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PEDAGÓGICAS
PRÁTICAS MUSICAIS
PEDAGÓGICAS
Batatais
Claretiano
2016
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação
Educacional Claretiana.
780.7 S581p
Silva, Mariana Galon da
Práticas musicais pedagógicas / Mariana Galon da Silva – Batatais, SP :
Claretiano, 2016.
122 p.
ISBN: 978‐85‐8377‐502‐7
1. Educação musical. 2. Práticas musicais. 3. Métodos ativos. 4. Criação musical.
5. Métodos criativos. I. Práticas musicais pedagógicas.
CDD 780.7
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Práticas Musicais Pedagógicas
Versão: ago./2016
Formato: 15x21 cm
Páginas: 122 páginas
SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS............................................................................. 13
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE................................................................ 14
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 15
Conteúdo
Práticas de atividades e vivências baseadas em pedagogias musicais vincula-
das à criação musical. Desenvolvimento prático da criação musical na educa-
ção básica e/ou em projetos sociais, com base em metodologias da educação
musical. Metodologias de ensino da segunda geração dos métodos ativos e
dos educadores Keith Swanwick, Hans-Joachim Koellreutter, Teca Alencar de
Brito e Violeta Gainza, com ênfase na abordagem da criação musical destes
autores. Prática da criação musical coletiva como ferramenta educacional nos
diferentes ambientes e contextos educacionais.
Bibliografia Básica
BRITO, T. A. Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical. 2.
ed. São Paulo: Editora Fundação Peirópolis, 2011.
FONTERRADA, M. T. O. O lobo no labirinto: uma incursão à obra de Murray Schafer. São
Paulo: Editora da Unesp, 2003. v. 1.
SWANWICK, K. Ensinando música musicalmente. Tradução de Alda Oliveira e Cristina
Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003.
Bibliografia Complementar
BEINEKE, V. As crianças estão compondo: como nós estamos ouvindo a sua música?.
In: HENTSCHKE, L.; SOUZA, J. (Orgs.). Avaliação em educação musical: reflexões e
práticas. São Paulo: Moderna, 2003. p. 91-105.
BRITO, T. A. Quantas músicas tem a música? ou Algo estranho no museu. São Paulo:
Editora Fundação Peirópolis, 2009. v. 1.
FRANÇA, C. C.; POPOFF, Y. Festa mestiça: o congado na sala de aula. Belo Horizonte:
UFMG, 2011.
FRANÇA, C. C. Se essa música fosse minha. Belo Horizonte: Fino Traço, 2013.
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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos,
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se-
lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados
em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos,
não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu-
ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade
e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató-
rios, para efeito de avaliação.
1. INTRODUÇÃO
Caro aluno, seja bem-vindo a mais uma parte do nosso
curso!
Neste material estudaremos as práticas de atividades e vi-
vências baseadas em pedagogias musicais vinculadas à temática
de criação musical.
No início do século 20, houve um movimento de reflexão
sobre o ensino de música difundido por pesquisadores, educa-
dores e compositores que se dedicaram a pensar sobre o modo
como ensinamos música, como os alunos aprendem música e
sobre a importância do ensino de música para a formação dos
indivíduos.
Antes desse movimento, principalmente no século 19, o
ensino de instrumentos musicais seguia o modelo de ensino ela-
borado pelo conservatório de Paris, em que a prioridade era o
desenvolvimento da excelência técnica dos alunos de música.
Já no século 20, por meio da reflexão sobre a própria prá-
tica, músicos/educadores, como Émile Jaques-Dalcroze e Zol-
tán Kodály, passaram a questionar a abrangência desse ensino
pautado somente na técnica, já que não era um ensino voltado
para todos. Partindo dessa ideia, eles propuseram maneiras de
ensinar que compreendiam a música em sua completude, visan-
do, em primeiro lugar, proporcionar aos seus alunos vivências e
experiências musicais.
O grupo desses pensadores da educação musical foi cha-
mado de "primeira geração de métodos ativos". Entre eles, des-
tacamos: Émile Jaques-Dalcroze, Zoltán Kodály, Carl Orff e Edgar
Willems.
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e
precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-
nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados.
1) Composição musical: é a expressão tradicionalmente
utilizada para "criação musical". Embora os significa-
dos sejam iguais, alguns autores preferem o termo
composição.
2) Criação: "é, basicamente, formar. É poder dar uma for-
ma a algo novo. Em qualquer que seja o campo da ati-
vidade, trata-se, nesse ‘novo’, de novas coerências que
se estabelecem para a mente humana, fenômenos re-
lacionados de modo novo e compreendidos em termos
novos. O ato criador abrange, portanto, a capacidade de
compreender; e esta, por sua vez, a de relacionar, orde-
nar, configurar, significar [...]" (OSTROWER, 2001, p. 9).
3) Criação musical: "todos os processos em que há a
apropriação e a organização de sons pelos sujeitos de
maneira autônoma, consciente e intencional, onde
nesse processo os sons são compreendidos, relacio-
nados, apropriados, ordenados, res-significados e uti-
lizados como forma de expressão e comunicação [...]"
(SILVA, 2015, p. 47).
4) Grafia musical não convencional: refere-se à escrita
musical que emprega signos diferentes do que é tradi-
cional. Ela é amplamente utilizada na música contem-
porânea, uma vez que a grafia convencional não supre
as necessidades dessa música. Além disso, ela serve
como ferramenta pedagógica.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1986.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 17.
ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
MATEIRO, T.; ILARI, B. (Orgs.). Pedagogias em educação musical. Curitiba: Ibpex, 2012.
(Série Educação Musical).
NÓVOA, A. Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa: Educa, 2002.
OSTROWER, F. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 2001.
SILVA, M. G. Criação musical coletiva com crianças: possíveis contribuições para
processos de educação humanizadora. 2015. 146 f. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Universidade Federal de São Carlos, 2015.
ZITKOSKI, J. J. Ser mais. In: STRECK, D. R.; REDIN, E.; ZITKOSKI, J. J. (Orgs.). Dicionário
Paulo Freire. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.
Objetivos
• Compreender o conceito de criação.
• Compreender a criação como essência ontológica dos seres humanos.
• Estudar as principais pesquisas sobre criação musical no Brasil.
• Compreender a importância da criação no ensino de música.
Conteúdos
• Conceito de criação.
• Conceito de potencial criador.
• Panorama histórico do uso da criação na educação musical.
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© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS
UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA
1. INTRODUÇÃO
Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo, você está
preparado?
Como já mencionamos, estudaremos as metodologias do
ensino de música que abordam a criação musical. No entanto,
antes disso, é importante que você compreenda o que é criação,
criatividade e criação musical.
Agora, vamos refletir juntos: o que entendemos por cria-
ção? Você considera que todos são capazes de criar?
Nesta unidade, veremos que muitos autores se dedicaram
ao estudo da criatividade, sendo esta uma característica própria
do ser humano.
Após refletirmos sobre a criação como essência ontológica
do ser humano, abordaremos a criação aplicada à arte musical
com viés pedagógico, ou seja, a criação musical realizada em es-
paços de ensino de música.
Pesquisas em educação musical vêm se ocupando da cria-
ção musical como prática pedagógica/musical no cotidiano do
ensino de música desde o início do século 20.
Nas diversas pesquisas sobre essa temática, determinadas
atividades aparecem com a denominação de "improvisação",
"composição", "arranjo" e, também, "criação musical". Neste
material, utilizaremos o termo criação musical por considerar
que ele abarca todos os fazeres musicais nos quais a criatividade
está presente.
Nesta unidade, você também terá a oportunidade de co-
nhecer um panorama geral das pesquisas que vêm sendo desen-
volvidas sobre a criação musical no Brasil.
Viviane Beineke
Viviane Beineke (Figura 1) é professora
do Departamento de Música e do Programa
de Pós-graduação em Música da Universidade
do Estado de Santa Catarina (UDESC). Em seu
Doutorado em Música pela Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Sul (UFRGS), elaborou
a tese Processos intersubjetivos na composição
musical de crianças: um estudo sobre a apren-
dizagem criativa (2010). Entre seus trabalhos, Figura 1 Viviane Beineke.
podemos mencionar também uma série de materiais didáticos,
como, por exemplo, "Lenga la Lenga: jogos de mãos e copos".
Em sua pesquisa, Beineke (2010) investigou como a apren-
dizagem criativa se articula em atividades de criação musical no
ensino de música na Educação Básica, tendo em vista as pers-
pectivas dos alunos e dos professores. Ela aponta que, nas ativi-
dades de criação musical, as crianças constroem sua identidade,
tornam-se agentes da própria aprendizagem, participando de
um processo de aprendizagem significativa. Destaca, também,
que o professor, por meio de sua atuação, pode proporcionar
condições para que esses aprendizados ocorram (LUME, 2016).
Beineke (2010) embasou seu pensamento sobre criação
musical em autores como Burnard e Csikszentmihalyi, os quais
explicam que essa atividade é importante por ser um meio de de-
Carlos Kater
Carlos Kater (Figura 3) é professor titular
na Escola de Música da Universidade Federal
de Minas Gerais. Fez Doutorado e Pós-douto-
rado na Universidade de Paris IV Sorbonne.
Kater também atua em outras áreas, sendo
compositor, pesquisador de música contem-
porânea (musicólogo) e educação musical
(educador). Suas pesquisas remetem à forma-
ção humana, sendo voltadas especialmente Figura 3 Carlos Kater.
para a criação musical na Educação Básica. Elaborou uma série de
materiais didáticos, entre os quais destacamos: Musicantes e o boi
brasileiro, uma história com [a] música (2013).
Na área da criação musical, Kater vem elaborando, especifica-
mente, um projeto sobre a "Formação Musical Inventiva": o chama-
do "Música da Gente", que propõe a formação musical por meio da
criação musical. Esse projeto é desenvolvido, atualmente, em uma
escola da rede pública de São Bernardo do Campo (São Paulo).
Além disso, ele vem dedicando-se à pesquisa sobre criação
e expressão na educação musical, com o foco na criação de
atividades lúdico-musicais, integrando a música à formação
humana.
unb.br%2Findex.php%2Flinhascriticas%2Farticle%2Fdo
wnload%2F6477%2F5235&usg=AFQjCNHYMarzvmRO
DcaB0WvwQeoIsaGEBQ&bvm=bv.104819420,d.dmo>.
Acesso em: 15 abril 2016.
• VERAS, I. A. A criatividade como condição de ser humano.
Revista Filosofia Capital, Brasília, v. 4, ed. 8, p. 3-8, 2009.
Disponível em: <http://www.filosofiacapital.org/ojs-
2.1.1/index.php/filosofiacapital/article/view/91/67>.
Acesso em: 15 abril 2016.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) De acordo com os estudiosos, o que o senso comum aponta sobre a criação?
a) O senso comum aponta que todos podem criar.
b) O senso comum aponta que os muito inteligentes podem criar.
c) O senso comum aponta que somente as mulheres podem criar.
d) O senso comum aponta que somente as crianças são criativas.
e) O senso comum aponta que somente os dotados de talento criativo
nato podem criar.
2) Conforme o que foi estudado nesta unidade, o que leva as pessoas a se-
rem criativas e capazes de criar?
a) Nascer com um dom especial.
b) A inspiração divina.
c) O potencial criador que todo ser humano possui.
d) O estudo sobre criatividade.
e) A alimentação saudável.
3) Como a herança do pensamento europeu do século 19 pode prejudicar a
aplicação das atividades de criação musical?
a) A supervalorização do compositor, iniciada no século 19, pode impedir
que o educador perceba a capacidade de criar dos educandos.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) e.
2) c.
3) a.
4) c.
5. CONSIDERAÇÕES
Caro aluno, chegamos ao final da nossa primeira unidade
de estudos. Visamos facilitar a sua aprendizagem sobre a cria-
ção e, em especial, a criação musical. Dessa maneira, você pôde
compreendê-la como algo que pode ser realizado por todos nós,
incluindo as crianças, já que somos seres essencialmente criati-
vos. Perceber os nossos alunos como pessoas capazes de criar é
fundamental para oferecermos, em nossas aulas, atividades de
criação musical.
Com o estudo desta unidade, você também pôde conhecer
o panorama geral das pesquisas sobre a criação musical no Brasil.
Veja agora o Conteúdo Digital Integrador que ampliará seu
conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, conhecere-
mos algumas metodologias que tratam da criação musical, para
que você possa incluí-las em seu futuro profissional como docente.
6. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Viviane Beineke. Disponível em: <https://lh6.googleusercontent.com/-
ikn8T4P5K9w/AAAAAAAAAAI/AAAAAAAAAAA/PhOD-OOaU_U/photo.jpg>. Acesso
em: 15 abril 2016.
Figura 2 Marisa Trench de Oliveira Fonterrada. Disponível em: <http://sites.ffclrp.usp.
br/viencontromusicologia/images/marisa.jpg>. Acesso em: 15 abril 2016.
Figura 3 Carlos Kater. Disponível em: <http://www.movimento.com/wp-content/
uploads/2015/10/Carlos-Kater.jpg>. Acesso em: 15 abril 2016.
Figura 4 Leda de Albuquerque Maffioletti. Disponível em: <http://s7.postimg.org/
ek2n2eqq3/LEDA_MAFIOLETTI.jpg>. Acesso em: 15 abril 2016.
Sites pesquisados
ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Contribuições teóricas recentes ao estudo da
criatividade. Psicologia: teoria e pesquisa, Brasília, v. 19, n. 1, p. 1-8, jan./abril 2003a.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v19n1/a02v19n1.pdf>. Acesso em: 15
abril 2016.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, E. S.; FLEITH, D. S. Criatividade: múltiplas perspectivas. 3. ed. Brasília:
Universidade de Brasília, 2003b.
BEINEKE, V. Processos intersubjetivos na composição musical de crianças: um estudo
sobre aprendizagem criativa. 2009. 290 f. Tese (Doutorado em Educação Musical) –
Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
______. Aprendizagem criativa e educação musical: trajetórias de pesquisa e
perspectivas educacionais. Revista Educação, Santa Maria, v. 37, n.1, p. 45-60, jan./
abril 2012.
BORGES, A. H.; FONTERRADA, M. T. O. Abordagens criativas: ensino/aprendizagem da
música contemporânea. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E
PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 17., 2007, São Paulo. Anais... São Paulo: ANPPOM/
Unesp, 2007. p. 1-6.
BRITO, T. A. Por uma educação musical do pensamento: novas estratégias de
comunicação. 2007. 288 f. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica) – Pontifícia
Universidade Católica, São Paulo, 2007.
FONTERRADA, M. T. O. O lobo no labirinto: uma incursão à obra de Murray Schafer. São
Paulo: Editora da Unesp, 2004.
______. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. 2. ed. São Paulo: Ed.
Unesp; Rio de Janeiro: Funarte, 2008.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 21. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.
______. Professora sim, tia não. 19. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
______. Pedagogia do oprimido. 50. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
KATER, C. Musicantes e o boi brasileiro – uma história com [a] música. São Paulo:
Musa, 2013.
MAFFIOLETTI, L. A. Diferenciações e integrações: o conhecimento novo na composição
musical infantil. 2005. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
OSTROWER, F. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 2001.
RINALDI, C. Criatividade como qualidade humana. In: ______. Diálogos com Reggio
Emilia: escutar, investigar e aprender. São Paulo: Paz e Terra, 2012. p. 203-217.
SANTOS, R. A. A perspectiva da criatividade nos modelos de conhecimento musical.
In: ILARI, B. S.; ARAÚJO, R. C. (Orgs.). Mentes em música. Curitiba: Ed UFPR, 2010. p.
91-111.
SILVA, M. G. Criação musical coletiva com crianças: possíveis contribuições para
processos de educação humanizadora. 2015. 146 f. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Universidade Federal de São Carlos, 2015.
Objetivos
• Compreender as propostas da segunda geração de métodos ativos.
• Compreender as propostas de educadores do século 21.
• Analisar as propostas de atividades apresentadas.
Conteúdos
• Abordagens criativas na educação musical dos séculos 20 e 21.
• Abordagem criativa de K. Swanwick.
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© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS
UNIDADE 2 – A CRIAÇÃO MUSICAL PEDAGÓGICA NA SEGUNDA GERAÇÃO DE MÉTODOS ATIVOS E DE
EDUCADORES DO SÉCULO 21
1. INTRODUÇÃO
Após refletirmos sobre o conceito de criação e criatividade
e de conhecermos algumas pesquisas na área de criação musical
realizadas no Brasil, vamos iniciar o estudo de algumas metodo-
logias em música, com abordagens em que a criação musical é
vista como uma prática essencial no aprendizado de música.
Nesta unidade o conteúdo abordado diz respeito a sua
preparação como educador. Analisaremos metodologias e exem-
plos de atividades para compreendermos como esses métodos
se configuram na prática educativa.
Estudaremos dois nomes da segunda geração de métodos
ativos: John Paynter e Murray Schafer. Depois, conheceremos com
detalhes as propostas de K. Swanwick para a educação musical.
Proposta de atividade
Devemos ressaltar que Schafer não propõe uma metodolo-
gia fechada, com passos a serem seguidos. Ele apenas apresenta
sua abordagem e demonstra como faz, não propondo uma linha
de acontecimentos que devem ocorrer em aula, nem exercícios
prontos que devem ser reproduzidos de maneira rígida.
Objetivos:
• Proporcionar aos alunos momentos de escuta
consciente.
• Refletir sobre as mudanças da paisagem sonora pelo
tempo.
• Criar a partir dos sons identificados.
• Conscientizar sobre nosso papel na criação da paisagem
sonora da nossa sociedade.
Metodologia:
Inicie a aula perguntando aos alunos se eles se recordam
do primeiro som que ouviram ao acordar. Questione também se
eles acreditam que os seus avós escutavam o mesmo som quan-
do acordavam, ou se isso modificou-se ao longo dos anos.
Promova uma discussão em que todos reflitam sobre os
ruídos que escutamos frequentemente e não percebemos, e
como esses ruídos modificaram-se da época dos nossos avós até
hoje.
Em seguida, inicie uma atividade de escuta consciente. Es-
colha um local da escola que não seja onde comumente você
leciona e leve os alunos até lá. Peça que eles fechem os olhos e
tentem ouvir cada som daquele local.
Análise da atividade:
Por que essa atividade vai ao encontro da proposta de
Schafer?
• Os alunos passam por um processo de limpeza de ouvi-
dos ao escutarem, de maneira atenta e consciente, os
sons do ambiente.
• Discute sobre as mudanças na paisagem sonora.
• Ao propor que os alunos criem sua própria paisagem
sonora, leva, por meio do fazer, o pensamento crítico de
que somos criadores dos sons ambientes.
• Os alunos criam as suas próprias músicas de modo
não convencional, dialogando com a produção musical
contemporânea.
Proposta de atividade
Assim como Schafer, Paynter (MATEIRO; ILARI, 2012) não
propôs nenhuma metodologia fechada para ser seguida. Ao con-
trário, difundiu o ensino em rede, no qual não haveria linearida-
de de conteúdo.
Vamos ver a seguir alguns exemplos de como conduzir as
propostas de Paynter.
Objetivos:
• Compreender o que é música contemporânea.
• Apresentar os diversos recursos sonoros possíveis em
uma criação musical.
• Apresentar a história de Gilberto Mendes.
• Apreciar a obra Santos Football Music, de Gilberto Mendes.
• Compreender que existem várias maneiras de grafar a
música.
• Criar uma obra seguindo a estética da música
contemporânea.
• Utilizar a música como linguagem.
Metodologia:
Escuta musical–––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Inicie a aula colocando para os alunos escutarem a obra Santos Football Mu-
sic, de Gilberto Mendes. Disponível em: <https://youtu.be/a_P_USxgGFM>.
Acesso em: 22 abril 2016.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Análise da atividade:
Por que esta atividade vai ao encontro da proposta de
Paynter?
• Apresenta a música contemporânea aos alunos por
meio da escuta musical e da criação.
• Propõe que o aluno crie novos símbolos para grafar a
música, apresentando-lhe o conceito de grafia mu-
sical não convencional utilizada pelos compositores
contemporâneos.
• Permite que o aluno se torne um compositor de músi-
ca contemporânea, ao compor utilizando várias fontes
sonoras.
• Leva o aluno a se expressar utilizando os sons e os
silêncios.
• A atividade pode ser realizada em uma sala de aula da
Educação Básica, uma vez que não necessita de muitos
recursos para ser aplicada, já que os sons não conven-
cionais podem partir das mais variadas fontes sonoras.
• Propõe uma reflexão sobre a música contemporânea.
Informações––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nos sites indicados a seguir, você poderá conhecer vários livros didáticos
dessa pesquisadora. Todos partem das propostas de Swanwick, por isso en-
globam atividades de criação, apreciação e performance. Ela desenvolveu
inclusive um método para o ensino de piano de acordo com essa proposta.
Em seu site, é possível ter acesso a esse material e às canções compostas
por ela própria.
• Site de Cecília Cavalieri França. Disponível em: <http://ceciliacavalierifranca.
com.br/>. Acesso em: 22 abril 2016.
Proposta de atividade
Mais uma vez, é importante afirmar que Swanwick não
propõe uma metodologia fechada a ser seguida. Assim, é funda-
mental que você compreenda a sua abordagem, para que elabo-
re as suas próprias atividades.
Compondo um rondó
Objetivos
a) Apreciar o Minueto em Sol Maior, de J. S. Bach.
b) Executar a escala de Sol Maior na flauta doce.
c) Executar o Minueto em Sol Maior, de J. S. Bach, na flau-
ta doce (ou o instrumento que desejar).
d) Conhecer um pouco da história do período barroco e
de J. S. Bach.
e) Compreender o que é forma musical.
f) Analisar a forma musical de um minueto.
g) Criar um minueto construindo uma seção A e uma seção B.
Metodologia
Escuta musical–––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Inicie a aula colocando para os alunos escutarem a obra Minueto em Sol Maior,
de J. S. Bach. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=E3jLmkXm
dwI&index=4&list=RDohwdsknSI9U>. Acesso em: 22 abril 2016.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Explique aos alunos que o minueto era uma dança de ori-
gem francesa muito difundida nos séculos 17 e 18, no período
chamado de barroco. Para ilustrar, mostre-lhes cenas de filmes
com essa dança. Comente também sobre o compositor do mi-
nueto ouvido: J. S. Bach.
Em seguida, proponha que esse mesmo minueto seja exe-
cutado na flauta doce. Faça alguns exercícios de técnica utilizan-
do a escala de Sol Maior, variando a sua execução com semí-
nimas e colcheias. Execute o repertório partindo de pequenos
trechos até que ele seja concluído.
Após os alunos tocarem o minueto, pergunte-lhes o que
é forma musical. Explique-lhes que assim como uma cadeira é
composta por pernas, acento e encosto, a música também tem
forma. Então, quando combinamos melodias diferentes, damos
uma forma à música.
Coloque, novamente, o minueto de Sol Maior para os alu-
nos ouvirem e peça que definam um gesto corporal para cada
melodia. Quando cada uma delas for tocada, eles devem fazer o
gesto correspondente. Repita o exercício, mas, agora, eles devem
pronunciar a letra A com um gesto para a primeira melodia, e a
letra B para a segunda melodia. Enquanto os alunos fazem isso,
anote a sequência de letras na lousa. Pronto! A forma musical
desse minueto foi analisada e teremos escrito na lousa "ABA".
Análise da atividade
Por que essa atividade vai ao encontro da proposta de K.
Swanwick?
Nessa atividade, há todos os elementos da sigla C(L)A(S)P
sendo estudados com base em um único eixo: o Minueto em Sol
Maior, de J. S. Bach. Veja o Quadro 2, a seguir, que explica cada
um desses elementos.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Quais elementos da música contemporânea influenciaram os educadores
musicais estudados nesta unidade?
a) Uso de xilofone; composições com aleatoriedade na interpretação;
forma sonata.
b) Influência das sonoridades das músicas folclóricas de cada país; grafia
musical convencional.
c) Exploração de novas sonoridades, como o uso de sons do cotidiano;
grafia musical não convencional.
d) Composições sinfônicas; uso de celulares na composição musical.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) c.
2) e.
3) a.
4) d.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da segunda unidade, na qual você co-
nheceu as propostas de alguns educadores musicais dos séculos
20 e 21, incluindo como eles concebem a criação musical.
Nesta unidade, procuramos mais proximidade com a práti-
ca musical por meio das atividades propostas. As análises dessas
atividades possibilitaram que você percebesse os traços de cada
abordagem apresentada.
Veja agora o Conteúdo Digital Integrador que ampliará seu
conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, apresenta-
remos a criação musical pedagógica, de acordo com educadores
da América Latina.
6. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Raymond Murray Schafer. Disponível em: <http://theomniscientmussel.com/
wp-content/uploads/2009/05/r-murray-schafer-marcia-adair.jpg>. Acesso em: 22
abril 2016.
Figura 2 John Paynter. Disponível em: <http://www.yorkpress.co.uk/resources/
images/1390111.jpg?type=articlePortrait>. Acesso em: 22 abril 2016.
Figura 3 Grafia musical não convencional feita por crianças. Disponível
em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/
imagem/0000000764/0000008206.jpg>. Acesso em: 22 abril 2016.
Figura 4 Fragmento da partitura gráfica de Fontana Mix, do norte-americano John
Cage (1912-1992). Disponível em: <https://aprocuradabatidaperfeita.files.wordpress.
com/2011/09/c17_cage_fontana_mix.jpg>. Acesso em: 22 abril 2016.
Figura 5 Obra musical de John Cage. Disponível em: <http://i225.photobucket.com/
albums/dd111/Johnny-Max/Guitarra%20e%20Musica/wth.jpg>. Acesso em: 22 abril
2016.
Site pesquisado
FRANÇA, C. C.; SWANWICK, K. Composição, apreciação e performance na educação
musical: teoria, pesquisa e prática. Revista Em Pauta, v. 13, n. 21, p. 5-41, dez. 2002.
Disponível em: <http://ceciliacavalierifranca.com.br/wp-content/themes/cecilia/
downloads/textos/artigos/019_em_pauta.pdf>. Acesso em: 22 abril 2016.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FONTERRADA, M. T. O. O lobo no labirinto: uma incursão à obra de Murray Schafer. São
Paulo: Editora da Unesp, 2004.
______. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. 2. ed. São Paulo: Ed.
Unesp; Rio de Janeiro: Funarte, 2008.
MATEIRO, T.; ILARI, B. (Orgs.). Pedagogias em educação musical. Curitiba: Ibpex, 2011.
(Série Educação Musical).
PAYNTER, J.; ASTON, P. Sound and silence: classroom projects in creative music.
London: Cambridge University Press, 1970.
PAYNTER, J. Hear and now: an introduction of modern music in schools. London:
Universal Edition, 1972.
_______. Sound and structure. London: Cambridge University Press, 1992.
SCHAFER, R. M. O ouvido pensante. Tradução de Marisa T. de O. Fonterrada, Magda R.
G. da Silva e Maria Lúcia Pascoal. São Paulo: Ed. Unesp, 1991.
______. A afinação do mundo. Tradução de Marisa T. de O. Fonterrada. São Paulo: Ed.
Unesp, 1997.
SWANWICK, K. A basis for music education. London: Routledge, 1979.
______. Music education and the national curriculum. London: University Institute of
Education; Tufnell Press, 1992.
______. Ensinando música musicalmente. Tradução de Alda Oliveira e Cristina
Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003.
Objetivos
• Conhecer a situação da educação musical na América Latina nos séculos 20 e 21.
• Conhecer e compreender os fundamentos teóricos de H. J. Koellreutter,
Violeta Gainza e Teca Alencar de Brito.
Conteúdos
• V. Gainza e a criação musical na infância.
• Hans-Joachim Koellreutter: a improvisação e o desenvolvimento humano.
• Teca Alencar de Brito e a educação do pensamento.
71
© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS
UNIDADE 3 – A CRIAÇÃO MUSICAL PEDAGÓGICA SEGUNDO AUTORES DA AMÉRICA LATINA
1. INTRODUÇÃO
Nesta unidade apresentaremos três abordagens sobre
educação musical, com ênfase na criação musical que parte do
contexto da América Latina.
Devemos entender essa temática partindo do nosso con-
texto educacional, pois só assim podemos perceber que essas
atividades são importantes e viáveis. Isso não significa que, em
nossa prática docente, vamos utilizar somente as propostas de
autores mais próximos da nossa realidade, uma vez que todas
as abordagens nos servem de ponto de partida para a criação de
novas atividades e práticas.
Compreendemos que, mesmo dentro de uma mesma cida-
de, existem diferentes realidades educacionais e, por isso, você,
futuro educador, sempre necessitará refletir sobre ela antes de
aplicar os métodos e as atividades apresentadas neste material.
Iniciaremos os estudos com Violeta Hemsy de Gainza, pes-
quisadora e educadora argentina que desenvolve pesquisas so-
bre a educação musical com base na cultura latino-americana.
No Brasil, abordaremos as propostas de Hans-Joachim
Koellreutter, alemão naturalizado brasileiro que influenciou toda
uma geração de compositores e educadores brasileiros.
Seguramente, há outros educadores que poderíamos abor-
dar neste material. Escolhemos Violeta Gainza e Hans-Joachim
Koellreutter em razão da grande influência que exerceram nas
práticas em educação musical em nosso país e na América Latina
como um todo, além, é claro, de lançarem olhares para as práti-
cas musicais criativas.
Proposta de atividade
Gainza não propõe uma metodologia, mas, sim, reflete
sobre os vários fazeres musicais. Apresentaremos a seguir uma
atividade de improvisação para crianças, sendo esta somente um
exemplo de como trabalhar com a improvisação.
Objetivos:
a) Internalizar o pulso musical.
b) Compreender as subdivisões rítmicas.
c) Articular células rítmicas sobre um pulso contínuo.
d) Criar musicalmente utilizando percussão corporal.
Metodologia:
Inicie a aula explicando para as crianças o que é o pulso mu-
sical. Apresente também algumas células rítmicas, escrevendo-as
em uma lousa e pedindo para as crianças executá-las com palmas.
Disponha os alunos em pé e em círculo. Todos devem bater
palmas em um mesmo pulso musical continuamente. Após uma se-
quência de 4 palmas, um primeiro aluno deve improvisar ritmos di-
versos, utilizando percussão corporal sob o pulso contínuo das pal-
mas. Quando terminar a sua improvisação, esse aluno deve apontar
para outro colega do círculo, que, após aguardar uma nova sequên-
cia de 4 palmas, deve iniciar uma nova improvisação e, ao final,
apontar um novo colega. Assim, deve seguir o jogo de improvisação,
sempre tendo o intervalo de 4 palmas antes de iniciar a improvisa-
ção de um novo aluno. Lembrando que as palmas que marcam o
pulso musical não devem ser interrompidas em nenhum momento.
Análise da atividade:
Por que essa atividade vai ao encontro da proposta de
Gainza?
• É uma atividade de improvisação musical simples que
pode ser executada por crianças. A autora explica a im-
Proposta de atividade
Apresentaremos uma atividade baseada em um modelo de
improvisação presente no livro Koellreutter educador: o humano
como objetivo da educação musical (BRITO, 2011), chamado de
"Loja de relógios" (BRITO, 2011, p. 116). A atividade foi adaptada
para este material.
Objetivos
• Trabalhar com o tempo métrico (pulso) e não métrico.
• Pesquisar novos timbres.
• Improvisar coletivamente, utilizando diferentes
sonoridades.
Metodologia
Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Esta atividade deve ser realizada em grupo.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Inicie a aula solicitando que os alunos pensem em sons de
relógios que ouvem no dia a dia, como, por exemplo, o relógio da
sua casa, da sua escola, ou outro de que se lembrem. Em segui-
da, em roda, cada um deve tentar reproduzir os sons do relógio
escolhido para o restante da turma, utilizando sons vocais, cor-
porais, instrumentais ou, ainda, materiais alternativos.
Análise da atividade
Por que essa atividade vai ao encontro da proposta de
"Loja de relógios"?
a) Trabalha a improvisação de forma lúdica.
b) Parte de um tema cotidiano, o relógio.
Vídeo complementar–––––––––––––––––––––––––––––––––
Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por
fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão "Vídeos" e selecione: Prá-
ticas Musicais Pedagógicas – Vídeos Complementares – Complementar 5.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Com as leituras propostas no Tópico 3. 2., você terá a oportu-
nidade de conhecer com mais detalhes o trabalho de Hans-Joachim
Koellreutter. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as
leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.
Relato de atividade
Como a educadora musical e pesquisadora propõe que as
atividades emerjam das práticas conjuntas com as crianças, não
seria coerente oferecer para você uma atividade pronta. Esco-
lhemos, então, uma situação de aprendizagem, por meio da cria-
ção musical, ocorrida na "Teca Oficina de Música" e relatada por
Brito na sua Tese de Doutorado Por uma educação musical do
pensamento: novas estratégias de comunicação (2007).
Bolo musical–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Um engano produziu um acontecimento: em um encontro de um grupo de mu-
sicalização que reunia crianças com idades entre quatro e cinco anos, uma
delas chamou a bateria – instrumento musical – de "batedeira". Depois de
muito riso e de várias tentativas no sentido de corrigir o equívoco que insistia
em retornar, o grupo considerou que com uma "batedeira" poderia fazer um
bolo: um "bolo musical". Como? Agenciando cruzamentos e transformações,
pertinentes e coerentes com o modo de ser dessas crianças.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Aponte a sentença em que estão expressas as ideias de Hans-Joachim
Koellreutter para a educação musical?
a) A educação musical deve partir do ensino musical profissionalizante.
b) A criança deve aprender música primeiro por meio do aprendizado
teórico e depois por outros meios, como a apreciação.
c) O objetivo final da educação musical é a formação humana.
d) É importante ensinar formas de composição, como sonatas e sinfonias.
e) Todas as alternativas estão corretas.
4) Ainda conforme Brito (2007), o que seria uma educação musical maior?
a) É a educação musical mais importante do que a educação musical menor.
b) É a educação musical que leva a processos autônomos por parte dos alunos.
c) É a máquina de resistência ao controle e aos modelos dominantes.
d) É a educação proposta pelas instituições, em que há regras e modelos
fechados a serem seguidos.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) c.
2) b.
3) c.
4) d.
5. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade você pôde conhecer algumas ideias de Vio-
leta Gainza, educadora musical que refletiu sobre educação no
contexto latino-americano. Apresentamos, também, as propos-
tas por ela elaboradas sobre a improvisação.
No Brasil, destacamos as propostas de H. J. Koellreutter
e de sua aluna Teca Alencar de Brito. O primeiro ainda exerce
grande influência nos educadores musicais brasileiros. A segun-
da propôs que a criação musical (atividade que vai ao encontro
da proposta de educação musical menor) represente uma possi-
bilidade de rompimento com os currículos fechados e opressivos
da educação musical maior, ou seja, ela acredita que a educação
musical menor sirva como forma de resistência a esse modelo.
Veja agora o Conteúdo Digital Integrador que ampliará seu
conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, passare-
mos da prática à reflexão. Pensaremos juntos nos benefícios mu-
sicais e humanos que a criação musical pode oferecer aos nossos
alunos.
6. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Violeta Hemsy de Gainza. Disponível em: <http://www.fladem.org.ar/
articulos.art/img/articulos/44/violeta_thumb_01.jpg>. Acesso em: 27 abril 2016.
Figura 2 Hans-Joachim Koellreutter. Disponível em: <https://anaalencar.files.
wordpress.com/2012/04/images-koellreutter.jpg>. Acesso em: 27 abril 2016.
Figura 3 Teca Alencar de Brito. Disponível em: < http://revistacrescer.globo.com/
Revista/Crescer/foto/0,,35793764,00.jpg>. Acesso em: 08 maio. 2016.
Sites pesquisados
EDITORA PEIRÓPOLIS. Biografia de Teca Alencar de Brito. Disponível em: <http://www.
editorapeiropolis.com.br/biografia/?autor=41>. Acesso em: 27 abril 2016.
MEDEIROS, C. F. Biografia de Hans-Joachim Koellreutter. Disponível em: <http://www.
dec.ufcg.edu.br/biografias/HansJKoe.html>. Acesso em: 27 abril 2016.
PIMENTA, E. D. M. Hans-Joachim Koellreutter: as revoluções musicais de um mestre
Zen. 2010. Disponível em: <http://www.emanuelpimenta.net/ebooks/archives/
koellreutter/KOELL%20Pimenta%20BR.pdf>. Acesso em: 27 abril 2016.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITO, T. A. Música na Educação Infantil: propostas para a formação integral da
criança. São Paulo: Editora Fundação Peirópolis, 2003.
______. Por uma educação musical do pensamento: novas estratégias de comunicação.
2007. 288f. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica) – Pontifícia Universidade
Católica, São Paulo, 2007.
______. Quantas músicas tem a música? ou Algo estranho no museu. São Paulo:
Editora Fundação Peirópolis, 2009. v. 1.
______. Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical. 2. ed.
São Paulo: Editora Fundação Peirópolis, 2011.
______. Hans-Joachim Koellreutter: por quê? In: JORDÃO, G. A. et al. A música na
escola. São Paulo: Allucci & Associados Comunicações, 2012.
______. De roda em roda: brincando e cantando o Brasil. São Paulo: Editora Fundação
Peirópolis, 2013.
______. Hans-Joachim Koellreutter: ideias de mundo, de música, de educação. São
Paulo: Editora Fundação Peirópolis/Edusp, 2015.
GAINZA, V. H. Improvisação musical. In: KATER, C. (Org.) Cadernos de Estudo: Educação
Musical, n. 1, Belo Horizonte: Atravez/EMUFMG/FEA/FAPEMIG, p. 1-9, 1989.
______. La improvisación musical. Buenos Aires: Ricordi Americana S.A.E.C., 2007.
KOELLREUTTER, H.-J. O espírito criador e o ensino pré-figurativo. In: KATER, C. (Org.)
Cadernos de Estudo: Educação Musical, n. 6, Belo Horizonte: Atravez/EMUFMG/FEA/
FAPEMIG, p. 71-77, 1997a.
Objetivos
• Refletir sobre a música como uma possível ferramenta de humanização.
• Conhecer as contribuições da criação musical coletiva para a formação
humana.
Conteúdos
• A criação musical coletiva.
• A criação como ferramenta educacional.
• Educação musical humanizadora.
101
© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS
UNIDADE 4 – A UTILIZAÇÃO DA CRIAÇÃO MUSICAL COMO FERRAMENTA EDUCATIVA
1. INTRODUÇÃO
Após concluirmos os estudos das metodologias da educa-
ção musical que apresentam como ponto de referência a criação
musical, refletiremos sobre o conteúdo abordado até agora e,
principalmente, sobre a contribuição da criação musical para a
formação musical e humana de nossos alunos.
Como educadores musicais, necessitamos pensar nos be-
nefícios que determinada atividade agrega à formação musical
do aluno. Com base nos métodos já apresentados, pensaremos
juntos nesses benefícios.
Não podemos nos esquecer de que, no conjunto "educador
musical", a primeira palavra significa que é fundamental que tanto
ensinemos música quanto eduquemos por meio dela. Devemos re-
fletir sobre qual educação estamos oferecendo aos nossos alunos.
Para tanto, são necessários alguns questionamentos: é uma educa-
ção que leva os nossos alunos a desenvolverem todas as suas po-
tencialidades como seres humanos? Estamos formando cidadãos
capazes de transformar as suas vidas e o mundo ao seu redor?
Para esclarecer algumas questões, veremos como a criação
musical colabora para a educação dos nossos alunos, humanizan-
do-os no decorrer do processo de criação. Destacaremos a criação
musical coletiva como importante ferramenta de humanização.
Figura 3 Mafalda.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Conforme o que foi estudado nesta unidade, como podemos definir uma
educação musical de excelência?
a) É a educação musical que prioriza a excelência, ou seja, o aprendizado
técnico de instrumentos musicais.
b) É a educação musical que prioriza somente a formação humana dos
alunos, utilizando a música como ferramenta para alcançar essa
humanização.
c) É a educação musical que prioriza a excelência, ou seja, não negligen-
cia os conteúdos musicais, mas o faz levando em conta a humanidade
do educando. Desse modo, ele não separa ensino de música e forma-
ção humana.
d) É a educação musical que abandona o ensino técnico musical e traba-
lha somente com atividades que estimulam a criatividade e a escuta.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) c.
2) e.
3) b.
4) b
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final deste material, no qual foram apresen-
tadas várias metodologias sobre a criação musical. Além de co-
nhecer as abordagens criativas dessas metodologias, você pôde
compreender exemplos de atividades acompanhados de breves
análises. Tal abordagem mais abrangente foi necessária, pois
não basta conhecer as propostas, mas também saber aplicá-las e
conseguir avaliar a sua dimensão prática.
Por meio das análises, foi possível pensar nos fatores en-
volvidos nas atividades que as ligam a determinado educador
e pensamento. Assim, você poderá aplicar as propostas na sua
prática educativa, modificando-as conforme as necessidades de
seus alunos.
Por fim, refletimos sobre o que seria um ensino musical de
excelência e como a oferta de conteúdos musicais consistentes
possibilita a formação humana dos nossos alunos.
Esperamos que, por meio dos estudos aqui realizados,
você possa ter se conscientizado sobre a importância das ativi-
dades de criação musical, tanto para a formação musical quanto
humana de nossos alunos.
6. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Ensino de música. Disponível em: <http://www.projetospedagogicosdinamicos.
com/musica_escola.jpg>. <http://cdn1.mundodastribos.com/410479-Aula-de-
m%C3%BAsica-para-crian%C3%A7as-benef%C3%ADcios-1.jpg>.
<https://media.licdn.com/mpr/mpr/AAEAAQAAAAAAAAZ5AAAAJGQzOTc5NzNjLTA1N
jYtNGQ0ZS05MWM5LTA4NDQwNzdkNzIxMg.png>. Acesso em: 29 abril 2016.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGES, A. H.; FONTERRADA, M. T. O. Abordagens criativas: ensino/aprendizagem da
música contemporânea. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E
PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 17., 2007, São Paulo. Anais... São Paulo: ANPPOM/
Unesp, 2007. p. 1-6.
BRANDÃO, C. R. A canção das sete cores: educando para a paz. São Paulo: Contexto,
2005.
CASPURRO, H. A improvisação como processo de significação: uma abordagem com
base na Teoria de Aprendizagem Musical de Edwin Gordon. Revista da APEM (Revista
da Associação Portuguesa de Educação Musical), n. 103, p. 1-4, out./dez. 1999.
DUARTE, M. A. A interação social no processo de criação de trilhas sonoras: perspectiva
para o ensino de música. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E
PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 16., 2006, Brasília/DF. Anais... Brasília: ANPPOM, 2006.
p 1-6.
FONTERRADA, M. T. O. O lobo no labirinto: uma incursão à obra de Murray Schafer. São
Paulo: Editora da Unesp, 2004.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 50. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
______. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo:
Editora Unesp, 2000.
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 21. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
GAINZA, V. H. Improvisação musical. In: KATER, C. (Org.) Cadernos de Estudo: Educação
Musical, n. 1, Belo Horizonte: Atravez/EMUFMG/FEA/FAPEMIG, p. 1-9, 1989.
PAYNTER, J.; ASTON, P. Sound and silence: classroom projects in creative music.
London: Cambridge University Press, 1970.
______. Hear and now: an introduction of modern music in schools. London: Universal
Edition, 1972.