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2006 Dis Rlscruz
2006 Dis Rlscruz
Fortaleza-CE
Novembro de 2006
ii
1 Orientador:
ORIENTADOR: PROF.
Prof. Dr. Hélio DR. HÉLIO
Cordeiro de Miranda
Fortaleza-CE
Novembro de 2006
iii
À Deus
À minha esposa
AGRADECIMENTOS
• Aos professores Dr. Antônio Salvador da Rocha (UFC), Dr. Alexandre Bertini
(UFC) e Dr. Tavares Medeiros (CEFET-Ce) pelo apoio inicial na fase de
candidatura ao Mestrado;
• A professora M.Sc. Elda Fontenele Tahim, pelo incentivo e o forte apoio junto ao
CENTEC na fase inicial de candidatura ao Mestrado;
SUMÁRIO
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................iii
ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................................ vii
RESUMO ............................................................................................................................... viii
ABSTRACT .......................................................................................................................... ix
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 3
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO AÇO ASTM A 516 GRAU 60................................ 3
2.2 INFLUÊNCIAS DOS ELEMENTOS QUÍMICOS NO AÇO ASTM A516 GRAU 60.... 3
2.3 FLUXO DE CALOR NA SOLDAGEM ............................................................................ 7
2.3.1 Estimativa do calor da soldagem ........................................................................ 8
2.3.2 Ciclo térmico de soldagem ................................................................................. 8
2.3.3 Fatores que influenciam o ciclo térmico de soldagem ..................................... 10
2.4 TRATAMENTOS TÉRMICOS PÓS-SOLDAGEM (TTPS) .......................................... 12
2.5 TENSÕES RESIDUAIS DE SOLDAGEM ..................................................................... 13
2.5.1 Corrosão sob tensão (CST)............................................................................... 15
2.6 SOLDABILIDADE DOS AÇOS C-MN E BAIXA LIGA .............................................. 16
2.6.1 Metal de adição................................................................................................. 17
2.6.2 Soldagem em passe único................................................................................. 17
2.6.3 Soldagem em múltiplos passes ......................................................................... 18
2.6.4 Microestrutura da zona fundida........................................................................ 19
2.6.5 Microestrutura da zona termicamente afetada.................................................. 22
2.6.6 Temperabilidade ............................................................................................... 23
2.6.7 Preaquecimento ................................................................................................ 25
2.6.8 Modos de fissuração ......................................................................................... 28
2.7 SOLDAGEM SEM TTPS ................................................................................................ 34
2.7.1 Técnica da meia camada................................................................................... 34
2.7.2 Técnica da dupla camada.................................................................................. 35
2.7.3 Teste de Higuchi............................................................................................... 38
2.8 ENSAIOS PARA AVALIAR SOLDAS .......................................................................... 41
2.8.1 Ensaio de impacto Charpy................................................................................ 41
2.8.2 Modos de fratura............................................................................................... 43
ii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 37 - Soldagem com a dupla camada na junta em K (Tipo III): a) Detalhe da dupla
camada aplicada nas faces da junta em K, b) Macrografia da junta com chanfro em semi V, c)
Macrografia da junta com chanfro em K.................................................................................. 62
Figura 38 - Soldagem convencional em amostras do Tipo I: a) Preparação para a soldagem na
bancada de soldagem. b) Macrografia da junta com chanfro em semi V. c) Macrografia da
junta com chanfro em K. .......................................................................................................... 62
Figura 39 - Diagrama do ciclo térmico de TTPS aplicado às amostras soldadas Tipo II. ....... 63
Figura 40 – Distribuição das amostras ao longo da junta soldada. .......................................... 64
Figura 41 - Difratômetro de raios X com detalhe do MPSS. ................................................... 65
Figura 42. Detalhe da localização do entalhe na ZAC-GG. ..................................................... 65
Figura 43 - Ataque eletrolítico acelerado: a) Detalhe da célula eletrolítica, b) ataque
eletrolítico executado em duas amostras simultaneamente, c) amostra antes e depois do ataque
eletrolítico................................................................................................................................. 67
Figura 44 - Macrografias de amostras para caracterização metalúrgica e medição de
microdurezas: a) Amostra sem a dupla camada. b) Amostra com a dupla camada. ................ 68
Figura 45 - Microestrutura do aço ASTM A 516 Grau 60 na condição “como recebido”....... 69
Figura 46 - Microestrutura do aço ASTM A 516 Grau 60: a) Macro-regiões da solda, b)
ZAC_GG e durezas correspondentes. ...................................................................................... 69
Figura 47 - Perfis de microdureza para o aço ASTM A 516 Grau 60. a) 06 kJ/cm b) 10 kJ/cm
c) 14 kJ/cm e d) 18 kJ/cm......................................................................................................... 70
Figura 48 - a) Diagrama de Higuchi Convencional, b) Diagrama de Higuchi Adaptado. ....... 72
Figura 49 - Diagramas de decisão para a dupla camada com 6 kJ/cm na primeira camada..... 73
Figura 50 - Diagramas de decisão para a dupla camada com 10 kJ/cm na primeira camada... 74
Figura 51 - Diagramas de decisão para a dupla camada com 14 kJ/cm na primeira camada... 75
Figura 52 - Diagramas de decisão para a dupla camada com 18 kJ/cm na primeira camada... 75
Figura 53 - Perfil de microdurezas da dupla camada com o uso da relação de energias de
soldagem 6/10 em uma superfície plana (amostra). ................................................................. 77
Figura 54 - Perfis de microdureza para as amostras de referência – Tipo I. a) Junta com
chanfro Semi V b) Junta com chanfro em K. ........................................................................... 78
Figura 55 - Perfis de microdureza para as amostras com TTPS – Tipo II. a) Junta com chanfro
Semi V b) Junta com chanfro em K com TTPS. ...................................................................... 78
Figura 56 - Perfis de microdureza para as amostras com dupla camada – Tipo III. a) Junta
com chanfro Semi V b) Junta com chanfro em K com TTPS. ................................................. 79
Figura 57 - Distribuição das tensões residuais nas amostras de 38 mm com chanfro em Semi
V: a) Amostras da posição 1, b) Amostras da posição 2, c) Amostras da posição 3................ 81
Figura 58 - Distribuição das tensões residuais nas amostras da junta com chanfro em K:
a) Amostras da posição 1, b) Amostras da posição 2, c) Amostras da posição 3..................... 82
Figura 59 - Amostra do Tipo II não rompida no ensaio de Impacto Charpy. .......................... 85
Figura 60 - Escória junto ao entalhe. a) Amostra Tipo II. b) Amostra Tipo I..........................85
vi
Figura 61 - Topografia das superfícies fraturadas nas amostras de referência (Tipo I). .......... 85
Figura 62 - Topografia das superfícies fraturadas em amostras com TTPS – Tipo II. ............ 86
Figura 63 - Topografia das superfícies fraturadas em amostras com dupla camada – Tipo III.
.................................................................................................................................................. 86
Figura 64 - Energia absorvida no ensaio de impacto Charpy: (a-b) Amostras da junta com
chanfro semi V, (c-d) Amostras de junta com chanfro em K................................................... 88
Figura 65 - Microestrutura junto à linha de fusão das amostras do Tipo I. (A: Região colunar
do Metal de Solda, B: Metal de Solda recristalizado, C: ZAC_GG, D: ZAC_GG refinada)... 90
Figura 66 - Microestrutura de amostras do Tipo I na ZAC_GG. ............................................. 91
Figura 67 - Microestrutura das amostras do Tipo II na ZAC_GG. a) ótico 200x b) MEV
2000x. ....................................................................................................................................... 91
Figura 68 - Microestrutura da amostras do Tipo III na ZAC_GG ........................................... 92
Figura 69 - Região refinada junto à linha de fusão................................................................... 92
vii
ÍNDICE DE TABELAS
Cruz, R. L. S., 2006, “Avaliação dos Efeitos da Técnica da Dupla Camada na Soldagem do
Aço ASTM A 516 Grau 60”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Ceará, CE.
RESUMO
Cruz, R. L. S., 2006, “Evaluation of the Effect of the Technique of the Double Layer in the
Welding of the Steel ASTM A516 degree 60.”, M. Sc. Thesis Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza-CE.
ABSTRACT
The Steel ASTM A 516 grade 60 is a structural steel linked to manganese,
extensively used in the oil-producing industry in operations of storage, transport and
processing from oil-producing products in conditions that present tenacity requirements.
When the repair of structures built with this steel involves conventional welding, the
formation of martsite structure occurs in the heat affected zone (HAZ) as well as the
establishment of residual stresses throughout the joint. The procedures of repair for steel
ASTM A 516 grade 60 establish the use of a thermal treatment for relief of tensions soon after
the welding, such treatment come as an alternative able to reduce/to minimize originated
harmful effects in the region of the weld. However, some times they can technical be
impracticable or represent an increase of significant cost, so that a procedure of welding
without pos-weld heat treatment (PHWT), that results in low levels of residual stresses and
adjusted chemical and mechanical properties of the joint is extremely important. In this
context, this work was proposed aiming to contribute with the studies of repairs for welding
with quality and without the necessity of PWHT through the application of the technical of
the double layer.
The assays of this work had been lead in samples of the Steel ASTM A grade 60
with 38 mm of thickness, welded manually with basic electrodes, in joints bevelled in K and
half V, that had been evaluated in the condition as received; solder with the conventional
procedure without TTPS and with TTPS; solder with the technical of the double layer. The
relations of energy for the application of the double layer had been defined after the
application of the Test of Higuchi conventional (hardness) and modified (microstructure).
For all the joints the profiles of microhardness had been evaluated, the
microstructure, the energy absorbed to the impact and the profiles of residual stresses.The
results had demonstrated that with the application of the technical of welding with double
layer, using adequate combinations of welding energy, defined for the Test of Higuchi,
reductions of the levels of hardness in the (HAZ) can be reached; microstructural refinement;
improved final mechanical properties, however with obvious signals of residual stresses
raised in the weld-metal and the base-metal.
CAPÍTULO I
1 INTRODUÇÃO
Neste contexto, este trabalho foi proposto visando contribuir com os estudos de
reparos por soldagem com qualidade e sem a necessidade de TTPS. O trabalho
especificamente procurou avaliar o efeito da técnica de soldagem com a dupla camada para
aplicação em chapa grossa do aço ASTM A 516 Grau 60, sob a ótica do comportamento
microestrutural, de propriedades mecânicas e de tensões residuais.
CAPÍTULO II
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O aço ASTM A 516 Grau 60 tem aplicação como material estrutural para a
indústria petrolífera, sendo intensamente utilizado na fabricação de vasos de pressão e de
tubulações para a indústria petrolífera, no processamento, transporte e armazenamento de
produtos derivado do petróleo, apresentando, como característica peculiar, a sua versatilidade
quanto à temperatura de serviço, variando desde -60°C à +500°C, aliado a sua boa tenacidade.
Ni Ti Nb V Mo B Ca N
0,10% 0,010% 0,010% 0,010% 0 1 ppm 0 123 ppm
Tabela 2 - Tendência da distribuição dos elementos de liga nos aços resfriados lentamente
(AGUIAR, 2001 apud TSCHIPTSCHIN, 2001).
Combinados na Na forma de Na forma de
Dissolvidos na
forma de inclusões não compostos
ferrita
carbonetos metálicas intermetálicos
Ni - - Ni3Al
Si - Si02, MxOy -
Al - Al2O3 AlxNy
Cu - - -
P - - -
Mn (forte) Mn (fraca) MnS, MnO, SiO2 -
Cr (forte) Cr (fraca) CrXOy -
V (muito fraca) V (forte) VxOy VxNy
Ti (muito fraca) Ti (forte) TixOy TixNyCz , TiyNy
Nb (muito fraca) Nb (forte) - -
Alguns efeitos apresentados pela presença dos elementos químicos que podem vir
a compor o Metal de Solda de uma junta estão relacionados a seguir:
• nitrogênio (N): este elemento tem como uma de suas principais fontes o ar
atmosférico, decompondo-se a partir da reação N2 2[N], muito embora o tipo de
revestimento ou fluxo e o comprimento do arco elétrico também sejam fatores que contribuem
com o volume de nitrogênio admitido na solda. Ele pode ser absorvido na sua forma gasosa
ou na forma atômica. A Figura 2 mostra a solubilidade do nitrogênio em função da
temperatura e sua relação com outros elementos de liga presentes no aço (EASTERLING,
1985).
a) b)
Figura 2 - Solubilidade do nitrogênio em função da temperatura. a) Solubilidade do nitrogênio
no ferro. b) Efeito de elementos de liga na solubilidade do nitrogênio a 1600°C
(EASTERLING, 1985).
A solubilidade do nitrogênio atômico é consideravelmente elevada no Ferro γ
quando comparada com a sua solubilidade no Ferro δ ou Ferro α. Esta diferença de
comportamento de solubilidade pode ser a causa da formação de nitretos. Assim como o
efeito de outros elementos de liga presentes no metal líquido. Também influi na solubilidade
do nitrogênio, conforme pode ser observado na Figura 1-b (EASTERLING, 1985).
medida que o teor de nitrogênio aumenta. Estes efeitos estão associados principalmente à
precipitação de nitretos (MODENESI et al, 1992; EASTERLING, 1985);
a) b)
Figura 3 - Solubilidade do hidrogênio em função da temperatura. a) Solubilidade do
hidrogênio no ferro. b) Efeito de elementos de liga na solubilidade do hidrogênio
(EASTERLING, 1985).
• silício (Si): é um elemento também presente no aço ASTM A 516 Grau 60,
tendo como função principal atuar como agente desoxidante. Também tem efeito sobre a sua
resistência mecânica e temperabilidade;
A presença de outros elementos de liga no aço ASTM A 516 Grau 60, tais como o
Alumínio, o Cromo, o Nióbio, o Titânio, o Vanádio, o Níquel, o Cobalto e o Tungstênio traz
alterações significantes no seu comportamento. A extensão das alterações comportamentais
está intimamente ligada à concentração do referido elemento de liga, resultando em melhorias
das suas propriedades mecânicas e químicas, inclusive em elevadas temperaturas e/ou
ambientes agressivos (CALLISTER, 1994).
2 ⋅ π ⋅ k ⋅ (Tc − To )
2
Vr = (Eq. 2)
E liq
2
e
Vr = 2 ⋅ π ⋅ k ⋅ ρ ⋅ C ⋅ ⋅ (Tc − To )3 (Eq. 3)
E
liq
Onde:
As equações para o fluxo de calor podem ser usadas para descrever o ciclo
térmico de soldagem a arco elétrico, como o experimentado pelo Metal de Solda e a ZAC,
podendo fornecer uma correlação bem aproximada dos ciclos térmicos teóricos e reais. Uma
boa correlação entre estes ciclos é extremamente importante no entendimento dos fenômenos
metalúrgicos associados à soldagem.
a) b)
A soldagem do aço aços ASTM A 516 Grau 60 para espessuras maiores que 25
mm requer TTPS pelos códigos de fabricação/reparo. Os TTPS são processamentos aplicados
aos aços em que o metal, no seu estado sólido, fica submetido a um ciclo térmico controlado
que proporciona o estabelecimento das suas propriedades finais. Para tanto, é essencial a
compreensão dos mecanismos de transformação metalúrgica nas etapas do ciclo térmico e os
fenômenos físicos envolvidos, para o estabelecimento de tais propriedades.
Estruturas metálicas que normalmente sofrem reparos por solda podem ter uma
variedade de problemas de natureza térmica localizada oriundas da solda. Alguns TTPS são
comumente utilizados com a finalidade de minimizar os efeitos provenientes do ciclo térmico
de soldagem. O calor fornecido nos TTPS pode advir de uma fonte por chama ou resistência
elétrica (resistências ou indução) localizada na região a ser tratada. Ocorre que, para a
realização de tais tratamentos, são utilizados fornos (ao se tratar de peças de menor dimensão)
ou instalações especialmente planejadas (quando se tratar de estruturas de maior porte ou
complexidade geométrica), que geralmente apresentam restrições operacionais e/ou longos
tempos de tratamento gerando elevados custos.
Um fator que limita o uso dos TTPS está relacionado com a exigência de
tratamento fora dos fornos, muitas vezes inviabilizando técnica e economicamente a operação.
Dentre os principais TTPS aplicáveis aos aços estruturais, pode-se citar o tratamento térmico
de alívio de tensões, que consiste no aquecimento do aço a uma temperatura e tempo
suficiente para reduzir a tensão limite de escoamento, e relaxar as tensões internas do material
que ali se estabeleceram resultantes do processo de soldagem ao qual o mesmo foi submetido
(MODENESI et al, 1992).
13
Figura 5 - Evolução das tensões térmicas ao longo de em uma junta durante o ciclo térmico de
soldagem (adaptado de AMERICAN WELDING SOCIETY, 1987): a) Placa soldada, b)
Perfil de temperaturas, c) Perfil de tensões.
a peça sofresse, por igual, elevação de temperatura). Com isto são provocadas deformações
elásticas e plásticas que geram estados de tensão durante a evolução da soldagem. Ao final do
processo, atingida a fase de resfriamento na junta soldada, estará formado um sistema de
tensões autoequilibradas composto por tensões trativas e compressivas, de caráter
macroscópico e microscópico, que, uma vez presentes, tendem a diminuir a performance em
serviço do referido elemento soldado.
partes têm uma liberdade limitada para se moverem durante a soldagem e assim as tensões
residuais serão menores que as registradas no segundo método, todavia o primeiro método é
difícil de ser aplicado exceto em situação de fabricação simples (AMERICAN WELDING
SOCIETY, 1987).
Tensões residuais também podem ser reduzidas pelo emprego de metal de adição
com a propriedade de ductilidade promovendo a sua deformação no MS ou também uma
menor deposição de metal de adição na solda.
redução satisfatória da dureza, baseado na afirmação da NACE (1990) onde está citado que
componentes fabricados com este aço, trabalhando em tais ambientes corrosivos requerem
dureza menor que 248 HV para evitar trincas de CST, visto que o fenômeno da CST está
relacionado com o nível de dureza e o estado de tensões da região soldada.
relacionadas à problemas que reduzem a vida operacional do elemento soldado, têm solução
normalmente obtida por TTPS. Então, para compreender a soldabilidade, faz-se necessário o
conhecimento das várias regiões da solda (METALS HANDBOOK, 1992), bem como as
relações entre os metais base e de adição, tanto para a soldagem em um passe único, como a
soldagem desenvolvida em vários passes.
Figura 6 - Esquema demonstrativo das regiões de uma solda em passe único (AGUIAR,
2001).
18
• zona fundida (ZF), onde se encontra o metal de adição que atingiu um pico de
temperatura acima do seu ponto de fusão. Nesta região a solidificação ocorre com alterações
locais de composição química, influenciando as propriedades do Metal de Solda. A sua
composição química dependerá da escolha do consumível selecionado, da taxa de diluição e
das condições de operação. Sob condições de rápido resfriamento e solidificação, elementos
de liga e impurezas segregam intensamente, resultando em uma significante heterogeneidade
química local (METALS HANDBOOK, 1992). Os tipos mais comuns são a segregação
intercelular e segregação interdendrítica, segregação em contorno de grão, segregação central,
segregação na cratera e, bandeamento transversal (MODENESI et al, 1992);
• zona de ligação (ZL), que se trata de uma estreita região onde ocorre fusão
parcial localizada no Metal Base junto à ZF. Esta região corresponde à transição entre a ZAC
e a ZF, sendo caracterizada por uma fusão apenas parcial durante a soldagem, podendo ser
uma potencial fonte de defeitos (MODENESI et al, 1992);
Figura 8 - Microestruturas do Metal de Solda presentes nos aços C-Mn (AGUIAR, 2001).
• ferrita primária (FP): pode ocorrer sob duas formas que podem ser computadas
como constituintes distintos:
• ferrita com fase secundária (FS): pode ocorrer sob duas formas que são
computadas como constituintes distintos:
a. ferrita com fase secundária alinhada (FS(A)): duas ou mais ripas de ferrita
paralelas. Quando se observar somente duas ripas, estas somente devem ser
classificadas como FS se a relação comprimento/largura for superior a 4/1.
Caso contrário a classificação deverá FA ou PF.
b. ferrita com fase secundária não alinhada (FS(NA)): ferrita de contorno ou ripas
de ferrita acicular. Se a observação levar a conclusão que se trata de placa
laterais, bainita (B), bainita superior (BS), bainita inferior (BI), o constituinte
será identificado por FS(SP0), FS(B), FS(BS) ou FS(BI) respectivamente;
Esta é a porção do MB que, mesmo sob efeito do ciclo térmico, não sofreu fusão.
Porém suas propriedades mecânicas, químicas e microestruturais são alteradas pelo efeito do
calor adicionado à junta (HONEYCOMBE, 1980). A temperatura de pico, bem como o tempo
de exposição caracterizam bem a natureza do ciclo térmico imposto à ZAC nas vizinhanças da
ZF e sabe-se que estes aumentam seus valores conforme o aumento do calor se estabelece.
Para regiões da ZAC mais afastadas da linha de fusão, os grãos da austenita reduzem sua
forma com o aumento da distância a partir da superfície de fusão. A ZAC é ainda subdividida
e classificada a seguir (METALS HANDBOOK, 1992; MODENESI et al, 1992):
• zona afetada pelo calor com granulação fina (ZAC_GF), onde a temperatura de
pico ocorre entre 1100°C e a temperatura AC3 da liga. Sua estrutura apresenta uma granulação
mais fina devido às menores temperaturas de pico alcançadas, não sendo uma região crítica.
23
• zona afetada pelo calor intercrítica (ZAC_IC), onde uma transformação parcial
da microestrutura ocorre entre as temperaturas AC1 e AC3 . Em alguns casos de soldagem
multipasse, constituintes de elevada dureza e baixa tenacidade podem ser formados nesta
região devido ao reaquecimento sofrido;
2.6.6 Temperabilidade
sendo notadamente observada, uma vez que uma pequena variação na concentração deste
elemento, pode ter grande influência na microestrutura e, conseqüentemente, nas propriedades
finais da solda (REED-HILL, 1982). Alguns diagramas, especialmente construídos
relacionam níveis de temperabilidade de acordo com a composição química do aço. Como
exemplo, no diagrama de Granville da Figura 10, a Região I define aços com boa
soldabilidade, enquanto a Região III define aços que requerem cuidados maiores durante o
procedimento de soldagem, pois apresentam elevadas temperabilidade. Para a Região II, que
apresenta aços com temperabilidade mais baixa que da Região III e percentual de carbono
mais elevado que os aços da Região I, é possível adequar os processos de soldagem a fim de
evitar prováveis trincas originadas por microestruturas mais sensíveis a este tipo de falha.
A temperabilidade nem sempre é desejada que seja alta para um dado aço,
principalmente quando se tratar de soldagem, uma vez que aos choques térmicos, devido a um
resfriamento rápido, estão associadas às trincas de têmpera. Aços contendo qualquer
quantidade apreciável de elementos de liga são notoriamente mais difíceis de soldar quando
comparados com aços não ligados e de baixo carbono.
2.6.7 Preaquecimento
π.k.ρ
Vr = (2.π ρ.C.[e/Eliq]2.(Tc-To)3 (chapa fina) (Eq. 6)
Quando τ > 0,9 considera-se a chapa “grossa” e quando τ < 0,6 a chapa é
considerada “fina”. Para valores de τ entre 0,6 e 0,9 a situação é considerada indefinida e
neste caso sugere-se o cálculo da velocidade de resfriamento nos dois casos para depois se
escolher a mais segura para o material.
Carbono Equivalente
Para o caso das estruturas fabricadas com chapas grossas do material ASTM A
516 Grau 60, normalmente após a soldagem, estas são tratadas termicamente de modo a se
conferir melhores combinações de propriedades oferecidas pelo aço, bem como para reduzir o
nível de tensões residuais imposto pelo reparo e evitar assim o surgimento de trincas.
29
Uma vez que as estruturas de aço ASTM A 516 Grau 60 na condição como
soldado são submetidas a ambientes pressurizados a meios agressivos, é necessário verificar,
por meio de testes específicos, o efeito do ataque corrosivo nestas estruturas para as
temperaturas e pressões de trabalho atuantes nas regiões reparadas, pois as mesmos podem
apresentar fissuração na região da solda devido ao ataque do meio corrosivo. Caso similar foi
verificado por FERRARESI et al (1993), em seus estudos com aços Cr-Mo, que revelaram
problemas em muitos vasos de pressão de refinarias, sendo uma das causas principais a
susceptibilidade à trincas destes materiais quando submetidos a ciclos térmicos severos. As
trincas foram identificadas na ZAC, principalmente adjacente ao contorno da ZF. A conclusão
final deu grande ênfase a soldagem como fonte de geração de tensões e ao tratamento térmico
de alívio de tensões aplicado como fator iniciador do desenvolvimento de trincas.
Figura 12 - Classificação das trincas quanto à sua localização na região da solda (MODENESI
et al, 1992).
a) b)
Figura 13 - a) Aspecto de uma trinca de solidificação: a) Trinca de cratera. b) Mecanismo de
desenvolvimento das trincas de solidificação.
Como as peças soldadas normalmente são submetidas aos TTPS com objetivos
bem específicos, tais como a redução das tensões térmicas, as soldas não podem apresentar
quaisquer susceptibilidade ao aparecimento deste tipo de fissura, pois a temperatura elevada
do tratamento poderá promover austenitização do aço. AZEVEDO (2002) citando
MODENESI et al (1992) e BAILEY et al (1973) afirma que este tipo de trinca é freqüente nos
aços ferríticos;
• fissuração lamelar: este tipo de trinca é também conhecido como trincas por
decoesão lamelar. Seu crescimento está associado com separação de camadas subsuperficiais,
próximas à zonas sob tensões residuais trativas, tendo o aspecto como mostrado na Figura 14.
Sabe-se que a presença de inclusões não metálicas, deformadas paralelamente à direção de
laminação do aço, favorecem o fenômeno da decoesão lamelar próximo à ZAC.
31
Figura 14 - Fissuração por decoesão lamelar. Macrografia da trinca por decoesão localizada
na margem do cordão (AMERICAN WELDING SOCIETY, 1987).
Dano pelo hidrogênio é uma forma de falha que resulta geralmente da ação
combinada de hidrogênio e tensão residual ou externa. Dano por hidrogênio para ligas
específicas ou grupos de ligas, manifesta-se de diversos modos, tais como trincas, formação
de hidretos e redução na ductilidade. Por muitos anos, estas falhas têm sido agrupadas no
termo fragilidade ao hidrogênio; este termo persiste e é impropriamente usado para descrever
os variados modos de falhas envolvendo o hidrogênio. Vários dos quais não demonstram
semelhança clássica de fragilidade (METALS HANDBOOK, 1992).
de hidrogênio aumenta, uma alta pressão é criada possibilitando abertura de trincas (METALS
HANDBOOK, 1992).
Há algumas outras teorias tais como a de Troiano (1960), que propôs que o
hidrogênio promove crescimento da trinca pela redução da resistência coersiva da rede
cristalina do material, e PETCH (1952), que propôs que o hidrogênio promove crescimento da
trinca pela redução da energia superficial junto à trinca.
a) b)
Figura 15 - Aspecto de trincas a frio na ZAC e no Metal de Solda (BAYLEY et al, 1973). a)
Localizações preferenciais da trincas à frio, b) Macrografia de uma trinca induzida por
hidrogênio localizada na Zona Fundida .
33
AGUIAR (2001) citando STILL (1997) e STILL (1998), diz que a soldagem sem
os TTPS é um recurso efetivamente atrativo para a soldagem de aços de baixa liga. Como é
crescente a substituição, na indústria, de aços ao carbono por aços de baixa liga, este fato tem
motivado pesquisas em relação aos procedimentos de soldagem que possibilitem a eliminação
dos TTPS como os recomendados nos procedimentos convencionais de soldagem (AGUIAR,
2003).
Algumas técnicas de reparo têm sido propostas. Aguiar (2001) citando o artigo
IWB 4000 do código ASME BPV CODE, Secção XI , comenta que o mesmo recomenda o
uso da técnica da meia camada (half bead), que tem por objetivo o refino da ZAC grosseira da
primeira camada numa soldagem multipasse, pela sobreposição de ciclos térmicos da camada
subseqüente. Este procedimento de reparo executado em processo de soldagem por eletrodo
revestido (ER) consiste em aplicar uma camada de amanteigamento e posterior remoção da
meia altura desta camada com o recurso do esmerilhamento manual para aplicação da segunda
camada, depositada com um eletrodo de maior diâmetro, que irá promover o refinamento e o
revenimento da região da ZAC_GG desenvolvida pelo passe da primeira camada. Os
resultados alcançados são questionáveis e exige-se inspeção criteriosa, o que reduz a sua
utilidade técnica. O maior inconveniente desta técnica está na dificuldade de controlar a altura
de remoção da primeira camada, visto que será executado por esmerilhamento manual, que
inclusive agregará maior custo ao procedimento (FRIEDMAN and BAILEY, 1992).
35
Uma variante da técnica da dupla camada utiliza um primeiro passe com eletrodo
revestido ER e segundo passe aplicado utilizando o processo TIG sem adição de metal, de
forma que o calor do passe TIG promova refinamento e/ou revenimento da região de
granulação grosseira da ZAC original devido ao passe com ER. Neste procedimento foi
verificado que a referida técnica dispensou satisfatoriamente a necessidade de TTPS para o
aço 5%Cr 1/2%Mo, sendo relatado por Silva (2003) que o controle dos parâmetros de
soldagem deve ser extremo e que a translação, ao longo do cordão de solda do arco TIG deve
ser precisa para se manter uma sobreposição próxima de 50% com um revenimento adequado.
as camadas foram utilizadas; uma vez que o uso de uma elevada energia na deposição da
primeira camada promoveria um maior crescimento de grão, o que por sua vez, implicaria em
dificuldade de refino pela segunda camada prejudicando a tenacidade da mesma.
TEIXEIRA e POPE (1992) verificaram que o método da dupla camada pode ser
empregado com sucesso na soldagem de reparo dos aços 1%Cr 0,5%Mo para a posição plana.
Os autores afirmaram inclusive, que o sucesso do procedimento está relacionado com o
controle durante o depósito da primeira camada e que se deve buscar uma sobreposição
próxima a 50%.
liga de Iconel e NiCrMo-3 (metal de adição dissimilar) para verificar a tenacidade da junta
soldada e a possibilidade de não aplicar TTPS. Os resultados alcançados indicaram que com o
uso do metal de adição similar uma boa tenacidade foi conseguida (126 J) sem a realização de
TTPS, enquanto que a soldagem com o metal de adição dissimilar não se apresentou
satisfatória no sentido de alcançar uma boa tenacidade sem TTPS. Este fato foi atribuído à
fragilidade das zonas não diluídas que surgiram devido a pouca homogeneização dentro do
Metal de Solda. A tenacidade registrada para este caso foi baixa, da ordem de 51 J.
A ferramenta que pode ser aplicada para a escolha das energias de soldagem das
camadas é o Teste de Higuchi (1980) que, a partir de medidas em amostras previamente
soldadas com diferentes energias de soldagem, são obtidas as respectivas geometrias das
regiões das soldas, relacionando as energias com as durezas obtidas para cada região da ZAC.
As durezas são obtidas em ensaios de microdureza ao longo das extensões da seção
transversal. Como resultado final, o Teste de Higuchi fornece uma representação das regiões
macias e duras, relacionando-as com as suas respectivas energias de soldagem. Desta forma,
pode-se selecionar as adequadas energias para a primeira e para a segunda camada de forma a
se obter as sobreposições dos ciclos térmicos que promovam o efetivo refino e revenimento
da ZAC_GG da primeira camada.
Como exemplo da análise destas zonas, pode-se verificar, para aços ferríticos,
através do diagrama de equilíbrio no resfriamento contínuo (Figura 9), a relação entre as
regiões da ZAC destes aços e as suas respectivas temperaturas de pico. A zona endurecida
deve ser formada pela região compreendida, aproximadamente entre 1100°C até a
temperatura de linha de fusão, onde se estabelece a zona de crescimento de grão, identificado
como ZAC_GG, enquanto a zona macia deve ser formada pela região adjacente, de
granulação mais fina ZAC_GF (entre 1100° e AC3 ocorre o refino), pela região intercrítica
(entre AC3 e AC1, ocorre o refino parcial e revenimento) e pela região subcrítica, abaixo de
Ac1, se encontra a ZAC_SC (região que ocorre apenas um revenimento). Portanto, em
resumo, a zona dura deverá estar compreendida pela ZAC_GG, enquanto a zona macia pela
ZAC_GF, ZAC_IC e ZAC_SC.
Onde:
a) b)
Diferentes técnicas de ensaios têm sido usadas para avaliar a fratura frágil de aços
ferríticos, mas o ensaio de impacto Charpy é mais conveniente para avaliação nas variadas
temperaturas de teste, tendo grande aceitação técnica para a medição da tenacidade.
entalhes iguais e à não homogeneidade do material, que são características de difícil controle,
assim como as particularidades próprias de cada amostra ensaiada.
a) b)
a) b)
Várias técnicas têm sido utilizadas para se medir as tensões residuais nos metais.
A Medição de tensões em metais por difração de raio-X explora o fato de quando o metal é
sub-tensionado, nos carregamentos ou nas tensões residuais, as forças elásticas resultantes são
manifestadas como uma mudança de espaçamento no plano atômico da estrutura cristalina do
metal (Figura 24). PHILIPPOV (2006), comenta que a aplicação do método de difração de
raios-X, para estudo de estrutura de materiais, é baseada no fenômeno no fenômeno, em que
os átomos do cristal, por causa da distância uniforme entre eles, causam um padrão de
interferência de ondas do feixe incidente de raios-X.
Figura 24 - Esquema de tração axial da amostra. As linhas dentro da amostra são planos
cristalinos (hkl), onde qualquer ε corresponde à deformações nas respectivas direções
(PHILIPPOV , 2006).
as zonas afetadas pelos ciclos térmicos, associados à máxima tensão residual. Isto permite
uma otimização do processo na fabricação de peças (SILVA, 2005), notadamente em relação
ao procedimento de soldagem.
Quando raios-X, de uma dada freqüência, atingem um átomo, eles interagem com
seus elétrons, fazendo-os vibrar com a mesma freqüência do feixe de raios-X. Uma vez que os
elétrons se tornam cargas elétricas em vibração, eles re-irradiam os raios-X sem mudar sua
freqüência. Tais raios refletidos saem dos átomos em muitas direções, ou, em outras palavras,
os elétrons “espalham” o feixe de raios-X em todas as direções. Os átomos espaçados
regularmente são atingidos pelo feixe de raios-X, os raios refletidos sofrem então a
interferência ondulatória. Em certas direções ocorre interferência construtiva, enquanto em
outras ocorre interferência destrutiva. Por exemplo, se um plano atômico isolado é atingido
por raios-X paralelos, o feixe sofre interferência construtiva quando o ângulo de incidência
iguala-se ao de reflexão.
Quando os raios-X são refletidos não por uma rede de átomos dispostos num
único plano, mas por átomos de vários planos paralelos igualmente espaçados, como os
existentes nos cristais, a interferência construtiva somente ocorre sob condições altamente
restritas. A lei que governa este fenômeno é conhecida como Lei de Bragg.
A Figura 26 mostra um feixe de raios-X que está sendo refletido por dois planos
paralelos do reticulado. Na realidade, o feixe seria refletido não somente por dois planos do
reticulado, mas por um grande número de planos paralelos. O espaçamento do reticulado
cristalino ou a distância entre planos é representado pela letra d. A linha OAI foi traçada
perpendicularmente aos raios incidentes e representa uma frente de onda. Os pontos o e m que
se encontram nesta frente de onda devem estar em fase. A linha OAR foi traçada
perpendicularmente aos raios refletidos a1 e a2, e a condição para que OAR represente uma
frente de onda é a de que os raios refletidos devam estar em fase nos pontos o e n. Essa
condição só poderá ser satisfeita se a distância mpn for igual a um múltiplo de um
comprimento completo de onda, isto é, essa distância deve ser igual a λ ou 2λ ou 3λ ou nλ,
onde λ é o comprimento de onda dos raios-X e n um número inteiro qualquer (SILVA, 2005).
Figura 26 - Esquema demonstrativo da Lei de Bragg. Raio a1: raio incidente, Raio a2: raio
difratado e d:distância interplanar (adaptado de SILVA, 2005 apud REED-HILL,1982).
48
onde:
n = 1, 2, 3,....n (inteiro positivo);
λ : comprimento de onda monocromática (λ = const.) dos raios-X incidentes (Å);
d : distância interplanar dos planos (Å);
θ : ângulo de incidência ou reflexão do feixe de raios-X, ângulo de Bragg.
(Eq.13)
onde, ∆d é a variação da distância interplanar.
E ε ϕ,ψ 2 − ε ϕ,ψ1
σϕ = (Eq. 14)
1 + ν sin 2ψ 2 − sin 2ψ1
(Eq. 15)
50
(Eq. 16)
σϕ = −
(
E ctgθ0 θϕ,ψ 2 − θϕ, ψ1 ) (Eq. 17)
1 + ν sin 2ψ 2 − sin 2ψ1
Onde:
ψ : ângulo entre a normal à superfície e a normal aos planos cristalográficos;
ε : deformação;
εϕ,ψ : deformação na direção arbitrária definida por ϕ e ψ;
σϕ,ψ : componente da tensão na superfície, na direção arbitrária definida por ψ e ϕ;
σ1 e σ2: tensões principais no plano da amostra.
CAPÍTULO III
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAIS
A operação com este tipo de eletrodo deve seguir a recomendação de soldar com
arcos curtos, pois a proteção pode ser menos eficiente para arcos de maior tensão.
O Metal Base utilizado neste trabalho foi o aço ASTM A 516 Grau 60, fornecido
sob a forma de chapas laminadas com espessura de 38 mm. Este material tem, sob esta forma,
grande aplicação como material estrutural para a indústria petrolífera, sendo intensamente
utilizado na fabricação de vasos de pressão, no processamento e armazenamento de produtos
derivados do petróleo. Apresenta como característica peculiar versatilidade quanto à
temperatura de serviço, que varia de -60°C à +500°C, aliado à sua boa tenacidade. Análises
realizadas pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello
(CENPES) da Petrobras apresentam a composição mostrada na Tabela 3 para o aço ASTM A
516 Grau 60.
3.1.3 Equipamentos
3.2 METODOLOGIA
Uma vez que o Metal Base se trata de um material laminado, tal característica foi
relevante no planejamento da usinagem. Neta caso, para todos os corpos de prova, a direção
do eixo longitudinal (comprimento) coincidiu com a direção de laminação do material,
identificada por uma análise metalográfica (nital 2%). A geometria de todos os corpos de
prova foi baseada em recomendações da Unidade de Refino de Petróleo da PETROBRAS,
Lubrificantes do Nordeste - LUBNOR, através de informações colhidas em reuniões
preliminares e documentações fornecidas pelos técnicos da Unidade. Os corpos de prova (CP)
55
Figura 30 - Geometria dos corpos de prova. (a) Higuchi, (b) Dupla camada, (c-d) Chafrados.
A aquisição dos sinais de tensão e de corrente, bem como o ajuste das velocidades
de soldagem, guiado pelo dispositivo de deslocamento retilíneo, possibilitaram a execução da
soldagem dentro dos parâmetros recomendados pela LUBNOR, conforme a especificação de
procedimento de soldagem EPS da Petrobras, apresentada no Apêndice I.
Utilizando uma ocular com escala graduada no microscópio ótico foi possível
mediar as extensões correspondentes às zonas da solda (Figura 6) com uma incerteza de
medição de ±0,02 mm. Tais medições foram efetuadas nas quatro amostras do Teste, cada
qual soldada com uma energia diferente (6, 10, 14 e 18 kJ/cm) conforme o planejamento
mostrado na Tabela 4.
57
a) b)
Figura 32 - Esquema dos parâmetros de refino pela da técnica da dupla camada: a) Parâmetros
do Teste de Higuchi Convencional, b) Parâmetros do Teste de Higuchi Adaptado.
• CRITÉRIO DA DUREZA
• CRITÉRIO DA MICROESTRUTURA
Figura 34).
segunda camada
primeira camada
corpo de prova
(segmento)
Foram produzidas três juntas para cada tipo de chanfro, que basicamente
dividiram-se em três categorias conforme a Tabela 7. A soldagem foi executada com os
parâmetros da Tabela 8 para o enchimento das referidas juntas, atendendo as recomendações
da EPS da LUBNOR.
• Tipo I – referência (REF), que foi soldada sem a aplicação de qualquer TTPS
ou dupla camada, sua finalidade é servir de base de comparação para os demais tipos;
• Tipo II – com TTPS (TTPS), que foi soldada com os mesmos parâmetros do
Tipo I, porém sofreu um tratamento térmico de alívio de tensões;
• Tipo III – com dupla camada (DC), que antes do enchimento teve as faces da
junta preparadas com a dupla camada, obedecendo às relações de energia adequadamente
definidas pelos critérios de Higuchi na etapa anterior.
Figura 37 - Soldagem com a dupla camada na junta em K (Tipo III): a) Detalhe da dupla
camada aplicada nas faces da junta em K, b) Macrografia da junta com chanfro em semi V, c)
Macrografia da junta com chanfro em K.
As energias de soldagem para dupla camada, aplicada nas faces das juntas, foram
selecionadas a partir de energias utilizadas no Teste de Higuchi, correspondendo à relação
entre a energia de soldagem de 06 kJ/cm para a primeira camada e de 10 kJ/cm para a
segunda camada (6/10). Os parâmetros de soldagem encontram-se na Tabela 4.
630,0
530,0
Temperatura (°C)
430,0
330,0
230,0
130,0
30,0
0,0 4,6 6,1 10,7 12,0
Tempo de tratamento(h)
Figura 39 - Diagrama do ciclo térmico de TTPS aplicado às amostras soldadas Tipo II.
Tabela 9 - Codificação alfanumérica para nomenclatura das amostras dos corpos de prova
soldados.
Tipo de
Posição ao longo da Posição na
Chanfro Tipo da amostra
direção de soldagem espessura
Semi V 01 a 10 S: Superior
Tipo I: REF
01 a 10 I: Inferior
01 a 10 S: Superior
Tipo II: TTPS
01 a 10 I: Inferior
V 01 a 10 S: Superior
Tipo III: DC
01 a 10 I: Inferior
REF.TR
TTPS.TR 1a3 ------
DC.TR
Chanfro em K 01 a 10 S: Superior
Tipo I: REF
01 a 10 I: Inferior
01 a 10 S: Superior
Tipo II: TTPS
01 a 10 I: Inferior
K 01 a 10 S: Superior
Tipo III: DC
01 a 10 I: Inferior
REF.TR
TTPS.TR 1a3 -------
DC.TR
Tubo de raios X
Coletor
Amostra
MPSS
As tenacidades das juntas, para os diferentes tipos de amostras, foram obtidas por
meio de ensaio de impacto Charpy V. Os corpos de prova das amostras, provenientes das
juntas com os dois tipos de chanfros, foram confeccionados com o entalhe usinado na região
de grãos grossos da ZAC, no lado da face reta do chanfro e paralelo à direção de soldagem
(Figura 42) revelada com o reagente Nital (5%). Decisão motivada pela condição crítica para
o ensaio, uma vez que a ZAC apresenta uma microestrutura susceptível ao desenvolvimento
de trincas e a sua dureza elevada contribui com a fragilização do material na região da junta.
Para a medição das tensões residuais, procurou-se retirar amostras com as maiores
dimensões possíveis, pois o corte por si só já atenuaria o nível das tensões, uma vez que reduz
a restrição à qual a junta está submetida. Os corpos de prova foram cortados em uma
retificadora ferramenteira, adaptada por meio de disco metalográfico e intensa refrigeração
forçada.
A célula eletrolítica usada nesta preparação (Figura 43) é composta de uma cuba
inerte ao ácido, de um cátodo de aço inoxidável com área correspondente à região de ataque e
de uma solução eletrolítica à base de HCl com concentração de 10% diluído em água
destilada. Foram utilizadas as instalações e os equipamentos do Laboratório de Eletroquímica
da UFC para a preparação com os parâmetros de ataque corrosivo conseguidos por
experimentação, até que se chegou aos valores da Tabela 10 para aplicação nas demais
amostras. Durante este procedimento, observou-se a necessidade de paradas intermediárias
para uma limpeza e equilíbrio da temperatura da amostra com a temperatura ambiente, uma
vez que esta se aquecia levemente pelo calor gerado na superfície de ataque.
67
Amostra
~5 mm
a) b)
c) d)
a) b)
Figura 44 - Macrografias de amostras para caracterização metalúrgica e medição de
microdurezas: a) Amostra sem a dupla camada. b) Amostra com a dupla camada.
69
CAPÍTULO IV
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
revelou a presença de faixas alongadas, que indicam uma segregação preferencial da perlita
ao longo do material, e que a microestrutura presente no MB é composta basicamente de
ferrita e perlita em menor intensidade. A Figura 45 ilustra um detalhe da microestrutura do
material na condição como recebido. A microdureza média registrada para o material nesta
condição alcançou um valor de 155 HV.
A Figura 46 mostra que a microdureza para o material ASTM A 516 Grau 60,
soldado com o eletrodo AWS E7018, revelou que a ZAC junto à LF (Zona Dura - ZD),
registrou os maiores valores de dureza chegando a 262 HV, enquanto as demais regiões na
direção do MB apresentam durezas sempre inferiores, contudo permanecendo altas na zona
afetada pelo calor com granulação grosseira (ZAC_GG).
MS
262 247
257 260
a) b) 239 238
Figura 46 - Microestrutura do aço ASTM A 516 Grau 60: a) Macro-regiões da solda, b)
ZAC_GG e durezas correspondentes.
70
Zona Dura
Zona Dura
240 240
Microdureza (HV)
Microdureza (HV)
220 220
Zona Macia
Zona Macia
200 200
180 180
160 160
140 140
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
280 Perfis de Microdureza para 14 kJ/cm 280 Perfis de Microdureza para 18 kJ/cm
260 260
Zona Dura
Zona Dura
240 240
Microdureza (HV)
Microdureza (HV)
220 220
Zona Macia
Zona Macia
200 200
180 180
160 160
140 140
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Distância da Linha de Fusão (mm)
Distância da Linha de Fusão (mm)
c) d)
Figura 47 - Perfis de microdureza para o aço ASTM A 516 Grau 60. a) 06 kJ/cm b) 10 kJ/cm
c) 14 kJ/cm e d) 18 kJ/cm.
71
Tabela 12 – Extensões geométricas das zonas da solda para a dureza e para a microestrutura.
Zonas de dureza (mm) Zonas microestruturais (mm)
camada não seria capaz de sobrepor a sua zona macia na zona dura da primeira camada,
obtida com uma energia mais baixa. Desta forma, para as energias de soldagem mais altas,
maiores as dificuldades de se obter resultados satisfatórios para a dureza e para a
microestrutura. AGUIAR (2001) citando NINO et al (1995) recomenda que a energia da
segunda camada pode ser até duas vezes maior que a energia da primeira camada, e cita ainda
que a melhor performance da técnica da dupla-camada pode ser alcançada quando se emprega
baixo aporte térmico na primeira camada, com a energia da segunda camada igual a energia
primeira da camada (1/1) ou com a energia da segunda camada o dobro da energia primeira da
camada (1/2) para o caso do aço ABNT 4140.
3
ZM
Extensão das zonas (mm)
1 ZD
-1 Reforço
-3 Penetração
-5
-7
6 10 14 18
Energia de Soldagem (kJ/cm)
a)
Diagrama de Higuchi - Critério da Microestrutura
3
ZAC_GF
Extensão das zonas (mm)
1 ZAC_GG
-1 Reforço
-3 Penetração
-5
-7
6 10 14 18
Energia de Soldagem (kJ/cm)
b)
2
1,5
1
0,5
0
-0,5
-1
-1,5
-2
-2,5
-3
-3,5
-4
6 10 14 18
Energias de soldagem (kJ/cm)
Figura 49 - Diagramas de decisão para a dupla camada com 6 kJ/cm na primeira camada.
Este resultado significa que apesar das combinações de energia, que adotam 10
kJ/cm na primeira camada, acarretarem um revenimento satisfatório das zonas duras, não há
um refinamento de grãos adequado da primeira camada, o que pode reduzir o desempenho da
junta soldada com a técnica da dupla camada.
2
1,5
1
0,5
0
-0,5
-1
-1,5
-2
-2,5
-3
-3,5
-4
6 10 14 18
Energias de soldagem (kJ/cm)
Figura 50 - Diagramas de decisão para a dupla camada com 10 kJ/cm na primeira camada.
2
1,5
1
0,5
0
-0,5
-1
-1,5
-2
-2,5
-3
-3,5
-4
6 10 14 18
Energias de soldagem (kJ/cm)
Figura 51 - Diagramas de decisão para a dupla camada com 14 kJ/cm na primeira camada.
2
1,5
1
0,5
0
-0,5
-1
-1,5
-2
-2,5
-3
-3,5
-4
6 10 14 18
Energias de soldagem (kJ/cm)
Figura 52 - Diagramas de decisão para a dupla camada com 18 kJ/cm na primeira camada.
76
De uma forma geral, os diagramas de decisão mostram que o uso de uma energia
de soldagem mais elevada na primeira camada e/ou na segunda camada tende a aumentar o
nível de reprovação (afastamentos negativos) da solda no critério da microestrutura, bem
como no critério da dureza. Observa-se também, pelos diagramas, que com o aumento da
energia aplicada na deposição da segunda camada, que há uma perda gradual da capacidade
de refinar e/ou revenir a ZAC_GG referente à primeira camada.
Zona dura
Microdurezas (HV)
240
220
Zona macia
200
180
160
140
0 0,8 1,6 2,4 3,2 4
Distância à Linha de Fusão (mm)
Figura 53 - Perfil de microdurezas da dupla camada com o uso da relação de energias de
soldagem 6/10 em uma superfície plana (amostra).
280 Junta de Referência com chanfro em Semi-V 280 Junta de Referência com chanfro em K
Perfil de microdurezas para amostras inferiores e superiores Perfil de microdurezas para amostras inferiores e superiores
260 260
240 240
M ic r o d u re z a s ( H V )
M ic r o d u r e z a s ( H V )
220 220
200 200
180 180
a) b)
Figura 54 - Perfis de microdureza para as amostras de referência – Tipo I. a) Junta com
chanfro Semi V, b) Junta com chanfro em K.
280 Junta com TTPS com chanfro em Semi-V 280 Junta com TTPS de chanfro em K
Perfil de microdurezas para amostras inferiores e superiores Perfil de microdurezas para amostras inferiores e superiores
260 260
240 240
M ic ro d u re z a s (H V )
M ic ro d u re z a s (H V )
220 220
200 200
180 180
a) b)
Figura 55 - Perfis de microdureza para as amostras com TTPS – Tipo II. a) Junta com chanfro
Semi V, b) Junta com chanfro em K com TTPS.
79
Considerando os resultados dos perfis das amostras de referência (Figura 54), das
amostras com TTPS (Figura 55) e das amostras soldadas com a técnica da dupla camada
(Figura 56), foi observada uma pequena redução sobre a dureza do material na ZAC, a partir
da linha de fusão da primeira camada para as amostras soldadas com a técnica da dupla
camada (Tipo III), quando comparadas às amostras da junta de referência (Tipo I), mas
superiores aos valores obtidos nas amostras com TTPS (Tipo II). Observa-se que o tipo de
chanfro tem efeito significativo sobre a dureza na ZAC, e este fato vem demonstrar que a
energia de soldagem da segunda camada sobre a primeira, atua sobre a ZAC_GG, já
estabelecida pela primeira camada, produzindo fluxos de calor motivados diferenciados pela
geometria da junta, estabelecendo uma redução na dureza e ajudando aos processos
difusionais tão necessários para evitar as trincas no Metal de Solda e na ZAC.
280 Junta com Dupla Camada com chanfro em Semi-V 280 Junta com Dupla Camada com chanfro em K
Perfil de microdurezas para amostras inferiores e superiores Perfil de microdurezas para amostras inferiores e superiores
260 260
240 240
M ic r o d u r e z a s ( H V )
M ic r o d u r e z a s ( H V )
220 220
200 200
180 180
160
Semi V DC Inf. 04 160 Chanfro K DC Inf. 04
Semi V DC Inf. 08 Chanfro K DC Inf. 08
140 Semi V DC Sup. 04 140 Chanfro K DC Sup. 04
Semi V DC Sup. 08 Chanfro K DC Sup. 08
120 120
0,0 0,6 1,2 1,8 2,4 3,0 0,0 0,6 1,2 1,8 2,4 3,0
Distância à Linha de Fusão (mm) Distância à Linha de Fusão (mm)
b)
Figura 56 - Perfis de microdureza para as amostras com dupla camada – Tipo III. a) Junta
com chanfro Semi V, b) Junta com chanfro em K com TTPS.
80
150
Tensão Residual (Mpa)
100
50
0
21 mm 14 7 0 7 14 21 mm
-50
-100
-150
-200
FACE FACE RETA
-250 CHANFRADA
150
Tensão Residual (Mpa)
100
50
0
21 mm 14 7 0 7 14 21 mm
-50
-100
-150
-200
FACE FACE RETA
CHANFRADA
-250
150
Tensão Residual (Mpa)
100
50
0
21 mm 14 7 0 7 14 21 mm
-50
-100
-150
-200 FACE
CHANFRADA FACE RETA
-250
Figura 57 - Distribuição das tensões residuais nas amostras de 38 mm com chanfro em Semi
V: a) Amostras da posição 1, b) Amostras da posição 2, c) Amostras da posição 3.
82
150
Tensão Residual (Mpa)
100
50
0
21 mm 14 7 0 7 14 21 mm
-50
-100
-150
-200
-250 FACE
FACE RETA
CHANFRADA
-300
150
Tensão Residual (Mpa)
100
50
0
21 mm 14 7 0 7 14 21 mm
-50
-100
-150
-200
-250
FACE
FACE RETA
-300 CHANFRADA
150
Tensão Residual (Mpa)
100
50
0
21 mm 14 7 0 7 14 21 mm
-50
-100
-150
-200
-250
FACE
-300 FACE RETA
CHANFRADA
• a dupla camada não alcançou a redução das tensões residuais como o TTPS
promoveu. Observam-se que, em algumas, amostras as tensões residuais chegaram a superar
os valores das tensões trativas ou compressivas das amostras de referência em pontos
localizados em posições equivalentes;
84
a) b)
Figura 61 - Topografia das superfícies fraturadas nas amostras de referência (Tipo I).
Foi constatada também, por meio das fractografias das amostras do Tipo I, a
pouca deformação lateral (indicação das setas) sofrida durante o rompimento total da amostra,
e que a região dúctil foi de pequena extensão. Estes fatos demonstram que a soldagem
convencional sem TTPS é indutora de fratura frágil na ZAC, cujo mecanismo se dá por meio
de clivagem.
86
Figura 62 - Topografia das superfícies fraturadas em amostras com TTPS – Tipo II.
Figura 63 - Topografia das superfícies fraturadas em amostras com dupla camada – Tipo III.
87
A Figura 63 mostra que a dupla camada promoveu nas amostras (Tipo III) uma
deformação lateral significativa, aproximada da quantidade de deformação registrada nas
amostras com TTPS (Tipo II) e superior a qualquer deformação lateral registrada nas amostras
de referência (Tipo I). Observa-se também a presença de uma região correspondente a fratura
frágil (região “b” central) com a presença de planos de clivagem observados por microscopia
eletrônica (Figura 63-b).
Energia absorvida das juntas com chanfro Semi-V Energia absorvida das juntas com chanfro em semi V
amostras superiores amostras Inferiores
150 150
130 130
E n e rg ia a b s o rv id a (J )
E n e rg ia A b s o rv id a (J )
110 110
90 90
70 70
50 50
Pos.1 Pos.2 Pos.3 Pos.4 Pos.5 Pos.6 Pos.7 Pos.8 Pos.9 Pos.10
Pos.1 Pos.2 Pos.3 Pos.4 Pos.5 Pos.6 Pos.7 Pos.8 Pos.9 Pos.10
Posição da amostra ao longo da direção de soldagem Posição da amostras ao longo da direção de soldagem
VREF.sup VTTPS.sup VDC.sup VREF.inf VTTPS.inf VDC.inf
a) b)
Energia absorvida das juntas com chanfro K Energia absorvida das juntas com chanfro em K
150
amostras superiores 150
amostras Inferiores
130 130
E n e r g ia a b s o r v id a ( J )
E n e r g ia a b s o r v id a ( J )
110 110
90 90
70 70
50 50
Pos.1 Pos.2 Pos.3 Pos.4 Pos.5 Pos.6 Pos.7 Pos.8 Pos.9 Pos.10 Pos.1 Pos.2 Pos.3 Pos.4 Pos.5 Pos.6 Pos.7 Pos.8 Pos.9 Pos.10
Posição da amostra ao longo da direção de soldagem Posição da amostra ao longo da direção de soldagem
KREF.sup KTTPS.sup KDC.sup KREF.inf KTTPS.inf KDC.inf
c) d)
Figura 64 - Energia absorvida no ensaio de impacto Charpy: (a-b) Amostras da junta com
chanfro semi V, (c-d) Amostras de junta com chanfro em K.
89
• as amostras Tipo III, apresentaram proporção de área frágil numa faixa de 13%
a 21% (Figura 63), com uma energia de impacto média de 108 J para a condição com chanfro
em semi V, e de 15% à 34%, com uma energia de impacto média de 95 J para a condição com
chanfro em K, sendo possível verificar a ocorrência de deformação lateral significativa e
maior energia absorvida quando comparadas às amostras de referência (Tipo I). Todavia não
superando os resultados das amostras do tipo II (Figura 62) .
• a avaliação das energias absorvidas pelas amostras das juntas com chanfro em
“semi V” ou em “K” nas posições inferior ou superior mostrou resultados que demonstram
que a tenacidade da junta não foi significativamente diferente ao longo da espessura para as
amostras tratadas termicamente (Tipo II) ou as que originam-se da junta soldada com a dupla
camada (Tipo III), apresentando valores satisfatórios de tenacidade quando comparados à
condição de referência (Tipo I).
A B
C D
a) b)
Figura 65 - Microestrutura junto à linha de fusão das amostras do Tipo I. (A: Região colunar
do Metal de Solda, B: Metal de Solda recristalizado, C: ZAC_GG, D: ZAC_GG refinada).
a)
Figura 66 - Microestrutura de amostras do Tipo I na ZAC_GG.
a) b)
Figura 67 - Microestrutura das amostras do Tipo II na ZAC_GG. a) ótico 200X, b) MEV
2000X.
92
• as microestruturas dos corpos de prova que foram soldadas com dupla camada
mostrados na Figura 68 (Tipo III) apresentaram transformações microestruturais junto à
ZAC_GG da primeira camada; com o reaquecimento gerando regiões refinadas pela ZAC_GF
da segunda camada e regiões não refinadas mas que experimentaram transformações da
ordem do TTPS.
CAPÍTULO V
5 CONSIDERAÇÕES GERAIS
• o tipo de chanfro demonstrou ter efeito na dureza das amostras soldadas com a
dupla camada. Com chanfro em semi V (Figura 56-a) apresentou extensões maiores
registrando dureza acima dos 220 HV, contudo, teve efeito diferenciado nas amostras da junta
com chanfro em K, proporcionando durezas mais baixas junto na ZAC_GG (Figura 56-b);
• a dupla camada pode ser eficaz na melhoria da tenacidade, uma vez que as
juntas soldadas do Tipo III (Figura 64) apresentaram resultados de tenacidade comparáveis
aos das amostras do Tipo II (Figura 63), que absorveram elevados níveis de energia no ensaio
de impacto Charpy, superando os resultados registrados para as amostras das juntas de
referência;
• a dupla camada com a relação 6/10 pode ser realizada com uma energia de
soldagem variando numa estreita faixa em torno dos 10 kJ/cm para a segunda camada.
94
CAPÍTULO VI
6 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos na soldagem do aço ASTM A 516 Grau 60, de
38 mm de espessura, estudado neste trabalho, as seguintes conclusões podem ser
relacionadas:
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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100
APÊNDICE I