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TEOLOGIA DE UMBANDA

Desenvolvido por Rubens Saraceni


Ministrado por Alexandre Cumino

Aula Digitada 01 Parte 02


Obs.: este documento é a transcrição fiel do discurso das vídeo-aulas, portanto poderá conter erros gramaticais
mantendo a originalidade da origem.

Olá meus irmãos. Nosso objetivo agora é falar um pouquinho, um pouquinho sobre mim e um
pouquinho sobre o histórico desse curso de “Teologia de Umbanda Sagrada”.
Eu venho de uma família Espírita de formação clássica no Kardecismo desde nascença. Então,
conheci, estudei, pratiquei o Espiritismo, isto quer dizer que nunca fui Católico, então, alguns dogmas
da religião Católica nunca existiram na minha concepção de mundo e de religião, mas estudei e
pratiquei o Espiritismo, principalmente, junto com minha mãe que também já praticava o Espiritismo
por influência da minha avó que além de ser Espírita também trabalhava com Preto-Velho. Conheci o
Espiritismo e em 1995 fui convidado pra conhecer um Terreiro de Umbanda, eu era muito feliz com a
doutrina Espírita, mas eu tinha dentro de mim uma vontade muito grande de ver espíritos, de conversar
com os espíritos e não apenas ficar lendo livros, assistindo palestras e tomando passe com pessoas
desincorporadas, simplesmente, dando passe energético que a metodologia mais Espírita Kardecista.
Em 95, eu conheci um Terreiro de Umbanda e eu digo: “A Umbanda nos pega por todos os sentidos”. Eu
me lembro de cada momento, de cada particularidade de quando eu entrei num Terreiro de Umbanda,
foi em São Paulo, ali na região do Jaguaré um Terreiro que era dirigido e é até hoje pela Dona Marlene
que incorpora o “Caboclo Fecha Dourada” e o “Seu Zé Baiano”. Então, no primeiro dia em que eu pisei
naquele Terreiro pra tomar um passe de Umbanda, eu não tinha menor ideia do que era Umbanda.
Então, nós somos pegos por todos os sentidos, isso é uma magia. Ao entrar no Terreiro, a primeira coisa
que eu percebi ao entrar no Terreiro é um turíbulo, um defumador colocado na porta, então, eu já fui
pego por aquele aroma que, pra mim, soou como algo extremamente agradável. Logo que eu entrei, eu
senti o perfume da Umbanda, o cheiro da Umbanda. Ao adentrar dentro daquele Terreiro, então, fui
pego de forma visual por um altar com imagens Católicas, estava ali: Cristo, Maria, São Jorge, São
Sebastião, Cosme e Damião, muitos santos que eu nem tinha ideia quais eram por ter uma formação
Espírita, mas naquele momento imediatamente me tornei curioso pra saber quem eram aqueles santos
e ali mesmo naquele ambiente se dizia: “Ah Jesus é Oxalá”, “Cosmo e Damião, eles são Ibejes”, “São
Jorge é Ogum”, então, já criou uma outra curiosidade: “Como é que um santo pode ser um Orixá? Se
um tem procedência Africana e o outro tem uma procedência Europeia?”, mas é isso que foi dito, que
esses santos são Orixás e que nós rezamos para os Orixás. Que o santo está ali, mas que de alguma
forma você está rezando também pra São Jorge, você está rezando também pra Cristo. Fui pego
também pelo som, pois logo ali naquele ambiente começaram os toques de atabaque, as músicas, os
pontos cantados, aquilo também mexeu comigo de uma forma impressionante. E assim é a Umbanda,
ela nos pega por todos os sentidos e ainda de uma forma mais visceral, naquele momento a construção
do ritual, a oração, saudação pra Esquerda, defumação, toque de abrir Gira, abrir cortina, bater
cabeça, a chamado do Guia chefe da Casa e finalmente a linha de trabalho que vinha naquele dia pra
dar passe e ali eu tive a oportunidade de tomar passe com Preto-Velho e aí além do que a gente vê,
além do que se ouve, além daquele perfume, eu também fui tocado por um Preto-Velho que pegou na
minha mão, conversou comigo e agora me envolveu num outro ambiente, numa outra estrutura de
emoção. Eu diante daquele que representava um velho que foi escravo e que tinha um conhecimento
dos Orixás e uma sabedoria muito simples não intelectualizada, olha pra mim e diz: “Filho, você é um
cavalo” e eu não tinha a menor ideia do que é um cavalo, achei estranho dizer que eu sou um cavalo,
mas tinha uma cambone ali do lado que auxiliando o Preto-Velho me disse: “Ele está dizendo que você
é médium” e eu logo respondi: “Mas eu sou Espírita” porque naquele momento, embora, encantado e
fascinado pela Umbanda, eu ainda não sabia o que era aquilo tudo, não sabia onde eu estava pisando,
se era seguro eu estar ali dentro, mas tudo me dizia que estava em casa, as palavras, os sentimentos,
os gestos, de alguma forma aquilo ficou muito marcado no meu coração. E algum tempo depois eu fui
convidado por uma amiga e mais algumas pessoas a fundar um Terreiro de Umbanda. Começamos um
Terreiro de Umbanda do zero, sem pai de santo, sem mãe de santo, sem dirigente porque essa amiga
incorporava espíritos, ela não sabia nada de Umbanda, mas eles sabiam o que estavam fazendo,
exatamente isso, foi assim que eu comecei a praticar Umbanda. Eu não sabia nada de Umbanda, mas eu
sabia quando dava o dia e a hora certa incorporava um espírito e esse espírito sabia tudo de Umbanda e
explicava Umbanda pra gente. Assim, eu comecei a ler tudo que eu podia sobre religião de Umbanda
pra começar entender: o que é? Onde estou pisando? Onde estou entrando? Eu fui convidado por uma
entidade a participar desse grupo, esse grupo começou dentro de um apartamento, depois a gente
alugou um salão e nos tornamos um Terreiro de Umbanda sem saber o que era Umbanda,
simplesmente, incorporando os espíritos e eles trabalhando como muitos fazem tranquilamente,
poderia passar o resto da vida praticando Umbanda apenas dessa maneira como uma manifestação,
como um fenômeno que você vai lá os espíritos incorporam, eles limpam, eles descarregam, eles fazem
tudo e a gente vai pra casa, esquece aquilo e uma vez por semana vai lá, pra fazer o que tem que ser
feito. Mas, não, pra mim é pouco. Eu precisava entender o que estava praticando, aonde eu estava
entrando, por onde eu caminharia, quais são os limites dessa manifestação. Isso é mesmo uma religião?
É uma seita? Ou é uma religião? Ou é apenas uma manifestação espiritual Espírita? Eu continuava sendo
Espírita? O que estava acontecendo ali? Por isso, busquei tudo, tudo, tudo que houvesse em sebo,
biblioteca e livraria com título de Umbanda e tudo que foi possível ler sobre a Umbanda, eu li. Nessa
época em 1995, ali eu comecei a estudar, estudar, estudar muito Umbanda e foi uma frustração porque
cada livro ensina uma coisa diferente do outro, um autor contradiz o outro, um autor diz que para você
praticar Umbanda, você tem que ter, você tem que ter feito eu ia dizer isso, aquilo e aquilo outro.
Pois, vamos lá, há autores de Umbanda que dizem que pra praticar Umbanda você tem que fazer
camarinha, raspagem, roncó, catulagem, firmezas, coisas que são particulares do Candomblé que há
Terreiros de Umbanda que fazem sim, mas não serve para o todo. Outros livros diziam que pra praticar
Umbanda você tinha que antes no Terreiro ter uma vela em cada um dos quatro cantos e um ritual
assim, assim, assim, senão, não ia dar certo. Outros diziam se você não tivesse a sua firmeza de
Esquerda bem assentada, as trevas iriam entrar no Terreiro e davam receitas de como fazer isso.
Outros diziam que Umbanda só era praticada com esse ou aquele Orixá. Outros diziam que Umbanda é
uma religião só de Caboclo, Preto-Velho e Criança, só. Que Baiano, Boiadeiro e Marinheiro não faz
parte dessa religião. Outros livros diziam que uma mulher, e dizem ainda, que uma mulher não pode
ter o comando vibratório de um Terreiro, dizem que mulher não pode praticar magia. E eu ficava
perdido, sem entender que religião é essa que cada um fala uma linguagem, que religião é essa que
cada um fala o que quer, que cada um faz o que quer, que dá tanta liberdade, pois assim é a religião
de Umbanda.
Agora, estudar Umbanda realmente não é fácil porque cada seguimento prega uma verdade
diferente. A Umbanda é uma religião que não tem dogmas, não têm tabus – Dogmas são verdades que
devem ser aceitas sem questionamentos. Tabu é aquilo que não pode ser falado que é interditado –
Assunto interditado Umbanda não tem, mas os Terreiros têm. Neste Terreiro tem uma verdade
inquestionável, naquele Terreiro tem um dogma, naquele tem um tabu e a religião de Umbanda não é o
Terreiro. O Terreiro é Umbanda, o Terreiro que eu frequento aonde eu pratico a religião, aquele
Terreiro é Umbanda e pode falar que é Umbanda Branca, Umbanda Esotérica, Umbanda Trançado,
Umbanda Mista, pode falar que é Umbanda Omolocô, que é Umbanda Sagrada, não importa o que se
diga, é Umbanda. E nem tem tanta diferença, o trabalho na prática é quase sempre muito mais muito
parecido, não importa, na maioria desses Terreiros tem verdades locais que são verdades daquela
parte, fundamento daquele seguimento. Agora, o que eu queria é entender a Umbanda como um todo,
“A” religião de Umbanda e foi que em, ainda em 1995, e visitei muitos Terreiros hein, visitei muitos
Terreiros aonde no momento em que eu chegava e dizia que eu queria estudar a Umbanda o dirigente
dizia: “Então, tudo bem meu filho. Beije minha mão, bate cabeça no meu pé, peça a benção e se torne
meu filho de santo, pra eu te ensinar qualquer coisa você precisa ser meu filho de santo” e aquilo
tornou muito complicado e inviável porque eu já tinha o meu Terreiro, não queria me tornar filho de
santo de outra pessoa, só queira aprender sobre a religião. Então, ainda em 95, um dia eu entrei numa
livraria aqui em São Paulo, ali na Liberdade tem uma livraria chamada “Livraria Lorenz”, ainda em
1995, ao entrar nessa livraria o vendedor que até hoje trabalha lá, o mesmo vendedor que me atendeu
naquela época, me recebeu e ele já sabia que meu interesse maior eram títulos de Umbanda. Naquela
região tem muito sebo, além da livraria Lorenz eu vinha garimpando. Então, um dia ele falou pra mim:
“Olha, chegou um livro aqui psicografado de Umbanda” e eu falei: “O irmão, você deve estar
enganado. Livro psicografado é livro Espírita. Livro de Umbanda não é psicografado, não tem
psicografia de Umbanda” e ele falou: “Não. Tem um livro psicografado, é um romance, quem
psicografou foi um Preto-Velho, se eu não me engano é um Pai Benedito. O autor é Rubens Saraceni.
Tem aqui o livro chama-se: Cavaleiro, O Cavaleiro da Estrela Guia” e eu falei: “Uai então, se é assim,
me dê. Quero lê”. Naquele mesmo dia levei esse livro, participei de uma sessão, de um encontro em
que uma entidade se manifestou um Preto-Velho e ele veio me agradecer por eu ter ido buscar o livro
que em sonho ele havia me pedido e que eu fizesse uma leitura atenta que seria muito importante
aquele livro na minha caminhada na religião de Umbanda. Realmente, eu li, foi o primeiro livro do
Rubens Saraceni que eu li “O Cavaleiro da Estrela Guia”, eu fiquei emocionadíssimo, o livro é lindo,
fantástico, é encantador. Eu sentia a Umbanda, eu sentia aquilo que eu estava praticando presente nas
palavras daquele livro, aquele romance me levava a sentir a presença das entidades de Umbanda, eu li
ele, se não me engano, no máximo em dois, três dias. E naqueles dias, eu passei dias e dias sonhando
todas as noites que eu estava no astral, numa biblioteca astral e um Preto-Velho me levava pra
estudar, estudar, estudar, estudar e estudar, então, eu resolvi que eu queria conhecer quem é o autor
desse livro, quem escreveu esse livro. Liguei pra editora, na época era editora Cristalis, falei com um
senhor chamado Luís e disse: “Eu quero conhecer essa pessoa, esse autor Rubens Saraceni”, então, ele
informou que o Rubens estava dando uma séria de palestras com, de palestras pra um grupo de
estudiosos das religiões e que ele me dava autorização pra ir lá assistir a palestra. Então, nesse
momento ainda em 95, eu conheci o Rubens Saraceni, conheci uma pessoa, um cara simples, sossegado,
tranquilo, que não carrega vaidade daquilo que ele já estava fazendo naquela época, gente de uma
abertura e de uma proximidade e ali a gente criou uma afinidade incrível, nos tornamos amigos. Eu e o
Rubens nos tornamos amigos ali, naquele momento e ele me disse, ele tinha publicado três ou quatro
livros, naquele momento ele tinha publicado: “O Cavaleiro da Estrela Guia”, “O Guardião da Meia
Noite”, ele tinha publicado “O Ancestral Místico” e “Hash-Meir”, ele estava lançando um livro
chamado: “Umbanda - O ritual do culto à natureza”. E ele me disse, a gente tinha acabado de se
conhecer, ele falou: “Alê, eu já psicografei mais de 60 livros” e isso a gente estava em 1995, eu falei:
“Meu irmão, o que vai fazer com esse monte de livro psicografado?” ele falou: “Aos poucos a gente vai
publicar, os livros só são publicados com autorização do plano espiritual. Tem uma ordem de
publicação, mas já tem em torno de 60 psicografados”. Hoje, ele já publicou mais de 50 títulos, isso
quer dizer e não parou de psicografar de lá para cá. Então, acredita-se que o Rubens ainda tem na sua
casa, na sua residência dezenas e dezenas de livros escritos, psicografados, prontos para serem
publicados por ordem espiritual. Ali nos conhecemos e ele de algum momento a gente trocou telefone,
a gente se encontrou, a gente começou a conversar sobre a Umbanda e eu falei pra ele da minha
dificuldade que é a dificuldade da maioria dos Umbandistas de entender a religião de Umbanda. E o
Rubens revelou que tinha um pedido do astral pra que esse conhecimento que ele estava recebendo
fosse organizado em forma de um curso. O Rubens já tinha tido um Terreiro em São Paulo, o Rubens
morou alguns anos em Uberlândia e ele estava voltando de Uberlândia porque lá em Uberlândia ele
também recebeu um aviso que a missão dele era em São Paulo. Alguns anos atrás eu tive em Uberlândia
e conheci o Pai Zezinho justamente no Terreiro onde Rubens entrou e o Baiano do Zezinho Uberlândia
foi uma entidade que deu um toque para o Rubens e disse pra ele que a missão dele era em São Paulo.
E o Rubens estava de volta em São Paulo pra cumprir a sua missão e a missão dele era começar um
trabalho de ensinar aquilo que ele vinha aprendendo com seus Guias espirituais. O Rubens já tinha se
formado no curso de sacerdotes do Pai Ronaldo Linares, a quem devemos e temos o maior respeito e o
maior amor. E ali de 95 para 96, eu comecei a estudar de forma pessoal com Rubens e mais, mais,
especificamente, em 1996, o Rubens idealizou o curso de “Teologia de Umbanda Sagrada” com um
apanhado geral de informações e conhecimentos sobre a religião e já com o mínimo de 9 meses de
estudos. Então, este é o curso “Teologia de Umbanda Sagrada” que nós estamos aqui para conhecer e
estudar, idealizado pelo nosso irmão, nosso amigo, pai e mestre Rubens Saraceni, a quem eu peço a
Oxalá que abençoe, mas a quem eu também peço benção em nome de Deus e nossos pais e mães
Orixás.
Até o próximo bloco. Muito obrigado.

DIGITAÇÃO – Equipe Umbanda EAD

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