Você está na página 1de 12

Cálculo I

Aula 1: Conceituação de Derivada

Apresentação
É fundamental que se veja a Matemática não somente como um �m em si mesma, mas também como instrumento de
compreensão de outras áreas de conhecimento.

O Cálculo Diferencial é tema fundamental no estudo da matemática, uma vez que possui aplicações em diversas áreas,
tais como física, química, estatística, economia, entre outras. O Cálculo diferencial pode ser considerado uma ferramenta
de pensamento essencial para qualquer ciência pura e aplicada.

Objetivos
• Identi�car o contexto geométrico da derivada;

• Identi�car e determinar a aplicação da derivada no contexto físico;

• Identi�car e determinar a derivada como uma taxa de variação.

Conceituação de Derivada

Inúmeros são os exemplos nos quais observamos a necessidade do cálculo de taxas de variação: taxa de velocidade de
um corpo em movimento, taxa de crescimento de certa população, taxa de crescimento econômico de um país, taxa de
mortalidade infantil, taxa de variação de temperatura, dentre outros.

 Fórmulas matemática. Fonte: Pixabay.

O conceito de derivada está relacionado à taxa de variação


instantânea de uma função. Uma taxa de variação está relacionada ao
conceito da medida de evolução de uma grandeza quando uma outra
grandeza, da qual a primeira depende, varia.

Taxas de Variação
Podemos citar vários tipos de taxas de variação em diversas áreas de interesse:

 
Física
Química
A velocidade de uma partícula é a taxa de variação do
Taxa de reação é a taxa de variação da concentração de um
deslocamento em relação ao tempo. Potência é a taxa de
reagente em relação ao tempo
variação do trabalho em relação ao tempo

 
Siderurgia Biologia
Custo marginal é a taxa de variação do custo de produção de x Taxa de variação populacional de uma colônia de bactérias no
toneladas de aço por dia em relação a x. tempo.

Podemos observar a existência de interpretações para a


derivada, interpretações estas que não são independentes,
mas sim, que se complementam.

Do ponto de vista do estudo da Dinâmica, veremos que a


velocidade escalar instantânea é uma derivada, bem como a
aceleração. Tanto a velocidade instantânea, quanto a
aceleração são vistas como taxas de variação. A velocidade
é a taxa de variação do espaço com relação ao tempo e a
aceleração é a taxa de variação da velocidade com relação
ao tempo.

 Aceleração. Fonte: Pixabay.

Velocidade de um automóvel
Suponha um objeto se movendo sobre uma linha reta de acordo com a equação s=f(t), onde s é o
deslocamento do objeto a partir da origem no instante t. Dessa forma, a função f, chamada função
posição, descreve o movimento do objeto.

Taxa deSuponha
variação instantânea geral
agora que a velocidade média seja calculada em intervalos cada vez menores, em outras
palavras, façamos com que h tenda a zero. Este raciocínio os fornecerá a velocidade instantânea do
objeto.
Suponha que y é uma quantidade que depende de outra quantidade. Dizemos, portanto, que y é uma função de x escrevemos
y= f(x).

Se x varia de x1 para x2, a variação de x (incremento de x) é Δx = x2 = x1. A variação correspondente de y é Δy = y 2 – y 1 = f (x 2) –


f (x1).

A Razão

∆y y2 - y1 ( )
f x2 ( )
- f x1
= =
∆x x2 - x1 x2 - x1

É a chamada de taxa de variação média de y em relação a x quando x varia


de x1 para x2.
Já que Δx = x2 – x1 -> x2 = x1 + Δx podemos escrever:

∆y (
f x1 + ∆ x ) - f(x )1

∆x
= ∆x

Se y = f(x) de�niremos de taxa de variação instantânea de y em relação a x no instante em que x=x 1, como:

∆𝑦 𝑓 𝑥1 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥1
lim = lim  
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 ∆𝑥 → 0 ∆𝑥

 Fonte: Pixabay.

Exemplo

Um cubo de metal com aresta x é expandido uniformemente como consequência de ter sido aquecido. Calcule a taxa de
variação média de seu volume em relação à aresta quando x aumenta de 2 para 2,01cm.

Resolução: A função representativa do volume em termos da aresta de um cubo é dada por: f (x) = x³.Calculemos a taxa de
derivação média, deixando para substituir os valores no �nal. Cálculo.

Ponto de vista geométrico da derivada

O conceito de derivada está relacionado também com o conceito de tangência. Do ponto de vista geométrico, a derivada
é a reta da tangente à uma curva em um ponto de vista trigonométrico, a derivada é igual à tangente do ângulo que essa
reta faz com o eixo dos x.

 Fórmula Matemática. Fonte: Pixabay.

Coe�ciente angular da reta tangente a um grá�co em um ponto


Suponha que queremos calcular a reta tangente do grá�co
de uma função f em:

P = (x1,y1) com y1 = f (x1)

 Fonte: Shutterstock.

Para determinarmos a equação da reta tangente


necessitamos de um ponto (já temos P) e do coe�ciente
angular da reta.

Consideremos um ponto vizinho a P, também pertencente a


f , Q = (x1 + Δxxy1 + Δy) = (x1 + Δx, f(x1 + Δx)).

∆𝑦
O coe�ciente angular da reta secante PQ será ∆𝑥 =
𝑓 𝑥1 + ∆𝑥 − 𝑓 𝑥1
∆𝑥

Fazemos então Q se aproximar de P cada vez mais, Note


que se o ponto Q coincide com o ponto P, e, portanto, a reta
tangente. Em outras palavras, a reta tangente é a posição
limite da reta secante PQ quanto Q tende a P.

∆𝑦 𝑓 𝑥1 + ∆𝑥 − 𝑓 𝑥1
∆𝑥 = ∆𝑥

Coe�ciente angular da secante

∆𝑥 → 0 = 𝑄 → 𝑃                           ↓

Secante gira em torno de P


A inclinação da tangente será, portanto,
∆𝑦 𝑓 𝑥1 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥1
𝑚 = lim = lim  
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 ∆𝑥 → 0 ∆𝑥

Seja f função de�nida pelo menos em algum intervalo contendo o número x1


e seja y1=f(x1).
∆𝑦 𝑓 𝑥1 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥1
Se o limite 𝑚 = lim = lim   existe, diremos que a linha reta
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 ∆𝑥 → 0 ∆𝑥

no plano xy contendo o ponto (x1, y1) e tendo coe�ciente angular m é a reta


tangente ao grá�co de f em (x1, y1)

A derivada de uma função

A derivada de função em um numero x1, denotado por f(x1) é:

∆𝑦 𝑓 𝑥1 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥1
𝑓 '𝑥1 = lim = lim  
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 ∆𝑥 → 0 ∆𝑥

se o limite não existe.

Observação:

A reta tangente a y=f(x) em (x1, f(x1) ) é a reta que passa por (x1, f(x1) ) e tem inclinação igual a f' (x 1), que é a derivada de f
em x1.

 Fonte: Pixabay.

Dada uma função f, a função f' de�nida por:

∆𝑦 𝑓 𝑥1 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥1
𝑓 '𝑥1 = lim = lim  
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 ∆𝑥 → 0 ∆𝑥

é chamada a derivada de f.

' 𝑑𝑦 𝑑𝑓 𝑑
𝑓 '𝑥 = 𝑦 = 𝑑𝑥
= 𝑑𝑥
= 𝑑𝑥
= 𝑓 𝑥 = 𝐷𝑓 𝑥 = 𝐷𝑥 𝑓 𝑥

Exemplo
Determine f'(x) para a funçãof(x)=x3 utilizando a de�nição de derivada.
3 3 3 2 2 3 3
𝑓 𝑥 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥 𝑥 + ∆𝑥 − 𝑥 𝑥 + 3𝑥 ∆𝑥 + 3𝑥∆𝑥 + ∆𝑥 − 𝑥
𝑓 '𝑥 = lim   ∆𝑥 = lim ∆𝑥 = lim ∆𝑥
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 → 0 ∆𝑥 → 0

2
= lim 3𝑥 3 + 3𝑥 ∆ 𝑥 + ∆ 𝑥 = 3𝑥 2
∆𝑥 → 0

Diferenciação
Diferenciação é o processo de cálculo de uma derivada.

Observação: Os símbolos D e d / dx são ditos operadores


diferenciais, uma vez que indicam a operação de
diferenciação.

Uma função f é diferenciável em a se f' (a) existir. É


diferenciável em um intervalo aberto (a,b) ou (a, ∞) ou (a, ∞)
ou (-∞, a) ou (-∞, ∞) se for diferenciável em cada intervalo.
 Fonte: Shutterstock

Derivada à esquerda e à direita


Derivada à esquerda Derivada à direita
𝑓 𝑥 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥 𝑓 𝑥 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥
𝑓 '𝑥 = lim −   ∆𝑥 𝑓 '𝑥 = lim∓   ∆𝑥
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 → 0

Atenção

Teorema: Se f for diferenciável em a, então f é contínua em a.

Prova: Considere por hipótese que f é diferenciável.


Precisamos mostrar que f é contínua, ou seja que:

lim   𝑓 𝑥 + ∆ 𝑥   = 𝑓 𝑥
∆𝑥 → 0

lim   𝑓 𝑥 + ∆ 𝑥   − 𝑓 𝑥
∆𝑥 → 0

= lim   𝑐   ∆ 𝑥 =
∆𝑥 → 0

𝑓 𝑥 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥
lim   ∆𝑥 lim ∆ 𝑥 = 𝑓 '𝑥 . 0 = 0
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 → 0

A recíproca do teorema não é verdadeira. Existem funções


que são contínuas, mas não são deferenciaveis.
 Fonte: shutterstook Por vectorfusionart.
Exemplo

f (x)=|x| é uma função contínua 0, mas não é diferenciável

𝑥   𝑠𝑒   𝑥 ≥ 0
De fato, 𝑓 𝑥 =
− 𝑥   𝑠𝑒 < 0

Temos então que determinar

∆𝑦 𝑓 𝑥1 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥1
𝑓 '𝑥1 = lim = lim  
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 ∆𝑥 → 0 ∆𝑥

Calculando o limite à esquerda e a direita Veja o cálculo.

Como uma função pode não ser diferenciável?


Em geral se o grá�co de uma função tiver uma “quina” ou uma “dobra”, este grá�co não terá tangente neste ponto e,
portanto, f não será diferenciável ali. O que ocorre é que ao calcularmos f’(a) descobriremos que o limite à direita será
diferente do limite à esquerda.
Pelo teorema acima, se f for descontínua em a, f não será diferenciável em a.

Quando a curva tem uma reta tangente vertical em x=a.

Cálculo

f (x1 + Δx) = (x1 + Δx)³

f (x1 + Δx) = (x1)³ + 3(x1)² Δx + 3x1 (Δx)² + (Δx)³

f (x1) = (x1)³

f (x1 + Δx) - f (x1) = (x1)³ + 3(x1)² Δx + 3x1 (Δx)² + (Δx)³ - (x1)³

f (x1 + Δx) - f (x1) = 3(x1)² Δx + 3x1 (Δx)² + (Δx)³

2 2 3 2
∆𝑦 𝑓 𝑥1 + ∆𝑥 − 𝑓 𝑥1
∆𝑥 = ∆𝑥 = 3𝑥1 ∆𝑥 + 3𝑥1 ∆𝑥 + ∆𝑥
∆𝑥 = 3𝑥1 2 + 3𝑥1 ∆ 𝑥 + ∆ 𝑥    

Substituindo os valores x1 = 2 e Δx = 0,01:

∆𝑦
∆𝑥 = 3(𝑥1) ²   +   3𝑥1𝛥𝑥   +   (𝛥𝑥) ²   =   3(2) ²   +   3(2)(0, 01)   +   (0, 01) ²   =   12   +   0, 06   +   0, 0001   + 12,
0601

Calculemos agora a taxa de variação instantânea

∆𝑦 2
lim = lim 3𝑥1   2   + 3𝑥1   ∆ 𝑥 + ∆ 𝑥 = 3𝑥1 2
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 ∆𝑥 → 0
Substituindo o valor x1=2

∆𝑦 2 2
lim = lim 3𝑥1   2   + 3𝑥1   ∆ 𝑥 + ∆ 𝑥 = 32 = 12
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 ∆𝑥 → 0

Observação: Para calcular a taxa de variação média, nesse caso, você poderia simplesmente substituir os valores na função
volume.

3 3
∆𝑦 𝑓 𝑥1 + ∆𝑥 − 𝑓 𝑥1 𝑓 2,01 − 𝑓 2 2,01 − 2
∆𝑥 = ∆𝑥 = 0,01 = 0,01 = 12

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

Veja o cálculo.

𝑓 𝑥 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥
𝑓− '𝑥 = lim −   ∆𝑥 = lim − −𝑥 − ∆𝑥
∆𝑥
  − −𝑥 =
lim − − ∆𝑥
∆𝑥 = lim − − 1 = − 1
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 → 0 ∆𝑥 → 0 ∆𝑥 → 0

𝑓 𝑥 + ∆𝑥   − 𝑓 𝑥 𝑥 + ∆𝑥   − 𝑥
𝑓− '𝑥 = lim +   ∆𝑥 = lim ∆𝑥 = lim + ∆𝑥
∆𝑥 = lim +1 = 1
∆𝑥 → 0 ∆𝑥 → 0 ∆𝑥 → 0 ∆𝑥 → 0

O limite, portanto, não existe, já que o limite à direita é diferente do limite à esquerda. Assim, a função não é diferenciável.

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

Notas
Referências

LEITHOLD, Louis. Cálculo com geometria analítica. 3ª ed. São Paulo: Harbra, 1994-2002. 2 v.

IEZZI, Gelson; MURAKAMI, Carlos; MACHADO, Nilson José. Fundamentos de matemática elementar 8: limites, derivadas,
noções de integral. 5ª ed. São Paulo: ATUAL, 1999.

MUNEM, Mustafa A; FOULIS, David J. Cálculo. Rio de Janeiro: LTC, 1978-1982. 2 v.

Próxima aula

• Na próxima aula estudaremos as regras de derivação.

Explore mais
• Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de
aprendizagem.

Você também pode gostar