Você está na página 1de 5

Simulado P2 - Gabarito

Questão 1 (Espaço tangente). Seja f : Rn → Rk diferenciável. Mostre que


as funções ϕ : Rn → Rn × Rk e F : Rn × Rk → Rk dadas por

ϕ( x) = ( x, f ( x)) e F ( x, y) = y − f ( x)

são diferenciáveis, e ker DF ( x, y) = Im Dϕ( x) quaisquer que sejam x ∈ Rn


e y ∈ Rk .

Solução: A aplicação ϕ = (id, f ) é diferenciável pois suas entradas o são,


e F = s ◦ L ◦ ( f × id) é a composta de aplicações diferenciáveis (onde s é a
aplicação soma e L(u, v) = (u, −v) é linear). Temos

Dϕ( x)(h) = (h, D f ( x)h) e DF ( x, y)(h, k) = k − D f ( x)(h),

e assim

ker DF( x, y) = {(h, k) ∈ Rn × Rk | D f ( x)(h) = k}, e


Im Dϕ( x) = {(h, D f ( x)(h)) ∈ Rn × Rk | h ∈ Rn }.

1
Questão 2. Sejam f , g, h : Rn → Rn diferenciáveis, com h difeomorfismo
tal que f = h−1 ◦ g ◦ f . Mostre que se p0 ∈ Rn é um ponto fixo de f , então
h( p0 ) é um ponto fixo de g e que D f ( p0 ) e Dg(h( p0 )) tem os mesmos
autovalores.

Solução: Note que p0 = f ( p0 ) = h−1 ( g(h( p0 ))), donde aplicar h nos dois
lados nos dá h( p0 ) = g(h( p0 )). Com isto, aplicar a regra da cadeia nos dá

D f ( p0 ) = D(h−1 ◦ g ◦ h)( p0 )
= Dh−1 ( g(h( p0 ))) ◦ Dg(h( p0 )) ◦ Dh( p0 )
= Dh−1 (h( p0 )) ◦ Dg(h( p0 )) ◦ Dh( p0 )
= (Dh( p0 ))−1 ◦ Dg(h( p0 )) ◦ Dh( p0 ).

Como D f ( p0 ) e Dg(h( p0 )) são conjugadas (por Dh( p0 )), possuem o mesmo


polinômio característico e portanto os mesmos autovalores.

2
Questão 3. Considere f : R2 → R2 dada por f ( x, y) = (e x cos y, e x sen y).
.
Sendo T = D f (3, π/6), determine o ângulo entre os vetores T 2017 (1, 0) e
T 2018 (1, 1).

Dica. Se você interpretar geometricamente o que a matriz D f (3, π/6) faz,


você não precisa perder tempo tentando diagonalizar nada para calcular
T 2017 e T 2018 .

Solução: Inicialmente temos que


 x
e cos y −e x sen y

D f ( x, y) = x ,
e sen y e x cos y

donde  
3 cos(π/6) − sen(π/6)
T=e .
sen(π/6) cos(π/6)
Ou seja, a menos da dilatação pelo fator e3 (que não altera ângulos), temos
que T é uma rotação de π/6 no sentido anti-horário. Com isto, o ângulo
entre T 2017 (1, 0) e T 2018 (1, 1) é o mesmo ângulo entre (1, 0) e T (1, 1): 5π/12
(ou 75 graus).

3
Questão 4. Seja f : Rn \ {0} → R diferenciável, tal que h∇ f ( x), xi = 0
para todo x ∈ Rn \ {0}. Mostre que f é limitada.

Dica. Comece mostrando que f é constante ao longo de raios partindo da


origem.

Solução: Fixado x ∈ Rn \ {0}, defina g : R>0 → Rn por g(t) = f (tx).


Temos que

1 1
g0 (t) = D f (tx)( x) = D f (tx)(tx) = h∇ f (tx), txi = 0,
t t
de modo que g é constante. Isto nos diz que f é constante ao longo de raios
partindo da origem. Como a esfera S n − 1 é compacta, f Sn−1 é limitada,
digamos por M > 0. Deste modo, dado x ∈ Rn \ {0}, temos
 
x
| f ( x)| = f ≤ M,
k xk
e concluímos que f é limitada.

4
Questão 5. Seja F : Rn1 × Rn2 → Rk diferenciável, tal que para cada y ∈
Rn2 , a aplicação Rn1 3 x 7→ F ( x, y) ∈ Rk tenha derivada de posto máximo
em cada x ∈ Rm . Mostre que a função G : Rn1 × Rn2 → Rk × Rn2 dada
por G ( x, y) = ( F ( x, y), y) também é diferenciável e tem posto máximo em
todos os pontos ( x, y) ∈ Rn1 × Rn2 .

Solução: A aplicação G = ( F, π2 ) é diferenciável pois suas entradas o são


(onde π2 : Rn1 × Rn2 → Rn2 é a projeção). Daí basta ver que
 
D F ( x, y) Dy F ( x, y)
 x
DG ( x, y) = 


0 Idn2

tem posto máximo, pois o bloco Dx F ( x, y) também o tem (por hipótese).

Você também pode gostar