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6.

INFLAÇÃO E POLÍTICA Contabilidade


Social e
Balanço de
MONETÁRIA Pagamentos
TEORIA MONETÁRIA DA INFLAÇÃO

  Friedman: inflação é sempre e em qualquer lugar um


fenômeno monetário

M.V=P.Y

M: estoque de moeda
V: Velocidade-renda da moeda
P: Nível de preços
Y: Nível de produto (real)
TEORIA MONETÁRIA DA INFLAÇÃO

 Produto real é independente da oferta de moeda;

 A velocidade-renda da moeda oscila em torno de uma


tendência;

 A oferta de moeda é exógena e sujeita a controle pleno do


Banco Central.

 Causalidade vai de MV para PY: não funciona com criação


endógena de moeda ou com Y dependendo de M.
CURVAS DE PHILLIPS

  Curva de Phillips tradicional:

 Phillips (1958): relação estatística inversa entre taxa de desemprego


e crescimento dos salários nominais (Reino Unido 1861-1957)

 Em ano com desemprego alto, salários nominais crescem pouco e


vice-versa

 Desemprego menor => maior poder de barganha dos trabalhadores


=> salários maiores
CURVA DE PHILLIPS MODIFICADA

  Samuelson e Solow (1960): desemprego e inflação

 Firmas determinam preços de acordo com mark-up

 Se m é contante e a produtividade do trabalho também:

Onde é a taxa de inflação


CURVA DE PHILLIPS EXPECTACIONAL

Es

  ta gf l a ç ã o n o s a n o s 6 0 e 7 0 c o m o ev i d ê n c i a c o n t ra o t ra d e -o f f e st á v e l e n t re
i n f l a ç ã o e d e s e m p r e go

 D ef e s a k e y n e s i a n a : c h o q u e s d e o f e rt a d o s a n o s 7 0

 F r i e d m a n ( 6 7 ) e Ph e l p s ( 6 8 ) : p a p el d a i n f l a ç ã o esp er a d a o u a n t e c i p a d a

 Tr a b a l h a d o r e s e e m p r e s a s n e go c i a m sa l á ri o s p e n sa n d o e m se u v a l o r re a l :
ex c es so d a i n f l a ç ã o s o b r e a i n f l a ç ã o e sp e ra d a q u e i n t e re ssa .

 A i n f l a ç ã o es p e r a d a é r e p a ssa d a n a m es m a m a gn i tu d e p a ra a i n f l a ç ã o e f e t i v a

 I n f l a ç ã o e s p e r a d a d e t e r m i n a a a l t u ra d a c u rv a d e Ph i l l i p s

 O d e s e m p r e go es t á n a t a x a n a t u ra l U * q u a n d o a i n f l a ç ã o e f e ti v a é i gu a l à
i n f l a ç ã o e s p e r a d a : v e r t i c a l n o l o n go p r a z o .
CURVA DE PHILLIPS ACELERACIONISTA

 

Se expectativas adaptativas

 Quando : NAIRU (non-accelerating inflation rate of


unemployment).
TEORIA ESTRUTURALISTA DA INFLAÇÃO

 Dois componentes principais:

 Conflito distributivo: competição entre salários e preços

 Indexação: salários são reajustados à inflação passada, gerando


componente inercial
TEORIA ESTRUTURALISTA DA INFLAÇÃO

 Modelo básico:

 Preços no período t são determinados de acordo com uma regra de mark-up onde
uma fração h do custo unitário com salários é repassada aos preços e uma fração
(1 - h) vem dos preços do período anterior

 Salários são indexados entre períodos

 Inflação é tanto mais alta, quanto maior for o conflito distributivo: quanto maior for
o salário real demandado pelos trabalhadores e o mark-up desejado pelas firmas

 Inflação também é maior se a velocidade de repasse dos custos salariais h é mais


alta
-0,17
-1,5 Inflação Inércia Expectativas Repasse Choque Demais Demais em 2
IPCA ano anterior (desvio da Cambial Oferta Fatores Fatores
(desvio da meta) Inflação Inflação inérci
meta) Livres* Adm**
(contr
INFLAÇÃO RECENTE NO BRASIL
* Contribuição da inflação de preços livres depois de excluídos os seguintes fatores: inércia associada à parcela da
inflação do ano anterior que se desviou da meta; expectativas como desvio da meta; repasse cambial; e choque de
oferta.
** Contribuição da inflação de preços administrados depois de excluída inércia associada à parcela da inflação do
ano anterior que se desviou da meta.
ii. As ex
da me
(contr
G rá fic o 3 – D e c o m p o s iç ã o d a ta x a d e in fla ç ã o d e 2 0 1 5 magn
Contribuição à variação do IPCA de 0,
(%)
p.p
100,0% 2016,
12,0
10,67 apres
10,0
doze
8,0

6,0
38,4% expec
27,3%
4,0 2,91
4,10 mas
14,7% 8,1%
2,0 4,7%
6,8%
1,57
0,86
signif
0,50 0,73
0,0 4,8%
Inflação Inércia Expectativas Repasse Choque Demais Demais
IPCA ano anterior (desvio da Cambial Oferta Fatores Fatores
(desvio da meta) Inflação Inflação
meta) Livres* Adm** iii. O com
* Contribuição da inflação de preços livres depois de excluídos os seguintes fatores: inércia associada à
parcela da inflação do ano anterior que se desviou da meta; expectativas como desvio da meta; repasse
cambial; e choque de oferta.
desin
** Contribuição da inflação de preços administrados depois de excluída inércia associada à parcela da inflação
do ano anterior que se desviou da meta. de -0
ocorr
releva
I II III IV Ano I

Total 3,83 2,26 1,39 2,82 10,67 2,62

INFLAÇÃO RECENTE NO BRASIL


Preços livres 2,47 1,98 1,06 2,74 8,51 2,89

Preços administrados 8,45 3,15 2,43 3,04 18,07 1,78

G rá fic o 2 – D e c o m p o s iç ã o d a ta x a d e in fla ç ã o d e 2 0 1 6 Quando se re


Contribuição à variação do IPCA 2016 (Gráfico
(%)
p.p
100,0%
(Gráfico 3), ch
7,5
6,29
6,0

4,5 41,7%
i. A iné
3,0
29,2%
2,62 desvio
1,84 10,9% 10,6% 10,2%
1,5 0,69 0,67 0,64 explic
-2,6%
0,0 de 1,8
-0,17
-1,5 Inflação Inércia Expectativas Repasse Choque Demais Demais em 2
IPCA ano anterior (desvio da Cambial Oferta Fatores Fatores
(desvio da meta) Inflação Inflação inérci
meta) Livres* Adm**

* Contribuição da inflação de preços livres depois de excluídos os seguintes fatores: inércia associada à parcela da
(contr
inflação do ano anterior que se desviou da meta; expectativas como desvio da meta; repasse cambial; e choque de
oferta.
** Contribuição da inflação de preços administrados depois de excluída inércia associada à parcela da inflação do
ano anterior que se desviou da meta.
ii. As ex
da me
(contr
POLÍTICA MONETÁRIA
REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO

 Ênfase na estabilidade de preços;

 Meta numérica e programação no tempo para ser atingida;

 Transparência (relatórios, projeções)

 Accountability

 Projeções de inflação como meta intermediária: BC reage quando


projeção está acima da meta (Svensson, 1997)

 Discricionariedade restrita ao invés de regra rígida (Bernanke e


Mishkin, 1997)
VISÃO CONVENCIONAL

 Hipótese (implícita): condições de oferta dadas, exógenas à


políti ca monetária.

 neutralidade no longo prazo.

 Infl ação de demanda

 ignora canais de custos e conflito distributivo.


VISÃO CONVENCIONAL: BOE

Monetary policy works largely via its infl uence on aggregate


demand in the economy. It has litt le direct eff ect on the
trend path of supply capacity. Rather, in the long run,
monetary policy determines the nominal or money values of
goods and services—that is, the general price level. An
equivalent way of making the same point is to say that in the
long run, monetary policy in essence determines the value
of money—movements in the general price level indicate
how much the purchasing power of money has changed
over ti me. Infl ati on, in this sense, is a monetary
phenomenon (BOE, 1999, QB, 39(2): 162).
VISÃO CONVENCIONAL: BCB

Antes de começar a descrever como funciona cada um desses


canais, é importante ressaltar que a políti ca monetária produz
efeitos reais apenas no curto e médio prazos , ou seja, no longo
prazo a moeda é neutra. O único efeito existente no longo prazo
é sobre o nível de preços da economia. Deve-se notar que outros
fatores também infl uem no nível de preços da economia no
curto prazo como, por exemplo, um choque agrícola ou um
aumento de impostos (BCB, Relatório da Infl ação, Junho 1999)
CANAIS DE TRANSMISSÃO
CONVENCIONAIS

1. Juros

2. Preço de ati vos

3. Crédito

4. Expectati vas

5. Câmbio (demanda)
1. CANAL DE JUROS

 Visão Keynesiana:

 Investi mento é função da diferença entre a efi ciência marginal do capital


e a taxa de juros real da economia.

 agentes decidem como alocar sua riqueza (em capital fí sico, moeda,
tí tulos e outros ati vos fi nanceiros) comparando o retorno esperado
líquido desses ati vos e seu prêmio de liquidez.

 Dada a taxa de infl ação e a demanda por moeda: aumento da


taxa de juros nominal pelo BC reduz a demanda por
investi mentos em capital fí sico.
M ¯Þ i ­ Þ r ­ Þ I ¯Þ Y ¯
1. CANAL DE JUROS

 Também pode afetar o consumo de bens duráveis e o


investi mento residencial.

 O canal é mais forte pelas variações na taxa de juros de longo


prazo.

 Efi cácia depende da decisão de portf olio dos agentes


econômicos e, portanto, das suas expectati vas:

 se a taxa de juros é reduzida e agentes decidem apenas reter mais


moeda ou comprar outros ati vos fi nanceiros, o canal pode não funcionar.
2. CANAIS DE PREÇOS DE ATIVOS

 Aumento no retorno dos tí tulos pode reduzir a demanda por


outros ati vos fi nanceiros e seus preços.

2.1 q de Tobin (1969)

 q = valor de mercado do capital das fi rmas / custo de reposição do


capital. Firmas investem se q>1.

 Redução no preço das ações eleva q, e assim o investi mento

M ¯Þ i ­ Þ PA ¯Þ q ¯Þ I ¯Þ Y ¯

 Também vale para preço dos imóveis e investi mento residencial.


2. CANAIS DE PREÇOS DE ATIVOS

2.2 Riqueza

 Modigliani (1971): ciclo de vida - consumo depende dos


recursos permanentes.

 Redução do preço dos ati vos diminui o valor da riqueza


fi nanceira das famílias, e assim o seu consumo, e investi mento
residencial.

M ¯Þ i ­ Þ PA ¯Þ W f ¯Þ C ¯Þ Y ¯
3. CANAIS DE CRÉDITO

3.1 Empréstimos bancários

 Oferta de moeda exógena determina a criação de crédito via


multi plicador monetário.

 Efeito assimétrico: expansão do crédito esti mula o investi mento


se há demanda reprimida por crédito.

 Franja de tomadores insati sfeitos;

 Firmas menores são mais dependentes do crédito como forma de


fi nanciamento.

M ¯Þ R B ¯Þ LS ¯Þ I ¯Þ Y ¯
3. CANAIS DE CRÉDITO

 Se os Bancos Centrais fi xam uma meta para a taxa de juros, devem


acomodar excessos de demanda por encaixes bancários ofertando
moeda.

 Criação de moeda é determinada pelo setor bancário


endogenamente: é função da demanda por investi mentos e da
capacidade de pagamento dos tomadores.

 Multi plicador monetário funciona ao contrário: dá a quanti dade de


moeda que deve ser ofertada pelo Banco Central para acomodar a
criação de moeda pelos bancos e sua demanda por reservas.

 Canal de emprésti mos bancários não opera nesse caso.


3. CANAIS DE CRÉDITO

3.2 Balanços

 Efeitos sobre o balanço das fi rmas e das famílias podem afetar a


saúde fi nanceira dos tomadores, e assim a oferta e/ou a
demanda por crédito.

 Quatro mecanismos:

 (i) seleção adversa, risco moral e oferta de crédito:

M ¯Þ i ­ Þ PA ¯Þ W ¯Þ EbO ¯Þ I ¯Þ Y ¯
3. CANAIS DE CRÉDITO

3.2 Balanços

 (ii) fragilidade fi nanceira e demanda por crédito:

M ¯Þ i ­ Þ PA ¯Þ W ¯Þ E Db ¯Þ I, C ¯Þ Y ¯

 (iii) fl uxo de caixa, credibilidade e oferta de crédito:

M ¯Þ i ­ Þ FC ¯Þ EbO ¯Þ I ¯Þ Y ¯

 (iv) defl ação de dívidas – Fisher (1933): outros canais podem reduzir a infl ação e
elevar a dívida nominal.
4. CANAL DE EXPECTATIVAS

 Elevação da taxa de juros eleva a credibilidade do BC:

 aumenta a confi ança sobre o desempenho futuro da economia

 cai a taxa de juros de longo prazo esperada

 aumenta o investi mento.

 Em caso de taxa de juros nominal zero, aumento da oferta


monetária pode reduzir a taxa de juros real via aumento das
expectati vas de infl ação (Mishkin, 1996).
5. CANAL DE CÂMBIO

 Elevação da taxa de juros atrai capital estrangeiro e valoriza a


taxa de câmbio nominal.

 Valorizações do câmbio reduzem as exportações líquidas via


elasti cidade-preço.

M ¯Þ i ­ Þ e¯Þ
z NX ¯Þ Y ¯
CANAIS CONVENCIONAIS: RESUMO
BRASIL: 1994-1998

 altas taxas de juros e privatizações para atrair capital estrangeiro e


sustentar câmbio apreciado;

 efeito colateral: déficit em conta corrente e alto endividamento


público líquido.

 crise asiática (97) e russa (98) => crise cambial brasileira em 99


(maxidesvalorização — 52%).
ADOÇÃO DO RMI

 Resposta à crise cambial: elevação da taxa de juros e, após a


estabilização do câmbio, adoção do RMI e câmbio flutuante.

 Na prática: flutuação suja assimétrica para manter âncora


cambial.
RMI NO BRASIL

 CMN: fixa a meta com teto e piso por dois anos (IPCA);

 BCB deve atingir a meta; Copom define a SELIC.

 Meta deve ser cumprida no ano-calendári;

 Caso a inflação ultrapasse o teto da meta: carta aberta do


presidente do BC.
TAXA DE JUROS REAL

40

30

20

10

0
1994.01 1995.03 1996.05 1997.07 1998.09 1999.11 2001.01 2002.03 2003.05 2004.07 2005.09 2006.11 2008.01 2009.03 2010.05 2011.07 2012.09
INFLAÇÃO
INFLAÇÃO E META

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