Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TITULO:
2. INTRODUÇÃO
2
Agricultura Familiar é uma instituição de reprodução da família, cujo núcleo está na relação direta com
a terra e com a produção agrícola. Uso a concepção de agricultura familiar no seu sentido histórico e
antropológico, como unidade dessa reprodução social da família, regulada por valores de tradição
familiar. Nela, as estratégias de reprodução não se limitam a reproduzir, isto é, subsistir e permanecer.
Elas também dão conta das novas necessidades e dos novos desafios que são continuamente gerados pelas
transformações econômicas e sociais (MARTINS, 2001, p. 29).
escolhidas mediantes os seguintes critérios estabelecidos pela SEMED: 1) escolas
localizadas no campo; 2) funcione em tempo integral; 3) desenvolva experiências
diferenciadas no município e utilizem os pressupostos da educação do campo e da
Pedagogia da Alternância, intercalando tempo escola e tempo comunidade; 4) possuam
estrutura física necessária para a garantia da permanência ampliada dos estudantes; 5)
possuam profissionais habilitados para atuar.
3. PROBLEMÁTICA
3
De acordo com os dados do Ministério da Educação no ano de 2012, 90% dessas escolas – um total de
68.651 unidades – não têm internet. A taxa de estabelecimentos sem energia elétrica é de 15% (11.413
escolas), enquanto 10,4% não contam com água potável (7.950) e 14,7% não apresentam esgoto sanitário
(11.214). Além disso, apenas 11% das escolas do campo têm biblioteca, 1,1% contam com laboratório de
ciências (MANDELLI, 2012 APUD MARINHO, 2016, p.45).
4
A especificidade da Educação do Campo, em relação a outros diálogos sobre educação deve-se ao fato
de sua permanente associação com as questões do desenvolvimento e do contexto na qual ela se enraíza.
Sua base de sustentação é que o campo deve ser compreendido para muito além de um espaço de
produção agrícola. O campo é espaço de vida, de produção de relações sociais; de produção de história,
cultura e conhecimento, de luta de resistência dos sujeitos que nele vivem (MOLINA, 2009, p.18).
No município de Marabá iniciativas como essas têm sido apoiadas e
desenvolvidas pelos movimento sociais do campo (Movimento Sem Terra-MST e
Federação dos Agricultores na Agricultura-FETAGRI) em parcerias com instituições
públicas (Secretaria Municipal de Educação-SEMED; Universidade Federal do Pará;
Instituto Federal do Pará - Campus Rural de Marabá; Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará-UNIFESSPA; Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária),
assumindo uma dimensão regional. Desse modo, materializando um acúmulo histórico
de mais de 25 anos de ações concretas em prol da educação do campo, no qual geraram
experiências pedagógicas que vão desde Alfabetização de Jovens e Adultos; Ensino
Técnico, Ensino de Graduação, ao Ensino de Pós Graduação, em sua grande maioria
financiados com recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária
(MARINHO, 2016).
O acúmulo das experiências dos projetos educacionais, das ações educacionais
dos movimentos sociais do campo, e dos profissionais das instituições de ensino
superior e assistência técnica, possibilitou a criação de uma instituição de ensino pública
fundamentada na concepção de educação do campo, agroecologia e alternância
pedagógica5. Iniciando um processo de institucionalização das propostas de educação do
campo na região do Sudeste Paraense.
O Campus Rural de Marabá (CRMB)6 é sucessor da Escola Agrotécnica Federal
de Marabá criada pela Lei nº 11.534 sancionada pelo Presidente da República em 25 de
outubro de 2007 (BRASIL, 2007). Sobretudo, compõe a política de expansão da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica do governo federal que
constituiu o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFPA), a partir da
5
A alternância de tempos e espaços tem sido vista como uma forma de enfrentar na organização do
currículo a articulação entre teoria e prática e o envolvimento dos próprios estudantes como responsáveis
pela sua formação. Não se trata de alternar ou de buscar integrar tempos e espaços de teoria e de prática,
ou mesmo de aprendizados diferenciados que podem ser complementares na formação. A integração aqui,
que deve ser cuidadosamente pensada, precisa garantir a articulação entre as práticas e as discussões
teóricas destas mesmas práticas, em ambos os tempos e espaços. Pensando no objetivo da formação
profissional, a alternância a ser garantida é aquela entre períodos ou situações de trabalho escolares, no
sentido de criadas pelo curso, ou seja, práticas de campo, estágios, situações de trabalho real, da inserção
dos estudantes em processos de trabalho que existem e os envolvem independentemente do curso, mas
que o curso pode potencializar na formação, através do seu acompanhamento e pela formalização ou
reflexão sobre os conhecimentos ali produzidos (CALDART, 2010, p. 96).
6
Esta instituição tem como missão promover a educação profissional e tecnológica em diferentes níveis e
modalidades, sobretudo técnico integrado com o ensino médio, dos povos do campo da mesorregião do
sudeste do Pará, em atendimento as suas demandas sociais, econômicas e culturais e em sintonia com a
consolidação e o fortalecimento de suas potencialidades, estimulando a pesquisa com vistas à geração e
difusão de conhecimentos, privilegiando os mecanismos do desenvolvimento sustentável e promovendo a
inclusão social, a cidadania e o desenvolvimento regional (IFPA/CRMB, 2010).
integração do CEFET-PA com as Escolas Agrotécnicas Federais de Castanhal e Marabá
(CRMB, 2010).
O acúmulo histórico destas experiências pedagógicas tem sido fundamental no
incentivo e inspiração de educadores e estudantes das comunidade rurais, para o
desenvolvimento de processos educativos críticos e contextualizados em diversas
escolas do campo na região do Sudeste Paraense.
Desse modo, a adoção de currículos escolares pautados no contexto da
agricultura família e na perspectiva da agroecologia é uma ação estratégica para o
desenvolvimento rural sustentável do campo no município de Marabá, tendo em vista a
complexidade sócio ambiental, e os desafios produtivos e organizacionais vigentes no
meio rural.
O município de Marabá faz parte da região do Sudeste Paraense 7 caracterizada
como fronteira agrícola, podendo ser definida, como um espaço recentemente ocupado e
para o qual ainda hoje se dirigem novos fluxos migratórios e novas atividades
econômicas, tendo seu histórico de expansão influenciado pela abertura de
estradas/rodovias, por grandes projetos de exploração dos recursos naturais e
hidrelétricas (COSTA: 2000). Os dados atuais revelam que esta região é composta por
39 municípios, abrange uma área de aproximadamente 297.344.26 km 2, com uma
população urbana em torno de 1.349.816 habitantes e uma população rural com
aproximadamente 497.698 habitantes, totalizando 1.847.514 pessoas e uma densidade
demográfica de 5,78 habitantes/km² (BRASIL, 2019).
A diversidade sócio-cultural existente entre os camponeses nas comunidades
rurais do Sudeste Paraense têm desafiado o processo produtivo, pois, esta região é
marcada por uma presença massiva de migrantes de outros Estados com poucos
conhecimentos prévios acumulados sobre o agroecossistema8 local. Outra questão é
7
Os números atuais referentes à quantidade de Projetos de Assentamento no Sudeste Paraense apontam
está localidade como a região do Brasil com a maior quantidade de Projetos de Assentamento (PA),
totalizando um montante de 514 PAs, 94.702 famílias assentadas e uma área de 4.545.710 milhões de ha
(INCRA, 2020), correspondendo a quase 50% total de assentamentos do Estado e aproximadamente 6%
do montante nacional. E também, vale ressaltar a existência na região de outras categorias que se
organizam na lógica da produção familiar: ribeirinhos, indígenas, acampamentos, áreas de colonização e
outros (WANDERLEY, 1999). A expressividade desses números é o resultado da reação organizada de
um enorme contingente de expropriados em contraposição ao processo histórico autoritário e conservador
de ocupação existente na região.
8
Segundo Gleissman (2001), o conceito de agroecossistema está relacionado a uma estrutura na qual são
analisados o sistema de produção de maneira holística, incluindo-se também seus conjuntos complexos de
insumos e produção e as suas ligações e interconexões entre as partes que os compõem, “uma estrutura
com a qual podemos analisar os sistemas de produção de alimentos como um todo” (GLEISSMAN, 2001.
ausência de instituições públicas de pesquisa agropecuária que pudessem gerar
tecnologias adequadas à realidade local, em contraposição, há uma predominância de
sistemas de produção, baseados na precoce e intensa pecuarização dos estabelecimentos
familiares, resultante inicialmente da instabilidade da posse da terra e da falta de
infraestrutura de produção, incentivado pela política pública que historicamente
privilegiou a criação de gado como estratégia para garantir a posse da terra e a
modernização do campo (OLIVEIRA; VEIGA; TAVARES, 2005). Em consonância
com a necessidade criação de novas alternativas de produção que possa ser sustentáveis
ao longo do tempo.
4. OBJETIVOS
p. 61).
apontamento de elementos concretos para a reformulação do componente, a luz das
experiências vivida, com base na perspectiva dos sujeitos envolvidos no processo
educativo (educandos e educadores), tendo como foco a institucionalização da
Educação do Campo.
REFERÊNCIAL TEÓRICO
METODOLOGIA
no presente trabalho será utilizado a pesquisa qualitativa, que busca perceber em lócus os
problemas enfrentados pela sociedade e leva em consideração o contexto em que estão
inseridos, como nos fala Bogdan e Biklen (1994, p. 42) “na investigação qualitativa a fonte
direta de dados é o ambiente natural, construindo o investigador o instrumento principal”, com
isso, “a abordagem qualitativa exige que o mundo seja examinado com ideia que nada seja
trivial, que tudo tem potencial para construir uma pista que nos permita estabelecer uma
compreensão mais esclarecedora do nosso objeto de estudo” (BOGDAM; BEKLEN, 1994,
Este estudo iniciará com uma pesquisa exploratória com o intuito de fazer um
levantamento bibliográfico a respeito do tema em questão, como prática de referenciar
as análises. Seguido de um levantamento documental: caderno pedagógicos; relatórios;
trabalhos produzidos pelos educandos, como também documentos e registros históricos
sobre a educação do campo na região, entre outros, pois “os documentos constituem
também uma fonte poderosa de onde podem ser retiradas evidências que fundamentem
afirmações e declarações do pesquisador” (LUDKE, 1986, p. 39). Além de serem
considerados cientificamente autênticos dão à possibilidade de descrever e comparar os
fatos sociais.
Com relação as técnicas de coleta de informações e análise, serão utilizadas
técnicas qualitativas, tendo em vista que a problematização teórica deste estudo situa-se
em um campo de discussão das relações sociais.
A abordagem que será utilizada para servir de referencial neste estudo, será
dialética, por ser, segundo Gatti (2002) aquela que em relação às demais, fornece
maiores possibilidades epistemológicas para se analisar o objeto investigado em suas
múltiplas e concretas determinações históricas, sendo este bastante utilizado em
pesquisa de perspectiva subjetiva.
Consideramos que a investigação faz parte de um contexto social que deve ser
entendido dentro das determinações apresentadas pelo próprio ambiente onde vivem os
sujeitos envolvidos, ou seja, existe uma relação intrínseca entre o mundo natural e o
social, o que nos levará a conviver com a complexidade, com a diversidade, com a
especificidade e com a diferença no decorrer da pesquisa (GATTI, 2002). Nesse tipo de
abordagem se leva em consideração as contradições sociais do sujeito relacionando-as
dialeticamente as condições materiais de existência dos envolvidos direta ou
indiretamente no processo investigativo.
A pesquisa será organizada no formato de estudo de caso, referente a
implantação do Componente Curricular Agricultura Familiar e Práticas
Agroecológica em duas escolas da rede municipal de ensino de Marabá (Escola
Municipal de Ensino Fundamental Carlos Marighela e a Escola Família Agrícola de
Marabá – Jean Hebette) que segundo Chizzotti (1991, p. 102).
[...] É uma caracterização abrangente para designar uma diversidade de
pesquisas que coletam e registram dados de um caso particular ou de
vários casos a fim de organizar um relatório ordenado e crítico de uma
experiência, ou avaliá-la analiticamente, objetivando tomar decisões a
seu respeito ou propor uma ação transformadora.
CRONOGRAMA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
_____. Escolas do Campo e Agroecologia: uma agenda de trabalho com a vida e pela
vida. Porto Alegre, 2016. Disponível em:
https://www5.unioeste.br/portalunioeste/arq/files/GEFHEMP/01_Escolas_do_C
ampo_e_Agroecologia.pdf Acesso em: 20 agosto. 2021.
OLIVEIRA, M.C.C.; VEIGA, I.; LIMA, L.M.; TAVARES, F.B. (2005) Políticas de
apoio à agricultura familiar e evolução do sistema agrário no Sudeste do Pará. In:
MOTA, D.M.; SCHMITZ, H.; VASCONCELOS, H.E.M. (Org.). Agricultura Familiar e
Abordagem Sistêmica. Aracaju-SE: Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção. 317-
343 p.