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Cartilha sobre Violência Contra a

MULHER

Governo do Distrito Federal


Polícia Civil do Distrito Federal
GÊNERO, VOCÊ SABE O QUE É ?

O conceito de gênero surgiu nos anos 70 com o movimento


de mulheres que buscava compreender o que gerava as
desigualdades sociais entre homens e mulheres e questionar a
situação de dominação a que as mulheres eram submetidas em
várias épocas e contextos.

Sendo assim, o estudo de gênero diz respeito à tentativa de


compreender como a subordinação feminina foi reproduzida ao
longo dos tempos e a dominação masculina ainda é sustentada
em suas múltiplas manifestações.

O primeiro passo para entender esse conceito é a distinção que há


entre sexo e gênero. Quando falamos em sexo nos referimos às
características físicas e biológicas de machos e fêmeas. Já o gênero
diz respeito aos comportamentos, expectativas e valores sociais
associados ao masculino e ao feminino. Assim, homens e
mulheres internalizam papéis e atuam de acordo com as ideias já
estabelecidas de masculinidade e feminilidade, construídas social
e culturalmente.
É importante ressaltar que essas idéias representam em
nossa cultura uma distribuição desigual de autoridade, poder e
prestígio entre homens e mulheres, criando papéis de gênero que
associaram o homem ao poder e a mulher à submissão. O gênero é,
ainda, uma construção social que orienta a conduta dos indivíduos
e que delimita sua forma de viver e de se expressar como homem
ou mulher.

Contudo, as relações entre homens e mulheres são


construídas social e culturalmente e podem ser transformadas,
reavaliadas e reconstruídas de forma positiva sem que haja ofensa à
dignidade humana. Afinal não nascemos sabendo como ser
homem ou mulher, aprendemos no decorrer da vida.

Assim, não podemos admitir que as diferenças sejam ponto


de partida para a discriminação, logo a educação desempenha
importante papel na busca de oportunidades mais igualitárias para
todos.

O conceito de gênero nos estimula a refletir sobre como as


relações entre homens e mulheres podem ser construídas sem
ofender a dignidade humana e sem a dominação de um cidadão
sobre outro.
DIFERENÇA ENTRE
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR CONTRA A MULHER
De acordo com a Convenção Interamericana Para Prevenir,
Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher - 1994, a violência
contra a mulher deve ser entendida como toda violência que
provoque dano físico, moral, sexual e/ou psicológico.

Já a violência doméstica e familiar contra a mulher,


segundo define a Lei nº 11.340/2006 – Lei Maria da Penha, é
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral
ou patrimonial, praticadas nas circunstâncias previstas nos incisos
I (no espaço doméstico), II (nas relações familiares) e III (nas
relações de intimidade) do artigo 5º, independente de sua
orientação sexual.

A diferença então está na existência de vínculo de


coabitação, vínculo natural, de afinidade familiar e/ou afetivo
entre o agressor (pode ser homem ou mulher) e a vítima (sempre
mulher), não sendo necessário que a agressão aconteça dentro do
espaço doméstico, bastando haver a relação afetiva ou de
convívio, como no caso de namorados, ex-namorados, ex-
maridos, ex-companheiros.
TIPOS DE VIOLÊNCIA
CONTRA A MULHER

VIOLÊNCIA FÍSICA - Consiste em ações que causam dano à


integridade física da mulher, tais como: bater, arremessar objetos,
chutar, espancar, sacudir, empurrar, dar tapas, entre outros;

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA - Pode ser emocional ou verbal e


consiste em atitudes e ações que provoquem mal estar e
sofrimento psicológico, tais como: intimidar, insultar, ameaçar,
inferiorizar, chantagear, controlar, isolar de amigos e parentes,
provocar insegurança, medo, pânico, entre outros;

VIOLÊNCIA SEXUAL - Consiste em ações onde a mulher é forçada à


prática sexual (mediante ameaças ou agressão física) em
momentos, lugares e/ou formas não desejadas, como por exemplo
o estupro (sexo vaginal ou qualquer outro ato libidinoso);

VIOLÊNCIA MORAL - Consiste em ações onde a mulher é aviltada


em sua moral, ou seja, no conceito que tem sobre si própria ou que
terceiros tenham em relação à mesma, tais como: xingar-lhe de
vagabunda, adúltera, atribuir-lhe crimes que não praticou;

VIOLÊNCIA PATRIMONIAL - Consiste em práticas ilegais ou não


éticas que causem à mulher prejuízos em seus direitos
patrimoniais.
A LEI MARIA DA PENHA:
UM NOVO OLHAR
A Lei nº 11.340, em vigor desde 22/09/2006 é resultado de
um longo processo de discussão originada a partir de proposta
elaborada por um consórcio de ONG’s e coordenada pela
Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM, a qual promoveu
audiências públicas nas assembléias legislativas das cinco regiões
do país, sendo aprovada por unanimidade pelo Congresso
Nacional.

A referida lei é também conhecida como Lei Maria da


Penha, em homenagem à biofarmacêutica Maria da Penha Maia
Fernandes, que sofreu duas tentativas de homicídio perpetradas
em 1983, pelo seu marido à época. A primeira tentativa foi com o
uso de arma de fogo e a segunda por choque elétrico e
afogamento. Como conseqüência do primeiro crime, a vítima
ficou paraplégica e, esperou por quase vinte anos para ver o autor
processado e condenado, entretanto a condenação foi de apenas
10 anos de prisão, dos quais o autor cumpriu apenas um terço.

O caso foi denunciado à Comissão Interamericana de


Direitos Humanos, da OEA, que após interpelar o governo
brasileiro por quatro vezes, sobre a demora do processo judicial,
condenou o Brasil ao pagamento de indenização de 20 mil dólares
em favor da vítima e o responsabilizou por negligência e omissão
em relação à violência doméstica.
MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA

* Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com a


comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de
22/12/2003;

* Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a


ofendida;

* Proibição de aproximação da ofendida, de seus familiares e


das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e
o agressor;

* Proibição de contato com a ofendida, seus familiares e


testemunhas por qualquer meio de comunicação;

* Proibição de frequentar determinados lugares a fim de


preservar a integridade física e psicológica da ofendida;

* Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes


menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou
serviço similar;

* Prestação de alimentos provisionais ou provisórios;

* Encaminhamento da ofendida e seus dependentes a


programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento.
O QUE MUDOU COM A LEI ?
ANTES
* Não existia lei específica sobre a violência doméstica contra
a mulher;

* Não existia tipificação das formas de violência;

* Não havia orientação quanto aos critérios de


relacionamento da mulher com seu(s) parceiro(s);

* A autoridade policial efetuava um resumo dos fatos, através


do TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência);

* A mulher podia desistir da investigação na delegacia;


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* Não se utilizava a prisão em flagrante do agressor, em razão
da concepção de se tratar de crime de menor potencial ofensivo;

* Não era cabível a prisão preventiva;

* Permitia-se a aplicação de penas pecuniárias como as de


cestas básicas e multa;

* Não havia previsão de medidas urgentes de proteção à


mulher em situação de violência.
O QUE MUDOU COM A LEI ?
DEPOIS
* Tipifica e define a violência doméstica e familiar contra a
mulher;

* Estabelece as formas de violência doméstica contra a


mulher como sendo física, psicológica, sexual, patrimonial e
moral;
* Determina que a violência doméstica contra a mulher
independa de orientação sexual;

* Prevê um capítulo específico para o atendimento pela


Autoridade Policial, devendo ser instaurado inquérito policial;

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* A mulher somente poderá desistir perante o juiz, para
maior acompanhamento e proteção;

* Possibilita a prisão em flagrante do agressor;

* Possibilita a prisão preventiva;

* Proíbe a aplicação de penas pecuniares, como cestas


básicas e multa;

* Prevê o deferimento de medidas protetivas de urgência


pelo juiz.
VOCÊ FOI VÍTIMA ?
CONHECE ALGUÉM QUE FOI ?
O QUE FAZER ?
* Evite ficar sozinha com o agressor;

* Na hora de conflitos, proteja-se de locais onde existam


objetos perigosos, pois podem ser usados pelo agressor contra
você;
* Ensine às crianças que devem se afastar quando houver
violência, assim como pedir ajuda;

* Guarde sempre com você números de telefones de


emergência;

* Escolha locais perto de sua casa, onde você possa ficar em


segurança até conseguir ajuda;

* Separe roupas e objetos de primeira necessidade para você


e para as crianças, guardando-os em local seguro para quando
houver emergência;

* Guarde cópias de documentos importantes em local


seguro;

* Compartilhe sua situação com pessoas amigas e que


possam ajudá-la em caso de perigo;

* Se você tiver carro, mantenha cópia das chaves em local


seguro e acessível, mantendo-o abastecido e em posição de fácil
saída;
* Procure a DEAM ou um centro de atendimento, alguma
pessoa ou instituição em que você confie e caso esteja ferida
procure um hospital, revelando o que de fato aconteceu;

* Se você sofreu qualquer ameaça ou perturbação por meio


telefônico, procure anotar dia e hora da ligação, e no caso de
aparelho celular, apresente-o imediatamente à DEAM, para que
seja periciado;

* Nunca deixe de comparecer ao IML para ser submetida a


exame de corpo de delito, pois o laudo é uma prova
importantíssima;

* Se possível, apresente na DEAM qualquer objeto ou roupa


usados durante o ato de violência, pois podem servir como prova;

* Se você encontra-se em perigo e não tem um local seguro


para ficar, saiba que você pode ser acolhida na CASA ABRIGO
temporariamente, caso em que será encaminhada sempre por
intermédio da DEAM;

* Se você já registrou a ocorrência e o agressor continua


violento ou está descumprindo medidas protetivas, procure
novamente a mesma delegacia em que fez o primeiro registro, pois
pode ser o caso da autoridade pedir a prisão preventiva.
ENTÃO...

Várias são as maneiras de se praticar violência contra a


mulher.

Na maioria dos casos o agressor não cessa na primeira


agressão, sendo muito comum os fatos se repetirem. A tendência
é que a cada vez a agressão se torne mais grave.

Acredite, alcoolismo e outros vícios são fatores que


concorrem, mas não são determinantes para a prática criminosa.

Lembre-se de que, por intermédio do registro de


ocorrência policial, a vítima pode pedir a concessão de medidas
protetivas de urgência.

Atualmente, no Distrito Federal, não somente a DEAM, a


qual funciona 24h, atende as mulheres vítimas de violência, mas
também todas as 31 Seções de Atendimento à Mulher que
funcionam nas Delegacias Circunscricionais (localizadas nas
regiões administrativas).
IMPORTANTE
Não desista do processo judicial, pois no caso de novas agressões,
todas as providências começarão do zero, mas se o processo
prosseguir, o agressor poderá ser punido ou obrigado a fazer algum
acompanhamento psicoterápico.

DENUNCIE
DELEGACIA DE ATENDIMENTO
À MULHER - DEAM

3207 6195
Plantão 24 horas
EQS 204/205 - Asa Sul
Brasília DF
CEP 70234-400
TELEFONES ÚTEIS
Ouvidoria da PCDF
3207 4929 / 3207 4925
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
Central de Atendimento à Mulher - 180
8626 1197

Delegacias
1ª DP - Asa Sul 3207 6331
2ª DP - Asa Norte 3207 6400
3ª DP - Cruzeiro 3207 6492
4ª DP - Guará 3207 6572
5ª DP - Plano Piloto 3207 6651
6ª DP - Paranoá 3207 6731
8ª DP - SIA 3207 6851
9ª DP - Lago Norte 3207 6891
10ª DP - Lago Sul 3207 6971
11ª DP - Núcleo Bandeirante 3207 7051
12ª DP - Taguatinga Centro 3207 7131
13ª DP - Sobradinho 3207 7211
14ª DP - Gama 3207 7291
15ª DP - Ceilândia Centro 3207 6020
16ª DP - Planaltina 3207 7451
TELEFONES ÚTEIS

17ª DP - Taguatinga Norte 3207 7590


18ª DP - Brazlândia 3207 7643
19ª DP - P Norte 3207 7691
20ª DP - Gama Oeste 3207 7790
21ª DP - Águas Claras / Taguatinga Sul 3207 7851
23ª DP - P Sul 3207 7931
24ª DP - Ceilândia Norte / Setor “O” 3207 8011
26ª DP - Samambaia 3207 8091
27ª DP - Recanto das Emas 3207 8220
29ª DP - Riacho Fundo 3207 8251
30ª DP - São Sebastião 3207 8331
31ª DP - Planaltina 3207 8411
32ª DP - Samambaia Sul 3207 8555
33ª DP - Santa Maria 3207 8590
35ª DP - Sobradinho II 3207 8651
38ª DP - Vicente Pires 3207 8731

POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL

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Disque denúncia 24 horas
Ficha Técnica

Coordenação:
ACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL - APC

Elaboração e organização:
APC/DIPCOM

Projeto Gráfico:
DIPCOM
2014

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