teor de
chumbo de até 6,79 µg / L) associados a
resíduos contendo silício foram detectados. A
toxicidade de certos produtos químicos
descobertos e os riscos assumidos das partículas
e moléculas remanescentes levantam a questão
de saber se são seguras para o uso diário, pois
podem penetrar no ambiente e liberar mais
plástico de pequeno porte, já que são mais rápidas do que o plástico à granel (como sacolas
plásticas) para se decompor. Tornando-se evidente uma dificuldade maior no processo de
reciclagem, devido a sua composição e ao risco não só de contaminação como também
infecção.
As pessoas em Hong Kong estão bem informadas sobre as medidas de prevenção da
pandemia e estão acostumadas a usar máscaras faciais quando estão doentes. Nos estágios
iniciais da pandemia, a proporção de pessoas em Hong Kong usando-as em público, segundo
algumas estimativas, era de quase 98% . O governo também ajudou a fornecê-las às pessoas.
No início de maio de 2020, o governo de Hong Kong anunciou que distribuiria máscaras
reutilizáveis ​para as cidades com 7,5 milhões de habitantes e, posteriormente, em junho, que
distribuiria embalagens de 10 máscaras de plástico descartáveis ​para cada família.
Um número significativo delas foram transportados para aterros sanitários e escaparam para o
meio ambiente, e muitas foram descartadas incorretamente e, portanto, também entraram na
natureza. Diante do exposto, podemos esperar ver até 3 milhões dessas máscaras espalhadas
pelas ruas do país e 4,5 milhões
entrando no ambiente por mês.
Focando nos países da
América do Sul, durante a
pandemia, faltou EPI
(Equipamento de Proteção
Individual) e álcool gel, assim
como matéria-prima para sua
fabricação. Por exemplo, empresas
como a ​Softys​, instalaram a
produção de máscaras faciais em
países da América do Sul como
Argentina, Brasil, Peru e Chile,
onde estimam uma produção
mensal de 20 milhões (​SOFTYS​,
2020). Além disso, ​Urban e
Nakada (2020) avaliaram o
impacto da pandemia COVID-19 no meio ambiente e no sistema de gestão de resíduos sólidos
do Brasil. Esses autores relataram que mais de 85 milhões de máscaras faciais podem ser
descartadas diariamente no Brasil.
As consequências do grande número de pessoas que visitam as praias do litoral norte
de São Paulo (Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela), acarretaram em Setembro
de 2020 na morte de um Pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus), sendo a causa da
morte uma máscara encontrada em seu estômago. Isso acontece por serem facilmente
confundidas com águas vivas (o alimento favorito das tartarugas marinhas) ou outros tipos de
alimentos consumidos pela vida marinha, aumentando o
risco de se enredar em diversos peixes, animais e
pássaros. Somado a isso, é possível ver que esse caso é
a prova inequívoca de que esse tipo de resíduo causa
mal e mortalidade também na fauna marinha.
É fato de que não existe apenas uma solução para esse
problema, entretanto é viável que a população tome
providências hoje. A possibilidade de reciclagem é
debatida em todo o mundo, mas a ​Plaxtil,​ empresa
francesa, aposta no processo de descontaminação e
reaproveitamento do material. As máscaras passam por
um período de quarentena antes de usar a desinfecção
UV, apenas retirando suas barras de metal, pois é a
única coisa que não pode ser reciclada. Segundo representantes da corporação, o polímero
produzido por esse processo pode ser recuperado repetidamente. As usadas são recolhidas
apenas através dos parceiros da empresa sediados na região de Nova Aquitaine, na França, e é
especializada na produção de plásticos ecológicos a partir de resíduos. Devido à combinação
dos materiais de proteção, isso
desperta o interesse de entidades
internacionais.
Nesse viés, também há a
solução de reutilizar garrafas
plásticas para fazer máscaras, como
na Associação Profissional de
Instrutores de Mergulho, um grupo
de mergulhadores está coletando
garrafas plásticas para reutilizar na
fabricação de máscaras de proteção
individual. Simbolicamente, essa
ação evita que a garrafa seja
descartada no mar. Em cooperação
com outras marcas, produziu cinco
modelos diferentes, um dos quais,
feito para crianças com menos de 10 anos.
Além disso, máscaras de pano podem ser usadas para prevenir a disseminação de infecções na
comunidade por pessoas doentes ou infectadas assintomáticas, e o público deve ser educado
sobre seu uso correto.
A poluição adicional de plástico causada pela pandemia COVID-19 é apenas parte de
um problema maior. Desde que o primeiro lote de plástico foi descartado incorretamente,
nossos oceanos ficaram cheios de poluição. Embora esse problema não seja novo, à medida
que a chamada para a ação se acumula, sua urgência aumenta. As máscaras vistas e recolhidas
nas praias provam que nosso sistema de gerenciamento de resíduos ainda apresenta falhas
graves, e as pessoas continuam descartando seus resíduos de plástico de forma irresponsável,
logo, devemos redobrar nossos esforços para eliminar a dependência dessa substância.

Referências Bibliográficas:

Figura 1 - Organização Mundial da Saúde. ​Máscaras de Tecido: Informações Importantes


para Vendedores Elo7.​ Disponível em:
https://blog.elo7.com.br/negocio-criativo/mascaras-de-tecido-informacoes-importantes-para-v
endedores-elo7​ . ​Acessado em: 12/03/2021.

Figura 2 - Instituto Argonauta.​ ​Pinguim é encontrado morto após o feriado 7 de setembro


e necropsia do Instituto Argonauta revela máscara embrulhada no estômago do animal.
Disponível em:
https://institutoargonauta.org/pinguim-e-encontrado-morto-apos-o-feriado-7-de-setembro-e-ne
cropsia-do-instituto-argonauta-revela-mascara-embrulhada-no-estomago-do-animal/​ .
Acessado em: 12/03/2021.

Figura 3 - ​Covid-19: Máscaras sustentáveis​. ​Disponível em:


https://plasticoresponsavel.continente.pt/covid-19-mascaras-sustentaveis/​ . ​Acessado em:
12/03/2021.

Figura 4 - Dr. Teale Phelps Bondaroff, Director of Research, OceansAsia Sam Cooke,
Research Associate, OceansAsia. ​Masks on the Beach​. Disponível em:
https://oceansasia.org/pt/covid-19-facemasks/​ . ​Acessado em: 12/03/2021.

SOFTYS. ​Softys comenzará a fabricar barbijos en Argentina con distribución gratuita


durante la emergencia sanitaria. ​Disponível em:
https://www.softys.com.ar/noticias/softys-comenzara-a-fabricar-barbijos-en-argentina-con-dis
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