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Regressão Hipnótica: O Guia Passo a

Passo Completo – Parte 135 minutos de


leitura
Parte 1: Princípios essenciais para
transformar profundamente os traumas de
seus clientes através da terapia de
regressão.
Aviso: este guia sobre hipnoterapia de
regressão contém conteúdo de nível
intermediário até avançado que o tornará
uma força para o bem no mundo.
Então, se você está procurando um
conteúdo aprofundado em hipnoterapia de
regressão para aumentar os seus atuais
conhecimentos em hipnose, continue a
leitura.
Para facilidade de uso, este guia é dividido
em duas partes.
A parte 1 cobre os princípios essenciais e
melhores práticas das quais você precisa
estar ciente antes de fazer qualquer
trabalho de regressão.
Já na parte 2, o método de regressão de
12 passos é detalhado e ensinado, passo a
passo.
Nesta primeira parte você vai ver:
 Preparação
 Por que Terapia de Regressão?
 A verdade sobre regressão e memória
 De onde vem o trauma?
 Hipnoterapia e memória: conectando
os pontos
 Regressão vs. Revivificação: Qual é a
diferença?
 Lidando com uma Ab-reação
 3 princípios essenciais de
comportamaaento para a terapia de
regressão
o Comportamento vs. Intenção
o Como as emoções negativas
inibem a mudança
o O perdão
 Criando a confiança do cliente através
do tom da voz e da maneira de
cabeceira
 Uma Questão de Privacidade: Quando
Usar Terapia Livre de Conteúdo
 E se lembre, é apenas uma técnica!
 
Antes de você começar…
Regressão é um grande tópico.
Então é impossível condensar toda a
informação relevante em dois artigos.
Por isto nós focaremos nos princípios
principais para que você possa utilizar
desta informação para aumentar o seu
conhecimento atual.
Portanto, para entender este artigo
completamente e profundamente, é
recomendável que o seu conhecimento em
hipnose esteja em nível avançado.
A outra coisa que você precisa estar ciente
é a seguinte:
Qualquer trauma, fobia ou situação
onde existam emoções fortes pode ser
debilitante.
E isso pode fazer pessoas sofrerem.
Ao usar a hipnoterapia você está tentando
acabar com este sofrimento, mostrando às
pessoas que elas não precisam sofrer, que
existe uma alternativa.
Você está mostrando que eles estão
usando a própria mente de uma forma que
está trazendo sofrimento para eles mesmo.
Então, se eles puderem mudar o modo que
a mente deles opera, eles irão acabar com
o sofrimento.
 
Às vezes você faz isso em 5 minutos, mas
outras vezes, pode demorar muito mais.
O segredo é não se prender aos passos
envolvidos para a terapia de regressão,
mas sim focar no que você está tentando
atingir.
Assim como você descobrirá na parte 2, os
12 passos simplesmente te dão a base
para aprender o processo.
Assim que você conhece o processo bem
o suficiente, você pode adaptá-lo para a
pessoa e situação.
 
Por que Terapia de Regressão?
Todo cliente que você conhecer virá com
um tipo problema.
E cada um destes problemas começaram
no passado e agora estão guardados na
memória daquela pessoa, escondidos de
algum modo, esperando pelo gatilho ou
momento certo para surgir de novo.
Quando você faz uso de hipnoterapia, você
precisa de um modo para acessar as
memórias traumáticas, mas
sem traumatizar de novo o cliente no
processo.
Esta é a verdadeira arte (ou risco) do
trabalho de regressão. O objetivo geral
é dissolver o trauma emocional de seu
cliente para ajudá-lo a seguir com sua
vida.
De certa forma, isto requer muita precisão
porque como hipnoterapeuta você precisa
ajudar o seu cliente a filtrar as suas
memórias para achar a correta (a que
gerou o trauma).
Em seguida, você precisa estimular
gentilmente esta memória para diminuir o
trauma emocional dentro dela.
É claro que este processo requer alguma
habilidade, paciência e prática, mas o que
eu posso te garantir é o seguinte:
Uma vez que você dominar a terapia de
regressão, você terá um super-poder de
causar sérias transformações na vida de
seus clientes.
E a hipnoterapia não é justamente isso?
Imagine ser capaz de…
 Ajudar um cliente a se livrar de uma
fobia de infância que o perseguiu por
décadas e o impediu de viver a sua
vida livremente.
 Transformar uma memória de infância
dolorosa ou abusiva que criou uma
nuvem negra em todos os seus
relacionamentos adultos devido às
questões de segurança, confiança e
amor.
 Dissolver emoções negativas que estão
em volta de uma memória que faz com
que alguém viva todos os dias com um
sentimento persistente de que não vale
nada.
 Se livrar da dor de uma memória de
infância que fez alguém acreditar que
ele era “burro” (aquela memória que o
impediu de seguir a carreira que
realmente queria).
Imagine o profundo impacto que você teria
na vida de seus clientes?!
Tudo que eles poderiam finalmente atingir
como resultado de superar as questões
que os seguravam para trás?
É por este motivo que a terapia de
regressão é (de certa forma) o rei das
técnicas de hipnose!
A terapia de regressão tem o poder de
transformar a história dolorosa de uma
pessoa em algo positivo.
…. e este seria um presente incrível, você
não concorda?
 
A verdade sobre regressão e memória
Quando você está lidando com regressão,
você precisa entender duas coisas:
 A regressão pode ser incrivelmente
poderosa. As pessoas podem ficar
presas no passado, especialmente se
houver uma emoção forte que já o está
regredindo em certo nível.
 As memórias não são reais, elas são
criadas. Elas parecem muito reais
porque elas existem em nossas mentes
em algum lugar.
Mas o que é real, o evento ou a memória
do evento? Naturalmente, é o evento.
Nós costumávamos pensar que as
memórias eram gravadas em nossas
mentes como fotos com detalhes perfeitos.
Ou salvas como filmes digitais que
poderiam ser reproduzidos novamente,
exatamente da mesma forma, sempre que
quiséssemos.
Mas a verdade é que quando você se
lembra de algo a sua mente está juntando
as peças novamente, mas não
necessariamente exatamente da mesma
forma.
Isso funciona de forma parecida quando
um livro é transformado em uma peça de
teatro.
Enquanto a história pode ser mais ou
menos a mesma, existe a interpretação do
diretor, a iluminação, cenários, fantasias e
efeitos sonoros.
A peça normalmente não segue a
produção original fielmente. É basicamente
a mesma história, porém a maior parte
dela foi recriada.
Para descobrir mais sobre o quão não
confiáveis as memórias podem ser, confira
o caso de estudo abaixo:
ESTUDO DE CASO
Criando memória falsas: Como
estudantes inocentes foram levados à
acreditar que haviam cometido um crime
De acordo com pesquisas, em condições
específicas, as memórias podem mudar.
Por exemplo, alguns psicólogos do Reino
Unido fizeram um experimento com 60
estudantes onde eles tentaram convencê-
los de que estavam envolvidos em um
crime, quando, de fato, os estudantes eram
totalmente inocentes.
Para começar, os pesquisadores entraram
em contato com os pais dos estudantes
para que estes preenchessem um
questionário. Então, os estudantes fizeram
3 entrevistas de 40 minutos, com uma
semana de intervalo entre elas.
Os psicólogos usaram uma estratégia
específica de questionamento onde eles
implantaram uma ação criminal nas
memórias reais.
Esta memória falsa foi cercada de eventos
reais do passado do estudante através das
respostas dos questionários para fazer
parecer mais realístico.
No início os estudantes resistiram, mas
quanto mais pensavam nisso mais eles
convenciam a eles mesmos de que o crime
havia realmente ocorrido.
Os estudantes pareceram internalizar a
história fabricada e, quanto mais eles eram
perguntados sobre ela, a descrição ficava
mais detalhada.
Como resultado, os estudantes
começaram a criar falsas memórias sobre
um crime que não cometeram!
Inacreditavelmente, 70% dos estudantes
foram capazes de se enganarem desta
forma, cercando as memórias falsas com
muitas memórias reais.
O estudo publicado no jornal Psychological
Science mostra como más técnicas de
entrevista podem levar pessoas à se
lembrar de eventos que na verdade nunca
ocorreram.
Isto é parecido com a ideia
de gaslighting (abuso psicológico), que é
também o título de um filme de 1944, em
que alguém pode ter suas memórias e
percepção lentamente manipuladas para
pensar que estava louco.
Nos tempos modernos, este termo
normalmente é citado como uma forma de
controle mental, utilizado em
relacionamentos como um meio de
intimidação.
Assim, ele acaba com a auto-estima e
auto-confiança da vítima de forma que ela
começa a acreditar que não é capaz de ser
independente.
É muito importante entender a evidência
do caso de estudo acima.
Antes que comece qualquer terapia de
regressão, a primeira coisa que precisa
estar ciente é que você não quer criar
nenhuma memória falsa.
A segunda coisa é que qualquer que seja a
memória que a pessoa tenha, ela pode
ser ou não baseada em eventos reais.
E a terceira coisa é que, isto
realmente não importa.
O que é importante não é se a memória
realmente aconteceu, mas o fato de que o
seu cliente acredita que ela aconteceu.
Porque assim que ele acredita que ela
aconteceu, você tem a criação de um
trauma.
 
De onde vem o trauma?
Duas pessoas tiveram a experiência da
mesma situação terrível. Uma delas saiu
aliviada da situação ter acabado e eles
estavam seguros de novo.
Enquanto isto, a outra pessoa sempre
olhava para trás para o mesmo evento,
revivendo ele de novo e de novo, ficando
assustado a cada vez que pensava nele, e
sendo traumatizada de novo
repetidamente.
Mas o trauma não vêm de um evento, e
sim da revivência do evento e da forte
emoção negativa associada à ele.
Ao retirar a emoção forte você também
retira o trauma.
ESTUDO DE CASO
Por que aliviar todo o trauma emocional
com medicina de bloqueio Beta nem
sempre é bom
Dr. Merel Kindt, professora de psicologia
clínica experimental da universidade de
Amsterdã, teve um sujeito que foi passar
férias no sul da África. Em uma noite
durante as suas férias, um assaltante
armado entrou na casa e ficou ao lado da
cama com uma arma. A mulher achou que
ia morrer.
O assaltante apenas queria roubar os bens
valiosos dela, mas a experiência deixou a
mulher traumatizada.
Ela sobreviveu, retornou à sua casa na
Holanda e tentou seguir com sua vida.
Mas ela não conseguia dormir e nem
comer. Ela teve uma crise emocional e a
sua vida se tornou miserável.
Então, durante uma de suas sessões, a Dr.
Kindt deu à ela uma dose de um remédio
chamado propranolol, antes de reviver o
evento passo a passo em detalhes
gráficos.
O propranolol é um bloqueador beta que
inibe a resposta de medo e dilui todas as
emoções. Então, a mulher estava
revivendo o trauma porém sem conteúdo
emocional.
E adivinhe o que aconteceu?
Ela foi pra casa e dormiu como uma pedra
pela primeira vez depois de muito tempo.
Quando ela acordou no outro dia, o trauma
não existia mais.
Ela ainda podia se lembrar do evento,
porém, quando ela pensava nele ela não
tinha nenhuma emoção e medo. A
memória não faz ela se sentir diferente,
então não existe trauma.
Parece muito bom para ser verdade, certo?
Mas é. O lado ruim de usar este beta-
bloqueador é que ele remove todas as
emoções, as ruins e as boas.
Para experimentar com a droga a Dr. Kindt
tomou quando a sua filha estava dando a
luz à uma criança.
Durante o trabalho de parto da sua filha, a
Dr. Kindt ficou muito relaxada. Porém,
quando ela se lembra hoje em dia isto
parece estranho.
Ela pode se lembrar do evento, mas sem
nenhum tipo de emoção. Ela perdeu a
experiência da felicidade de um dia tão
belo. Como ela mesmo diz, a emoção “dá
cor à experiência”.
Aqui é onde a hipnose tem vantagem.
Primeiro, como hipnotista, você não
precisa recorrer à drogas para remover
emoções.
Mas o que é melhor ainda é você separar
as emoções para deixar as positivas
intactas enquanto protege as pessoas de
suas emoções negativas para que elas
possam aprender através destas
experiências, mas sem serem
traumatizadas.
Então, em vez de desejar que algo nunca
tivesse acontecido, de certo modo eles
estavam felizes sobre o evento ter
acontecido, pois eles podem aprender algo
valioso a partir dele.
E esta é a verdadeira essência da terapia
de regressão.
 
Hipnoterapia e Memória: conectando os
pontos
Para acessar as memórias de alguém,
você precisa falar com a mente
inconsciente desta pessoa porque é onde
as memórias estão salvas.
Para entender como a memória realmente
funciona, pense nela como uma escala
contínua.
Você tem a sua memória normal, mas
além dela existem 3 níveis adicionais de
intensidade.
A ilustração abaixo explica cada um destes
níveis:
 
Regressão vs. Revivificação: Qual é a
diferença?
Quando você está usando hipnoterapia é
importante analisar como o seu cliente está
vivenciando uma memória para que você
usar isso e colocá-lo mais profundo na
experiência (se necessário).
Mas você vai se focar em atingir uma
revivificação ou na regressão completa?
Para descobrir vamos destrinchar estes
termos em um pouco mais de detalhes.
Revivificação, como mencionado
anteriormente, se refere à reviver uma
memória no presente.
É ter uma memória na sua cabeça como
se estivesse em uma TV ou tela de
cinema, porém as emoções são sentidas
no corpo como se a experiência
estivesse ocorrendo agora.
Você está observando o momento, mas
agora você não está no momento. Você
está trazendo a experiência de volta à vida,
porém como um observador externo.
Durante uma revivificação, por exemplo, o
seu cliente poderia dizer algo como: “Ele
está subindo em sua bicicleta nova”.
A regressão, por outro lado, se refere
à vivenciar totalmente uma memória em
primeira pessoa.
É como se você literalmente estivesse lá
naquele tempo e local experimentando
como se fosse a primeira vez, sem
consciência do tempo presente.
Você não está observando a
memória; você está participando nela.
O seu cliente está no momento atuando e
falando como ele teria feito naquele
momento.
Durante a regressão, ele pode dizer algo
como: “Eu estou subindo na minha nova
bicicleta”.
A verdade é que não há uma verdadeira
diferença entre uma revivificação e uma
regressão. Assim que você atinge a
revivificação, a terapia irá funcionar.
Não importa se a pessoa consegue se ver
como criança ou não porque
a revivificação é suficiente para fazer o
trabalho.
Quando as emoções e experiências
revivificam e vêm para a vida, você é
capaz de fazer o trabalho de mudança.
Porém, é importante não se prender na
idéia de uma regressão.
Você precisa deixar as coisas simples e
usar a mínima quantidade de esforço
necessária para conseguir o máximo de
resultados.
Você está trabalhando no nível das
emoções porque quando você muda o
modo como alguém se sente, você o deixa
livre para pensar e se comportar de forma
diferente.
Você também está trabalhando no nível
dos pensamentos, das coisas que eles
acreditam sobre o evento e porque estes
pensamentos estão gerando as emoções.
E você está usando metáforas e
simbolismo para conseguir os resultados.
Vamos pensar de outro jeito.
Imagine que você está assistindo à um
filme e está pensando que ele não faz
sentido e nunca poderia acontecer na
realidade.
Você não está engajado, então isto te
coloca fora da experiência e ela não te
afeta.
No entanto, um filme melhor te engaja
emocionalmente.
Você sabe que está assistindo à um filme,
porém, quando o herói se assusta, você se
assusta. Quando ele está em apuros, você
fica preocupado. Quando algo bom
acontece, você fica empolgado.
E um filme ainda melhor é tão fascinante
que você perde a noção de tudo ao seu
redor.
Você temporariamente esquece que você
é você. Então você sente o que acontece
com o herói como se estivesse
acontecendo com você.
Quando a vida do herói é ameaçada você
sente como se a sua vida estivesse
ameaçada. Quando o herói leva um tiro,
você sente angústia e tristeza, como se
isto tivesse realmente acontecido.
E é assim que é uma regressão. É uma
revivificação, porém é tão intensa, que
você esquece da sua existência ao redor
dela.
NOTA IMPORTANTE: Durante
uma revivificação clássica, não é
incomum que as pessoas mudem o seu
modo de falar como sussurros, gagueira,
maneirismos e gestos nervosos que eles
tiveram durante o momento do evento.
Eles podem até mesmo começar a atuar e
a falar como crianças se eles estão
revivenciando uma memória de infância.
Este é um bom sinal de que o processo se
moveu de uma revificação para uma
regressão.
Vale ressaltar que existem pessoas que
argumentam que regressão não existe.
Eles dizem que tudo é revivificação e que
quando alguém parece estar regredindo,
na verdade eles estão atuando.
Se fosse assim, nem mesmo um ator de
Hollywood seria suficiente para este papel.
Uma regressão não pode ser fingida. Seria
incrivelmente difícil recriar precisamente a
voz, maneirismos, nível de medo e de
outras emoções de uma criança de 4 anos,
por exemplo.
Mas independentemente se você atingiu a
regressão ou não, quando conseguir a
revivificação você pode fazer qualquer
trabalho que quiser.
Outra coisa importante para se ressaltar é
que em casos de trauma extremo, como
um grave abuso físico, mental ou sexual, o
hipnotista deve tomar cuidado e pode não
querer levar o cliente além do nível de uma
revivificação.
Mover um cliente muito rapidamente em
uma regressão poderia criar um nível de
emoção do qual ele não é capaz de lidar e
consequentemente causar uma grave ab-
reação.
Se você quer trabalhar com casos de
traumas severos, é importante que você
receba treinamento extra nestas áreas
específicas.
 
Lidando com uma Ab-reação
Uma ab-reação é uma resposta
emocional intensa ao trauma ou à
memória do trauma.
Não é apenas uma grande descarga
emocional, que geralmente é catártico,
mas sim um descontrole completo! O
cliente fica fora de controle
emocionalmente e não está mais na
realidade presente.
Felizmente isso é raro de acontecer.
As pessoas são sugadas para uma antiga
experiência traumática e ficam revivendo
ela bem na sua frente.
Elas podem se perder do mundo externo
completamente. Podem ficar com tanto
pânico que podem começar a tremer como
uma folha de árvore ao vento.
Elas podem estar com tanta raiva ou
mágoa que eles não conseguem aguentar.
Eles estão revivendo ou revivificando o
evento de uma forma que os está
traumatizando de novo.
Elas podem começar a soluçar sem
cotrole, gritar ou se encolher
completamente no medo, de um jeito que
fica muito difícil alcançá-los.
E o único jeito de lidar com isso é criando
um mecanismo de segurança ou gatilho
de segurança para que você possa puxá-
los de volta se necessário.
Para que ab-reações sejam terapêuticas
elas precisam ser controladas, então elas
são catárticas e liberam emoções, em vez
de serem traumáticas e causarem mais
emoções negativas.
Então antes de fazer qualquer trabalho de
regressão é sempre bom você explicar:
1. Durante o pre-talk, criar rapport,
investigar os parâmetros do problema e
então começar o procedimento padrão
quando você estiver pronto para
hipnotizar;
2. Deixar o cliente saber que a sua
voz estará com ele durante todo o
tempo da sessão de hipnose;
3. Pedir a seu cliente para sentir o seu
corpo sentado na cadeira para saber
que ele está seguro (uma sugestão
hipnótica para ancorá-lo no momento
presente, como um mecanismo de
segurança);
4. Deixá-lo saber que ele pode falar
com você durante o transe ou usar
sinais de dedo, caso você prefira;
5. Explicar que durante a sessão ele
pode sentir uma emoção forte,
que pode ser intensa, mas vai durar
apenas por um curto instante;
6. Perguntar se ele está de acordo
com isto e se ele não tiver nenhuma
pergunta ou preocupação, proceder
para a indução.
Existem algumas coisas que você precisa
estar ciente para responder uma ab-reação
como hipnotista.
Primeiramente, se uma ab-reação está
relacionada com o trabalho que você está
fazendo e você pode dissociar a emoção
para um nível em que seja possível lidar
com ela sem traumatizar o cliente de novo,
então você pode utilizá-la, continuar a
regressão e lidar com o material traumático
na hora.
Se a ab-reação não é relacionada com o
trabalho que você está conduzindo, então
você precisa contê-la e trazer o cliente de
volta com segurança. Para fazer isto,
sempre siga o procedimento de 5 passos
abaixo:
1. Sinta a cadeira e saiba que está
seguro: Este é o gatilho de segurança
que você instalou durante o pre-talk.
Antes de fazer qualquer coisa você
deve criar este gatilho. Você está
dando a seu cliente um lugar seguro do
qual ele pode visitar novamente
quando precisar.
De volta ao presente, sentindo a
cadeira embaixo dele e se sentindo
seguro. Não precisa ser a cadeira,
poderia ser qualquer coisa que esteja
associada com um sentimento de
segurança. Por exemplo, se você está
fazendo hipnose de rua, poderia ser
“sinta os seus pés no chão e saiba que
está seguro”.
2. Não toque: Em todo momento que
você toca um cliente, este toque pode
agir como um gatilho. Se você tocá-los
durante uma ab-reação, mesmo que
sem intenção, você poderia estar
inadvertidamente criando um gatilho.
Isto significa que qualquer um que o
toque da mesma forma no futuro
poderia disparar toda a ab-reação de
novo. Então, para garantir que isto não
aconteça, evite tocá-lo.
3. Fique Calmo: é importante que o
seu cliente sinta que você está no
controle, mesmo que ele não esteja.
Você não quer prejudicá-lo ainda mais.
Ao ficar calmo você dá a ele uma
sensação de segurança, de que este
tipo de coisa não é estranha ou
incomum, e que é algo com o que você
já lidou antes. Ou seja, você pode lidar
com ela, o que lhe dá a confiança
necessária para lidar com ela também.
4. Deixe a cena sumir: Você quer
colocar uma distância entre ele e o que
quer que seja que ele esteja
vivenciando. A forma mais rápida e
mais simples de fazer isto é dizer:
“volte para a sala e deixe a cena
sumir”.
Não é mágico, é apenas uma instrução
que diz para ele para parar de pensar
sobre isto. Para deixar ir embora,
afastar e colocar uma parede ou
vidraça entre a cena e ele. Estes são
exemplos que você pode utilizar para
separá-lo do evento ou da cena que
está causando o trauma.
5. Emergir: quando ele volta de um
estado de ab-reação para o momento
presente a segurança da cadeira,
distraia-o falando de outra coisa,
fazendo-o se levantar, oferecendo
água, etc. Não toque no assunto.
Se ele perguntar o que aconteceu,
simplesmente diga que foi uma reação
emocional. Diga que não foi nada
incomum, que é algo que ocorre
ocasionalmente durante uma sessão
de hipnose. Diga que é algo que você
pode ajudá-lo a lidar em algum
momento, se e quando ele se sentir
pronto.
NOTA IMPORTANTE: calmamente repita
os passos 3 e 4 quantas vezes for
necessário, e por quanto tempo for
necessário, até que o cliente tenha
consciência do momento presente com
você. Não pare de repetir as sugestões e,
o que quer que você faça, nunca deixe
alguém em sua própria ab-reação ficar em
silêncio.
 
3 Princípios essenciais de comportamento
para a terapia de regressão
Já que a terapia de regressão lida com as
memórias e as emoções associadas das
pessoas, é essencial que você entenda
como neutralizar e lidar com emoções
fortes, como raiva e medo, quando elas
surgirem.
Na seção abaixo, você vai entender 3 dos
mais importantes princípios de
comportamento que você como um
hipnotista precisa saber:
1. Comportamento vs Intenção;
2. Como as emoções negativas
inibem a mudança;
3. Perdoando e deixando pra lá;
Comportamento vs. Intenção
Todo comportamento é motivado por uma
intenção positiva.
Não importa quão ruim ou danificado seja
o comportamento, a intenção por trás dele
sempre é positiva.
Por exemplo, imagine alguém que
é irritado, sempre perde a paciência com
as pessoas, mas depois sempre se
arrepende.
Qual é a intenção por trás do
comportamento?
Se a pessoa estava com medo de rejeição,
então os seus instintos farão com que ela
queira se proteger da possibilidade de
qualquer futura rejeição.
A sua mente inconsciente colocaria o seu
escudo protetor em volta dela antes que
qualquer rejeição futura possa acontecer.
Pode ser que esta pessoa não esteja
ganhando o amor e atenção que precisa,
então ela afasta inconscientemente as
pessoas braço e se protege de qualquer
rejeição futura.
E isto é mostrado no seu comportamento
de irritação e na sua expressão de raiva.
Ela está agindo de um modo negativo, mas
para tentar atingir alguma coisa.
O resultado imediato é positivo – ela está
realmente se protegendo – mas está
fazendo isto de um jeito que certamente irá
preveni-la de conseguir o amor que tão
desesperadamente procura.
Mas se você simplesmente tentar mudar
este comportamento, a sua mente
inconsciente vai tentar resistir porque ela
pensa que o objetivo está sendo
ameaçado.
Então o seu objetivo não é mudar o
comportamento, mas sim fazer com que o
seu cliente aceite a intenção.
 
Então, assim que você fizer o cliente
aceitar que a intenção é positiva, você
poderá ajudá-lo a criar um comportamento
benéfico e ainda permitirá que ele consigo
aquilo que tanto queria.
Ou seja, ele ainda será capaz de se
proteger, mas sem afastar as pessoas!
Como emoções negativas inibem a mudança
Outra coisa que atrapalha a mudança são
as emoções negativas.
Dois dos maiores culpados são o medo e
a raiva. E apesar de que a maioria das
pessoas considerarem o medo e a raiva
emoções negativas, eles possuem um
propósito inegável.
O medo existe para fazer você tomar
uma ação que vai te proteger ou para
não tomar uma ação que vai colocá-lo
em perigo.
Se você está caminhando no meio da
rodovia e um caminhão vêm em sua
direção muito rápido, o medo faz com que
você pule para fora.
Da mesma forma, se você está esperando
para cruzar a rodovia e este caminhão está
vindo muito rápido, o medo faz com que
você fique paralisado até que o perigo
passe.
Existem duas coisas capazes de eliminar o
medo completamente…
Um é a extrema esperança, e o outro é
a ausência de esperança.
A esperança trás a ideia de expectativa,
enquanto a falta de esperança significa
que você pode aceitar o resultado. Dos
dois jeitos, o medo não pode existir.
ESTUDO DE CASO
Na face da morte – Esperança extrema vs.
ausência de esperança
Olhe de volta para os eventos que
ocorreram na igreja Emmanuel AME no
terrível dia em junho de 2015. Deveria ser
apenas outro dia de aula de bíblia, mas se
tornou uma das mais chocantes e
horríveis chacinas da história recente.
Começou inocentemente.
As pessoas se juntaram para rezar do
mesmo jeito que faziam toda semana. Mas
em cerca de uma hora tudo mudou.
Dylann Storm Roof, que estava rezando
junto com todo mundo, começou a atirar de
repente.
A congregação ficou atordoada.
No início eles estavam com medo e
tentaram pensar em um jeito de fugir. Eles
queriam sair dali e viver o resto de suas
vidas.
Eles queriam manter as suas crianças,
amigos e vizinhos seguros.
Um por um, o atirador foi matando a todos.
Para os sobreviventes, havia ainda
um elemento de esperança de que eles
seriam resgatados ou salvos. Mesmo
assistindo os últimos suspiros de seus
parentes e amigos.
Eventualmente, no entanto, ninguém
chegou e fugir era impossível, então eles
entenderam a realidade da situação.
A ameaça era inescapável, então eles
começaram a aceitar o que estava por vir.
Não havia mais nenhuma esperança, e por
eles terem aceitado o inevitável, não havia
nada mais para ter medo.
Das 12 pessoas naquele dia, 9 perderam
as suas vidas. Um dos 3 sobreviventes,
Polly Sheppard, estava escondida debaixo
de uma mesa.
Quando o tiroteio parou, ela levantou e
olhou o atirador nos olhos, como que
dizendo: “vá, atire, faça o seu pior”.
Mas o atirador disse à ela que não iria
atirar. Ele disse que a iria deixar viva para
que ela pudesse contar a história do que
aconteceu.
A raiva, por outro lado, é sobre limites.
Todo mundo possui os seus limites
mentais, emocionais e físicos, e quando
alguém os quebra eles ficam com raiva.
Eles os afastam e definem os limites para
que o senso de equilíbrio seja restaurado.
A raiva deles lhes dá uma energia
psicológica suficiente para afastar as
pessoas à força e redefinir uma distância
segura entre eles.
Mas a raiva é uma emoção
destrutiva para carregar além dos limites
do evento invasivo.
Se a pessoa continuar quebrando os
limites sem parar, e a pessoa cujo limite foi
quebrado não sair da proximidade desse
invasor podem surgir problemas de raiva
crônicos. Isso pode destrui-
lo internamente, e levar à discussões,
abuso físico, investidas e auto-destruição.
Como outras emoções negativas, a raiva
evoca a resposta de luta ou fuga do corpo,
causando a liberação de hormônios de
estresse, como adrenalina e cortisol.
Muito estresse pode resultar em muitos
problemas de saúde, incluindo ansiedade,
depressão, insônia, hipertensão, ataque do
coração e derrame.
E o único modo de se livrar da raiva é
praticando o perdão.
No tribunal, em 5 de novembro de 2003,
Gary Leon Ridgway assumia a culpa pelo
assassinato de 48 mulheres nos Estados
Unidos. Ridgway sentou e escutou cada
um dos parentes das vítimas o
condenarem.
Eles o chamavam de animal, dizendo que
queriam que ele sofresse uma longa e
dolorosa morta, e esperavam que ele fosse
para o inferno, que era onde ele pertencia.
Apesar do óbvio ódio e antipatia, o homem
ficou com o rosto imóvel e sem emoções
porque esta era a raiva que ele esperava e
que sentiu que ele merecia.
Mas então, o pai de uma das vítimas
começou a falar.
O pai disse que Ridgway fez com que
fosse muito difícil para ele continuar a viver
do modo que ele acreditava. E o que ele
acreditava era no poder do perdão. Então
ele disse à Ridgway:
“Você está perdoado, senhor.”
Esta resposta inesperada fez com que o
homem condenado despencasse em
lágrimas.
O peso e a enormidade da raiva de
Ridgway foi liberada em um instante, por 4
palavras simples expressando perdão.
O perdão
Então, de onde o medo e a raiva crônicas
vem? Eles são o resultado de um evento
passado que está sendo emocionalmente
revivido, de novo e de novo.
Uma situação onde uma ou mais pessoas
são percebidas como tendo feito algo à
outra pessoa, ou as deixado para baixo.
E mesmo que a situação tenha acontecido
décadas atrás, ainda está causando
problemas até hoje.
Está latente na mente inconsciente,
fornecendo o combustível que mantém o
medo ou a raiva, escondidos abaixo da
superfície, porém capazes de emergir a
qualquer momento.
É por isso que a terapia de regressão é
uma ferramenta tão poderosa.
Ela coloca o cliente de volta no evento
inicial para que ele possa confrontá-lo e
resolvê-lo.
Ela o deixa soltar as suas emoções
negativas de maneira saudável e positiva,
eliminando as chamas que ameaçam
emergir e tomar o seu corpo e mente com
medo, raiva, mágoa ou culpa novamente.
Este é o objetivo de uma regressão –
liberar esta energia emocional de uma
maneira saudável que permita ao cliente
manter quaisquer lições que tenha
aprendido, porém sem ficar preso à aquela
emoção negativa.
O processo de abandonar essas emoções
negativas e destrutivas é chamado
de perdão.
Quando alguém pratica o perdão não quer
dizer que ele precisa amar a pessoa em
questão.
Ou que ele aceita aquele comportamento.
Mas para crescer e continuar vivendo, uma
aceitação do que aconteceu é essencial.
Isso aconteceu e nada pode mudar isso.
Isto significa acabar com a ligação
emocional entre emoções negativas e o
objeto da emoção, e abandonar essa
emoção oculta que está machucando aos
poucos. Porque assim que a pessoa
abandonar isso o problema desaparece.
Quando eles são capazes de perdoar outra
pessoa, esta pessoa não mais vai ocupar
os seus pensamentos.
Eles não vão ter mais um relacionamento
“emocional” com eles. A menção dos seus
nomes não vai mais ser capaz de ativar
aquelas emoções negativas e trazer
aqueles sentimentos destrutivos de volta
para a superfície porque o problema não
existe mais.
Isto é o significado de perdão. É um modo
de quebrar o circuito da dor. Cortar a raiz.
É uma coisa que alguém faz só para a sua
própria paz interior – e não para outra
pessoa.
Eles abandonam a emoção e mantém o
aprendizado.
E se houver uma ameaça no futuro, a raiva
ou medo pode retornar por um instante
para mantê-los seguros, mas irão embora
em um instante, deixando-os em paz e
sem problemas.
 
Criando a Confiança do Cliente Através do
Tom de Voz e Ternura
Como Hipnotista, você sempre deve estar
confiante e calmo.
Se você perder o controle das emoções
isso é uma sugestão muito ruim para se
dar à um cliente. Você está basicamente
dizendo que a situação está tão
bagunçada que nem você está
conseguindo lidar com ela.
Então, você precisa mostrar que não é
complicado. Não menosprezando ou
diminuindo o problema deles, mas
sim garantindo à eles que você já viu
algo parecido antes.
Imagine que você está em uma aventura
do Indiana Jones e você está preso em um
ninho de cobras.  Há dois Indiana Jones lá.
O primeiro diz:
“Ah, isto é realmente ruim, nós vamos
morrer!” O segundo diz: “Oh, cobras, eu já
passei por isso antes. Nada demais.
Apenas me siga.”
Qual dos dois você seguiria? O segundo. E
como ele, você precisa de um ar de
confiança.
Confiança é um sinal de competência,
de que você já viu e lidou com isto antes,
que não é algo grande para você. E isto dá
ao cliente uma sensação de que ele
também será capaz de lidar com isto .
Também é muito importante que você
tenha um tratamento gentil e cuidadoso.
De forma parecido com que uma boa mãe
cuida de um machucado na perna do filho.
Metaforicamente, você precisa beijar o
machucado, colocar um band-aid mágico e
garantir para ele que está tudo bem.
É o mesmo tipo de atitude que
você reconhece que eles estão com dor
emocional. Você é gentil com eles por
causa disso, então você não vai forçar a
barra.
A confiança mostra competência, e a
gentileza mostra que você não vai
empurrá-los para algo muito rápido e fazer
as coisas piorarem.
Tudo isso são sugestões simbólicas de
que você está em controle. Elas dizem ao
cliente que você pode lidar com a situação
e possui mais poder do que o problema.
Isto gera uma sensação de confiança no
cliente de que você sabe o que está
fazendo.
Assim que eles tiverem confiança em você,
eles também terão confiança neles
mesmos porque são eles que geram a
sensação de confiança.
E assim que eles tiveram mais confiança,
eles terão mais poder do que o problema.
 
Uma questão de privacidade: Quando
utilizar terapia livre de conteúdo
As vezes um cliente pode não querer
divulgar os detalhes exatos relacionados
ao problema pelo qual ele veio te ver.
Isto pode ser porque ele sente vergonha
ou porque o evento foi tão traumático que
ele ainda não está pronto para falar sobre
ele.
Pode haver vários motivos pelo qual um
cliente pode não ser capaz de compartilhar
os detalhes de seu problema.
Em alguns casos, as circunstâncias podem
ser um fator contribuinte. Por exemplo, se
ele está em público, como num curso de
hipnose, então este ambiente pode fazê-lo
se sentir pior.
Se o curso está sendo gravado, então
haverá um registro histórico que outras
pessoas poderão ver, portanto, eles podem
não querem compartilhar os detalhes do
evento traumático nestas circunstâncias.
Se a situação é privada, o que vai ser na
maioria dos casos, você pode perguntar
gentilmente à seu cliente porque ele não
quer divulgar os detalhes para ver se há
algum meio de ajudá-lo a aliviar a sua
ansiedade.
Se depois desta discussão ele ainda não
se sentir confortável para revelar os
detalhes de seu problema, você pode
proceder para o que é conhecido como
terapia livre de conteúdo.
Enquanto saber exatamente o que é
problema facilita o seu trabalho, você ainda
pode ajudar o seu cliente prestando
atenção em seu estado emocional e
procurando por sinais de transe.
Todo trabalho de regressão é feito
usando linguagem metafórica e
simbólica, não sendo necessário saber
exatamente qual é o problema. Você pode
ver quando um cliente fica irritado, bravo,
nervoso ou amedrontado.
Você pode continuar analisando que eles
estão bem por meio de sinais verbais ou
não-verbais, e tirá-los da memória quando
necessário. Ao prestar atenção no cliente
simplesmente fará com que você seja
capaz de dizer quando alguma coisa
mudou para eles.
Mas uma das formas mais efetivas e eficaz
para a terapia livre de conteúdo é pedir à
eles para fazer uso de um símbolo como
ponto focal.
Por exemplo, alguém que é religioso
poderia ir à um curandeiro religioso. O
curandeiro então diria algo como o
seguinte:
”Em algum momento o seu anjo da guarda
virá para a sala. Me avise quando você
sentir a presença dele. Ótimo. Agora deixe
que o anjo te cure. Me diga quando estiver
feito.”
O cliente diz ao curandeiro que está feito, e
o curandeiro diz ao cliente para ir para
casa e ficar curado. O problema foi
resolvido através de simbolismo. Você não
precisa de uma regressão porque a atitude
total do cliente fez a mudança.
E, de novo, isto é simbolismo. São
metáforas.
O aspecto mais importante para o trabalho
com mudanças generativas, que é hipnose
sem conteúdo, é você achar o símbolo do
seu cliente.
Pergunte para ele qual símbolo representa
uma forma poderosa o suficiente para lidar
e resolver o seu problema. Alguns
exemplos são o super-homem, a madre
Teresa, o sol (ou outros elementos
terrestres), uma poderosa espada, fada,
um mago, etc.
O motivo de achar o símbolo de seu cliente
em vez de usar o que você acha que seria
poderoso é que cada um de nós temos a
nossa própria simbologia arquetípica que
criamos ao longo de nossas vidas. E o
significado dela é diferente para cada
pessoa.
 
E se lembre, é apenas uma técnica!
E a última coisa que gostaríamos de
compartilhar na primeira parte deste guia
de terapia de regressão é a seguinte…
Tente não ficar preso às técnicas! Se
lembre de que regressão é simplesmente o
processo, onde o seu trabalho é fazer o
cliente reviver, obter recursos e
reintegrar.
Isto é basicamente tudo o que você precisa
fazer. As técnicas irão te ajudar à aprender
o processo o suficiente para se algo não
estiver funcionando você será sempre
capaz de voltar um ou dois passos (ou
mais) para ajeitar e refinar tudo o que for
necessário.
A forma mais fácil de fazer uma
regressão é apenas seguir a emoção. Se
a emoção é realmente forte, então o cliente
já regrediu de alguma forma.
Apenas diga para ele para seguir a
emoção para a primeira vez que ele a
sentiu. Você vai ter o transe por
pressuposição e a memória vai começar à
vir.
REGRESSÃO HIPNÓTICA: O GUIA PASSO
A PASSO COMPLETO – PARTE 1
Neste artigo, os 12 passos do método de
regressão será descrito passo a passo.
Então, o mesmo método será mostrado em
prática novamente, porém de modo
conversacional!
NOTAS:
 No exemplo abaixo, o cliente é muitas
vezes referido como o “adulto” e
“criança”. Isso é baseado na suposição
de que a memória ou trauma emocional
que você está tentando dissolver
aconteceu na sua infância (então você
está regredindo e avançando entre a
idade adulta e a infância). É claro que
isso pode não ser sempre o caso.
 Enquanto você faz cada um dos
passos, é importante continuamente
dar incentivo e coragem ao seu cliente.
Diga que ele está indo muito bem,
aumentando sua auto-confiança,
comente como está lidando bem com
aquilo e continuando aumentando a
auto-crença dela em todas
oportunidades que conseguir!
O método de 12 passos
da Hipnose Regressiva
Passo 1: Induzir o transe e regredir
Em uma conversa normal seu cliente te
conta sobre o atual problema. Então, você
irá decidir se a regressão (ou revivificação)
será a melhor forma de terapia para ser
usada.
Neste passos você está procurando uma
revelação de alguma forte ligação
emocional com algum evento de seu
passado que precisa ser considerado.
Quando você decidir usar uma regressão:
 “Vá primeiro” e estabeleça uma
intenção bem sucedida para a sessão
de hipnose;
 Seja confiante e crie um forte
rapport com o seu cliente para que ele
confie em você o suficiente para estar
disposto à lidar com seu problema;
 Deixe-o ciente que você possui as
habilidades para ajudá-lo a resolver o
seu problema – é muito importante
que ele se sinta seguro com você.
Então, comece pedindo um simples ato de
cumplicidade, por exemplo, que ele olhe e
preste atenção em você.
Quando você conseguir isso, o próximo
passo é criar um mecanismo de segurança
para lidar com qualquer abreação que
puder acontecer.
Em seguida, diga a ele que todo e
qualquer som que ele ouvir vai ajudá-lo a ir
ainda mais profundo em sua
experiência, relaxar ainda mais.
Você quer que ele foque em sua voz e não
no som de alguém trabalhando lá fora na
rua, atrapalhando assim a experiência do
cliente. Isto é sobre concentração.
A sua voz o guiará o tempo todo e você
estará sempre com ele. Esta é uma
sugestão para que ele não se perca de
você.
Você o está fornecendo uma linha de
vida, então não importa o quão imerso ele
estiver em suas memórias, ele não vai se
esquecer de te ouvir.
Você estará ali guiando ele com isto e a
sua voz vai acompanhar. Isso o dará uma
sensação de segurança e o conhecimento
de que ele não estará sozinho neste
trajeto.
Diga à ele para sentir a cadeira embaixo
dele e ficar ciente que está seguro.
Fazendo isto, você está criando
uma âncora de segurança.
Se as coisas ficarem muito feias, por
exemplo, se ele começar uma abreação,
você será capaz de trazê-lo de volta e
lembrá-lo de sentir a cadeira embaixo dele,
que foi associada com o sentimento de se
sentir seguro.
Ele irá se sentir seguro porque você fez a
sugestão de que quando ele sentir a
cadeira embaixo dele, então ele vai se
sentir seguro.
Não precisa ser a cadeira. Poderia ser a
respiração dele, um toque no pulso ou até
a pressão em seus pés se ele estiver em
pé.
Não importa qual é a conexão, desde que
exista uma associação de segurança
conectada à ela.
Quando seu cliente estiver complacente e
preparado, comece com a indução
hipnótica de sua preferência.
Por exemplo, você pode utilizar da indução
de relaxamento ou guiá-los em uma
descida por uma escada, dando as suas
sugestões de transe à cada passo.
Aprofunde o transe até que ele esteja
relaxado e seguindo as suas sugestões
com facilidade.
Diga em voz alta que em algum momento
você vai tocar o seu ombro e a emoção do
evento do qual foi falado vai vir à tona.
Ela será forte o suficiente para que seja
sentida, mas fraca o bastante para não
tomá-lo por completo. Então, confirme se o
seu cliente está de acordo com isto.
Porém, esta confirmação depende de sua
abordagem. Algumas pessoas são mais
permissivas, enquanto outras são mais
autoritárias.
A abordagem permissiva tem o objetivo de
fazer o cliente se sentir bem cuidado,
tratando-o de forma paterna ou materna.
Isto o ajuda a construir novamente a sua
confiança, dando-lhe escolhas. Dizendo-
lhe para voltar à primeira experiência
daquela emoção e lhe perguntando: “você
está bem com isto?”. Isso dá poder para
ele porque fazer uma escolha.
Se ele disser “não”, você pode
simplesmente dizer:
”Tudo bem. Você sente que não está
preparado para isto ainda?”
“Você precisa de alguma coisa primeiro?”,
“Tem alguma coisa que você queira
adicionar antes?”
Ele pode fazer escolhas, que naturalmente
vão dar poder para ele.
No entanto, a abordagem autoritária
poderia dizer algo como:
“Vá agora para a sua primeira memória
desta sensação.”
Se o estilo de ser direto e autoritário for
usado de forma forçada com alguém pode
tirar o poder, mas mesmo assim vai
funcionar. E em algumas situações, ele
pode ser necessário.  Mas use o seu
próprio julgamento para fazer uso da
melhor abordagem.
Nos dois casos, o cliente precisa sentir que
o terapeuta é mais forte do que o seu
problema – assim ele terá fé no terapeuta,
mesmo quando não terá mais fé nele
mesmo.
Assim, diga à ele que você irá contar de 3
até 1 e ele irá voltar para o primeiro
momento em que ele experimentou
daquela emoção.
Garanta que assim que ele chegar lá, você
vai trazê-lo de volta para que ele esteja
sempre seguro. Será intenso por um
momento, mas então terá acabado de
novo.
Confirme se ele está de acordo com isto.
Então, pergunte se ele está pronto para
começar.
Passo 2: Oriente completamente
Aqui, você toca o ombro de seu cliente e
diz a ele para voltar no momento quando
ele teve a experiência pela primeira vez
da emoção da qual ele está tentando
mudar.
Pode ser que o seu cliente não vá direto ao
evento inicial na primeira tentativa. Isso é
normal.
Então, continue fazendo ele regredir até o
momento em que ele atinja o evento inicial,
isto é, o ponto aonde a emoção apareceu
pela primeira vez.
Aqui estão alguns exemplos úteis de
perguntas que você pode fazer para ajudá-
lo a se orientar:
 Você está dentro ou fora?
 É dia ou noite?
 Quantos anos você tem?
 Você está sozinho ou com outros?
 O que você vê ou sente?
Fazer estes tipos de perguntas é
importante porque…
Lembra-se da síndrome de falsas
memórias mencionada na parte 1?
O que você não quer é fazer perguntas
que acidentalmente sugerem uma porção
da experiência.
Por exemplo, se você perguntar: “Qual a
sua idade… por volta de 7 anos?”
Você teria acabado de fazer uma sugestão
que poderia estar alterando a memória.
Perguntas neutras, como citadas acima,
dão a escolha dele se lembrar de qualquer
tipo de situação que possa ter ocorrido.
Então quando você pergunta: “Você está
dentro ou fora?”, a resposta precisa ser
uma ou a outra; Mas você o está dando a
escolha de responder baseado no que ele
se lembra, ou pensa que se lembra, em
vez de responder com base no que você
poderia estar sugerindo.
Por exemplo, se você perguntar: “Você
está dentro?”, esta é uma sugestão.
Da mesma forma, se você perguntar: “O
seu abusador está presente?”, alguns
podem dizer que não, enquanto outros irão
colocar o seu abusador na cena porque
eles estão agindo conforme as suas
sugestões.
Então, mais uma vez, você fez uma
sugestão com potencial para alterar a
memória.
É muito importante que você nunca faça à
seu cliente uma pergunta que dê
sugestões sobre o que eles possam
encontrar.
Deixe as suas perguntas curtas e
reduzidas para que você não implante um
símbolo visual na experiência de transe do
cliente, forçando-o à criar memórias falsas.
Mantenha as suas perguntas limpas e
trabalhe APENAS com base nas
informações que seu cliente te der.
Espere pela resposta de cada pergunta
para determinar se ele regrediu ao evento
inicial ou não.
Se não ele não regrediu o suficiente,
gentilmente toque o seu ombro novamente,
repita a contagem de 3-2-1 e peça-o para
voltar mais ainda no tempo para a primeira
memória em que ele experimentou aquela
emoção.
Então, faça as mesmas perguntas de
orientação novamente para ajudá-lo a
localizar a memória correta.
NOTA IMPORTANTE:
 Perguntar ao cliente a sua idade
quando você o está orientando é útil
porque se o seu cliente sofre de um
problema particular desde a infância,
mas durante a regressão ele regrediu
apenas alguns anos, então você
saberá que precisa voltar mais no
tempo.
 As pessoas sempre perguntam se é
necessário voltar ao evento inicial,
aquele que causou o trauma
inicialmente. O que é importante
lembrar é que estes eventos iniciais
são metáforas, e não
realidades. Metaforicamente, as
pessoas estão presas na ideia de que
este evento é que causou o trauma. Se
você voltar lá e consertá-lo, elas
pensarão: “ah, que ótimo, está
consertado agora. Não há necessidade
agora para mim de ter as versões
posteriores deste evento”. Mas não há
mágica no evento inicial. Desde que o
cliente acredite que lidou com a causa,
então ele terá lidado com a causa.
Passo 3: Faça Dissociação
Quando um cliente chega ao ponto em que
está experimentando a emoção pela
primeira vez, você precisa trazê-lo de volta
para que a emoção não o tome por
completo.
Deixe-o sentir a emoção muito
brevemente, mas traga-o de volta para
ele saber que está completamente
seguro – e que ele continuará seguro
durante o resto da sessão.
Então conte 1-2-3, diga à ele que ele está
de volta na sala, de volta para o seu “eu”
adulto, seguro em sua cadeira e
simplesmente deixe a cena sumir como se
ele estivesse assistindo ela sumindo na
distância.
Há dois pontos muito importantes para
considerar sobre este passo.
Primeiro, o que é uma dissociação? Bem,
o problema com o trauma é que as
pessoas sentem as coisas erradas como
medo ou raiva. Muita raiva faz com que as
pessoas fiquem perdidas em suas
emoções perdendo todos os seus
recursos. A pessoa fica tão consumida por
ela que perde o impulso de controle e age
de forma violenta.
Da mesma forma, o medo se torna um
problema quando ele toma parte de você e
faz com que você mude o seu
comportamento. Por exemplo, você sobe
40 andares de escada para evitar pegar o
elevador por causa do receio de que o
mesmo quebre e você fique preso.
O medo por si só é algo útil que o mantém
seguro. Mas quando você está
constantemente amedrontado, o seu corpo
libera alguns reagentes químicos em
excesso como o hormônio cortisol.
Ele começa a se machucar e
destruir porque algumas emoções são
destrutivas.
O medo e a raiva são reparos de curto
prazo quando vale a pena pagar o preço
para evitar uma consequência mais séria.
Por exemplo, um pai iria correr para dentro
de uma casa em chamas para salvar o seu
bebê? Com certeza iria porque perderia
muito mais do que alguns químicos em seu
corpo se não fosse.
De mesma forma, alguém iria pisar com
força em seus freios e puxar o freio de mão
para evitar uma batida de carro? Com
certeza iria. Poderia acabar com os seus
pneus, mas a alternativa seria
consideravelmente pior.
O problema ocorre quando estas emoções
negativas se tornam crônicas,
especialmente quando o evento não bate
com a força mental e física da emoção.
Não se engane, o medo e raiva habituais
te destroem de dentro à fora. Para evitar
que isto aconteça, você precisa de uma
proteção deles e da tortura mental que eles
geram.
De acordo com vários pesquisadores, a
assinatura química de uma emoção dura
de 5 até 90 segundos. A versão de 90
segundos é a que tem mais pesquisas,
então vamos utilizá-la como referência. O
que isto nos diz é que qualquer emoção
que dure mais do que 90 segundos
precisa ser recriada.
Uma boa analogia para descrever
dissociação é a do dispensador de sabão
no banheiro.
Toda vez que você aperta o botão um
pouco de sabão sai. Mas quando as
pessoas estão emocionadas continuam
apertando aquele botão.
É como se o seu dedo estivesse preso à
ele.
Isso se torna um hábito inconsciente e eles
continuam apertando o botão até que a pia
esteja cheia e o sabão esteja vazando
pelas beiradas, fazendo uma bagunça pelo
chão.
Então, uma dissociação é uma maneira
de te desconectar do maquinário
mental que aperta este botão mental.
Ele coloca uma tampa no dispensador, de
modo que apertar o botão não irá mais
ativá-lo, então o medo não é mais
acionado. E o melhor jeito de você fazer
isso é através de simbolismo.
Por exemplo, imagine que você esteja de
frente para um tigre.
O quão grande ele pareceria? Muito
grande.
Você está em perigo? Sim, você
provavelmente está.
Agora, imagine o tigre à 1 quilômetro de
distância de você. O quão grande ele
parece agora? Você está no mesmo tipo
de perigo? Não, você não está.
Então, as idéias de tamanho e distância
podem ser utilizadas para nos ensinar de
que tudo isto significa segurança. O modo
de lidar com abreações, mencionado na
parte 1, é basicamente sobre dissociação.
Quando você diz para desaparecer com a
cena à distância, ou deixar a cena sumir,
isto é capaz de dissociá-la o suficiente
para que ela pare de interferir, ajudando o
seu cliente a conseguir os recursos para se
livrar dela.
E, em segundo lugar, por que fazer a
contagem?
Quando você conta 3-2-1 e diz à seu
cliente para voltar para a primeira
experiência da emoção você está lhe
dando um gatilho para algo acontecer. É
uma técnica clássica de hipnose.
A vai acontecer, e como resultado, B irá
acontecer. Você controla A e depois a
mente inconsciente vai controlar B.
É uma associação que você está
criando através de sugestão.
O gatilho poderia ser bater palmas, estalar
os dedos ou tocar a testa dele. O
dispositivo que você usa não é importante.
O que importa é que a lógica e o
significado de suas instruções sejam claras
para a pessoa.
É por isso que números funcionam bem
aqui. 3-2-1 é como “preparar, apontar e já!”
Você usa 3-2-1 para estar na memória e
depois 1-2-3 para ficar dissociado da
memória. 3-2-1 significa que você está
avançando para o presente, e 1-2-3
significa que você regredindo ao
passado.
A magia está na sugestão e mais
especificamente no modo com que o seu
cérebro a interpreta.
Então, não fique preso na técnica porque a
magia não está na técnica, mas sim no
cérebro da pessoa.
NOTA IMPORTANTE: Para monitorar o
estado de seu cliente, preste atenção aos
sinais de transe como mudanças na cor da
pele, pálpebras trêmulas ou imobilidade.
Outros sinais de transe incluem dilatação
de pupila, pulso desacelerado, mudanças
nos padrões de respiração, um olhar fixo
ou brilhante, mudanças no reflexo de
piscar, no mecanismo de engolir, fatiga ou
fechamento dos olhos, contrações
involuntárias musculares, catalepsia de
algum membro, mudanças na voz e
aumento de respostas passivas.
Passo 4: Ressignificação (reframe)
Este passo é muito importante para
suavizar a ansiedade durante a regressão.
Apesar de seu cliente estar apenas
experimentando a emoção por um
momento muito breve, as chances são de
que este momento seja muito intenso e
acerte nervos emocionais. Então, é muito
importante que você garante novamente
de que, não importa o quão intenso foi, ele
está completamente seguro agora.
Por exemplo, em um exemplo de fobia de
cobra, quando a mulher retornou para a
primeira experiência, você poderia ouvir
distintivamente o medo na voz dela.
Ela estava quase chorando. O hipnotista
perguntou a ela se ela estava dentro ou
fora, se ela estava sozinha ou com outros.
Então, ele imediatamente à trouxe de volta:
“Isso mesmo, um dois três, adulto na sala,
a cena está longe, deixe-a desaparecer na
distância. Totalmente, você vê, totalmente
desaparecendo – qual a sua idade agora?
Qual a sua idade na sala comigo agora?”
”Você tem 42 anos, não é? Isto foi algo
forte, não foi. Foi uma correria, você está
se acalmando agora, está certo. Cumpri a
minha promessa? Foi intenso, não foi?
Mas você está bem agora, não está? Você
superou isso, não importa o que passou lá
atrás, não foi? Você está fazendo um ótimo
trabalho, você deveria estar orgulhoso de
si mesmo. Porque, acredite ou não, a parte
mais difícil já foi, você sabia disso?”
Ele a explicou que a sua versão mais nova
pensou naquele tempo que ela não iria
sobreviver. Então ele disse: “Mas você e
eu sabemos que ela sobreviveu a isto,
porque senão nós não estaríamos tendo
esta conversa agora, certo?”
Este é o reframe, dizer ao adulto que eles
sabem de algo que a sua versão mais
nova não sabe. Dizer a eles que não
importa o quão intenso ou aterrorizante a
experiência foi, eles superaram,
sobreviveram a ela.
Eles sabem que é verdade porque eles
estão aqui agora. A sua versão mais nova
provavelmente não pensou que ele
sobreviveria, mas o adulto sabe que ele
passou por isto porque aqui ele está, neste
ponto de sua vida.
Este estágio é sobre checar como o adulto
está lidando porque para um cliente que
teve uma fobia tão intensa, o hipnotista
teve que garantir que a pessoa só entrasse
um pouco na memória e experimentasse a
intensa emoção por um período muito
breve, em condições controladas.
Passo 5: Ache dois pontos de segurança
A ideia aqui é que o adulto/criança se
lembre de uma experiência e do
sentimento de segurança antes e depois
do evento traumático inicial.
Existem duas coisas para considerar nesse
passo. Primeiro, o evento inicial se refere
ao evento que causou o trauma em
primeiro lugar.
Você precisa voltar à aquele evento inicial?
Não. Você pode usar qualquer memória
porque elas são simplesmente
representações metafóricas se seu
passado. As razões para usar a memória
inicial são:
 É algo sobre crença. Se a pessoa
acredita que este evento é onde tudo
começou, então ela acreditará que ali é
onde termina. Quando aquilo não o
incomodar mais, então ele acreditará
que aquilo não precisa mais afetá-lo. É
a crença que muda e não
necessariamente a memória. E
quando as crenças mudam, tudo
muda.
 Você poderia trabalhar com a memória
mais recente e liberá-la, mas se eles
tiverem outras memórias sobre o
mesmo sentimento, eles podem
acidentalmente recriar o problema
pensando nelas. Ao voltar e limpar
todas a memórias se cria a sensação
de que ele resolveu todos os
eventos, em vez de que eles
resolveram apenas o último.
Você pode fazer regressão em algo que
aconteceu recentemente, mas o que
realmente importa é a atitude da pessoa no
fim da sessão. Ela sente que o problema
foi resolvido?
A segunda coisa para é que não existe um
adulto ou criança dentro do cliente, só ele
mesmo. Isto é apenas um símbolo que é
útil para mudar o modo com que a pessoa
se relaciona à memória.
Com o ciclo de segurança à segurança,
você precisa identificar um momento de
segurança antes e um depois do evento.
Houve um momento antes do incidente e
depois do mesmo em que o cliente estava
seguro.
Consiga esta informação perguntando ao
adulto quando ele estava em um
momento seguro antes e depois do
evento. No exemplo da fobia de cobra, a
pessoa se sentiu segura logo antes do
incidente acontecer. No entanto, ela só foi
se sentir segura novamente horas depois
quando estava sentada no colo de seu pai
na cozinha.
Aqui vai outro exemplo. Se o seu cliente
revela que enquanto criança, uma vez
ele se perdeu quando estava brincando
com um amigo no parque, então esta é
sua âncora. É o momento logo antes em
que sua diversão se transformasse em
medo e trauma.
E então, depois do evento traumático, se
ele estava sendo abraçado pelos pais e
se sentindo seguro de novo, então esta
é sua outra âncora.
Ajudar o seu cliente a encontrar estes
pontos de segurança durante uma
regressão é muito importante, pois os
ajuda a colocar o evento e suas emoções
associadas em contexto, fazendo-o menos
traumático.
NOTA IMPORTANTE: Em alguns raros
casos, onde o trauma foi significante ou
recente, pode ser que o cliente nunca
tenha se sentido seguro de novo, então
você pode usar a situação de estar na sala
com você agora como o momento seguro
após o evento traumático.
Passo 6: Explique o ciclo de segurança à
segurança ao adulto
Explique que você vai pedir à seu cliente
para entrar na cena no ponto onde ele
estava seguro antes do evento traumático.
Então, peça a ele para avançar
rapidamente pela parte intensa da cena até
o momento de segurança depois do
evento. É importante dizer a ele que não
será nada próximo da intensidade que
ele sentiu da primeira vez.
Quando seu cliente estiver pronto, instrua-
o a fazer o que você explicou, pedindo à
ele para entrar na cena no local de
segurança antes do evento, e depois
peça para ele se mover rapidamente pelo
evento traumático, para o local de
segurança depois do evento. Então,
conte 1-2-3 e traga-o de volta ao presente,
na sala, à salvo com você.
Você está preparando a expectativa do
cliente, deixando-o na cena, movendo
rapidamente por ela e está feito. Depois
ele está seguro de novo e sai da cena.
Para a moça da fobia de cobra, estar no
ônibus, e depois estar em casa de novo
com seu pai, eram os momentos em que
ela se sentiu segura.
Apesar do fato de que ela ainda estava se
sentindo aterrorizada após o evento, o
pensamento de sentar no colo de seu pai e
ficar confortável fez com que ela sorrisse e
risse. Tecnicamente ela estava segura
muito tempo antes disso, mas ela não se
sentia segura.
O ciclo de segurança à segurança é uma
forma de ressignificar a memória para
dar à ela um significado diferente. É
uma questão de contexto simbólico. Mudar
o significado de algo muda a
experiência inteira.
Por exemplo, se alguém perguntasse se
poderia queimar a sua mão, você diria que
não. Mas se ele mostrasse que iria
queimar a sua mão ou a de seu filho – e
você tivesse que decidir qual a mão que se
queimaria – você escolheria a sua própria
mão porque simbolicamente a situação
tem um significado diferente agora.
Outro ponto para considerar é este:
Durante este passo com a mulher da fobia
de cobra ela ficava amedrontada pela
memória da experiência.
Assim que o hipnotista notava a mudança
em sua expressão facial e em seu tom de
voz, ele imediatamente a trazia de volta,
dizendo que ela estava segura na sala,
para deixar a cena sumir.
Então, é importante continuamente
monitorar o seu cliente e responder à
qualquer mudança similar, porque
senão você arrisca deixar o trauma
ainda pior.
Você pode fazer este ciclo algumas vezes,
entrando e saindo mais rápido da
experiência. À cada iteração, a emoção se
tornará menos e menos intensa porque o
seu cliente perceberá que tudo termina de
forma completamente segura.
Passo 7: O hipnotista orienta o adulto e o
adulto orienta a criança
O próximo passo envolve o
hipnotista explicar ao adulto que,
enquanto a criança não sabe que
sobreviveu à experiência, o adulto sabe.
O adulto está aqui seguro com você na
sala hoje.
Isto deve ser feito enquanto ele está em
transe, e pode ser feito perguntando ao
adulto como a sua versão mais nova
reagiria se soubesse que ele passaria por
uma experiência muito desagradável em
breve, mas que ele estaria à salvo de
novo depois dela.
Pergunte à ele como isto teria o impactado
em sua versão mais nova? Naturalmente,
isto teria feito ele se sentir muito melhor.
Então, neste passo, o hipnotista orienta o
adulto, então o adulto orienta a criança,
e então faz uma outra iteração da
experiência. Mas desta vez, a criança
sabe que ficará bem novamente após a
experiência.
Então, você poderia dizer:
“E se você dissesse à sua versão mais
nova que ele estaria seguro novamente
após a experiência? Isto não faria uma
grande diferença? Então vá e diga à ele
deste modo especial que só você sabe,
que ajudaria a sua versão criança.”
Depois peça ao adulto para entrar
novamente na iteração, para o momento
seguro antes do evento, passando pelo
evento, até o momento depois do evento
quando ele se sentiu seguro, e então de
volta ao presente com você.
Por se mover rapidamente pela
iteração, de segurança à emoção intensa
até a segurança novamente, o evento
inteiro começa a se misturar como uma
única memória, que apenas aconteceu de
possuir uma reação incomum no meio.
Tente passar por esta iteração 3 ou mais
vezes, dizendo ao sujeito que a cada vez
que ele passa por isso de novo, a emoção
se torna menos e menos intensa. Você
quer que ele passe pelo evento até que a
emoção tenha reduzido significativamente.
Isto pode ser feito muito rapidamente,
apenas dizendo:
“Volte para lá, passe pela experiência, e
saia da experiência novamente.”
Passo 8: Ressignifique o Adulto
Enquanto ele ainda está em transe, traga o
adulto de volta à sala para que a cena
desapareça.
Neste momento, você quer deixar o
adulto pronto para ajudar a sua versão
mais nova, já que eles viveram mais e
sobreviveram ao evento traumático, além
de terem ganho mais recursos que não
possuíam quando criança.
Explique ao adulto que ele irá voltar
novamente para a época do evento e
falar com a criança, com a versão mais
nova dele mesmo, para ajudá-lo a
entender o que vai acontecer e que ele
estará seguro novamente após o evento.
O evento pode ter acontecido, mas a
criança estava a salvo antes, e ficou a
salvo depois.
Passo 9: o Adulto orienta a Criança
Depois da ressignificação, faça o ciclo de
novo e deixe com que o adulto ajudar a
sua versão mais nova.
A ideia é que o adulto ajude a criança a
entender que tudo estava seguro e bem
antes do evento, e que tudo estará
seguro novamente após o evento.
Isto é porque, não importa quão
traumático foi o evento, ele sobreviveu.
Depois coloque o adulto de novo no ciclo,
de volta no tempo, regredindo no tempo
para entrar no clico rapidamente, do
momento de segurança ao segundo
momento de segurança, porém tendo
o adulto dizendo à criança que está tudo
bem.
O evento durou algum tempo, mas acabou
agora. A criança estava a salvo antes e
depois do evento. Ela sobreviveu.
Isto é terapia cognitiva. A palavra
orientar implica em empoderamento e
sucesso. Quando o adulto está falando
com a sua versão criança, isto é só um
simbolismo. Ele está lá apenas para falar
com ele mesmo.
Orientando a criança, o adulto
está assumindo uma posição de poder,
e se você tem poder como adulto, você
também tem poder como criança porque
ambos estão coexistindo na mesma
pessoa.
O adulto está reunindo recursos assim
como uma boa mãe ou pai faz para ser um
modelo para o filho, o que ajuda a criança.
Então, quando a criança vai passar pela
experiência novamente, isto se torna
uma memória que dá poder. O que
costumava traumatizá-lo agora se torna
algo que o empodera.
Passo 10: Faça esses ciclos várias vezes e
ressignifique cada um deles
Faça o ciclo até que a emoção tenha
sido completamente sugada e
substituída por paz ou até mesmo alívio.
Você pode fazer isto confirmando com o
adulto que:
 ele se sente seguro;
 sabe que tudo acabou bem;
 está fazendo um ótimo trabalho;
 a emoção está menos e menos intensa
à cada vez que ele experimenta de
novo;
E como hipnotista, você vai notar uma
diferença física significativa como resultado
de paz, alívio ou até mesmo do
empoderamento que ele sente agora.
 
Neste ponto, você deve ser positivo,
incentivando e lembrando o cliente do bom
trabalho que ele está fazendo, além dele
estar perfeitamente seguro.
Este passo é basicamente sobre repetição.
Quando ele aceitar o ciclo de segurança à
segurança como uma metáfora para ficar
seguro no geral, você apenas continua à
fazê-lo, enfatizando a segurança à
segurança e desenfatizando o problema.
Repetindo o ciclo você
está condicionando a nova resposta, de
modo que ele tenha uma experiência de
referência forte de não ter mais o
problema.
Continue repetindo o ciclo até que não haja
mais dúvidas, para depois ele se lembra da
nova memória como uma em que o trauma
não é mais traumático, mas ao contrário,
empoderador.
Voltando ao exemplo da fobia de cobra,
após fazer 2 ou 3 ciclos ela começa a rir.
“Você esperava que você pudesse rir
daquele evento?” (Não.) “Mas você está
aqui. Aqui você está aproveitando o tempo
de sua vida. “
Ela está começando a gostar da
experiência, e então ela se torna um
recurso real. De fato, algum tempo depois,
depois da sessão, ela enviou ao
hipnotizador uma foto. Era uma foto dela,
em uma loja de animais, com uma jibóia
enrolada no pescoço e um enorme sorriso
no rosto.
Passo 11: Perdão
Este passo envolve fazer o adulto perdoar
a todos que ele possa ter culpado no
passado pelo evento traumático.
Perdoando ele pode liberar a emoção
negativa que esteve latente na sua mente
inconsciente por anos.
O adulto pode também falar à criança
como está orgulhoso dela, como corajosa
ela é.
A criança era pequena quando o evento
aconteceu.
Não tinha muitos recursos.
Talvez haviam pessoas naquela época que
tinham mais recursos, como irmãos, pais
ou outros adultos.
Talvez tenha sido possível que eles
tivessem protegido a criança, feito alguma
coisa diferente que faria toda a situação
menos amedrontadora ou a eliminaria
totalmente.
Porém, é hora do adulto perdoar a todos
os envolvidos no evento.
O que quer que tenha acontecido pode ter
resultado na criança um sentimento de
ressentimento ou raiva em direção à outras
pessoas – então é importante ouvir o
adulto perdoar cada um deles em voz alta.
Ou, se ele se sentir mais confortável, ele
pode fazer isso apenas mentalmente.
Mas é importante que ele vá à cada
pessoa individualmente e diga à ela:
 como ele se sentiu sobre o que
aconteceu;
 o quão irritado ou assustado ele se
sentiu;
 o que ele pensou que a outra pessoa
deveria ter feito, mas não fez;
Depois perdoar à cada pessoa na melhor
forma possível.
E por fim, o adulto deve perdoar à
criança.
 
O evento não foi culpa da criança porque
ela era apenas uma criança na época. O
adulto pode ter sofrido como resultado do
que aconteceu, mas não foi culpa da
criança.
Como no passado ele era apenas uma
criança, o adulto precisa aceitar este fato,
e perdoar a criança tendo uma conversa
aberta e franca sobre o evento.
O papel do perdão não é tecnicamente
importante em uma regressão.
A regressão pode ser feita com sucesso só
removendo o trauma da memória.
Porém, o propósito do exercício de
perdão é evitar que a pessoa crie um
novo trauma, se torturando
mentalmente após tudo isso, pensando:
“eu sou estúpido. Por que tive que
sofrer este tempo todo?”. Ele pode se
lamentar tanto que pode acabar criando
um novo problema.
No exemplo da fobia de cobra, a mulher
passou 30 anos aterrorizada por cobras e
quase morria cada vez que via uma,
mesmo no pensamento.
Ao final da sessão de uma hora de
duração, ela de repente não estava mais
com medo de cobras.
Muita gente seria tentada a dizer:
“Como eu fui idiota. Por que eu não
consegui resolver isso sozinho naquela
época?”
Estes pensamentos farão ele se sentir tão
mal sobre o evento que podem recriar
alguma forma de trauma só por se sentir
mal sobre ele de uma forma diferente.
Então, o perdão é basicamente uma
ressignificação que desenha na areia e diz:
“Você sabe, nós não precisamos mais
pensar sobre isso.”
Não é necessário mais retornar ao
assunto, reviver o passado.
A mulher com a fobia de cobra tinha um
relacionamento conturbado com sua mãe.
Então, usando o simbolismo, sua mãe
tinha o rosto gravado para que ela não
pudesse criticá-la. A mulher achava que
sua mãe e seu pai deveriam tê-la ajudado
com o evento, mas eles não estavam lá.
Assim, seu sentimento de
descontentamento se tornou outro tipo de
problema.
Toda esta estratégia de perdão é apenas
uma metáfora para mudar o significado.
Dizer que o que aconteceu, aconteceu,
mas você não precisa mais ficar preso à
isto.
“O que eu quero que você faça quando eu
digo para perdoar à esta pessoa em
termos do evento é o seguinte: não estou
pedindo para que você ame esta pessoa,
respeite-a ou aceite qualquer coisa que ela
tenha causado. Você pode fazer qualquer
uma destas coisas se quiser, ou nenhuma
delas, certo? Quando eu digo perdão, é
uma questão especificamente de cortar
estes laços. Você não precisa se apegar a
mais nada disso. Você está além disto, faz
sentido?”
NOTA IMPORTANTE: quando o adulto
está falando com a criança sobre o evento
(e a perdoando), é importante que ele
sempre fale de forma gentil. Se ele está
tendo problemas para fazer isto, é um sinal
de que ele precisa passar mais tempo
neste passo praticando o perdão para que
ele possa deixar isto para trás e seguir em
frente.
Passo 12: Reintegração
O passo final no processo é reintegrar a
criança e o adulto permitindo que a criança
“cresça” com os novos recursos que o
adulto ganhou através de sua vida e como
resultado do processo de hipnoterapia.
O adulto perdoou a criança e deu à ela um
abraço para mostrar que não há mais
nenhuma culpa, ressentimento ou
sentimentos difíceis sobre o que
aconteceu.
Para começar a reintegração peça ao
adulto para imaginar se juntando com o
corpo da criança e se tornando um só
com a criança.
É importante que este processo não seja
acelerado, que ele use o tempo que for
preciso para que ele sinta este emergir
mental de criança e adulto.
O próximo passo envolve guiar o
adulto/criança integrado por todos os
estágios de sua vida – começando
da época em que o evento aconteceu,
mas desta vez em sua nova posição cheia
de recursos.
 
Quando fizer isso, tenha certeza de
nomear os estágios de desenvolvimento
pelos quais você o está conduzindo.
E depois, para acabar a reintegração, dê à
ele um presente hipnótico no final. Isto
depende do tipo de trauma pelo qual o seu
cliente passou.
Mas sempre enfatize a segurança e o fato
de que eles sobreviveram até agora.
Quando der o presente hipnótico você
pode contá-lo para fora do transe,
trazendo-o de volta para a sala, se
sentindo refrescado, relaxado e cheio de
energia.  É importante não apressá-lo, mas
deixá-lo voltar ao estado normal devagar e
confortavelmente. Isto pode demorar
apenas alguns segundos ou alguns
minutos, dependendo de como ele se
sente e em sua prontidão para retornar.
NOTA IMPORTANTE: como sempre,
teste, teste e teste o seu trabalho, quando
a pessoa sair do transe! Isto é para
confirmar que não há alguma emoção
deixada para trás ou algo mais com que
você precise lidar durante a sessão.

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