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Brasil
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É cediço que as crianças têm sido alvo de diversos tipos de exploração ao longo da história, e que
diversos mecanismos de proteção aos tais vem sendo implementados, a fim que sua tenra
transição ocorra com a dignidade que eles merecem. Este trabalho visa estudar quais os tipos de
exploração eram submetidos no tocante ao labor. É também objetivo deste trabalho, apontar quais
os mecanismos de proteção aos menores foram criados ao longo da história. Vamos também
verificar a influência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) na normatização do trabalho
do menor no Brasil. Verificaremos o enfoque constitucional a proteção dos menores com o advento
da Constituição Republicana de 1988 no ordenamento jurídico laboral. E, finalmente, verificaremos
qual a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na proteção ao trabalho do
menor sob o prisma celetista e quais as medidas de proteção ao menor o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) prevê em caso de infração. Iremos, também, vislumbrar quais as consequências
do desrespeito a legislação protetiva para os empregadores e para os menores nos contratos de
trabalho, bem como, quais os direitos eles poderão requerer em caso de extinção do contrato de
trabalho irregular de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Assim, a metodologia
utilizada para o desenvolvimento deste projeto foi a de pesquisa aplicada, com o escopo de
entender a natureza e a fonte das normas cogentes protetivas ao menor no âmbito laboral. Foram
utilizadas para a elaboração deste trabalho a teoria Kelseniana ou a teoria da pirâmide de Kelsen.
O conceito fundamental utilizado nesta obra é o da supremacia do interesse público sobre o
particular, por tratar de questão de ordem pública.
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s.m (Do lat. Tripalium, instrumento de tortura composto de três paus; da idéia de
"sofrer" passou-se à de "esforçar-se", "lutar" e, em fim, "trabalhar".) 1. Atividade humana ligada à
produção à criação, ao entretenimento: trabalho manual intelectual. ± 2. O produto dessa
atividade; obra. ± 3. Atividade profissional regular e remunerada: viver de seu trabalho. ± 4.
Exercício de uma atividade profissional; lugar onde essa atividade é exercida: o trabalho em
usina[1]...
Nota-se que o termo trabalho, segundo a Enciclopédia Larousse Cultural, refere-se a instrumento
de tortura, ou seja, uma forma de castigo, conquanto diretamente ligada à produtividade de bens
ou serviços para subsistência própria e, ou, de outrem.
O Trabalho se tornou, desde então, o meio pelo qual o homem passou a extrair da terra o seu
sustento e de sua família. Nota-se na leitura do livro de Gênesis na Bíblia sagrada, que, embora o
homem, enquanto provedor do sustento familiar, contudo, não era o único a trabalhar, pois é
patente a participação dos filhos no cultivo da terra e no pastoreio dos animais, como é o caso de
Abel, filho de Adão e Eva, que apascentava as ovelhas de seu pai e seu irmão Caim que tinha por
ofício o cultivo da terra[3].
Destarte, ainda nos tempos bíblicos do antigo testamento, temos no capítulo 37 de Gênesis, o
trabalho de José, filho de Jacó, que tinha a incumbência de observar o trabalho de seus irmãos
mais velhos e informar a seu pai[4].
Ainda na antiguidade, observa-se as primeiras leis criadas para proteger o menor na prática
laboral, consoante demonstra Segadas Viana, em Instituições de Direito do Trabalho, vol 2, uma
das primeiras leis protetivas conhecida parece ser o Código de Hamurabi, que data de 2.000 anos
antes de Cristo:
Com efeito, o Código de Hamurabi previam que se um artesão tomasse algum menor para criar
como filho adotivo, deveria ensinar-lhe seu ofício. Se lho ensinasse, o filho adotivo não poderia
mais ser reclamado por seus pais de sangue. Mas se não lhe ensinasse o ofício, o adotivo poderia
voltar livremente para a casa de seu pai biológico.
No Egito, sob as dinastias XII a XX, sendo todos os cidadãos obrigados as trabalhar, sem distinção
de nascimento ou fortuna, os menores estavam submetidos ao regime geral e, como as demais
pessoas, trabalhavam desde que tivessem relativo desenvolvimento físico.
Na Grécia e em Roma, os filhos dos escravos pertenciam aos senhores destes e eram obrigados a
trabalhar, quer diretamente para seus proprietários, quer a sold o de terceiros, em benefício dos
seus donos.
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Assim, o Código de Hamurabi já continha previsão expressa para a utilização da mão de obra de
filho aditivo com seus respectivos direitos e deveres. Estava o pai obrigado a ensinar-lhe seu ofício.
Se lho ensinasse, o mesmo não poderia mais ser reclamado por seus pais de biológico. Mas se não
lhe ensinasse a sua profissão, o adotivo poderia voltar para a casa de seu pai biológico.
Conforme se depreende da magnífica obra de Francisco Ferreira Jorge Neto, o Egito, precisamente
nos tempos das dinastias XII a XX, todos os cidadãos eram impelidos a trabalhar, sem distinção de
nascimento ou fortuna, os menores eram submetidos ao mesmo regime que os adultos, sendo os
mesmos submetidos a trabalhos. Para tanto, bastava apresentar alguma capacidade física.
Na Grécia e em Roma, os filhos dos escravos pertenciam aos senhores destes e eram obrigados a
trabalhar, quer diretamente para seus proprietários, quer a soldo de terceiros, em benefício dos
seus donos[6].
No mesmo contexto, criou-se as corporações romanas com o fito de empregar trabalhadores livres,
cujos filhos trabalhavam como aprendizes para no futuro exercerem a atividade de seu pai[7].
Para Amauri Mascaro o trabalho do menor não se afastava do ambiente doméstico e para fins
artesanais[8].
Na idade média foram criadas as corporações de ofício, na qual as crianças, assim como os adultos,
eram submetidas a trabalharem durante anos sem qualquer remuneração, e como intervalo intra-
jornada para as refeições, tendo, em muitos casos que pagar as corporações e ao senhor feudal.
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O período da revolução industrial foi o marco inicial para as normas de proteção ao trabalho do
menor e da mulher, segundo Amauri Mascaro, no período da industrialização, diversas foram as
formas de abusos praticados aos menores, notadamente na Inglaterra os mesmos eram oferecidos
aos locais industrializados como moeda de troca por alimentação. Para o referido autor, tal fato era
corriqueiro nas indústrias algodoeiras[9].
Salienta também, o mesmo autor, a existência das paróquias (unidade administrativa civil inglesa,
subdivisão territorial do condado, criado pela Lei dos Pobres), responsável pelo tráfico de mão de
obra dos menores, tornando, assim, fonte de riqueza nacional:
No sórdido intercâmbio, tal, paróquia podia especificar que o industrial teria que aceitar, no lote de
menores, os idiotas. Em proporção de um para cada vinte. O industrial de algodão Samuel Oldknow
contratou, em 1796, com uma paróquia a aquisição de um lote de 70 menores, mesmo contra a
vontade de seus pais. Yarranton tinha, a seu serviço, 200 meninas que fiavam em absoluto silêncio
e eram açoitadas se trabalhassem mal ou demasiado lentamente. Daniel Defoe pregava que não
havia nenhum ser humano de mais de quatro anos que não podia ganhar a vida trabalhando. Se os
menores não cumpriam as suas obrigações na fábrica, os vigilantes aplicavam-lhes brutalidades, o
que não era mas, de certo modo, tinha alguma aprovação dos costumes contemporâneos. Em
certa fábrica, a cisterna de água pluvial era fechada à chave".
Foi instaurada uma comissão para apurar fatos dessa natureza, conforme o relato de Claude Fohlen
(História, cit., p. 38), cujas perguntas e respostas, feitas ao pai de duas menores, transcritas em
sua obra, são as seguintes: 1. Pergunta: A que horas vão as menores à fábrica? Resposta: durante
as seis semanas foram às três horas da manhã e voltaram às dez horas da noite. 2. Pergunta:
quais os intervalos concedidos, durante as dezenove horas, para descansar ou comer? Resposta:
uinze minutos para o desjejum, meia hora almoço e quinze minutos para beber. 3. Pergunta:
Tinha muita dificuldade para despertar suas filhas? Resposta: Sim, a princípio tínhamos de sacudi-
las para despertá-las e se levantarem, bem como vestirem-se antes de ir ao trabalho. 4. Pergunta:
uanto tempo dormiam? Resposta: Nunca se deitavam antes das 11 horas, depois de lhes dar algo
que comer e, então, minha mulher passava toda a noite em vigília ante o temor de não despertá-
las na hora certa. 5. Pergunta? Então somente tinham quatro horas de repouso? Resposta:
Escassamente quatro. 7. Pergunta: uanto tempo durou essa situação? Resposta uma seis
semanas. 8. Pergunta: Trabalhavam desde às seis horas da manhã até às oito e meia da noite?
Resposta: Sim, é isso. 9. Pergunta: As menores estavam cansadas com esse regime? Resposta:
Sim, muito. Mais de uma vez ficaram adormecidas com a boca aberta. Era preciso sacudi- las para
que comessem. 10. Pergunta: Suas filhas sofreram acidentes? Resposta: Sim, a maior, a primeira
vez que foi trabalhar, prendeu o dedo numa engrenagem e esteve cinco semanas no hospital de
Leeds.[10].
Assim, o trabalho dos infantes era cercado de condições insalubres e inadequadas ao exercício de
atividades de aprendizado e de higiene e não havia separação dos dormitórios para meninos e
meninas.
A revolução industrial nos países europeus foi o marco inicial para a criação de legislação protetiva
para o trabalho da mulher e do menor, face a exploração desumana que sofreram[11]. Merecem
destaque os países europeus, pioneiros na elaboração dos mecanismos de proteção aos menores,
conforme abordaremos no capítulo seguinte.
Para Guaraci Viana, o Direito do Trabalho é o ramo do Direito Público criado para regular os
direitos e deveres decorrentes da prestação de trabalho, não só para tutelar os interesses do
menor e da mulher, mas de todos, a fim de "... limitar a autonomia da vontade individual em razão
da desigualdade econômica existente entre as partes envolvidas (empregado empregador)" [12].
Assim, foram instituídas normas cogentes de interesse público, a fim de preservar os interesses
coletivos, havendo uma nítida preponderância dos interesses sociais.
A origem histórica do Direito do Trabalho está vinculada ao fenômeno conhecido sob a designação
"Revolução Industrial". Se nos fosse dado situar no tempo um acontecimento marcante para
assinalar o início desse processo revolucionário, indicaríamos a máquina a vapor descoberta por
Thomas Newcomem, em 1712, logo empregada, com fins industriais, para bombear água das
minas de carvão inglesas. Essa máquina era, evidentemente, grosseira, e, por volta da segunda
metade do século XVIII, James Watt introduziu-lhe importantes aperfeiçoamentos[13].
A Revolução Industrial pode ser divida em duas épocas bem distintas: 1780 a 1860: 1ª Revolução
Industrial ou revolução do carvão e do ferro.
Para o mesmo autor, a primeira Revolução Industrial pode ser divida em quatro fases:
! " #$%&'() * %$*+,-% * .-%#+/,+-, nos fins do século XVIII, com o
aparecimento da .0 vinventada pelo inglês Hargreaves em 1767), do ,.
(inventado por Arkwright, em 1769), do 1(por Cartwright em 1765), do
(por Whitney em 1792), que vieram substituir o trabalho do homem e a força motriz
muscular do homem, do animal ou ainda da roda de água. Eram máquinas grandes e pesadas, mas
com incrível superioridade sobre os processos manuais de produção da época. O
tinha capacidade para trabalhar mil libras de algodão enquanto, no mesmo tempo, um
escravo conseguia trabalhar cinco.
! 0/%#'() * )-' "),-%& 1 %$*+,-%A força elástica do vapor, descoberta por
Dênis Papin no Século XVII, ficou sem aplicação até 1776 quanto Watt inventou a .0
/. Com aplicação do vapor às máquinas, iniciaram-se as grandes transformações nas oficinas,
que se converteram em fábricas, nos transportes, nas comunicações e na agricultura.
! ) * $2)/2%" $,) *) %, " 3-%/ O e a sua pequena patronal
desapareceram para dar lugar ao . e as .
e às , baseadas na divisão do
,! Surgem as novas indústrias em detrimento da atividade rural. A migração de massas
humanas das áreas agrícolas para as proximidades das .
provoca o crescimento das
populações urbanas.
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/ surgiu com Robert Fulton (1807) nos Estados Unidos e logo depois as rodas propulsoras
foram substituídas por hélices. A / /foi aperfeiçoada por Stephenson, surgindo a
primeira na Inglaterra (1825) e logo depois dos Estados Unidos (1829). Esse novo
meio de transporte propagou-se vertiginosamente. Outros meios de comunicações foram
aparecendo com uma rapidez surpreendente: Morse inventes o 2 2(1835), surge o
na Inglaterra (1840), Graham Bell inventa o (1876). Já se esboçam os
primeiros sintomas do enorme desenvolvimento econômico, social, tecnológico e industrial e as
profundas transformações e mudanças que ocorriam com uma velocidade gradativamente
maior[15].
Na enciclopédia Larousse Cultural, temos excelente síntese da Revolução Industrial, aduzindo ter
corrido a partir do século XVIII e durante o século XIX tendo como característica o
desenvolvimento da técnica de produção industrial e das comunicações, tendo alcançado, ainda,
posteriormente, outros desdobramentos em todas as áreas sociais provocando relevantes
alterações estruturais nos países europeus e outros relacionados[16].
Dispõe a mesma enciclopédia, ter sido na Grã-Bretanha o início da industrialização nos anos entre
1750 e 1830, ganhando, após, outros países.
O intercambio com outros países impôs não sem reações, por vezes violentas, dos operários, o
desenvolvimento considerável no maquinismo, tanto na produção dos têxteis quanto nos outros
ramos industriais. Intervieram invenções técnicas de fortes efeitos econômicos: a máquina a vapor
(1769), o teares mecânicos de fiação (Jenny, 1767, Cartwright, 1768, Jacquard, 1801), a máquina
de despolpamento do algodão (1793), em fim a locomotiva e a estrada de ferro (1829). Tudo isso
permitiu a implantação de manufaturas e usinas que abalou a exploração artesanal das oficinas
familiares. [...] Decisões governamentais (Tem Hours Act, 1847) limitaram a duração do trabalho,
assim como o emprego de crianças, principalmente nas minas. No continente a industrialização foi
mais lenta[17].
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Para Jorge Ferreira Neto e Jouberto uadros Pessoa, a frança a foi pioneira entre os países euroeus
na proteção aos interesses dos menores subjulgados as mazelas da sociedade de então. Nesse
sentido, destaca-se a França com as Leis de 1841 e de 1848, tendo a Lei de 19.03.1874,
responsável pela fixação de idade de admissão ao emprego, o tempo máximo de duração do
trabalho, a proibição do trabalho noturno e nas minas subterrâneas[18].
Para Amauri Mascaro, amparado no ensinos de Mario de la Cueva, o ato pioneiro de amparo ao
menor foi o m , 3, expedido por Robert Peel em 1802, que traduzido significa
4/4î!
O mesmo autor afirma que em 1813, houve a proibição do trabaho dos menores nas minas na
frança, no ano de 184, com o surgimento da vedação ao trabalho dos menores de 8 anos de idade,
bem como, a fixação da jornada máxima de 8 horas para menores de 12 anos de idade, e, ainda, a
limitação de 12 horas de trabalho para menores de 16 anos.
A Alemanha, por sua vez, em 1839, promulga a lei que proibe o tabalho dos menores de 9 anos de
idade, limitando a jornada de trabalho para 10 horas aos menores de 16 anos. Criou-se, também
na Alemanha, a Lei Industrial em 1869, fixando a idade mínima de 12 anos para a admissão na
indústria[20].
Cumpre transcrever a narrativa de Arnaldo Sussekind e Segadas viana, que com magistal
explanação retrata a relaidade dos pobres e desnaturados infantes, assim como a saga a que eram
submetidos em favor da usura daqueles que comandavam a produção no período da famigerada
revolução industrial europeia:
Do abandono que vivia o trabalhador menor em todo o mundo diz bem a narrativa feita pelo
saudoso e eminente Ministro Edmundo Lins, testemunha ocular da cena, e referente a uma visita
às minas de Cattanisseta, na Sicília: "Montículos de pedras amarelas, fileiras de bloco de enxofre,
fornalhas fumegantes ± ostentar-se-ão à vista; e, perto dali, disfarçado sob pequena construção de
pedra, um buraco aberto no solo. Aproximai-vos, fitai os olhos nesse abismo e descobrireis, à luz
do dia, que penetra que penetra pela boca da mina, nas entranhas da terra, uma larga escada
meio arruinada, feita de degraus, dispostos aktebadanebte de um e de outro lado, perdendo-se nas
trevas do fundo da mina, a trezentos e muitos metros de profundidade. Em descer e subir esta
escada 14 vezes por dia sob um peso esmagador, é que são empregados meninos, assalariados às
famílias mais pobres pela avença de 50 a 100 liras, e que devem trabalhar até que seja paga a
soma, o que raríssimo sucede.
O fardo imprime-se e agrava-se por assim dizer, sobre o dorso da vítima. Pouco a pouco, as costas
afundam-se, o peito estufa, todos os membros se torcem, sobrevém o bócio e o rosto adquire ar
enfermiço e caquético, o qual equivale a uma sentença de morte.
Assim, o surgimento das medidas protetivas aos menores tornou-se imperioso no período de maior
degradação juvenil vivido na história da humanidade, pela sede de enriquecimento a qualquer
custo por parte dos detentores do poder econômico e políticos de então. Veja as fotos ilustrativas
01 e 02 no anexo.
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3 vejamos a lição de Maria Helena Diniz, em seu magnífico Dicionário Jurídico:
OIT. 5 6 #7
! Sigla da Organização Internacional do Trabalho. É órgão
pertencente à ONU, com sede em Genebra, que tem o escopo de organizar o direito do trabalho e
aprimorar o direito social[22].
A principal causa que originou a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi a
primeira guerra mundial, devido as grandes calamidades que sucederam a referida guerra:
A primeira grande guerra, como recorda Antokletz, transformou ou aboliu as mais radicais
resistências à generalização das leis de proteção ao trabalho: destruição das grandes riquezas
públicas e privadas, a morte de milhões de homens úteis, a bancarrota de numerosas empresas,
solidariedade das esferas sociais nos campos de batalha, tudo veio a apaziguar o espírito sórdido
de especulação e luta desenfreada çpela posse dês bens. Algo assim como um sopro de purificação
moral e de mútua compreensão passou pela Europa e quando os Governos comprovaram que as
organizações operárias acudiram AM defesa dos seus países ameaçados pelo flagelo mundial,
esquecendo os ressentimentos internos e as lutas de classe, compreenderam que a paz e a guerra
dependiam em grande parte de harmonia social[24].
Com a elaboração de um projeto aprovado pela Comissão, institui- se a parte XIII do Tratado de
Versalhes, criando os arts. 387 a 487, que estabeleceu a Organização Internacional do Trabalho,
em 28/06/1919[25].
Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a justiça social, instrumento essencial a paz
universal; o crescimento econômico torna-se indispensável para a efetivação desta.
Destarte, observaremos doravante as principais convenções que tratam da proteção aos interesses
do menor na seara trabalhista.
A Convenção numero 5 do ano de 1919, revista pela convenção de numero 59, de 1937, que
estabelece a idade mínima de 14 anos para trabalhos no setor industrial.
A Convenção numero 7, de 1920, que estabelece a idade mínima de 14 anos para admissão do
trabalho marítimo, revista em 1936.
A Convenção número 10, de 1921, que estabelece a idade mínima para admissão dos trabalhos
agrícolas, com vedação ao exercício profissional durante o horário de estudo nas escolas.
A Convenção número 15, de 1921, que estabelece a idade de 18 anos para admissão como
paioleiros ou foguista.
A Convenção de número 16, datada de 1921, determinou que os menores de 18 anos deveriam ser
submetidos a exame medico antes de ingressar empregos abordo, com novo exame a cada ano.
A Convenção de número 33, de 1932, estabeleceu a idade mínima de 15 anos para admissão em
trabalhos não industriais.
A Convenção de número 79, de 1946, limita o trabalho noturno em atividades não industriais.
A Convenção de número 96, cuida da admissão dos trabalhos subterrâneos nas minas de carvão.
A Convenção de número 112, de 1959, regula a idade mínima para o trabalho na pesca[28].
Todo País-membro, no qual vigore esta convenção, compromete-se a seguir uma política nacional
que assegure efetiva abolição do trabalho infantil e eleve, progressivamente, a idade mínima de
admissão a emprego ou a trabalho a um nível adequado ao pleno desenvolvimento físico e mental
dos jovens[29].
A Convenção de numero 182, de 1999, aborda os pormenores sob as piores formas do trabalho
infantil com vedação expressa, e sob citando medidas para sua eliminação conforme transcrição do
texto de Francisco Ferreira Jorge Neto:
Entre as piores formas de trabalho infantil compreensivas de crianças com ate 18 anos, incluem-se
a escravidão e pratica análogas, como a venda e trafico de crianças, o trabalho forçado ou
obrigatório, inclusive em conflitos armados, o recrutamento para prostituição ou praticas
pornográficas, para produção e trafico de entorpecentes, o trabalho que possa causar danos à
saúde, à segurança ou à moralidade das crianças. O Estado, as organizações de trabalhadores e
empregadores, conjuntamente, deve definir os tipos que designarão de piores formas de trabalho,
revisando-os periodicamente, e localizar onde ocorre a pratica ser abolida. A educação é,
declaradamente, o antídoto a ser ministrado pelo Estado, com políticas públicas efetivas e com um
plano de ação para eliminar, como medida prioritária, dessas modalidades de trabalho[30].
Aduz ainda, o mesmo autor que em 17/01/1990, foi promulgado o Decreto nº 1313, autorizando o
trabalho de menores nas fábricas do Distrito Federal, porém caiu no esquecimento em curto espaço
de tempo.
O projeto 4A, de 1912 proibia o trabalho dos menores de 10 anos, limitando, ainda, a jornada de
trabalho dos menores de 10 a 15 anos, a 6 horas diárias condicionada a admissão a realização de
exame médico e certificado de freqüência em escola primária, bem apontado por Arnaldo
Sussekind, 2002, p. 987.
Houve ainda, conforme o autor em comento, o decreto municipal nº 1801, de agosto de 1917,
determinando medidas protetivas aos menores, entretanto, fora rechaçada pelo Deputado Carvalho
Neto que diariamente através de reportagens sensacionais na imprensa regional que dizia, acerca
da medida legislativa tratar-se de ceifa cruel das vidas dos infantes levando-as ao matadouro
incessante das oficinas do Rio de Janeiro.
Seis anos após a medida legislativa comentada acima, surge então o decreto nº 16.300 de 1923,
que aprovou o Regulamento do Departamento Nacional de Saúde Pública apontando, em seu artigo
534 previa que "os menores de 18 anos não trabalharão mais de 6 horas em 24 horas. Dispositivo
este, reproduzido na Lei nº 5.083/26, conforme assevera Arnaldo Sussekind, 2002, p. 987.
Destarte, como medida efetiva, Getúlio Vargas adotou inúmeras providências, a fim de corrigir as
impropriedades praticadas pelos atos normativos implementados anteriormente. Entre eles,
verifica-se o Decreto 22.042/32 que estabelecia as condições de trabalho dos menores no setor
industrial.
Assim, era imposta a idade mínima de 14 anos para o trabalho na indústria com a exigência dos
documentos obrigatórios para admissão no emprego: a) certidão de idade; b) autorização dos pais
ou responsáveis; c) atestado médico, de capacidade física e mental; d) prova de saber ler,
escrever e contar[32].
Conforme leciona Francisco Ferreira Jorge Neto[33], em perfeita sintonia com o ordenamento
jurídico vigente, é absolutamente incapaz para o trabalho o menor de 16 anos de idade, salvo na
condição de aprendiz, de acordo com o disposto no art. 7º, inciso XXXIII. O mesmo dispositivo,
ora citado, versa, ainda, sobre a proibição de trabalhos noturnos e insalubres para menores de 18
anos.
Poderá trabalhar com menos de 16 anos, até mesmo pelo fato de a CLT a ele não se aplicar (art.
7º, a). Entende-se, no entanto, que ficou vedado o trabalho do menor de 16 anos em serviços
temporários, na pequena empreitada, no trabalho avulso, no trabalho autônomo, tanto em
atividades urbanas como rurais, porque a Norma Ápice fala em qualquer trabalho, salvo se na
condição de aprendiz[35].
Discordamos deste entendimento quanto a empregado doméstico. A fixação da idade mínima para
todo e qualquer trabalho, como se trata de um princípio constitucional, é aplicável a todo e
qualquer trabalho remunerado.
Se houver o trabalho com menor de 16 anos, excetuando o aprendiz, o vínculo empregatício deve
ser reconhecido?
Se no instante do juiz declarar a nulidade do contrato o menor tiver ainda menos de 14 anos (o
texto foi escrito antes da Emenda 20/98), neste caso a nulidade absoluta importará na decisão
8 do contrato, e os efeitos serão ex nunc (irretroativos). O contrato será eficaz até a rescisão
judicial do contrato, segurando ao empregado todos os direitos trabalhistas inclusive a notação da
CTPS. O empregador responderá por multa administrativa[37].
"MENOR DE 16 ANOS. ART. 7º, INCISO XXXII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. TRABALHO E SEU
VALOR SOCIAL. ART. 1º, INCISO IV, DA MESMA CONSTITUIÇÃO. A proibição contida no artigo 7º,
inciso XXXII, da Constituição, num primeiro momento, dirige-se às empresas, enquanto instituições
concebedoras, organizadoras e utilizadoras do trabalho alheio, e num segundo momento ao
responsável legal pelo menor e ao próprio estado e a toda sociedade enquanto partícepes diretos
ou indiretos, pelo bem-estar do menor, que até os 16 anos deve dedicar a maior parte do seu
tempo à educação, a sua formação moral e intelectual, seja no âmbito da escola, seja no seio
familiar, seja nos demais espaços culturais, esportivos e recreativos. A vedação de ordem
constitucional não pode se constituir numa espécie de habeas corpus, eximindo a empresa ou
quem a ela equiparada de qualquer responsabilidade legal, moral e social, neste tema tão delicado:
as crianças e adolescentes de hoje, serão os homens de amanhã. uem não investe no ser
humano, deixa ao relento o mais precioso de todos os bens. A nulidade ex radice do contrato de
trabalho do menor com fundamento na teoria geral do Direito Civil, acaba por anular todos os
efeitos jurídicos da relação de emprego, mesmo quando presentes os pressupostos do art. 3º da
CLT. Os requisitos de validade do contrato de trabalho, notadamente no que tange à capacidade do
prestador de serviços não podem ser examinados como se fossem uma equação matemática. O
Direito é uma ciência social, onde nem sempre dois mais dois são quatro, nem quatro vezes quatro
dezesseis. Ademais, se infringência à lei houve, esta ocorreu por parte de quem contratou o menor
que estava proibido de trabalhar e que, por esta razão deveria até estar impedida de suscitar a
nulidade, que, diga-se de passagem, não está disposta no texto constitucional proibitivo. Na Carta
Magna não há, nem poderia haver tal cominação que tende ser analisada à luz do princípio da
irretroatividade das nulidades (efeitos ex nunc) própria do Direito do Trabalho. Por outro ado,
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existem situações em que o círculo da moral, mais amplo do que o do Direito, rompe as suas
fronteiras com a pena do equilíbrio social, redimencionando-a com a tinta da justiça e da
equidade. uando, diante de dois valores aparentemente conflitantes, ambos albergados
constitucionalmente, o intérprete deve lançar mão do princípio da proporcionalidade, imprimindo,
após cuidados análise de seus pressupostos, qual deverá ser o bem protegido. O combate ao
trabalho infantil, elogiado por organismos internacionais como a ONU, OIT e UNESCO, tem recebido
forte apoio dos órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público, dentro e fora do processo, sem
que, em casos extremos, nos quais ocorra a transgressão do trabalho do menor, se exclua a
relação de emprego, prejudicando o prestador de serviços e beneficiando o tomador, uma vez que,
além da apropriação indevida da força de trabalho, ninguém devolverá ao menor as horas de
trabalho por ele prestadas. Pelo menos teoricamente, este período subtraído da formação
educacional do menor, também é subtraído de toda a sociedade, que quer e que contribui para que
tal tipo de trabalho não seja utilizado. Em casos desta natureza, enquanto for vantajosa a
utilização da mão-de-obra da criança ou do adolescente, por isso que, a par do reconhecimento do
contrato de trabalho em toda a sua extensão, representado pelo pagamento integral, sem exceção,
de todos os direitos trabalhistas inclusive para fins previdenciários, o Ministério Público do
Trabalho, o Ministério do Trabalho Emprego (DRT) e o INSS devem ser oficiados para as
providências cabíveis, imprimindo ações, principalmente a multa pelo ilícito trabalhista, nas esferas
das respectivas competências para afins de coibição da utilização da mão-de-obra infanto-juvenil.
A teoria geral das nulidades do Direito Civil não pode ser transposta cegamente para o Direito do
Trabalho, de molde a sufocar a realidade social envolta em valores éticos e morais da valorização
do trabalho e da dignidade humano" (TRT ± 3ª R ± 4ª T ± RO nº 00822-2005-006-03-00-5 ± Rel.
Luiz Otávio Linhares Renault ± DJMG 12/11/2005 ± p.10)[38].
Para Francisco ferreira Jorge Neto as normas de proteção ao menor não se estendem às oficinas
em que trabalhem exclusivamente familiares sob a direção do pai, da mãe ou do tutor, conforme
dispõe o art. 402, parágrafo único da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT):
Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador de 14 (quatorze)
até 18 (dezoito) anos.
Parágrafo único. O trabalho do menor reger-se-á pelas disposições do presente capítulo, exceto no
serviço em oficinas em que trabalhem exclusivamente pessoas da família do menor e esteja este
sob a direção do pai, mãe ou tutor observado entretanto o disposto do art. 404, 405 e na seção
II[39].
Para Guaraci Viana, o trabalho do menor deve ter a fiscalização do Ministério Público do Trabalho
do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, pela Organização Não
Governamental (ONG) da localidade para proteção aos infantis, com vistas a coibir abusos os
praticados, com acompanhamento adequado aos casos concretos onde houver a utilização de mão-
de-obra infanto-juvenil.
A ordem jurídica quer é que o trabalho seja lícito, que seja exercitado de maneira a não prejudicar
a pessoa em fase de desenvolvimento biopsicossocial, como por exemplo, quanto ao horário
escolar, tempo de repouso e de lazer. A insalubridade e a periculosidade têm de ser evitadas, bem
como qualquer trabalho noturno ou atividade a ser executada em condiçõesinadequadas, sob pena
de responsabilidade civil e penal dos pais ou quem as suas vezes fizer, do empregador ou instrutor
do trabalhador ou aprendiz[40].
-, ×8. É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Tratando-se, porém, de
rescisão de contrato de trabalho, é vedado ao menor de 18 (dezoito) anos dar, sem assistência de
seus responsáveis legais, quitação ao empregador pelo recebimento de indenização que lhe for
devida.
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A Constituição Federal de 1998, em seu art. 7º, inciso XXXIII, veda trabalho noturno, perigoso e
insalubre a menores de 18 anos e a qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de
aprendiz.
Consoante ao tema:
Como se infere, a Constituição assegura, na realidade, o direito do menor não trabalhar, não
assumir encargo de sustento próprio e de sua família em certa faixa etária, o que é reiterado no
art. 227, § 3º, I, do mesmo Diploma. E a carta política assim o faz movida pela compreensão de
que nessa tenra idade é imperiosa a preservação de certos fatores básicos, que forjam o adulto de
amanhã, tais como: (I) o convívio familiar e os valores fundamentais que aí se transfundem; (II) o
ínter-relacionamento com outras crianças, que molda o desenvolvimento psíquico, físico e social do
menor; (III) a formatação da base educacional sobre a qual incidirão aprimoramentos posteriores;
(IV) o convívio com a comunidade para regular as imoderações próprias da idade etc. Os afazeres
no trabalho não podem comprometer fatores extruturantes, que lapidam a personalidade da
pessoa. Tudo a seu tempo. Cumpre evitar inversões como a poetizada por ß 6/' "Manejo
minha infância perdida como se fosse um chicote. Nunca estive tão longe de mim sem me desejar
tanto!"[42].
Para o mesmo autor, em consonância com o comando constitucional foi editado o Estatuto da
Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), nada obstante, as modificações, as alterações em todo
ordenamento jurídico para adequar as normas cogentes à realidade constitucional protetiva dos
interesses dos infantes.
Fontes: O vocábulo fonte significa causa, origem. Logo as fontes de uma norma constituem o órgão
ou pessoa de que ela provém[43].
A doutrina clássica considera como principais fontes formais a lei e o costume, ou seja, a norma
estabelecida pelo Estado e a norma aceita pelo Estado.
Hoje, entretanto, predomina a teoria da pluralidade das fontes, pois se sustenta a existência de
mais de uma ordem jurídica na sociedade. Daí se falar em hierarquia da fonte do direito
estabelecendo como Lei Maior a emanada pelo Poder Constituinte[44].
O Direito do Trabalho fornece ao intérprete um rico manancial de fontes que pela sua origem e
procedimento o caracterizam singularmente entre as demais disciplinas jurídicas.
Essa fonte tem a sua capacidade produtiva limitada pela produção de outras fontes, que pela sua
natureza podem ser denominadas / visto como suas normas se impõem de modo
irreversível a vontade dos contraentes, incorporando-se automaticamente ao conteúdo da relação.
Podem-se dividir as fontes imperativas do Direito do Trabalho em quatro categorias, segundo a sua
origem e a composição dos órgãos dos quais emanam, a saber:
Para Orlando Gomes, a principal fonte formal de produção estatal do Direito do Trabalho é a
Constituição Federal, segundo a hierarquia das leis, consubstanciada na teoria da pirâmide
Kelseniana, tendo as demais normas cogentes que regem o direito laboral imposição de
inferioridade com a Constituição Federal.
Foi através do presidente Getúlio Vargas, que em 1 de maio de 1943, foi promulgada, com base no
art. 180 da Constituição Federal de 1937, o Decreto-Lei 5.452, a Consolidação da Leis do Trabalho
(CLT) que em seu art. 1º aduz; "Fica aprovada a Consolidação das Leis de Trabalho que este
Decreto acompanha, por ela introduzidas na legislação vigente" [47].
O capítulo IV da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) trata da proteção ao trabalho do menor,
definindo a capacidade do menor para o trabalho, relativo à idade mínima (art. 402, parágrafo
único), a proibição de trabalho de menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos
14 anos (art. 403, CLT), ressalvando que o menor não poderá trabalhar em locais prejudiciais a
sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e locais que
não permitam freqüência a escola.
O art. 404 do mesmo diploma legal traz a vedação ao trabalho noturno para os menores de 18
anos, entendendo por trabalho noturno o horário entre 22 e 5 horas.
Versa art. 405 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que ao menor não será permitido o
trabalho:
I ± nos locais e serviços perigosos ou insalubre, constantes de quadro para esse fim aprovado ela
secretaria de segurança e medicina do e;
§ 2º O trabalho exercido nas ruas, praças e outros logradouros dependerá de prévia autorização do
Juiz da Infância e da Juventude, ao qual cabe verificar se sua ocupação é indispensável à sua
própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se dessa ocupação não poderá advir
prejuízo a sua formação moral.
Apesar da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ser regra geral para as relações trabalhistas, no
que tange ao trabalho do menor, temos o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069
de 4 de julho de 1994, sendo esta Lei especial protetiva dos direitos da criança e do adolescente,
denominado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), apenas, de menor.
Em consonância com os art. 403, parágrafo único; 404 e 405 da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), escreve Guaraci Viana:
Com relação ao trabalho do aprendiz, para dirimir qualquer dúvidas, deve ficar esclarecido que:
A CF proíbe qualquer trabalho a menor de 16 anos, a não se na condição de aprendiz, tendo sido
tal norma repetida no ECA.
Seja para o menor de 14 anos, seja para os demais adolescentes o aprendizado tem que obedecer
os seguintes princípios:
Aduz, ainda, o mesmo autor não ser o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), não serem as únicas normas infraconstitucionais a
regularem o trabalho dos menores, existindo, ainda, normas regulamentadoras de atividades
especiais como é o caso do menor jogador de futebol.
uanto a duração do trabalho do menor, leciona Segadas Viana, que reger- se-á pelas normas
gerais da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) com as restrições do art. 427, do mesmo
diploma legal[50].
Segundo o mesmo autor, é permitida a prorrogação do trabalho do menor de 18 anos, em até duas
horas extraordinárias, segundo Arnaldo Sussekind, 2002, p. 993, devendo, para tanto observar o
disposto no art. 413, e incisos e parágrafo único.
É proibida a prorrogação da duração normal diária do trabalho do menor (art. 413, caput), exceto:
a) até mais 2 horas independentemente de acréscimo salarial, mediante convenção ou acordo
coletivo, desde que, o excesso de horas em 1 dia seja compensado pela diminuição em outro, de
mono a ser observado o limite máximo de 44 horas semanais ou outro inferior legalmente fixado
(art. 413, I); b) excepcionalmente, por motivo de força maior até o máximo de 12 horas, com
acréscimo salarial, 50% sobre a hora normal e desde que o trabalho do menor seja imprescindível
ao funcionamento do estabelecimento (art. 413, II).
Assim, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), regula as atividades laborais e de aprendizado
do menor, não obstante o Estatuto da Criança e do Adolescente possui disposições protetivas, hora
receptivas aos referidos dispositivos, hora revogando-os quando colidentes.
Cumpre aos representantes legais do menor, afastá-los de empregos que diminuam o tempo de
estudo, reduzem o tempo de repouso necessário a sua saúde e constituição física, bem como,
prejudiquem a sua educação moral, consoante o disposto no art. 424 da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT).
Segundo hermenêutica do art. 408 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), cabe ainda, ao
representante legal do menor pleitear a extinção do contrato de trabalho, desde que o serviço
possa culminar em prejuízo de ordem física ou moral do menor. Não havendo necessidade de aviso
prévio por parte do menor ao empregador[52].
Contra o menor de 18 anos não cabe prescrição, à luz do art. 440 da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT).
Uma corrente orienta-se no sentido que só se aplica o menor trabalhador. Outra estende tanto ao
menor trabalhador como ao menor herdeiro.
O dispositivo legal refere-se apenas ao menor trabalhador e não a menores sucessores de pai ou
mãe falecido que era empregado na empresa.
Para Sergio Pinto Martins, é certo que o art. 196 do Código Civil declara que a prescrição iniciada
contra uma pessoa continua a correr contra seu herdeiro. A prescrição só não irá recorrer em
relação aos menores de 16 anos que forem herdeiros (art. 3º, I, c/c art. 198, I do CC). Se o
empregado menor falece aos seus herdeiros não se aplica a regra do art. 440 da CLT[53].
Conforme leciona Francisco Ferreira Jorge Neto, 2008, p. 1040, para o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), aprendizagem é a "...formação técnico-profissional ministrada segundo as
diretrizes e bases da legislação da educação em vigor".
Ainda o mesmo autor aduz que a Lei 9.349/96, que trata das Diretrizes e Bases da Educação, em
seu art. 40, prescreve que a educação profissional deverá ser desenvolvida em conjunto com o
ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas
no ambiente de trabalho:
É dever da sociedade conjugar esforços para que novas oportunidades sejam criadas no âmbito da
educação e formação profissional.
Para validade do contrato de aprendizagem são necessários o cumprimento dos requisitos impostos
pelo parágrafo 1º do art. 28, da Lei em comento, qual seja: anotação na Carteira de Trabalho e
Previdência Social (CTPS); matrícula e freqüência do contratado à escola caso não haja concluído o
ensino fund