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Universidade de Pernambuco (UPE)

Escola Politécnica de Pernambuco (POLI)


Instituto de Ciências Biológicas (ICB)
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas (PPGES)

ERICK DOUGLAS PINTO CONCEIÇÃO

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E


ECONÔMICA DO USO DE ENERGIA
TERMOSSOLAR EM PROCESSOS DE SECAGEM
DE TECIDO EM LAVANDERIAS INDUSTRIAIS

Dissertação de Mestrado

Recife
2021

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Universidade de Pernambuco (UPE)
Escola Politécnica de Pernambuco (POLI)
Instituto de Ciências Biológicas (ICB)
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas (PPGES)

ALUNO: ERICK DOUGLAS PINTO CONCEIÇÃO

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E


ECONÔMICA DO USO DE ENERGIA
TERMOSSOLAR EM PROCESSOS DE SECAGEM
DE TECIDO EM LAVANDERIAS INDUSTRIAIS

Orientador: Prof. Dr. Luis Arturo Gómez Malagón

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas
da Universidade de Pernambuco como
requisito para obtenção do título de Mestre
em Engenharia de Sistemas.

Área de concentração: Cibernética

Recife
2021

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Universidade de Pernambuco (UPE)
Escola Politécnica de Pernambuco (POLI)
Instituto de Ciências Biológicas (ICB)
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas (PPGES)

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E


ECONÔMICA DO USO DE ENERGIA
TERMOSSOLAR EM PROCESSOS DE SECAGEM
DE TECIDO EM LAVANDERIAS INDUSTRIAIS

Dissertação de Mestrado Acadêmico apresentada por


ALUNO: ERICK DOUGLAS PINTO CONCEIÇÃO

Aprovada em ___/___/______
Pela Comissão Examinadora

_______________________________________________________________
Prof. Dr. Luis Arturo Gómez Malagón (Orientador)

_______________________________________________________________
Prof. 1

_______________________________________________________________
Prof. 2

_______________________________________________________________
Prof. Dr (Coordenador)
Recife
2021

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Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus criador de todas as coisas, meu Senhor e Salvador que
possibilitou que eu caminhasse e chegasse até aqui, para Ele toda honra toda glória e todo louvor.
Agradeço em segundo lugar, a pessoa a quem dedico este trabalho ao amor da minha vida
que cuidou de mim desde o meu nascimento até o ano de 2020, a pessoa que sempre me colocou
em primeiro lugar em tudo, que me mais me amou na face da Terra minha mãe que agora tenho fé
que está me esperando no paraíso. Tudo de bom que sou e tenho hoje devo a ela, que é meu
tesouro e que está com Deus agora.
Agradeço ao meu pai, Antônio Maurício que junto com minha mãe me educou e possibilitou
que chegasse até aqui, devo tudo que sou hoje também a ele.
Agradeço a minha tia Nanci que sempre foi presente na minha vida, e no momento de maior
dor, esteve ao meu lado e sempre que preciso me dar todo o apoio necessário para seguir a minha
caminhada.
Agradeço aos meu irmãos, Arthur e David, que também me deram apoio e torceram por
mim em cada batalha e em cada conquista da minha vida.
Agradeço a minha namorada Luana, que me apoia em tudo e tem sido e é meu porto seguro
e meu tudo, razão do meu sorriso, é a pessoa que me motiva e me dar forças para lutar todos os
dias.
Agradeço aos meus parentes que me deram todo apoio e torceram por mim, em especial
minha prima Marina, que desde o começo sempre esteve do meu lado e torceu por mim.
Agradeço ao meu professor e orientador Luís Arturo Goméz Malagón por ter acreditado em
mim e ter me dado a oportunidade de ser seu orientando e me fornecer todo o apoio e estrutura
para que completasse este trabalho.
Agradeço a minha colega e amiga Lorena por ter me ajudado e ensinado contribuindo
bastante com o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço ao meu colega e amigo Marcelo que me ajudou em todos os momentos do
mestrado no processo de caracterização, publicamos juntos, está junto comigo nesse barco desde o
aerodesign da faculdade.
Agradeço a meu colega e amigo Caio que também me ajudou bastante no desenvolvimento
neste trabalho.
Agradeço a Facepe pelo suporte dado com as bolsas que colaboraram com o financiamento
do projeto.
E pra finalizar agradeço ao Programa de Pós Graduação De Sistemas da UPE, os
professores, e colegas que me ajudarm, me apoiaram e colaboraram para que eu chegasse até aqui
nesta caminhada.

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Resumos

No Brasil, o setor industrial é o maior consumidor de energético do país e uma parcela de


81% deste consumo é utilizada para processos de geração de calor. Dentre estes sistemas, os
processos de secagem industrial utilizam como fonte de energia combustíveis fósseis e energia
elétrica para geração de calor, colaborando para emissão de gases estufa na atmosfera. Nas
lavanderias industrias os processos de secagem utilizam secadoras rotativas, estes dispositivos
exigem temperaturas com valor máximo de 150ºC, dessa forma sabendo que o nordeste
brasileiro têm um potêncial relevante de captação de radiação solar, o uso da energia
termossolar pode ser uma alternativa viável para contribuir com a redução do consumo de
combustíveis fósseis e energia elétrica. O presente trabalho propõe a realização de um estudo
de viabilidade técnica e econômica do uso de um sistema de secagem termossolar em máquinas
de secagem de tecidos que utilizam como fonte de energia o GLP e a eletricidade, com
capacidades de 12 kg, 60 kg e 120 kg. Com a finalidade de se detalhar os custos do projeto e
devido a escassez de coletores solares de ar de placa plana no mercado nacional, foi projetado,
desenvolvido e caracterizado térmicamente um coletor solar de ar com 2 metros de
comprimento e 1 metro de largura. Este protótipo apresentou um fator de transmitância e
absortância (Fr(τα)) de 0,3855 e um fator de remoção de calor (FrUL ) de 6,39 W.m²/K. O
estudo de viabilidade técnica foi feito através de simulações no software TRNSYS® e foram
obtidas as funções da fração solar pela área de coleta das máquinas de secagem. A análise de
viabilidade econômica foi feita para um intervalo de tempo de 20 anos por meio da técnica LCS
(Life Cycle Saving). O resultado dessa análise para o sistema termossolar integrado as máquinas
que utilizam GLP com capacidade de 12 kg, 60 kg e 120 kg, resultou em uma área de coleta de
coleta de 64 m², 264 m² e 476 m², um investimento de R$ 38212,89, R$ 157627,80 e R$
284207,70, um valor presente líquido máximo de R$ 31069,54, R$ 246325,40 e R$ 572540,32,
uma taxa interna de retorno (TIR) de 9%, 13% e 15%, respectivamente. A análise de
viabilidade econômica do sistema termossolar integrado as máquinas que utilizam eletricidade
como fonte de energia resultou em uma área de coleta de 68 m², 270 m² e 512 m², um
investimento de R$ 40601,10, R$ 161210,25 e R$ 305702,40, um valor presente líquido
máximo de R$ 68036,6, R$ 274722,70 e R$ 581639,42, e uma taxa interna de retorno (TIR) de
13%, 14% e 16%, respectivamente. Deste modo, concluiu-se que a energia termossolar pode
ser uma alternativa viável para as máquinas de secagem indústrial quando comparados com as
que utilizam apenas GLP e eletricidade como fonte energética.

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Abstract

In Brazil, the industrial sector is the largest consumer of energy in the country and 81% of
this consumption is used for heat generation processes. Among these systems, industrial drying
processes use fossil fuels and electricity as a source of energy for heat generation, contributing to
the emission of greenhouse gases into the atmosphere. In industrial laundries the drying
processes use rotary dryers, these devices require temperatures with a maximum value of 150ºC,
thus knowing that the northeast of Brazil has a relevant potential for capturing solar radiation,
the use of thermosolar energy can be a viable alternative to contribute by reducing the
consumption of fossil fuels and electricity. The present work proposes to carry out a technical
and economic feasibility study for the use of a thermosolar drying system in fabric drying
machines that use LPG and electricity as a source of energy, with capacities of 12 kg, 60 kg and
120 kg. In order to detail the project costs and due to the scarcity of flat plate solar air collectors
in the national market, a 2 meter long and 1 meter wide solar air collector was designed,
developed and thermally characterized. This prototype presented a transmittance and absorptance
factor (Fr(τα)) of 0.3855 and a heat removal factor (FrUL ) of 6.39 W.m²/K. The technical
feasibility study was carried out through simulations in the TRNSYS® software and the
functions of the solar fraction were obtained by the collection area of the drying machines. The
economic feasibility analysis was carried out for a period of 20 years using the LCS (Life Cycle
Saving) technique. The result of this analysis for the thermosolar system integrated with
machines that use LPG with a capacity of 12 kg, 60 kg and 120 kg, resulted in a collection
collection area of 64 m², 264 m² and 476 m², an investment of R$ 38212 .89, BRL 157627.80
and BRL 284207.70, a maximum net present value of BRL 31069.54, BRL 246325.40 and BRL
572540.32, an internal rate of return (IRR) of 9% , 13% and 15%, respectively. The economic
feasibility analysis of the thermosolar system integrated with machines that use electricity as an
energy source resulted in a collection area of 68 m², 270 m² and 512 m², an investment of R$
40601.10, R$ 161210.25 and R$ $305702.40, a maximum net present value of BRL68036.6,
BRL274722.70 and BRL581639.42, and an internal rate of return (IRR) of 13%, 14% and 16%,
respectively. Thus, it was concluded that thermosolar energy can be a viable alternative for
industrial drying machines when compared to those that use only LPG and electricity as an
energy source.

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Lista de símbolos, siglas e abreviações

BDI – Benfícios de Despesas Indiretas


CAD – Computer Aided Design (Desenho Auxiliado por Computador)
IPGM – Índice Geral de Preço do Mercado
IPTU – Imposto Predial e Territórial Urbano
LCS– Life Cycle Saving (Ciclo de Vida Econômico)
LCOE – Levelized Cost of Energy (Cusot Nivelado de Energia)
PRISMA – Preferred Reporting Items for Systematic Rewiws and Meta-Analiyses.
(Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas)
hh - Ângulo horário (°)
δ - Ângulo de Declinação Solar (°)
θz - Ângulo de Zenite (°)
gs - Ângulo de Azimulte Solar (°)
g - Ângulo de Azimulte (°)
β - Ângulo de Inclinação da Superfície Coletora(°)
ρr - Refletividade do Solo (°)
α – Absortância
τ – Transmitância
Fr (τα)- Fator de Transmitância e Absortância;
Fr – Fator de Remoção de Calor;
hc,p-a – Coeficiente de transferência de calor por convecção entre a placa absorvedora para o
ar (W/m2K);
hr,p-b – Coeficiente de transferência de calor por radiação entre a placa absorvedora e a
placa traseira para o ar (W/m2K);
h – Coeficiente de Convecção Resultante (W/m²K);
Re- Número de Reynolds;
Nu- Número de Nusselt;

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N - Número de Dias no Ano;
S – Radiação Solar Incidente na Superfície;
Ut - Coeficiente Global de Transferência de Perda de Calor do Topo da Placa absorvedora
(W/m²K);
UL – Coeficiente global de perdas de Calor (W/m²K);
σ – Constante de Stefan Boltzman;
Tpm –Temperatura Média da Placa Absorvedora(°K);
Ta – Temperatura Ambiente (°K);
Tb – Temperatura do Sistema de Isolamento Térmico (°K);
ε p – Emitância da Placa Absorvedora;

εg – Emitância do Vidro;

Vw – Velocidade do Vento (m/s);


hw – Coeficiente de Convecção do Vento (W/m²K);
Ng – Número de Cobertura Transparente;
Cx– Constante de Inclinação;
f – Constante de Perda de Calor por Convecção Externa;
f r – Fração Solar(%);

Dtérmica – Demanda Térmica(MJ);


Qcoletor – Calor Produzido pelo coletor(MJ);
Ф – Energia Útil do Sistema(MJ);

Fr '
– Razão entres Fatores de eficiência e Remoção de Calor do Coletor;
Fr

It – Irradiância Horária no Plano Inclinado(W/m²);


Ventrada – Parte do valor do Custo do Projeto no Ato da Compra (R$);
Prazo – Tempo de pagamento (Anual)
i d – Taxa de Depreciação do Mercado (%)

J pagos – Juros Pagos (R$)

i cc– Taxa de inflação incidente no combustível convencional (%a.a.);

CCC– Custo do combustível convencional (R$/ano);

Fs – Fração de energia útil fornecido pelo sistema auxiliar (%).

Ecc – Economia de Combustível Convencional (R$)

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icc – Preço do combustível convencional utilizado
i p–taxa de imposto referente ao projeto (%)

Lista de Figuras
Figura 01: Mapa com o índice de irradiação da região Nordeste;
Figura 02: Sistema Termossolar Integrado a Processo de Secagem em Lavanderia;
Figura 03: Secador Solar de Método Indireto;
Figura 04: Estrutura do Sol;
Figura 05: Relação de posicionamento entre a Terra e o Sol
Figura 06: Formação do Ângulo Horário (h) e o Ângulo de Declinação(δ).
Figura 07: Ângulos Solares.
Figura 08 : Balanço energético da Terra
Figura 09: Piranômetro com sensor fotovoltaico
Figura 10: Piranômetro com detector pintado preto e branco
Figura 11: Coletores Solares.
Figura 12: Faixa deTemperatura de Operação dos ColetoresSolares
Figura 13:Coletor Solar de Placa Plana
Figura 14: Faixa deTemperatura de Operação dos ColetoresSolares
Figura 15:Coletor Solar de Placa Plana
Figura 16: Coletor Solar de Ar
Figura 17:Coletor Solar de Baixo Custo
Figura 18: Coletor Solar de Ar de Passagem Única
Figura 19: Coletor Solar de Ar de Passagem Dupla
Figura 20: Comportamento do processo de tranferencia de calor e de massa em um
produto
Figura 21: Componentes da Máquina de Secar de Cesto Rotativo (a) Câmara de
Secagem e (b) Sistema de Exaustão.
Figura 22: Secador Distribuído e Secador Integral
Figura 23: Secador Misto
Figura 24: Coletor Solar de Placa ar
Figura 25:Sistema utilizado para método de análise Carta- F
Figura 26:Sistema utilizado para método de análise Utilizabilidade
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Figura 27: Configuração de um sistema padrão de aquecimento de água pelo método da
φ̅-Carta F
Figura 28: Plano de desenvolvimento do produto.
Figura 29: Processo de Caracterização
Figura 30: Sistema Integrado para Simulação
Figura 31: Projeto Detalhado
Figura 32: Projeto em CAD
Figura 33: Protótipo
Figura 34: Gráfico da Caracterização de um Coletor Solar de Placa Plana.
Figura 35: Gráfico da Função da Fração Solar pela Área de Coleta. Fonte: Autor.
Figura 36: Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas
de 12 kg que utilizam GLP como fonte de energia
Figura 37 Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas
de 12 kg que utilizam eletricidade como fonte de energia
Figura 38: Gráfico das Funções LCS(máquinas elétricas/12kg) e LCS(máquinas com
GLP/12kg) pela Área de Coleta
Figura 39 – Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas
de 60 kg que
Figura 40 – Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas
com capacidade de 60 kg que utilizam eletricidade como fonte de energia
Figura 41 – Gráfico das Funções LCS(máquinas elétricas /60kg) e LCS(máquinas com
GLP/60kg) pela Área de Coleta
Figura 42 – Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas
com capacidade de 120 kg que utilizam GLP como fonte de energia
Figura 43 – Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas
com capacidade de 120 kg que utilizam eletricidade como fonte de energia
Figura 44 – Gráfico das Funções LCS(máquinas elétricas /120kg) e LCS(máquinas
com GLP/120kg) pela Área de Coleta

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Sumário

1 Introdução e Motivações 12

2 Objetivos 14
2.1 Objetivo Geral 14
2.2 Objetivos Específicos 14

3 Revisão Bibliográfica 15

4 Referencial Teórico 19

5 Resultados e Discussões 48

6 Conclusão 60

7 Anexo I 61

Referências 63

11 | P a g e
1
Introdução e Motivações
O domínio do uso de fontes não renováveis de energia como matrizes energéticas nos
países, é notada desde o início da revolução industrial no século XIX. O consumo deste tipo
energia tem resultado em efeitos ambientais negativos, como a emissão de dióxido de carbono e
gases de efeito estufa, colocando em risco a sustentabilidade e suprimento de longo prazo do
planeta. (Sternberg, 2018).
O setor industrial brasileiro é o maior consumidor energético do país, a sua parcela de
consumo corresponde a aproximadamente 32,1% do consumo total de energia.(Brasil, 2021) De
todo gasto energético no setor industrial, 19% é utilizado para consumo elétrico e 81% para
processos de geração de calor (Solar Payback, 2017). A composição típica da demanda de calor
industrial por nível de temperatura corresponde a um percentual de 35% para baixas
temperaturas (inferiores a 150°C) (Solar Payback, 2017).
Dentre os processos de baixa temperatura, a secagem industrial é um dos mais utilizados
no Brasil. A secagem é a operação na qual ocorre a remoção de umidade contida em diversos
materiais (Da Costa, 2007). A aplicação desse processo industrial pode ser notada, tanto na
indústria agrícola, para redução da atividade microbiológica devido a umidade, como na têxtil,
no processo de secagem nas lavanderias industriais. (Machado, 2011).
No sistema de secagem nas lavanderias indústriais são utlizadas máquinas de secar
rotativas que utilizam como fontes de energia para o sistema de aquecimento vapor, o gás
liquefeito do petróleo (GLP), e a eletricidade. Estudos prévios sobre o perfil de consumo de
energia para aquecimento de água e ar mostraram que, tipicamente 30% do vapor gerado é para
aquecimento de água para processo de lavagem, e 70% é empregado para aquecimento de ar para
o processo de secagem. Sendo assim a maior parcela da demanda térmica requerida nas
lavanderias indústriais é utilizada para o processo de secagem. (Guimarães, 2018).
Compreendendo que o Brasil possui um potencial relevante de captação de radiação solar
devido as suas condições climáticas e geográficas, o uso de energia termossolar como fonte
auxiliar de calor de processo de secagem em lavanderias industriais representa uma solução
viável para esta problemática. Como pode ser visto na Figura 01, as regiões do agreste e do
sertão do nordeste brasileiro possuem índices de irradiação bastantes elevados e pouca incidência

12 | P a g e
de chuva.(Rocha, 2020) Esses fatores contribuem para configuração de um ambiente favorável
para a exploração da energia solar térmica. (Pereira,2017)

Figura01: Mapa com o índice de irradiação da região Nordeste. Fonte: Adaptado de Global Solar Atlas

Por outro lado dispositivos responsáveis pela conversão da energia solar radiante para
energia térmica são chamados de coletores solares. (Kalogirou, 2013). Estes dispositivos podem
ter diversas configurções e são formados uma superficie transparente responsável por transmitir
a radiação solar e evitar perdas térmicas por convecção, uma superfície com a finalidade de
absorver radiação, um sistema de isolamento térmico e um sistema de vedação.(Leitão, 1998).
Dessa forma o presente trabalho propõe a realização de um estudo de viabilidade técnica
e econômica do uso de um sistema de secagem termossolar, em máquinas de secagem de
tecidos com capacidade para, 12 kg, 60 kg e 120 kg de roupas.
No estudo de viabilidade técnica será abordado no trabalho, o dimensionamento, a
construção e a caracterização de um de coletor solar de ar, o estudo da demanda térmica das
secadoras e a análise térmica de sistema usando coletores solares térmicos para aquecimento de
ar através da relação entre a energia produzida pelo conjunto de coletores solares e a demanda
térmica do processo de secagem. Na análise econômica serão listados todos os custos do
consumo energético do processo convencional e os custos do sistema termossolar. Como
resultados dessa análise são obtidos a área óptima de coleta, o valor líquido presente máximo, o
payback e a taxa interna de retorno (TIR).

13 | P a g e
2
Objetivos

2.2 OBJETIVO GERAL

Realizar estudo de viabilidade técnica e econômica do uso de energia termossolar em


processos de secagem de tecidos em lavanderias que utilizam secadoras indústriais.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Tem-se os seguintes objetivos específicos para o alcance da proposta geral:

1. Revisar bibliografia sobre processos de secagem solares, classificação, modelos e


métodos de análise térmicas, simulação e caracterização;
2. Levantar as demandas típicas de calor de processo das secadoras industriais;
3. Dimensionamento um coletor solar de ar;
4. Projetar e construir caracterizar térmicamente um aquecedor solar de ar;
5. Modelar e simular sistemas de aquecimento solar de ar em uma secadora industrial de
tecido;
6. Realizar análise de viabilidade econômica do uso do aquecedor solar de ar para o
processo de secagem de tecido.

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3
Revisão Bibliográfica

3.1 INTRODUÇÃO

A maior parte do consumo total de energia nos setores industriais e de confecções de


países em desenvolvimento é destinada a processos de geração de calor. Estes processos podem
ser de baixa, média ou alta temperatura. A necessidade de utilizar fontes renováveis de energia
limpa, que sejam de baixo custo e eficientes em aplicações industriais é resultado das
preocupações crescentes sobre as emissões de gases de efeito estufa, aquecimento global e
redução do consumo de combustíveis fósseis na indústria. (Farjana, 2018)
 Dentre as fontes de energias renováveis, a termossolar têm potencial para atender parte
das demandas térmicas destes sistemas e contribuir para a diminuição do uso de fontes de
energia não renováveis e prejudiciais ao meio ambiente.(Solar Payback, 2018)
Os dispositivos utilizados nos sistemas termossolares são chamados de coletores solares,
que são trocadores de calor capazes de transformar a energia solar radiante em energia
térmica. Em processos de secagem são utilizados coletores solares de ar como fonte auxiliar de
energia, estes são aplicados nas indústrias agrícolas para secagem de grãos, frutos, madeira e em
países que apresentam invernos rigorosos na climatização de ambientes. (Kalogirou, 2004)
As máquinas utilizadas para secagem na indústria têxtil utilizam fontes de energia não
renováveis e energia elétrica para geração de calor. Tais sistemas operam em uma faixa de baixa
temperatura (T < 150°C). (Solar Payback, 2018) Dessa forma, o uso de energia termossolar
através de coletores solares de ar é apresentada como possível solução deste processo. (Prager,
1978)
Dentre os modelos de coletores solares, os classificados como de placa plana são os que
apresentam um menor custo e maior facilidade de confecção e operação.(Vengadesan, 2020) A
eficiência destes dispositivos é obtida através de processos de caracterização térmica e métodos
análiticos.(Welz, 2014) Os parâmetros de eficiência analisados nestes dispositivos para
dimensionamento de sistemas termossolares são os fatores de transmitância-absortância (Fr(τα ¿)
e o fator de remoção de calor (FrUL). Estes fatores estão relacionados, respectivamente, a
eficiências ópticas e térmicas do sistema. (Mzad, 2019)
A revisão bibliográfica relatará os trabalhos publicados de relevância na literatura sobre a
temática em estudo contribuindo para direcionar o projeto e estudo do presente trabalho.

15 | P a g e
3.2 METODOLOGIA DA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A presente revisão biliográfica foi embasada em trabalhos sobre o uso de tecnologias


termossolares no processo de secagem em lavanderias industriais através da metodologia
PRISMA (Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-Análises). Esta sistemática
consiste na filtragem de um grupo de trabalhos científicos, no qual por meio de um fluxo de
critérios de exclusão e inclusão é criado um banco de dados que informam os textos mais
relevantes sobre a temática estudada, bem como o que está sendo desenvolvido atualmente.
(Galvão, 2015)
Deste modo, foi criado um checklist contendo o título do trabalho, ano de publicação,
resumo, introdução, métodos, resultados, discussões, limitações, financiamentos, entre outros
parâmetros associados a relevância dos trabalhos para fins de pesquisa. O banco de dados foi
realizado através de uma pesquisa na base de dados dos períodicos da Science Direct. Como a
base de dados não incluem livros, dissertações e tese de doutorado, realizou-se também uma
pesquisa no Google Acadêmico, onde foram utilizadas as seguintes palavras chaves: “air solar
collector” and “clothes”, encontrando, assim, 3 artigos e 2 patentes sobre a temática abordada na
presente dissertação.
Na pesquisa na base de dados da Science Direct foram utilizadas como palavras chaves:
“air solar collector” and “clothes” e foram encontrados 637 artigos em um período compreendido
entre os anos de 1997 e 2021. Foram adotados como filtros para o direcionamento da pesquisa:
os tipos de publicações, os títulos de publicação e suas respectivas sub áreas.
Os tipos de publicações escolhidas para o estudo foram artigos de pesquisa, de revisão e
patentes. Após este filtro cerca de 369 artigos foram encontrados. No decorrer da filtragem dos
títulos das publicações foram selecionados os trabalhos relacionados a “Renewable and
Sustainable Energy Reviews”, “Energy and Buildings”, “Solar Energy”, “Renewable Energy”,
“Applied Thermal Engineering”, “Sustainable Energy Technologies and Assessments”, “Science
of The Total Environment Resources”, “Conservation and Recycling”. Reduzindo a quantidade
de trabalhos publicados a ser estudado para 137. As sub-áreas escolhidas durante a pesquisa
foram: “Energy”, “Engineering”, “Environmental Science”.
Após os filtros, foram estudados os resumos dos trabalhos cuja finalidade foi de selecionar
os estudos publicados de acordo com a temática referente ao presente trabalho. Foram excluídos
artigos que utilizavam coletores solares de água, sistemas híbridos, coletores solares com
nanofluidos, concentradores e processos de destilação. No decorrer da pesquisa não foi
encontrado trabalhos sobre a aplicação de coletores solares de ar em sistemas de secagem de
lavanderias indústriais.
Devido a escassez de conteúdo sobre o tema, a revisão foi expandida utilizando as
seguintes palavras chaves: “air solar collector” and “efficiency”. Nesta nova pesquisa foram
encontrados 311 artigos. Destes, utilizando como critério o tipo de publicação, foram escolhidos
os artigos de pesquisa, selecionando cerca de 239 artigos. Após esta filtragem foram
selecionados cerca de 72 artigos publicados na revista “Solar Energy”. Destes foram excluídos
trabalhos que tinham como proposta concentradores, nanofluidos e destilação, restando apenas
32 artigos, cujos resumos foram analisados selecionando, assim, os artigos que abordaram
caracterização térmica e eficiência. Desta forma, pode-se desenvolver a Tabela 1, contendo os 8
artigos selecionados, suas respectivas referências, bem como seus fatores de transmitância-
absortância (Fr(τα)) e de remoção de calor (FrUL) relativo aos seus respectivos projetos.

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3.3 RESULTADOS

Os Resultados, obtidos na revisão bilbiográfica feitas sobre coletores solares de ar estão


expostos na Tabela 1. Os parâmetros utilizados para seleção dos trabalhos foram: o tema, o fator
de transmitância-absortância (Fr(τα)) e o fator de remoção de calor (FrUL).

Tabela 1 – Coletores Solares de Ar


Referência Tema Frτα FrUL
(G. Alvarez, 2004) Desempenho térmico de um coletor solar de ar com uma placa 0,739 4,7
absorvente feita de latas de alumínio recicláveis

( Salih, 2019) Uma investigação experimental do desempenho de um aquecedor solar 0,2629 7,5
de ar de passagem dupla: uma comparação entre os processos de
circulação de ar natural e forçada

(Slama, 2011) Estudo da cinética de secagem de cascas de laranja e desenvolvimento 0,28 n


de um secador solar por convecção forçada
(Chen, 2020) Estudo numérico e experimental de protótipos de laboratório e em 0,514 7,89
escala real do novo coletor de ar solar multi-superfície com tubos de
receptor duplo integrados em um sistema de aquecimento de estufa

(Yassien, 2020) Análise de desempenho do sistema de aquecimento solar de ar de 0,54 6,78


passagem tripla: efeitos da adição de uma rede de tubos abaixo da
superfície do absorvedor

(Tuncer, 2020) Análise de desempenho térmico de um secador de estufa em escala 0,71 n


assistida por coletor de ar solar de passagem quádrupla

(Ayadi, 2014 ) Simulação e desempenho de um coletor de ar solar e um sistema de 0,34 1,36


armazenamento para uma unidade de secagem

(Badescu 2019) Desempenho do coletor de ar solar em operação transitória sob 0,62 n


regimes radiativos com diferentes níveis de estabilidade
Tabela 1 – Coletor Solar de Ar . Fonte: Autor

3.3.2 COMENTÁRIOS

Dentre os trabalhos pesquisados nesta revisão, o artigo “Solar Supplement to Laundry


Drying”, publicado em 1978 na conferência “Solar Industrial Process Heat Conference
Proceeding”, realizada no estado de São Francisco nos Estados Unidos (Smith, 1978), e a
patente a “Dryer Solar Clothes” (Kirtzmiller, 1985) registrada nos Estados Unidos, foram os
trabalhos com as propostas mais semelhantes a do presente trabalho.
O artigo “Solar Supplement to Laundry Drying”, relata o processo de dimensionamento e
a análise de viabilidade econômica de um sistema termossolar para o processo de secagem em
uma lavanderia industrial. O trabalho apresentou como resultado um projeto composto por 22
painéis (3,1 m de comprimento por 0,61 m de largura) com uma área bruta de 41 m². A área de
coleta da superfície absorvente é de 38,4 m². Neste sistema foi utilizado um sistema de
armazenamento de energia como ilustra a Figura 02. (Smith, 1978)

17 | P a g e
Figura 02 – Sistema Termossolar Integrado a Processo de Secagem em Lavanderia . Fonte: Adaptado de (Smith,
1978).

Conforme observado na figura acima, o ar, neste sistema, entra no coletor solar de ar e é
aquecido e direcionado para a secadora rotativa. O acumulador de energia térmica é acionado em
paralelo ao banco de coletores solares. Tais coletores utilizam o vidro como material para
cobertura transparente. Suas respectivas placas absorvedoras foram constituídas de cobre com
uma pintura seletiva de preto. O material utilizado para o sistema de isolamento foi espuma de
poliuretano com 5 cm de espessura. O sistema de isolamento térmico foi composto por de fibra
de vidro com uma espessura entre 2 a 6 cm. Estes coletores solares apresentaram uma eficiência
térmica entre 60% e 80% segundo o fabricante Air Divisions RM Product. (Smith, 1978).
A análise de viabilidade econômica deste sistema proposto por Smith foi realizada visando
um período de 20 anos. O valor do investimento foi dividido em uma taxa de 11,58% a.a.
Também se considerou a adição de uma taxa de 10% a.a. para manutenção. A Secadora utilizada
apresentava uma demanda térmica de 160 GJ/ano. (Smith, 1978)
A patente “Dryer Solar Clothes” apresentou um secador solar de método indireto e híbrido.
Este sistema utiliza coletores solares para o aquecimento da água para posteriormente trocar
calor com o ar. A água quente deixa o coletor e é direcionada através de dutos para um trocador
de calor ar-água. Assim, a água quente oriunda dos coletores é responsável por fornecer energia
térmica para o ar. (Kitzmiller, 1985) A Figura 03 ilustra o sistema projetado por Kitzmiller.

Figura 03. Secador Solar de Método Indireto . Fonte: Adaptado de Kirtzmiller, 1985.

18 | P a g e
4
Referencial Teórico

4.1 ENERGIA SOLAR


O Sol é uma esfera de massa gasosa de 1,39.10 9 m de diâmetro, que se comporta como um
reator contínuo de fusão nuclear, haja vista que seus gases quentes provenientes dessas reações
que ocorrem no seu interior ficam retidos pela elevada intensidade do seu campo gravitacional.
Dentre todas as reações de fusão nuclear que acontecem, a que é considerada mais importante é a
fusão entre dois átomos de hidrogênio produzindo um átomo de hélio. Toda essa energia
produzida no interior do sol deve ser transferida para a sua superfície e então ser irradiada para o
espaço. (Kalogirou,2013)
A potência emitida pelo sol irradia em todas as direções, e apenas uma pequena fração
desta chega à terra correspondendo a aproximadamente 1,7.10 14 kW. Contudo, apesar desta
pequena fração da potência emitida chegar a terra, estima-se que se essa parcela incidisse por um
período de 84 minutos na superfície terrestre, a mesma corresponderia a demanda mundial de
energia por um ano. (Kalogirou, 2013)
Esta radiação originada no núcleo do sol possui comprimentos de onda característicos de
raios-x e raios-gama, os quais aumentam à medida que ocorre o decaimento da temperatura e o
aumento da distância radial. Dessa forma, a estrutura interna do sol apresenta uma estratificação
que o subdivide em camadas, conforme ilustrado na Figura 04, sendo elas: o núcleo, a zona
radiativa, a zona convectiva, a fotosfera, a cromosfera, a região de transição e a coroa.

Figura 04: Estrutura do Sol. Fonte: Varella, 2017

19 | P a g e
A potência emitida pelo sol irradia em todas as direções, e uma pequena fração desta
chega na terra correspondendo a aproximadamente 1,7.1014 kW. No entanto, mesmo com uma
pequena fração da potência emitida pelo sol chegando a terra, é estimado que em 84 min de
radiação solar que incide sobre a terra corresponde a demanda mundial de energia por um ano.
(Kalogirou, 2013)
A distância da terra ao sol é de aproximadamente, 1,5.10 8 quilômetros, portanto, uma vez
que a radiação térmica viaja na velocidade da luz no vácuo, o tempo que a radiação solar atinge a
superfície terrestre é de 8 min e 20s. A posição do sol em relação a Terra, como mostrado na
Figura 1, forma um ângulo de 32 minutos e 1 grau, e em virtude da inclinação dos 23,5° de
inclinação do eixo da Terra (chamada de Declinação), a variação aparente do Sol ao longo do
ano consiste em um movimento angular acima de 47° (kalogirou, 2013). Para o cálculo da
radiação solar em uma superfície é fundamental conhecer o caminho do Sol através do céu, pois
a orientação adequada dos coletores resulta da localização e do trajeto do sol em relação ao local
de instalação. (Duffie, 2020)
A Figura 05, ilustra o posicionamento do sol em relação a terra, a distância entre eles e
seus respectivos diâmetros.

Figura 05- Relação de posicionamento entre a Terra e o Sol. Fonte:Adaptado de Kalogirou

4.1.2 ÂNGULOS SOLARES


Os movimentos da Terra em relação ao sol, são responsáveis pela variação dos ângulos do
raios solares em relação a um ponto fixo na superfície da terra em função do tempo. Dessa
forma, para o cálculo da radiação solar incidente em superfície de coleta é necessário o
conhecimento dos ângulos solares e como são formados. Os principais ângulos utilizados para os
cálculos das radiações são: (Duffie, 2020)
Declinação Solar (δ): É a distância angular dos raios do Sol ao norte (ou sul) do equador
. Por convenção a declinação ao norte é dita positiva. A declinação solar, δ, em graus pode ser
calculada através da Eq(01);(Kalogirou, 2013)

360 ( 284 + N )
δ =23,45 sen [ 365 ] Eq(01);

20 | P a g e
Ângulo Horário (hh): O ângulo horário, h, de um ponto na superfície da Terra é definido
como a variação angular entre a projeção do feixe de raios solares no plano equatorial e o
meridiano correspondente no ponto da superfície de coleta de radiação. A Figura 06 mostra
como são formados o ângulo de declinação (δ) e o ângulo horário (h).(Kalogirou, 2013)

Figura 06: Formação do Ângulo Horário (h) e o Ângulo de Declinação(δ). Fonte:Adaptado de Kalogirou

O ângulo horário pode ser calculado através da seguinte equação através da Eq(02);
h h=( TSA−12 ) 15 Eq(02);

Altitude Solar (αs): É o ângulo é medido entre o feixe de radiação incidente e o plano
horizontal em que o observador está. O ângulo de altitude é negativo quando o sol se põe
abaixo do horizonte.(Martin Green, 2003)
Zênite (θz): É o ângulo formado entre o eixo vertical e o feixe de radiação incidente do
sol, o ângulo de Zênite é complementar ao ângulo de altitude solar. (Martin Green, 2003)
Azimulte Solar (gs): É a distância angular entre o sul e a projeção da linha de visão do
sol no solo. Um ângulo de azimulte solar positivo indica uma posição a leste do sul, e um
ângulo de azimulte negativo indica a oeste de sul. (Martin Green, 2003)
Azimulte (g): É a distância angular entre entre o sul e a linha perependicular a linha de
projeção do sol no plano horizontal, ou seja o ângulo de azimulte é o complemento do ângulo
de azimulte solar. (Martin Green, 2003)
Ângulo de inclinação da superfície (β): é a inclinação do ângulo da superfície de coleta
em relação a superfície terrestre. (Martin Green, 2003)
A Figura 07, ilustra os ângulos solares em uma superfície de coleta como referência.

21 | P a g e
Figura 07: Ângulos Solares. Fonte:Adaptado de Duffie
4.1.3 RADIAÇÃO SOLAR
A Radiação térmica é a energia emitida pela matéria que se encontra a uma temperatura
não- nula, independente da forma da matéria, a emissão pode ser atribuída a mudanças nas
configurações eletrônicas dos átomos ou moléculas que constituem a matéria. A energia do
campo de radiação é transportada através de ondas eletromagnéticas. (Incroppera, 2008)
A radiação solar é o fluxo de energia emitida pelo Sol e transmitida sob a forma de
radiação eletromagnética. As faixas de espectro da radiação emitida pelo sol utilizadas para
aplicações em processos termossolares e fotovoltaicos, são ultravioleta, vísivel e infravermelho,
portanto o comprimento de onda eletromagnética utilizado para estas finalidades está
compreendido entre, 0,15 e 3,0μm.( Kalogirou, 2013)
Quando um feixe de radiação térmica incide sobre uma superfície de um corpo, uma parte
é refletida, uma parte é absorvida e outra parte é transmitida através do corpo. Essas frações de
radiação são propriedades chamadas respectivamente de refletividade (ρ r), absortividade (α),e
transmitância (τ), e são relacionadas de acordo com a Eq(03).
ρr + α + τ=1 Eq(03);
A Figura 08 ilustra a trajetória e o comportamento da radiação ao incidir na superfície
terrestre, durante a trajetória parte da radiação é refletida pela atmosfera, nuvens, e a própria
surpefície terrestre, as objeções responsáveis pela reflexão de radiação são chamadas de
aerossóis (Goswamii, 2000). Outros fatores como a topografia da superfície, sobreamento na
região da superfícice de incidência de radiação, também são responsáveis pela redução da
fração de radiação na superfície. (Duffie, 2020).

Figura 08. Balanço energético da Terra. Fonte: Adaptado de NASA’s ERBE, 2016.

22 | P a g e
Dessa forma a radiação solar recebida pelo planeta é transmitida, absorvida refletida. A
radiação solar quando analisada do topo da atmosfera é chamada de radiação solar extraterrestre
(Io), e quando o estudo é feito a nível do solo, é chamada de radiação solar incidente total (I). A
radiação solar incidente em uma superfície horizontal, também chamada de global, é a soma das
componentes de radiação direta incidente no solo e de radiação difusa, e a radiação refletida. A
radiação quando estudada sob a perspectiva de uma superfície inclinada ,como painéis
fotovoltaicos e coletores solares, é chamada de radição solar incidente em uma superfície
inclinada (It). (Kalogirou, 2013)
Dentre os instrumentos utilizados para medição da radiação solar, o piranômetro,
responsável pela medição da radiação global. Eles são classificados de acordo com o elemento
sensitivo e podem ser fotovoltaicos ou termoelétricos. Os piranômetros fotovoltaicos apresenta
um circuito em série com uma célula fotovoltaica, como elemento sensitivo, e uma resistência
elétrica, dessa forma através dos valores da diferença de potencial originada pela célula e da
resistência elétrica é possível obter a corrente de curto-circuito que por sua vez é proporcional a
radiação solar. A Figura 09, ilustra um piranômetro com sensor fotovoltaico. (Tiba, 2002)

Figura 09: Piranômetro com sensor fotovoltaico. Fonte: Atlas Solarimétrico

Já os piranômetros termoelétricos apresentam termopares ligados em série. Eles medem a


diferença de temperatura de duas superfícies que são igualmente iluminadas no interior do
instrumento, e a radiação solar é proporcional à tensão de saída destes sensores . A Figura 10
ilustra o piranômetro com o detector pintado de branco e preto, isto é, o receptor apresenta
alternativamente superfícies brancas e pretas, dispostas em coroas circulares concêntricas ou com
outros formatos, quadriculados. Nestes instrumentos, as juntas quentes das termopilhas estão em
contato com as superfícies negras, altamente absorventes, e as frias em contato com as
superfícies brancas, de grande refletividade. (Tiba, 2002)

Figura10:Piranômetro com detector pintado preto e branco. Fonte: Atlas Solarimétrico

23 | P a g e
4.2 COLETORES SOLARES

Coletores solares, são dispositivos que convertem a energia radiante solar em energia
térmica para o fluido de trabalho (ar, água, óleo térmico, etc). Os coletores solares são
classificados de acordo com a presença de concentradores, e em relação a movimentação dos eixos
para o rastreamento da posição do sol em relação a superfície de coleta. Os concentradores são
espelhos que direcionam os feixes de radiação solar para superfície absorvedora. Dessa forma eles
podem ser com ou sem concentração e estacionário ou com rastreamento solar como mostrado na
Figura 11. (Kalogirou, 2013)

Figura 11: Coletores Solares. Fonte: Solar Payback, 2017

Dentre os coletores estacionários mostrados na Figura 12, o coletor plano, também chamado
de placa plana é um dos mais utilizados devido a sua faixa de aplicação, estes são utilizados em
sistemas que requerem uma temperatura de até 100ºC como mostrado na Figura 13 , os coletores
de tubo a vácuo são utilizados para processos que exigem temperaturas acima de 150°C. Para
processos de destilação, fusão de nitrato, tingimento, compressão e produção de energia elétrica
termossolar são recomendados coletores com concentradores e rastreamento. (Kalogirou, 2013)

24 | P a g e
Figura 12: Faixa deTemperatura de Operação dos ColetoresSolares. Fontes: Solar Payback, 2017

4.2.1 COLETORES SOLARES DE PLACA PLANA

Um coletor de placa plana é composto por uma caixa protetora, uma placa absorvedora de
radiação, um sistema de isolamento térmico e um sistema de vedação. Para coletores de água,
são utilizados tubos soldados na placa absorvetora por onde circula o fluido. Quando a radiação
solar incide sobre a cobertura transparente, uma parcela da energia é transmitida para a placa
absorvedora que por condução transfere calor para os tubos. O fluido é aquecido por convecção
ao entrar em contato com as paredes internas dos tubos. A Figura 13, ilustra um coletor solar de
placa plana e seus respectivos componentes.(Duffie, 2020)

Figura 13:Coletor Solar de Placa Plana. Fonte: Kalogirou, 2013

25 | P a g e
A eficiência térmica de um coletor é dada pela razão entre a e energia útil a energia total
incidente. A energia útil pode ser calculada analiticamente através da diferença entre a energia
incidente e a energia perdida por efeitos ópticos e térmicos. Desta forma, coletores eficientes
apresentam baixas perdas ópticas (Fr(τα)) e térmicas (FrUL). (Duffie, 2020)
A determinação da eficiência térmica (ɳ), e da curva de eficiência de um coletor solar
estacionário, é em função das temperaturas de entrada do fluido no coletor e a temperatura
ambiente sob regime próximo ao permanente (condições de irradiação, vazão, temperaturas de
entrada e saída e velocidade do vento, com poucas variações ao longo do tempo), pode ser
expressa pela relação da Eq(04), é um dos dados avaliados durante o processo de
caracterização.(Duffie, 2020)

T i−T a
ɳ=Fr ( τα )−FrUL ( Gt A a ) Eq(04);

Onde:
Ti é a temperatura de entrada;
T, é a temperatura ambiente;
Gt, é a Irradiância solar global no plano coletor, em W/m2;
Aa, é a área de abertura do coletor, em m²;

4.3 COLETORES SOLARES DE AR

Os coletores solares de ar, são dispositivos que são utilizados em processos de secagem
solar, estes dispositivos podem apresentar diversas configurações, e são bastantes utilizados em
setores agrícolas e industriais. Por utilizar o ar como fluido de trabalho, este sistema apresenta
um baixo potencial de corrosão, que por sua vez colabora para a redução do custo dos materiais
de construção, visto que os componentes do dispositivos não necessitam de tratamentos
termoquímicos para a redução dos efeitos corrosivos. A principal desvantagem, no entanto, é o
baixo valor do coeficiente de condutividade térmica do ar, quando comparado ao da água.
(Close,1963)
A literatura e no comércio já apresentam diversas configurações de dispositivos, as
principais diferenças são nas placas absorvedoras, as Figuras 14 e 15 ilustram coletores solares
com tipos de configurações diferentes.

Figura 14: Coletor Solar de Ar. Fonte: Laranzote Solar (LTDA) Figura 15:Coletor Solar de Baixo Custo. Fonte Autor

A Figura 14, apresenta um coletor solar da empresa espanhola Laranzote Solar, neste
modelo a o sistema de absorvedor formado por dutos de alumínio de seção quadrada, este

26 | P a g e
dispositivo também utiliza placas fotovoltaicas para suprir a demanda energética do sistema de
ventilação. A Figura 15, apresenta um coletor de baixo custo que utiliza, tubos compostos com
latinhas de alumínio pintadas de preto como sistema absorvedor.
Dentre os dispositivos estudados na literatura e no comércio o modelo mais difundido é o
que utiliza placa plana preta como sistema absorvedor, estes coletores solares de ar de placa
plana apresentam as seguintes configurações:
 Coletores com uma passagem de ar;
 Coletores com duas ou mais passagens de ar;
A Figura 16 e 17, ilustram respectivamente coletores com uma passagem de ar e coletroes
com duas passagens de ar.

Figura 16: Coletor Solar de Ar de Passagem Única . Fonte:Adaptado de Ramani, 2010

Figura 17: Coletor Solar de Ar de Passagem Dupla . Fonte: Adaptado de Ramani, 2010

27 | P a g e
4.4 PROCESSOS DE SECAGEM

A secagem térmica é o resultado de duas ações simultâneas: um processo de transferência


de massa, e um processo de transferência de calor. No processo de transferência de massa a água
é deslocada de dentro da estrutura do produto a ser secado em direção à sua superfície. A
transferência de calor ocorre por condução e convecção entre o ambiente de secagem e o produto
(da superfície para o centro do material a ser secado). Este processo depende das propiedades
físicas referentes do produto que irá ser secado, e das propiedades referentes ao ambiente de
secagem como, pressão, temperatura, umidade e o tipo de escoamento que o ar de secagem é
submetido. (Dince, 2004). Portanto o propósito da secagem é a obtenção de um produto com um
teor de umidade desejado. Os dispositivos utilizados nesse processo são denominados secadores,
estes são responsáveis pela remoção de umidade e desidratação dos produtos expostos nesse
processo.( Treybal,1980; Geankopolis 1993)
A Figura 18, ilustra o comportamento da transferência de calor em um sólido (da superfície
para o seu interior), e o comportamento da transferência de massa (do interior para a superfície
do sólido).

Figura 18: Comportamento do processo de tranferencia de calor e de massa em um produto. Fonte: Santos,
2013.

Para a descrição do fenômeno de secagem é necessário o conhecimento dos mecanismos de


transferência de água do interior do material para a superfície. Dentre os mecanismos os mais
importantes estão a difusão de líquido e vapor e o mecanismo de capilaridade. O mecanismo de
difusão ocorre durante a secagem do sólido heterogêneos e meios poroso quando estão abaixo do
teor de umidade crítico. Este mecanismo ocorre na fase líquida devido à existência do gradiente de
concentração de massa, e na fase de vapor que ocorre devido ao gradiente de pressão de vapor que
é originado em razão do gradiente de temperatura (Santos, 2013).

28 | P a g e
A 2ª Lei de Fick explica a difusividade de umidade do material em relação ao tempo e a
espessura do material, como mostrado na Eq(05).

∂X ∂ ∂X
=
∂t ∂x
D
∂x[ ( )] Eq(05);

Onde t, é o tempo x é a distância no sólido, X representa a umidade do material em base


seca, onde D é o coeficiente de difusividade mássica.(Foust,1884)
O outro mecanismo é o de capilaridade ou de tensão superficial, que ocorre quando a massa
do líquido é subtraída da superfície, é substituida continuamente pelo líquido através das forças
de tensão superficial a partir do interior do material, mantendo a taxa de remoção de umidade
constante. Nessas estruturas, o movimento da umidade é relativamente livre e ocorre em
consequência da interação das forças gravitacionais e das forças de tensão superficial (capilares).
(Foust,1984)

4.5 PROCESSOS DE SECAGEM EM LAVANDERIAS INDUSTRIAIS

As lavanderias industriais utilizam máquinas de secar com cesto rotativo, estes secadores
são compostos por um sistema de aquecimento de ar, uma câmara de secagem e um sistema de
exaustão. Durante o processo de secagem, o ar é aquecido, e direcionado para a câmara de
secagem. A câmara de secagem utiliza um cesto rotativo, com a finalidade de aumentar a
eficiência nos processos de transferência de calor e de massa entre o ar quente e as roupas, após a
troca térmica, o ar úmido é direcionado atráves do exaustor para a saída da máquina. A Figura
19, ilustra a máquina de secar com cesto rotativo e o sistema de exaustão da máquina de secar.

29 | P a g e
Figura 19: Componentes da Máquina de Secar de Cesto Rotativo (a) Câmara de Secagem e (b) Sistema de
Exaustão. Fonte: Mamute Equipamento (LTDA).

Os sistemas de aquecimento de ar podem ser através de trocadores de calor ar- vapor,


aquecedores elétricos, ou sistema de combustores a gás, como mostrado na Figura 20. No
sistema a vapor, o ar é aquecido através de um trocador de placas ar-vapor, no sistema de
aquecimento elétrico é composto por um conjunto de resistências elétricas que dissipam calor
quando o dispositivo é acionado, nas máquinas que utilizam o sistema de combustores a gás o
calor é produzido por meio da combustão do gás liquefeito de petróleo (GLP) ou do gás natural
(GN).

Figura 20: Sistema de aquecimento de ar em secadoras industriais usando (a) resistências elétricas, (b)
gases de combustão e, (c) vapor. Fonte: Mamute Equipamento (LTDA).

.
4.6 PROCESSOS DE SECAGEM SOLAR

Os secadores solares são utilizados nos processos de secagem, sobretudo na indústria


agrícola, pois são responsáveis pela redução da umidade e consequentemente das atividades
microbiológiacas atuantes no produto. Este sistema é composto por um banco de coletores
solares de ar, dutos de passagem de ar, e uma camâra de secagem, como mostrado na figura.Os
secadores solares de ar são classificados de acordo com a origem do fluxo de ar, e quanto ao seu
arranjo estrutural. (Kalogirou, 2013)
Os secadores solares passivos são aqueles em que a circulação do ar ocorre de modo
natural, sem a necessidade de equipamentos que direcionam o fluxo de ar como exaustores,
compressores e ventiladores. O fluxo de ar neste arranjo é originado através das diferenças de
densidades entre o ar frio e o ar quente. O ar frio, por ser mais denso, desloca o ar quente
criando um fluxo de ar, este fenômeno é chamado de termossifão.

30 | P a g e
Os secadores solares ativos utilizam dispositivos para originar o fluxo de ar , ou seja
utilizam circulação forçada. Este tipo de configuração permite uma troca de calor por conveção
forçada, e é mais utilizado em sistemas que necessitam de uma maior troca de energia térmica.
(Kalogirou, 2013)
Os secadores solares de ar também são classificados de acordo com o seu arranjo estrutural,
estes podem ser classificados como integral, distribuído e misto. O tipo integral é composto
apenas pela câmara de secagem, nesse modelo o telhado da câmara é composto por vidro e a
radiação é transmitida e absorvida na própria câmara de secagem. O tipo distribuído é composto
pelo coletor solar de ar, uma câmara de secagem, e os dutos para transferência de ar quente do
coletor para a câmara de secagem. Nesse modelo a radiação solar não é transmitida nem absorvida
pela câmara de secagem. No tipo misto, o arranjo é composto pelos mesmos elementos do tipo
distribuído, porém na câmara de secagem, a radiação também é transmitida e absorvida como no
modelo integral (Kalogirou,2013). As Figuras 21 apresenta respectivamente os secadores dos tipos
distríbuido, integral, e a Figura 22 o secador misto.

Figura 21: Secador Distribuído e Secador Integral. Fonte: Kalogirou, 2013

Figura 22: Secador Misto. Fonte: Kalogirou, 2013

4.7 ANÁLISE TÉRMICA EM COLETORES SOLARES DE AR DE PLACA PLANA

Na análise térmica do coletor são calculados os coeficientes de convecção e radiação o


fator de eficiência (F´), e o fator de remoção (Fr). A configuração utilizada para a análise do
coletor, está ilustrada na Figura 23. Dessa forma, por meio da metodologia de transferência de
calor em escoamento interno em dutos, é possível determinar o coeficiente de convecção e
fatores de remoção de calor (FrUL) e de transmitância e absortância (Fr(τα)).(Kalogirou, 2013)

31 | P a g e
Sendo assim, através do balanço energético do coletor solar de ar de placa plana ilustrado na
Figura 24, no intervaloδx, é possível obter a seguinte Eq (07):

Figura 23: Coletor Solar de Placa ar. Fonte: Adaptado de Kalogirou, 2013

S ( δx ) =U t ( δx ) ( T p−T a )−hc , p−a ( δx ) ( T p −T )+ hr , p−b ( δx ) ( T p −T b ) Eq (07);


Onde :
hc,p -a é o coeficiente de transferência de calor por convecção entre a placa absorvedora
para o ar (W/m2K).
hr,p -b é o coeficiente de transferência de calor por radiação entre a placa absorvedora e a
placa traseira para o ar (W/m2K).
Ut é o coeficiente global de transferência de perda de calor do topo da placa absorvedora.
(W/m²K)
Para o cálculo desses componentes do balanço energético é adotada a seguinte
metodologia:

1- Cálculo dos números adimensionais;


2- Coeficiente de Convecção, hc,p -a;
3- Coeficiente de Radiação, h r,p-b;
4- Coeficiente Global de Perdas, Ut;
5-Cálculo do fator de remoção, Fr;

 Cálculo dos números Adimensionais

Número de Reynolds

O número de Reynolds (Re) é a razão das de forças de inercia e das forças viscosas. O
número de Reynolds pode ser calculado pela divisão entre o produto entre a velocidade do ar

32 | P a g e
(Var) e o diâmetro hidráulico do duto do coletor (D h), e a viscosidade cinemática (ν) como
mostrado na Eq (08). (Fox, 2014). O diâmetro hidráulico (Dh) sendo a razão entre o quadruplo
do valor da área de passagem do fluxo de ar e o seu perímetro

V ar . D h
Re = Eq(08);
v

Número de Nusselt

O número de Nusselt (Nu) é o número que é proporcional a razão do coeficiente de


convecção e do coeficiente de condutibilidade térmica. O número de Nusselt também pode ser
calculado através de uma relação dos números de Reynolds e de Prandlt, e em alguns casos,
fatores geometricos que são determinantes para o tipo de escoamento do fluido, como os fatores
de atrito ( f ). O número de Prandlt, este é a razão entre a espessura da camada limite térmica e a
camada limite aerodinâmica (Bejan, 2013). Para o cálculo do número de Nusselt, é determinante
o conhecimento do tipo de escoamento através dos números de Reynolds e de Prandt, pois
existem diversas equações na literatura que atendem a diferentes critérios fluidodinâmicos. A
tabela abaixo apresenta algumas relações e seus respectivos critérios para o cálculo do número de
Nusselt.(Incropera, 1999)

Tabela 02- Relações e condições para os cálculos dos números de Nusselt


Correlações Condições de Escoamento
59 Laminar, plenamente desenvolvido, para dutos de área de secção
f= transversal retangular
Re
Nu=4,36 Laminar, plenamente desenvolvido,

taxa de transferência de calor (qx ) constante.
Nu=3,36 Laminar, plenamente desenvolvido,
Temperatura de de Superfície (Ts ) uniforme.
Dh Laminar, entrada térmica com (Pr > 5),

Nu=3,36+
0,0688( )L
R e Pr Temperatura de de Superfície (Ts ) uniforme.

2
D
1+0,04 (( ) R P )
h 3
e r
L
4 Turbulento, plenamente desenvolvido,
Nu=0,023 Re5 P2r /3 0,6 ≤ Pr ≤ 160, ℜ≥ 10000, (L/Dh)≥ 10.
f Turbulento, plenamente desenvolvido,

Nu=
2 ()
. ( Re −103 ) . Pr 2300 < Re < 5.106 e 0,5 < Pr < 106

2
f 0,5
1+12,7. (( ) ) (
2
. P r3 −1 )
Fonte: Incropera, 1999

 Coeficiente de Convecção

33 | P a g e
O coeficiente de convecção é a razão entre a quantidade de calor transferida entre fluidos
ou entre um fluido e uma superfície.(Incroppera, 1999) No caso de coletores solares de ar, o
coeficiente de conveção varia com a geometria interna do duto de passagem de ar e a natureza
do escoamento, este coeficiente pode ser calculado através da relação mostrada na Eq(09).

Nu. k f
h c, p−a= Eq (09);
Dh

 Coeficiente de Radiação

O coeficiente de radiação entre o absorvedor e o sistema de isolamento térmico é dada


pela lei de stefan boltzman mostrada na Eq(10). (Kalogirou, 2013)

σ . ( T pm+ T a ) .(T 2pm +T 2b )


hr , p−b =
1 1 Eq (10);
( )( )
εp
+
εg
−1

Onde:
σ , é a constante de Stefan Boltzman;
Tpm é a temperatura média da placa absorvedora;
Ta, é a temperatura ambiente;
Tb, é a temperatura do sistema de isolamento térmico;
ε p, é a emitância da placa absorvedora;
εg , é a emitância do vidro;

 Coeficiente total de perdas (UL)

Em um coletor solar de ar o coeficiente total de perdas é o somatório das perdas


principalmente com convecção e radiação em todas as direções de um coletor. O coeficiente de
perda com o maior valor é aquele na direção do topo do coletor (U t), pois é a parte do coletor
onde ocorre a coleta de radiação e também é onde acontece a maior perda de calor por
convecção para o ambiente. Como os outros coeficientes de perdas térmicas nas direções
laterais e traseira, tem um valor muito inferior em relação ao coeficiente de perdas térmicas na
direção do topo, deste modo o calor total de perdas U L tem o valor aproximadamente igual ao
valor do coeficiente total de perdas por radiação (Ut), que é cálculado de acordo com a Eq(11).

σ . ( T pm +T a ) .(T 2pm +T 2a )
−1
1 Ng
Ut=
[
hw

(11);
+
Cx
( )(
T pm
T pm−T a
Ng+ f
e1

) ( ] +
1
ε p + 0,0591. N g . h w
+
2. N g +f −1+0,133 ε p
)( εg
−N g
) Eq

34 | P a g e
O coeficiente de convecção do vento (hw),é calculado em função da velocidade do vento
(Vw) e foi calculado através da Eq(12). (Sint, 2017)

h w =5,7+3,8. V w Eq (12);
Outro fator importante para a perda de transmissão de calor por convecção e radiação, é o
número de cobertura transparente (Ng). As constantes de inclinação (Cx), e de perda por
convecção externa (f), são calculadas de acordo com a Eq(13) e a Eq(14).

C x =520.(1−0,000051. β 2 ) Eq (13);

f =( 1+0,089. hw −0,1166. hw . ε p ) .(1+0,07866) Eq(14);

 Cálculo de Fator de Remoção Fr

A eficiência térmica de um coletor solar é calculda através da razão entre o calor


produzido pelo coletor solar e o produto da irradiação incidente no coletor pela área de coleta,
quando a temperatura de entrada no coletor é igual a temperatura ambiente, a eficiência do
coletor também pode ser calculada pelo produto do fator de remoção de calor da transmitância
e da absortância do coletor. (Duffie, 2020)
O fator de remoção de calor, depende diretamente do fator de eficiência (F’), e é a razão
entre o calor útil do coletor (Qu) e a subtração da energia radiante incidente no plano inclinado
e o calor perdido por radiação e convecção (Q L). Para o calculo do fator de eficiencia (F’), foi
calculado através do coeficiente resultante (h) e do coeficiente global de perdas (U L). O
coeficiente resultante (h) é calculado através dos coeficientes de radiação (h r,p-b) e convecção
(hc,p-a). As Equações 15, 16 e 17, mostram como são calculados os coeficientes de convecção
resultante (h) e o fator de eficiência( F’) e o fator de remoção de calor (Fr).

1
h=hc , p −a+
( h 1 )+ ( h 1 )
c , p−a r , p−b
Eq (15);

h
F ´= Eq (16);
h+U L

−U L . F ´. Ac1
m . cp
(
F r= 1 ar . 1−e
Ac 1. UL
(
)( m1 . cpar )) Eq (17);

4.8 MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS TERMOSSOLARES

Os métodos de dimensionamento foram desenvolvidos com a finalidade de se estimar, o


potencial de energia térmica fornecido por uma instalação composta por um banco de coletores
solares, e a quantidade de economia de energia que pode ser alcançada com o uso do sistema
termossolar. Estes métodos são indispensáveis para realização de projetos, já que asseguram a

35 | P a g e
àrea de coleta, e a relação entre a energia produzida pelo sistema termossolar e a demanda
térmica requerida pelo sistema convencional.Os dois métodos que são empregados para o
dimensionamento de um sistema termossolar é o método computacional e o método de
estimativa aproximada.
O método computacional é feito por análise transiente, através do software TRNSYS®,
este permite simular sistemas térmicos através de uma extensa bibliotecas compostas por
informações sobre diversos comoponentes presentes na indústria. Este software é dividido em
duas partes, o Kernel responsável por determinar as propriedades termofísicas do sistema através
de regressões lineares, inversão de matrizes e interpolação de dados externos, e a biblioteca de
componentes que são utilizados para modelagem do sistemas. Esta biblioteca inclui
processadores de dados meteorológicos, trocadores de calor, bombas, coletores solares, turbinas
eólicas e tecnologias emergentes de ponta.( JANI, DB et al., 2020)
Desta forma é possível obter dados como a relação da energia térmica produzida através do
banco de coletores solares e a demanda térmica requerida para o sistema, essa relação é chamada
de Fração Solar ( f r), e pode ser expressa de acordo com a Equação 18. (Kalogirou, 2013)

D térmica −Q aux Q coletor


f r= = Eq (22);
D térmica D térmica

O método de análise estimada, é um modelo matemático obtido através do método de


análise computacional. O metodologia da análise estimada depende da configuração do sistema e
é dividido em três técnicas, Carta-F, Utilizabilidade e Ф- Carta-F.
A técnica Carta-F, ela é utilizada para sistemas com unidades de armazenamento térmico e
que alcancem temperaturas até 60°C, através desta técnica é possivel obter a função da fração
solar pela área de coleta, como ilustrado na Figura 24.( Duffie, 2020)

Figura 24:Sistema utilizado para método de análise Carta- F. Fonte: Kalogirou, 2013

A partir da técnica de Utilizabilidade, é obtida o fração de energia útil do sistema (Ф) e


pode ser expressa de acordo com a Equação 19.

Qu
Ф=
Fr ' Eq(19);
Ac Fr (τα ) I
Fr t

Onde:

36 | P a g e
Fr '
Fr
- é a razão dos fatores de eficiência do coletor utilizado;

It – é a irradiância horária no plano inclinado;

Este tipo de técnica é usada para dimensionamento de sistemas que não utilizam unidades
de armazenamento térmico como mostrado na Figura 20.

Figura 20:Sistema utilizado para método de análise Utilizabilidade. Fonte: Adaptado de Kalogirou, 2013

A técnica Ф- Carta-F é foi aprimorado por Collares-Pereira & Rabl, em 1979, se


caracterizando por ser um método híbrido composto pelo método da Carta-F e o da
utilizabilidade. Este método visa suprir a restrição das abordagens anteriores, como: temperatura
de processo maior ou menor que 20°C e a possibilidade da presença de dispositivos de perda de
calor na linha de processo. Esta técnica é utilizada para sistemas compostos por dois circuitos
fechados, o primeiro formado por, coletores solares, um sistema de bombeamento ou
compressão, e um trocador de calor, e o outro formado pelo trocador de calor e um sistema de
bombeamento e um sistema de armazenamento. O trocador de calor tem a finalidade de transferir
energia térmica do primeiro para o segundo circuito, como ilustrado na Figura 21. (Duffie, 2020)

37 | P a g e
Figura 21: Configuração de um sistema padrão de aquecimento de água pelo método da φ̅-Carta F. Fonte:
Adaptado de Kalogirou,2013

4.9 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Para determinar qual arranjo é o mais viável economicamente torna-se necessário avaliar
alguns indicadores de otimização de desempenho do processo convencional em relação ao novo
sistema, como: o capital acumulado ao longo da vida útil do sistema, a análise de payback e a
análise da taxa interna de retorno (TIR). A determinação de tais indicadores varia de acordo com
o método de análise utilizado. (Kalogirou, 2013)
A análise de viabilidade econômica parte do levantamento dos custos de processo
convencional aplicados para prover a demanda energética combinados com a economia de custos
proporcionada através da aplicação do sistema auxiliar proposto ao longo de sua vida útil (n).
Os custos utilizados na presente análise são:

 Custo de Projeto
 Custo de Combustível
 Custo de Propiedade
 Custo de Operação e Manutenção

Normalmente esse período estudado é o da vida útil dos principais equipamentos utilizados
no projeto, que neste caso será de 20 anos (n=20). (NREL, 2021, s/n)
Existem três principais métodos de análise de viabilidade econômica que são capazes de
fornecer uma avaliação acerca da aplicação em escala de tecnologias de energias renováveis de
geração distribuída, sendo os responsáveis por conciliar os custos de operação e manutenção, de
desempenho operacional e do combustível, são eles: o método do custo nivelado de energia

38 | P a g e
(Levelized Cost Of Energy - LCOE); o método P1, P2; e o método da análise do ciclo de vida
(Life Cycle Saving - LCS).(NREL, 2021, s/n)

● Método LCOE

O método do LCOE representa uma maneira simplificada de avaliar a competitividade de


uma tecnologia de geração de energia elétrica/térmica em relação a outra e ao sistema
convencional. Ele relaciona os custos de instalação e operação do sistema de geração em razão
dos custos da energia elétrica/térmica gerada em MWh durante o ciclo de vida útil, como
apresentado na equação 22. (Kalogirou, 2013)
n
C projeto +CE oms +C cc
∑. j
j=0 ( 1+i dm )
LCOE= n Eq(22);
F s . Denergia
∑. j
j=0 ( 1+i dm )

Em que:

CE oms: Custos extras de operação, manutenção e segurança (R$/ano);

E gerada: Energia gerada pelo sistema auxiliar proposto (GJ/ano);

i dm : Taxa relativa ao desconto de mercado (%);

j: Período de tempo decorrido da análise (anos).

Este método é amplamente empregado na análise de sistemas de geração de energia


elétrica .

● Método P1,P2

O método P1 e P2 relaciona economias de capital adquiridas após a aplicação do sistema


auxiliar proposto como uma diferença existente entre a redução dos custos de processo
convencional e aos custos adicionais referentes ao investimentos exigidos para aplicação do
mesmo. A Equação 22 apresenta o (LCS) ciclo de vida econômico deste método. A constante P 1,
faz alusão à relação ao ciclo de vida do combustível no primeiro ano de economia (C cc_1°ano) e
constante P2, faz alusão à relação do ciclo de vida das despesas adicionais necessárias para o
investimento inicial. (Kalogirou, 2013)

n
LCS p 1 , p 2=P1 C cc ° ano F s
1 ( )
∑ Denergia −P2 C projeto
j=0
Eq(22);

Onde,

Ccc_1°ano, é o custo do combustível durante 1 ano;

39 | P a g e
Fs, é a fração solar média mensal;

Denergia, é a demanda de energia mensal;

C, é o custo do projeto;

● Método LCS

O método de LCS permite avaliar o valor acumulado de economia de energia devido a


implantação do projeto de energia solar em um determinado período. Esse valor é sempre
apresentado no presente líquido (VPL) que representa a expressão econômico-financeira capaz
de determinar o valor presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros
apropriada, menos o custo do investimento inicial, assim o LCS é calculado de acordo com a
equação 23:
n
E
LCS=∑ . solar j Eq(23);
j=0 ( 1+i dm )

Onde:
E solar: Economia resultante apenas do sistema solar térmico proposto (R$/mês);

i dm : Taxa relativa ao desconto de mercado (%);

j: Período de tempo decorrido da análise (anos).

Para projetos de implementação de sistemas termossolares, esse retorno de capital se dá


mediante à economia proporcionada por meio da utilização dos combustíveis convencionais
durante o período da análise econômica, ou seja, do seu ciclo de vida. Assim, torna-se válido
ressaltar que para um LCS negativo, não ocorre geração de ganho de capital; para um LCS
igual a zero, tem-se que os custos são iguais aos ganhos; e para LCS positivo, tem-se geração
de ganho sobre o investimento. Por outro lado, não haverá ganho devido ao investimento na
energia termossolar no primeiro ano de implementação do projeto (j=0), haja vista o valor pago
de entrada (V entrada ) para a aquisição do mesmo. Para os demais anos, o ganho é referente ao o
somatório das economias provocadas pela utilização da energia solar menos o somatório dos
seus respectivos custos como prestações e manutenções, a equação 27 apresenta como é
calculada a economia de energia solar: (Kalogirou, 2013)

E solar=E cc − prestação−CE p . ( 1+i p ) j−1 −CE oms . ( 1+i p ) j−1 +t econ Eq(24);

Onde:
Ecc : Economia de combustível convencional (R$/ano);
CE p: Custos extras de propriedade (R$/ano);
CE oms :Custos extras de operação, manutenção e segurança (R$/ano);
i p: O imposto relativo à implementação do projeto (%a.a.);
t econ: Taxa econômica (R$/ano).

40 | P a g e
O valor da taxa de imposto referente ao projeto ( i p) está relacionado ao elemento
orçamentário de benefícios e despesas indiretas (Budget Difference Income – BDI) que varia de
acordo com a empresa que executará o serviço de instalação do sistema proposto. Tal taxa
representa no valor final da obra civil uma componente adicional aos custos diretos, alinhando o
não comprometimento do lucro da empresa com custos indiretos (tributação e imprevistos de
obras) e o valor justo da obra para o cliente.(BDI, 2021,s/n)
Para o primeiro ano de implementação do projeto (j=0), não haverá economia de
combustível convencional (Ecc) . Para os demais anos de projeto termossolar auxiliar
implementado, deve-se levar em consideração a inflação incidente sobre o preço do combustível
convencional utilizado (icc), como mostrado na equação 28: (Kalogirou, 2013)
n
Ecc =F s .
(∑ ) (
j=1
.C cc . 1+i cc ) j−1 Eq(25);

Onde:
i cc: Taxa de inflação incidente no combustível convencional (%a.a.);

CCC: Custo do combustível convencional (R$/ano);

Fs : Fração de energia útil fornecido pelo sistema auxiliar (%).

Para o cálculo da taxa econômica (t econ) não haverá valor referente a economias, haja vista
que no primeiro ano de implementação do projeto (j=0) não há nenhuma taxa vigente incidindo
sobre o projeto termossolar. Para os demais anos, é necessário considerar também a taxa de
depreciação do mercado (i d ) e o valor dos juros pagos ( J pagos) com a implementação do projeto
proposto.

t econ=i d . [ J pagos +CE p . ( 1+i p ) j−1 ] Eq(26);

A taxa de depreciação do mercado (i d ) trata-se de uma composição entre o índice geral de


preço de mercado (IGPM) e da taxa de depreciação do dispositivo. Esta última se refere ao
desgaste natural do equipamento ao longo de sua vida útil. (IGPM,2021,s/n)

 Taxa Interna de Retorno (TIR)

A taxa Interna de Retorno (TIR) é a taxa de juros (desconto) que iguala, em determinado
momento do tempo, o valor presente da líquido com o das saídas (custo do valor do
investimento) previstas de caixa. A TIR é usada como método de análise de investimentos,onde
o investimento será economicamente atraente se a TIR for maior do que a taxa mínima de
atratividade (taxa de retorno esperada pelo investimento), e é calculada de acordo com equação
27. (Pereira, 2018)

1
LCS acumulado
TIR= ( V entrada ) prazo
−1 Eq(27);

Onde,

41 | P a g e
Ventrada é parte do valor do custo do projeto termossolar que é paga durante o ato da compra
do sistema (R$);
prazo é o tempo de pagamento, geralmente pode ser apresentado de forma mensal ou anual;

 Análise de retorno sob o investimento (Payback)

O payback é o tempo de retorno do capital investido, é um indicador financeiro que tem


por finalidade verificar o período de tempo que os rendimentos acumulados de um determinado
investimento começam a gerar lucro ao capital investido.
Em projetos de implementação de sistemas termossolares, esse retorno de capital é feito
por meio da economia do custo de combustível gerada pelo uso da energia termossolar durante o
período da análise econômica, ou seja, do seu ciclo de vida. Deste modo, quando o LCS tem
valor negativo, não ocorre lucro; para um LCS igual a zero, tem-se que os custos são iguais aos
ganhos; e para LCS positivo, ocorre lucro sobre o investimento.( Guimarães, 2018)

5
Metodologia

42 | P a g e
A metodologia deste trabalho descreve como foi feito o estudo de viabilidade técnica e
economica do presente sistema. Deste modo o trabalho foi divido nos seguintes tópicos:
1. Levantamento das demandas típicas de calor de processo para as
secadoras de 12kg, 60kg e 120 kg.
2. O desenvolvimento, construção e caracterização térmica de um
coletor solar de ar;
3. A simulação no software TRNSYS® da integração do sistema
termossolar ao sistema convencional, com a finalidade de obtenção da relação
entre a fração solar e a área de coleta do sistema em estudo.
4. A análise de viabilidade econômica será realizada através da listagem
dos custos e da técnica LCS. Esta ferramenta é empregadas para determinação
da função do valor presente líquido pela área optima de coleta, a taxa interna de
retorno – TIR e o payback.

5.1 DESENVOLVIMENTO DE UM COLETOR SOLAR DE AR DE PLACA PLANA

O desenvolvimento do protótipo partiu de um projeto informacional, onde através da


revisão bibliográfica foram estudados os modelos presentes na academia, e no mercado. Deste
modo, foi chegada a conclusão que para este tipo de projeto a configuração mais utilizada e mais
difundida na literatura foi do coletor solar de ar placa plana, criando assim um conceito para o
protótipo.
Após o projeto informacional e conceitual, foram selcionados materiais para construção do
aquecedor solar de ar por meio de uma pesquisa dos produtos fornecidos no mercado, e estes
foram determinantes para o dimensionamento do coletor. Após a seleção dos materiais, foi dado

43 | P a g e
início ao projeto detalhado, onde foi feita a análise térmica de acordo com a metodologia descrita
pelo referencial teorico na sessão 4.8, e foi projetado o modelo do protótipo em CAD.
O projeto do coletor solar de placa plana foi feito através do plano de desenvolvimento de
um produto descrito na Figura 27 ilustrada abaixo.

Figura 27: Plano de desenvolvimento do produto. Fonte: Bonacorso,2015

5.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROTÓTIPO


A caracterização do coletor solar de ar foi realizada entre os dias 11 de Dezembro de 2020
até o dia 7 de Janeiro de 2021 no Instituto de Inovação Tecnológica da Universidade de
Pernambuco – IIT/ UPE, localizado na Região Metropolitana do Recife, que encontrasse a 8m do
nível do mar, a uma latitude de 8,05° Sul e longitude de 34,98° Oeste.
O procedimento do ensaio, conforme a ANSI/ASHRAE Standard 93:2003, consiste em
determinar a constante de tempo do coletor solar, e a sua curva de eficiência térmica. As
medições foram realizadas posicionando o coletor solar direcionado ao Norte geográfico e
exposto à radiação solar de um dia de céu limpo. Durante os testes, o fluxo de massa e a
velocidade do ar foram mantidos constante. Para determinar a curva de eficiência térmica do
coletor, a temperatura de entrada foi variada, sendo aquecida com o auxílio de um soprador
térmico. Os instrumentos e sensores para realizar os ensaios estão dispostos conforme o esquema
da Figura 28 segundo as recomendações da norma ANSI/ASHRAE Standard 93:2003. A
calibração dos instrumentos utilizados no ensaios foi realizada de acordo com a norma NBR
13773.

44 | P a g e
Figura 28: Processo de Caracterização. Fonte: Adaptado de ASHRAE 93:2003.

Sensor de temperatura ambiente e do fluido: Pt 100 Classe A, com variação de leitura


de 0,02°C na faixa de - 50°C a 500°C, calibrados. Foram selecionados os seguintes
instrumentos de medição para o ensaio de bancada, para atender as condições da norma
aplicada:
 Anemômetro, com faixa de medição de 0 a 30 m/s e precisão de +/- 5% para medição
de vazão mássica e velocidade do ar externa ao coletor;
 Piranômetro Kipp&Zonen-CMP6 para medição de Irradiância Global Classe I
 Datalogger, Novus-FieldLogger para armazenamento dos dados coletados;
 Exaustor Vix-1/25 com potência de 10 W;
 Soprador térmico STD 1500N da DWT, de 1500 W de potência para aumentar a
temperatura do ar na entrada no coletor solar.

Os sensores de temperatura e o piranômetro foram conectados ao datalogger, que foi


ligado a uma fonte, juntamente com os outros instrumentos. As medições foram realizads a
cada 2 segundos e foram posteriormente processadas no software Microsoft Excel 2016.
5.3 LEVANTAMENTO DOS DADOS TÉCNICOS DAS SECADORAS INDUSTRIAIS
O levantamento das demandas térmicas das secadoras industriais foi feito por meio dos
dados técnicos apresentados na Tabela 03, retirada do datasheet da fabricante Mamute
equipamentos, no setor de secadoras rotativas. As máquinas escolhidas para o estudo foram as
máquinas com capacidade de 12 kg, 60kg e 120kg. Nesta tabela é possivel ver o consumo
elétrico e a gás e a potência de aquecedor, o fluxo de ar de secagem, e a temperatura de processo
de cada máquina.
Tabela 03: Dados Técnicos
Capacidade (kg) 12 60 120
Fluxo de massa de ar (m³/min) 12  38  76 
Potência de Aquecimento (kw) 11 49,5 99
Temperatura de Processo(°C) 80  100  140
Consumo de Gás (kg/h) 0,7 3,7 7,3
Consumo Elétrico (kw/h) 8,5  36,7 75,3
Fonte: Mamute (LTDA)

45 | P a g e
Com base nos dados observados no datasheet foi possível calcular a demanda térmica
das máquinas de secar de acordo com a Equação 30.
Dtérmica =N .n h . C gás . PCI GLP Eq(28);
Onde,
N, é o número de dias no mês;
n h, é o número de horas utilizadas durante o regime de trabalho;

C gás, é o consumo de gás;

PCI GLP, é o poder calorífero inferior;

A partir dos dados de consumo de gás e elétrico apresentados na tabela 01, foi
possível calcular o custo mensal de combustível (C cgás ) e de energia elétrica (C celétrico)
segundo as Equações 31 e 32.
C cgás =N . nh . C gás . C c gás
Eq(29);
C celétrico =N .n h . C gás . Cc elétrico
Eq(30);

Onde,
C c , é o custo do quilograma do gás GLP
gás

Ccelétrico
, é o custo do quilowatt de energia elétrica

5.4 ANÁLISE DE INTEGRAÇÃO E SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL

A análise da integração do sistema solar térmico ao processo industrial foi realizada


usando o software TRNSYS® – Transient System Simulation Tool, o qual é empregado
amplamente para análise de sistemas térmicos. As simulações realizadas no software TRNSYS®
foram desenvolvidas considerando três cenários: arranjo convencional, arranjo direto e arranjo
indireto.
Para as configurações com coletores solares foi determinada a fração solar que é a energia
térmica útil que o sistema auxiliar proposto é capaz de fornecer para atender a demanda de
processo. Ela é definida através da razão entre a quantidade de energia entregue pelo sistema
termossolar e a energia total requerida para que o processo ocorra.

Nesta simulação foram empregados os dados climatológicos da cidade de Recife, assim


como o horário de trabalho empregado na secadora. Também foram empregados os módulos
Type 117 e Type 146 para o queimador e o exaustor (fan) respectivamente. As principais
características destes componentes são:

● Queimador (Type117): O componente utilizado representa um dispositivo de


aquecimento de ar que pode ser controlado externamente ou configurado para atingir
automaticamente uma temperatura nominal. O queimador é limitado pela quantidade de energia
liberada e sua eficiência. As perdas térmicas do queimador são ignoradas neste tipo. O estado

46 | P a g e
de saída do ar é determinado por um balanço de energia baseado em entalpia que leva em
consideração os efeitos da pressão. A temperatura de saída do queimador foi mantida em
140°C em vista que esse valor foi medido em campo.

● Fan (Type146): O modelo 146 representa um ventilador que é capaz de girar em uma
única velocidade e, assim, manter uma taxa de fluxo volumétrica de ar constante. Como acontece
com a maioria das bombas e ventiladores em TRNSYS, o Tipo 146 considera a taxa de fluxo de
massa como uma entrada, mas ignora o valor, exceto para realizar verificações de balanço de
massa. O fluxo volumétrico, e o fluxo mássico foi definido de acordo com o Datasheet das
máquinas de secar da empresa Mamute, que corresponde ao fluxo utilizado no exaustor da
secadora industrial da lavanderia em estudo.

● Coletor Solar Placa Plana (Type 73): O modelo 73, apresenta um coletor solar placa
plana teorico. O conjunto total de coletores desse tipo consistem em coletores conectados em
série em paralelo, o desempenho térmico do conjunto é determinado pelo número ligados em
série e pelas características de cada módulo. Os valores do produto da transmitância e
absortância (τα) e o coeficiente geral de perdas de calor (UL) obtidos durante o processo de
caracterização, foram utilizados como dados de entrada para a simulação. O modelo de estado
estacionário Hottel-Whilier é o utilizado para avaliar o desempenho térmico.

A configuração para simulação é apresentada na Figura 29.

Figura 29: Sistema Integrado para Simulação. Fonte: Autor.

As calculadoras presentes na configuração ilustrada acima foram colocadas com a


finalidade de informar a área de coleta Ac, e o cálculo da Fração Solar baseado nos dados
simulados do calor produzido pelo banco de coletores e do calor requerido do queimador. O
Type 24, é um modelo de integrador utilizado para obter os parâmetros de energia mensal do
sistema. As simulações foram feitas para áreas de coleta de 2m2 até 512 m2.

47 | P a g e
5.5 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

A análise de viabilidade econômica foi feita através de um algoritmo no software


Pycharm® baseado na técnica LCS. O algoritmo utilizado para a análise de viabilidade
econômica está apresentado no Anexo I.
O custo do projeto foi calculado através da soma dos custos necessários para a construção
dos coletores solares de ar utilizados de acordo com a área de coleta. O custo de operação e
manutenção foi considerado 5% do custo total do projeto. O custo de propriedade foi estimado
de acordo com o valor da propiedade no primeiro ano, este valor foi calculado de acordo com a
metodologia da NREL.(NREL, 2021, s/n)
A metodologia LCS, descrita na sessão 4.9. do capítulo de Referêncial teorico, este
método permite avaliar o capital acumulado relativo a economia de energia devido a aplicação
do sistema auxiliar proposto para atender a demanda energética do processo convencional em
um determinado período de vida útil.
O LCS, é representado pelo valor presente líquido, que se trata de uma métrica
economico- financeiro cujo o objetivo é determinar o valor do capital no tempo presente
relacionando a diferença entre o valor de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros
apropriada e o custo do investivo inicial. A justificativa da escolha do modelo LCS foi dada
devido a abordagem limitada das outras duas técnicas para a presente problemática.
O método P1 e P2 não permite uma determinação direta da área de coleta
economicamente mais viável, e o método LCOE, apesar de ser muito utilizada na literatura, já
que não inclui o impacto de políticas de subsídio sobre as tecnologias, ela não leva em
consideração a variação dos custos, da degradação dos equipamentos e das taxas a longo prazo.
Desta forma foi criado um algoritmo em linguagem Python no software Pycharm, onde a
partir do método LCS, foi possível através da análise dos índices de, valor líquido presente,
payback e taxa interna de retorno (TIR), encontrar a área óptima de coleta para as máquinas
de secagem rotativas com capacidade de 12, 60 e 120 kg.

48 | P a g e
6
Resultados e Discussões
6.1 DESENVOLVIMENTO DE UM COLETOR SOLAR DE AR

O desenvolvimento do protótipo foi iniciado a partir do projeto informacional que resultou


na sessão 3.1 da revisão bibliográfica no capítulo 03. O projeto conceitual foi executado com
base nas configurações presentes de coletores solares de ar dispostos na literatura e notou-se que
o modelo mais difundido foi o coletor classificado como de placa plana. Dessa forma, no projeto
preliminar foi realizada a seleção de materiais a serem utilizados para a construção do protótipo.

6.1.1 SELEÇÃO DE MATERIAIS

 Placa absorvedora

Como pode ser observado na Tabela 04 abaixo, o alumínio apresenta um alto coeficiente
de condutividade térmica, estando só abaixo do cobre e da prata. Sendo assim, o material
escolhido para compor a placa absorvedora foi a chapa de alumínio, cuja finalidade foi de
facilitar a transferência de calor por condução. Dessa forma, a espessura escolhida para essa
chapa foi a menor disponível no mercado, cerca de 0,7 mm. Portanto, a placa absorsovedora foi
desenvolvida sendo composta por uma chapa de alumínio com 0,7 mm de espessura pintada de
preto.
Tabela 04 – Materiais para placa absorvedora
Materiais k(W/mK) Densidade (kg/m3) Custo(R$/m²)
Cobre 401 8.933 1.020,00
Alumínio 237 2.702 170,00
Prata 429 10.500 691.341,00

 Cobertura transparente

49 | P a g e
O vidro transparente com baixo teor de óxido de ferro foi a cobertura transparente
escolhida, pois esta pode transmitir a radiação solar em torno de 90%, garantindo uma redução
nas perdas térmicas por convecção no topo do coletor. Assim, a espessura do vidro escolhido
para compor o coletor tem 3 mm de espessura e foi submetido a um ensaio no espectrofotômetro
Femto 800XI do Instituto de Inovação Tecnológica da Universidade de Pernambuco,
apresentando um valor de transmitância de aproximadamente 0,93.

 Isolamento térmico
O critério utilizado para a seleção do material para o isolamento térmico foi de acordo
com o que apresenta-se a melhor relação custo-benefício, visto que os valores dos coeficientes de
condutibilidade térmica são muito próximos, como apresentado na Tabela 05 . Dessa forma, as
placas de isopor foram escolhidas como material para o isolamento térmico.
Tabela 05 – Materiais para Isolamento térmico
Materiais k(W/mK) Densidade (kg/m3) Custo(R$/m²)
I Isopor 0,036 32,5 47,25
Lã de Rocha 0,030 32 64,30
Lã de Vidro 0,031 16 56,33

6.1.2 PROJETO DETALHADO E CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO

O protótipo apresentou uma caixa protetora de alumínio, um vidro transparente com


espessura de 3mm, uma placa absorvedora de alumínio com 0,7 mm de espessura pintada de
preto fosco e um sistema de isolamento térmico de isopor com 50 mm de espessura. A distância
entre a placa absorvedora e a cobertura adotada foi de 35 mm, haja vista que é recomendável um
valor máximo de 40mm de distância entre a placa absorvedora e a cobertura transparente.
(Kalogirou, 2013). A Figura 30 ilustra a vista frontal em CAD do coletor solar de ar e suas
respectivas dimensões.

Figura 30: Projeto Detalhado. Fonte: Autor

A configuração final em CAD e o dispositivo construído estão ilustrados, respectivamente,


nas Figuras 31 e 32.

50 | P a g e
Figura 31: Projeto em CAD. Fonte: Autor. Figura 32: Protótipo. Fonte: Autor.

 ANÁLISE TÉRMICA
A análise térmica feita através da sessão 4.7 do capítulo 04, esta apresentou como
resultado os produtos entre o fator de remoção de calor e o coeficiente global de perdas (FrU L)
e entre o fator de remoção e o produto transmitância-absortância (Frτα). Estes valores foram,
respectivamente, de 5,417 W/m2K e 0,433. A Tabela 06 apresenta os dados e resultados
utilizados no presente modelo de análise térmica do coletor em estudo.
Tabela 06 – Dados e Resultados do Modelo de Análise Térmica
Dados Valor Unidades
Β 18 °
mar 0,134 kg/s
cpar 1007 J/kg.K
Vw 5,55 m/s
Dh 0,077 m
Re 9,764.106
Pr 0,707
Nu 21,865
hc,p-a 7,482 W/m2
Ng 1
Tpm 319,7 K
Ta 300 K
hw 26,79 W/m2K
εp 0,92
εg 0,88
Σ 5,6697.10-6 m2kg/s2K
Cx 511,408
Ut 8,289 W/m2K
hr,p-b 5,87 W/m2K
H 10,653 W/m2K
F´ 0,47
Fr 0,451
Fr(τα) 0,416

51 | P a g e
Fr(UL) 5,417 W/m2K

6.1.2 CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DO COLETOR SOLAR DE AR

De acordo a ASHRAE Standard 93:2003 para determinar a curva de eficiência térmica de


um coletor solar é necessário coletar ao menos 4 dados para 4 diferentes temperaturas de
entrada sob as condições de regime permanente ou quase-permanente durante os ensaios. As
temperaturas de entrada empregadas nos experimentos foram de aproximadamente 30°C, 34°C,
39°C e 45°C. Dessa forma foi possível encontrar um Fr(τα) igual a 0,3855 e um FrUL de 6,39
W/m2K, como mostrado no gráfico da Figura 33.

n
0.45
0.4
0.35 f(x) = − 6.39 x + 0.39
0.3
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
0
0 0 0 0.01 0.01 0.01 0.01
Figura 33 – Gráfico da Caracterização de um Coletor Solar de Placa Plana. Fonte: Autor.

Sendo assim, foi possível fazer um comparativo entre o método analítico e o método
experimental do ensaio, cujo valor de erro encontrado foi de aproximadamente 10% para o valor
do Fator de Transmitância-Absortância (Fr(τα)) e um erro de aproximadamente 16% para o valor
do Fator de Remoção de Calor (FrU L). Esta diferença pode ser justificada porque o método
analítico não contempla todas as variáveis que compreende o projeto.

6.1.2 CUSTO DO COLETOR SOLAR DE AR

O valor total do dispositivo proposto foi de R$ 831,00. Tal valor é considerado baixo, uma
vez que apresenta custo duas vezes inferior quando comparado com o valor de um coletor solar
de ar similar no mercado internacional, que é aproximadamente de US$ 360/m² (Zhejiang Oscar
Science Technology Co.,Ltd). A Tabela 07 apresenta o custo dos materiais empregados na
construção do coletor solar de ar e o custo total do dispositivo.
Tabela 07 – Tabelas de Custos do Projeto
Materiais Custo (R$)
Alumínio 570,00
Isopor 41,60
Vidro transparente 130,00
Tinta fosca preta 30,00

52 | P a g e
Exaustor 60,00
Silicone 20,00
Total (R$) 851,60

6.2 LEVANTAMENTO DOS DADOS DA DEMANDA TÉRMICA


O cálculo da demanda térmica foi realizado com base nos dados fornecidos pelo Datasheet
da empresa Mamute de acordo com a metodologia descrita na sessão 5.3. As máquinas
apresentaram valores médios mensais de demanda térmica de acordo com suas capacidades de
carga, respectivamente, de 9,95 GJ, 52,6 GJ e de 103,6 GJ.

6.3 ANÁLISE TÉRMICA DO SISTEMA TERMOSSOLAR


As funções da fração solar da área de coleta das máquinas de 12 kg, 60 kg e 120kg, foram
obtidas através do resultado das simulações feitas no software TRNSYS® descritas na
metodologia na sessão 5.4. A Figura 34 ilustra os gráficos das funções obtidas por meio das
simulações.

100
90
80
70
60 Fs-12 kg
Fs-60 kg
50 Fs-120 kg
40
30
20
10
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Figura 34 – Gráfico da Função da Fração Solar pela Área de Coleta. Fonte: Autor.

6.4 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Os resultados obtidos na análise econômica foram:


1. Levantamento dos custos de processo convencional;
2. Levantamento dos custos do projeto termossolar;
3. Funções dos valor presente líquido (VPL) pela área de coleta das máquinas de 12
kg, 60 kg e 120 kg, utilizando como fontes de energia o GLP e a energia elétrica;
4. Área ótima de coleta e sua fração solar correspondente;
5. A taxa interna de retorno (TIR) e o Payback das máquinas de 12 kg, 60kg e 120
kg, utilizando como fontes de energia o GLP e a energia elétrica;
6. Análise de Sensibilidade com preço da energia e com o preço do custo do projeto,
ambos variando em torno de 10%.

53 | P a g e
6.4.1 LEVANTAMENTO DOS CUSTOS DE COMBUSTÍVEL E ENERGIA DO
PROCESSO CONVENCIONAL

O cálculo dos custos do processo convencional foi realizado considerando os preços do gás
GLP de 4,47 R$/kg, e da energia elétrica de 0,47 R$/kWh. Deste modo, observou-se que as
máquinas com capacidade de 12, 60 e 120kg que utilizam a eletricidade como fonte de energia
apresentam um custo de energia anual de R$ 14.116,38, R$ 64.298,40 e de R$ 125.054,48,
respectivamente. Estes valores de custo foram maiores que as máquinas que utilizam GLP que
apresentam um custo anual de combustível de R$ 11.420,85, R$ 60.367,35 e R$ 119.103,15. A
taxa de inflação dos combustíveis utilizada para a análise econômica foram de 4,24 % para
energia elétrica (Celpe, 2020,s/n) e de 4,52 % (IBGE, 2020,s/n) para o GLP.

6.4.2 LEVANTAMENTO DOS CUSTOS DO PROJETO TERMOSSOLAR

O levantamento dos custos do projeto termossolar foi feito através da pesquisa de preços
dos componentes necessários para a instalação do sistema termossolar disponíveis no mercado.
A Tabela 08 exibe os valores do projeto por área de coleta.
Tabela 08-Tabelas de Valor do Projeto
Área (m²) Valor do projeto (R$)
2 R$ 1.194,15
4 R$ 2.388,30
6 R$ 3.582,45
8 R$ 4.776,60
12 R$ 7.164,90
16 R$ 9.553,20
18 R$ 10.747,35
32 R$ 19.106,40
36 R$ 21.494,70
64 R$ 38.212,80
72 R$ 42.989,40
128 R$ 76.425,60
144 R$ 85.978,80
256 R$ 152.851,20
288 R$ 171.957,60
512 R$ 305.702,40

O custo extra de propriedade foi calculado com base na metodologia proposta pela
National (NREL, 2021, s/n) acerca do custo da área por m² e em função do valor de Imposto
Predial e Territorial Urbano (IPTU) da cidade do Recife/PE. Já o custo extra relativo às
atividades de operação manutenção e segurança foram determinados de acordo com a
metodologia proposta pela NREL- (National Renewable Energy Laboratory – NREL), que
utiliza um valor de 0,5% a 1,0% do custo inicial de instalação. (NREL, 2021, s/n)

54 | P a g e
6.4.3 RESULTADOS DA ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

A análise econômica foi feita através do método do LCS, disposta na sessão 4.9 do
capítulo 04. Para este método foram adotados como premissas os dados expostos nas tabelas 09 e
10. Estes dados apresentam taxa anuais relativas à inflação do combustível, de desconto de
mercado, de depreciação do Mercado, do Índice Geral do Preço de Mercado (IGPM) e da
depreciação do dispositivo.
Como pode ser visto nas tabelas, o gás liquefeito de petróleo (GLP) apresenta inflação
maior que a energia elétrica, porém, como visto na sessão 6.41, o custo mensal de consumo de
energia elétrica torna-se maior para as máquinas que utilizam este tipo de energia do que para as
que utilizam o GLP como combustível. Isto se deve ao valor do preço da energia do GLP em
relação ao valor do preço da energia elétrica.
Tabela 09 – Tabelas de Taxas e Impostos
ELÉTRICO
Considerações Valore Unidades Referências
s
Inflação do Combustível 4,21 % a.a (IBGE,2020,s/n)
Implementação do Projeto (BDI + taxa 6,5 % a.a (Autor)
imposto sobre o lucro)
Índice Geral de Preço de Mercado (IGPM) 23,14 % a.a (IGPM,2021,s/n)
Depreciação do Dispositivo 10 % a.a (NCM, 2021,s/n)
Depreciação de Mercado (IGPM + 33,14 % a.a (IGPM,2021,s/n)
Depreciação do dispositivo)
Juros do Financiamento 0 % a.a -
Percentual de Valor Pago à Vista 100 % -
Desconto do Mercado (Selic) 2 % a.a (BCB,2021, s/n)
Operação Manutenção e Segurança 0,5 % a.a (NREL,2021,s/n)
Alíquota do terreno (IPTU) 3 %a.a (CTM, 2021,s/n)
Propriedade 162 $US/ft² (NREL,2021,s/n)

Tabela 10 – Tabelas de Taxas e Impostos


GLP
Considerações Valore Unidades Referências
s
Inflação do Combustível 4,52 % a.a (Celpe,2020,s/n)
Implementação do Projeto (BDI + taxa 6,5 % a.a
imposto sobre o lucro) (Autor)
Índice Geral de Preço de Mercado (IGPM) 23,14 % a.a (IGPM,2021,s/n)
Depreciação do Dispositivo 10 % a.a (NCM, 2021,s/n)
Depreciação de Mercado (IGPM + 33,14 % a.a
(IGPM,2021,s/n)
Depreciação do dispositivo)
Juros do Financiamento 0 % a.a -
Percentual de Valor Pago à Vista 100 % -
Desconto do Mercado (Selic) 2 % a.a (BCB,2021, s/n)
Operação, Manutenção e Segurança 0,5 % a.a (NREL,2021,s/n)

55 | P a g e
Alíquota do terreno (IPTU) 3 % a.a (CTM, 2021,s/n)
Propriedade 162 $US/ft² (NREL,2021,s/n)

 Máquinas com capacidade de 12 kg


A análise de viabilidade econômica mostrou que o sistema termossolar integrado as
máquinas com capacidade de 12kg que utilizam GLP como fonte de energia, apresentou um
valor presente líquido máximo de R$ 31.069,54, uma área ótima de coleta de 64 m 2, com uma
fração solar correspondente de 64,03%, um de Payback de 11 anos e uma taxa interna de retorno
(TIR) de 9%. A Figura 36 ilustra o gráfico das funções LCS e Fração solar pela área de coleta.

80 35000

70 30000
60
25000
50
20000 Fs
40 LCS
15000
30
10000
20

10 5000

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Figura 35 – Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas de 12 kg que
utilizam GLP como fonte de energia. Fonte: Autor.

Já a análise de viabilidade econômica do sistema termossolar integrado às máquinas com


capacidade de 12 kg que utilizam eletricidade como fonte de energia integrados ao sistema
termossolar proposto apresentou um valor presente líquido máximo de R$ 68.036,60, uma área
ótima de coleta de 68 m2, com uma fração solar correspondente de 68,69%, um de Payback de 8
anos e uma taxa interna de retorno (TIR) de 13%. A Figura 36, ilustra o gráfico das funções de
LCS, e de fração solar pela área de coleta.

56 | P a g e
80 80000

70 70000

60 60000

50 50000

40 40000 Fs
LCS
30 30000

20 20000

10 10000

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Figura 36 – Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas de 12 kg
que utilizam eletricidade como fonte de energia. Fonte: Autor.

Como pode ser visto no gráfico ilustrado na Figura 37, o LCS para sistemas que
utilizam resistência elétricas apresenta valores superiores que as máquinas que utilizam GLP.

80000
70000
60000
LCS(Elétrico)
50000
LCS (GLP)
40000
30000
20000
10000
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Figura 37 – Gráfico das Funções LCS(máquinas elétricas/12kg) e LCS(máquinas com GLP/60kg) pela Área de
Coleta Fonte: Autor.

 Máquinas com capacidade de 60 kg


A análise feita para o sistema termossolar integrado as máquinas de secar com capacidade
de 60 kg que utilizam GLP como fonte de energia, apresentou uma área de coleta ótima de 264
m2, com uma fração solar correspondente de 57 %, um valor presente líquido máximo (VPL) de
R$ 246.325,40, um Payback de 8 anos e uma taxa interna de retorno (TIR) de aproximadamente
13%. A Figura 38 ilustra o gráfico do LCS e da Fração Solar pela área de coleta.

57 | P a g e
90 300000
80 250000
70
200000
60
50 150000 Fs
40 100000 VPL
30
50000
20
10 0

0 -50000
0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 500.00 600.00

Figura 38- Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas de 60 kg que
utilizam GLP como fonte de energia. Fonte: Autor.

Já a análise de viabilidade econômica para as máquinas com capacidade de 60 kg que


utiliza eletricidade como fonte de energia integrados ao sistema termossolar proposto apresentou
um valor presente líquido máximo de R$ 274.722,70, uma área ótima de coleta de 269 m 2, com
uma fração solar correspondente de 58,06%, um de Payback de 8 anos e uma taxa interna de
retorno (TIR) de 14%. O gráfico ilustrado na Figura 39 ilustra a função da Fração Solar e do
LCS pela área de coleta.

90 300000
80
250000
70
60 200000
Fs
50 VP
150000 L
40
30 100000
20
50000
10
0 0
0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 500.00 600.00

Figura 39 – Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas com
capacidade de 60 kg que utilizam eletricidade como fonte de energia. Fonte: Autor.

Embora apresentem comportamentos semelhantes, quando comparamos as curvas da


função de LCS pela área das máquinas que utilizam GLP e eletricidade como fonte de energia,
nota-se que o sistema termossolar integrado ao processo de secagem que utilizam eletricidade

58 | P a g e
apresenta um LCS máximo com valor superior aos das máquinas que utilizam GLP como fonte
de energia. A Figura 40 apresenta a comparação das curvas de LCS das máquinas que utilizam
eletricidade e GLP em função da área.

300000

250000
LCS(Gás)
200000
LSC
150000 (Elétrico)

100000

50000

0
0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 500.00 600.00

Figura 40– Gráfico das Funções LCS(máquinas elétricas /60kg) e LCS(máquinas com GLP/60kg) pela Área de
Coleta Fonte: Autor.
 Máquinas com capacidade de 120 kg
A análise de viabilidade econômica mostrou que o sistema termossolar integrado as
máquinas de secar que utilizam GLP apresentou uma área ótima de coleta de 475 m 2, com uma
fração solar correspondente de 57,30%, um valor presente líquido (VPL) de R$ 572.540,34, um
de Payback de 8 anos e uma taxa interna de retorno (TIR) de aproximadamente 15%. A Figura
41 ilustra o gráfico da Fração Solar e o LCS, pela área de coleta.

70 600000.00

60 500000.00
50
400000.00
40
300000.00 Fs
30 V
PL
200000.00
20

10 100000.00

0 0.00
0 100 200 300 400 500 600

Figura 41 – Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas com
capacidade de 120 kg que utilizam GLP como fonte de energia. Fonte: Autor.

59 | P a g e
Já a análise de viabilidade econômica para as máquinas com capacidade de 120 kg que
utiliza eletricidade como fonte de energia integrados ao sistema termossolar proposto apresentou
um valor presente líquido máximo de R$ 581.639,42, uma área ótima de coleta de 512 m 2, com
uma fração solar correspondente de 58,45%, um de Payback de 8 anos e uma taxa interna de
retorno (TIR) de 16%. O gráfico ilustrado na Figura 42 ilustra a função da Fração Solar e do
LCS pela área de coleta.

70 700000.00
60 600000.00
50 500000.00 Fs
40 400000.00 V
P
30 300000.00 L

20 200000.00
10 100000.00
0 0.00
0 100 200 300 400 500 600

Figura 42 – Gráfico das Funções LCS e Fração Solar pela Área de Coleta das máquinas com
capacidade de 120 kg que utilizam eletricidade como fonte de energia. Fonte: Autor.

Diante do exposto, observa-se que as máquinas com capacidade de 120 kg que


utilizam energia elétrica como fonte apresentam um valor de LCS máximo superior aos
sistemas que utilizam GLP. Isto pode ser notado ao analisar o gráfico das funções de LCS
das máquinas que utilizam GLP e eletricidade pela área de coleta, conforme ilustrado na
Figura 44. Pode-se também observar no gráfico que o valor presente líquido apresenta
valores bastante similares entre os sistemas para áreas de coleta com valores próximos de
400 m².

700000.00

600000.00

500000.00

400000.00 LCS(GLP)
LCS(elétrico)
300000.00

200000.00

100000.00

0.00
0.00 200.00 400.00 600.00 800.00

60 | P a g e
Figura 44 – Gráfico das Funções LCS(máquinas elétricas /120kg) e LCS(máquinas com GLP/120kg) pela Área
de Coleta Fonte: Autor.

Deste modo a análise de viabilidade econômica mostrou que o sistema termossolar


integrado as máquinas que utilizam energia elétrica apresentam valores semelhantes às
máquinas que utilizam GLP. Isto acontece devido aos valores superiores de custo do consumo
da energia elétrica, e o valor semelhante das taxas de inflação da energia elétrica e do GLP.
Entretanto a aplicação do sistema termossolar ao processo de secagem, mostrou-se viável para as
duas modalidades. A Tabela 11 apresenta os valores dos resultados extaídos da análise de
viabilidade técnica e econômica para as máquinas de 12, 60 e 120kg.
Tabela 11 – Tabelas de Resultados da Viabilidade Econômica
Fonte de Energia GLP Elétrico
Capacidade(kg) 12 60 120 12 60 120
TIR(%) 9 13 15 13 14 16
Payback (Anos) 11 8 8 8 8 8
VPLmáx (R$) 31069,5 246345,4 572540,34 68036,6 274722,7 581639,42
4 0
Fração Solar (%) 64,03 57 57,30 68,69 58,06 58,45

7
Conclusão

Neste trabalho foi desenvolvido um coletor solar de ar placa plana, um produto escasso no
mercado nacional, com um valor aproximadamente 50% inferior quando comparado ao valor dos
modelos disponíveis no mercado internacional. A análise térmica e a caracterização do sistema
apresentaram resultados de eficiência semelhantes com os disponíveis na literatura. A análise de
viabilidade técnica do sistema termossolar integrado ao sistema convencional foi feita através da
simulação no software TRNSYS®, esta apresentou como resultado a função da fração solar pela
da área de coleta, para as máquinas com capacidade de 12kg, 60kg e 120kg sendo possível obter
a fração solar correspondente de acordo com a área de coleta disponível para as lavanderia
industrial que utilizam este tipo de processo de secagem.
A análise de viabilidade econômica foi realizada através de um algoritmo feito em
linguagem Python no software Pycharm baseado na técnica LCS, e mostrou que as máquinas

61 | P a g e
que utilizam eletricidade como fonte de energia, apresentam resultados mais atrativos, no entanto
o uso integrado do sistema termossolar apresentou-se viável para ambas as modalidades.
Também pode se concluir baseado nos resultados extraídos da análise, que quanto maior a
capacidade das máquinas, maior a taxa interna de retorno, mostrando assim o uso da tecnologia
termossolar como uma alternativa interessante e viável como fonte auxiliar de energia para o
processo de secagem em lavanderias industrias.

Anexo I

import numpy_financial

# importando os dados gerais do processo


valorCombus = 14116.38 # (120 kg): ELÉTRICO = 14116.38 & GLP = 11420.85 [R$/ano]
inflaçãoCombus = (4.52/100) # ELÉTRICO = 4,24% & GLP = 4,52%
periodoAnalise = 20
jurosFinanciamento = (0/100)
periodoFinanciamento = 12
impostoMOS = (6.5/100)
impostoP = (6.5/100)
taxaDepreciacao = (33.14/100)
taxaDesconto = (2/100)
percentualAvista = (100/100)
NRELtaxaMOS = (0.5/100)
NRELpropriedade = 162
conversaoRealDolar = 5.17
aliquotaTerrenoRecife = (3/100)
conversaoPes2toM2 = 0.3048

# importando os dados por m²


frs = (68.69/100) # FRAÇÃO SOLAR
area = 72 # ÁREA
valorProjeto = 42989.40

62 | P a g e
# VALOR PROJETO

#
#
# PARTE PARA NÃO ALTERAR (DAQUI P/ BAIXO)
#
#
valor1anoMOS = NRELtaxaMOS * valorProjeto
valor1anoP = ((NRELpropriedade * conversaoRealDolar)/conversaoPes2toM2) * aliquotaTerrenoRecife
* area
valorAvista = percentualAvista * valorProjeto

vetorTIR = []
vetorPayback = []
vetorLCS = []

# Analise economica
tempo = 0 # Contador do tempo
vetorEconomiaSolar = []

# Prestação
if jurosFinanciamento == 0 or periodoFinanciamento == 0:
prestacao = 0
else:
prestacao = (valorProjeto-valorAvista)/((1/(jurosFinanciamento))(1-
(1/(jurosFinanciamento+1))*(periodoFinanciamento)))
vetorPrestacao = []

# Saldo devedor
vetorSaldoDevedor = [] # O valor que ainda devo do projeto

# Custo extra de manutenção, operação e segurança


vetorCustoExtraMOS = []
vetorCustoExtraP = []

# Taxa economica
vetorTaxaEconomica = []

# Fluxo de caixa
vetorEconomiaSistAux = [] # O resultado das econmias menos as depesas do sistema
# Fluxo de caixa no presente
vetorVPL = [] # O fluxo de caixa trazido para o presente
while tempo <= periodoAnalise:
if tempo == 0:
vetorEconomiaSolar.append(0)
vetorPrestacao.append(0)
vetorSaldoDevedor.append(round(valorProjeto-valorAvista, 2))
vetorCustoExtraMOS.append(0)
vetorCustoExtraP.append(0)
vetorTaxaEconomica.append(0)
vetorEconomiaSistAux.append(round(-valorAvista, 2))
else:
vetorEconomiaSolar.append(round(frs*valorCombus*((1+inflaçãoCombus)**(tempo-1)), 2))
vetorCustoExtraMOS.append(round(valor1anoMOS*(impostoMOS+1)**(tempo-1), 2))
vetorCustoExtraP.append(round(valor1anoP*(impostoP+1)**(tempo-1), 2))
if periodoFinanciamento >= tempo:
vetorPrestacao.append(round(prestacao, 2))
vetorSaldoDevedor.append(round(vetorSaldoDevedor[tempo-1]-
prestacao+vetorSaldoDevedor[tempo-1]*jurosFinanciamento, 2))
else:

63 | P a g e
vetorPrestacao.append(0)
vetorSaldoDevedor.append(0)
vetorTaxaEconomica.append(round(taxaDepreciacao*(vetorSaldoDevedor[tempo-
1]*jurosFinanciamento+vetorCustoExtraP[tempo]), 2))
vetorEconomiaSistAux.append(round(vetorEconomiaSolar[tempo]-vetorPrestacao[tempo]-
vetorCustoExtraMOS[tempo]-vetorCustoExtraP[tempo]+vetorTaxaEconomica[tempo], 2))
vetorVPL.append(round(vetorEconomiaSistAux[tempo]/((1+taxaDesconto)**(tempo)), 2))
tempo = tempo + 1
# VPL
VPL = sum(vetorVPL)
vetorLCS.append(round(VPL, 2))

# PAYBACK
somaValor = 0
cont = 0
for t, v in enumerate(vetorVPL):
somaValor = somaValor + v
if somaValor >= 0 and cont == 0:
vetorPayback.append(t)
cont = cont + 1
if t == len(vetorVPL) - 1 and cont == 0:
vetorPayback.append(f'Payback_maior_que_{periodoAnalise}')
# TIR
TIR = numpy_financial.irr(vetorEconomiaSistAux)
vetorTIR.append(TIR)

print(vetorEconomiaSolar)
print(vetorPrestacao)
print(vetorSaldoDevedor)
print(vetorCustoExtraMOS)
print(vetorCustoExtraP)
print(vetorTaxaEconomica)
print(vetorEconomiaSistAux)
print(vetorVPL)
print('LCS: ', vetorLCS)
print('Payback: ', vetorPayback)
print('IRR:', vetorTIR)

out = list()
out.append(vetorEconomiaSolar)
out.append(vetorPrestacao)
out.append(vetorSaldoDevedor)
out.append(vetorCustoExtraMOS)
out.append(vetorCustoExtraP)
out.append(vetorTaxaEconomica)
out.append(vetorEconomiaSistAux)
out.append(vetorVPL)
out.append(vetorLCS)

f = open("py_outputs.dat",'w')
outline = " ".join(str(x) for x in out) # Escreve vetor de saida
f.write(outline)
f.close

64 | P a g e
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