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TECNOLOGIA

A IMPORTÂNCIA DO ção do estiramento em duas direções


principais. Os dados coletados são

PÓS-PROCESSAMENTO
determinados a partir dos diâmetros
maior e menor destas elipses.

NA SIMULAÇÃO DA
CONFORMAÇÃO DE
CHAPAS METÁLICAS
ADILSON CALMONA DUTRA - adilson.calmona@autoform.com.br Figura 2: Corpo de Prova com Marcação

No exemplo abaixo (figura 3) há

A
s simulações estão cada vez menta mais amplamente utilizada diferentes corpos de provas que pro-
mais presentes nas empresas é o gráfico FLD (“Forming Limit duzem diferentes estados de deforma-
no mundo atual, e o segmento Diagram”). O FLD é um diagrama de ção. Se o corpo de prova for confor-
específico da estamparia não é uma limite de conformação determinado mado até que ocorra a verificação do
exceção. Pensando nisso, este arti- à partir do estado de estiramento da início da ruptura um estado crítico de
go tratará sobre a importância do chapa. Pode-se ver abaixo uma típica deformação pode ser determinado.
Pós-processamento na simulação dos curva FLD para um aço (figura 1):
processos de conformação de chapas
metálicas. Com o intuito de abranger
todas as análises futuramente haverão
outros artigos.
É necessário ter em mente que não
existe somente um procedimento para
análise de pós-processamento, cada
empresa adota seus softwares e uma
maneira própria para aprovar uma
simulação. Ao longo do texto serão
apresentadas ferramentas e estraté-
gias para entender um pouco mais
sobre esse tipo de análise. Figura1: Diagrama de Limite de Conformação
Para permitir a avaliação adequa-
da dos resultados das simulações de A curva em preto representa as
conformação de chapas os softwares combinações das deformações dos Figura 3: Exemplos de Corpos de Prova e
Levantamento da curva
de CAE trazem diversas funções para corpos de prova que apontam sinais
auxiliar na identificação de eventuais de ruptura. A região acima desta
problemas, como rupturas, rugas, curva é interpretada como uma região A conexão entre esses pontos de
corrida de chapa, análise da qua- de falha, e a região abaixo da curva falhas resulta na curva que define o
lidade de superfície, “springback”, podem ser divididas em diversas áre- Diagrama Limite de Conformação. En-
corrida de raio e etc. Neste primeiro as que representam diferentes estados tão quando a simulação apresenta um
texto ficará restrito apenas às análises de estiramento da chapa não rompida. ponto vermelho, deve interpretar-se
de rupturas, ajudando a entender as As medições são feitas através que aquela região está sofrendo uma
ferramentas utilizadas em softwares de marcações de circunferências no ruptura. A curva limite de deforma-
de simulação para identificar este tipo corpo de prova (figura 2), que após ção é um parâmetro que deve ser
específico de problema. sofrer a conformação se transformam determinado individualmente para
Para análise de ruptura a ferra- em elipses que permitem a determina- cada material. (figuras 4 e 5)

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Figura 4: Diagrama FLD Figura 5: Resultado da Peça Simulada

Devido a variações das proprieda- português, critério de falha máxima.


des do material de diferentes lotes e Este é um critério matemático cujo
aos limites de precisão da medição du- valor representa o quão próximo da
rante a determinação da curva, os sof- ruptura se encontra um determinado
twares utilizados para as simulações ponto. Valores iguais ou acima de 1.0
de conformação de chapas assumem representam a ocorrência de falha no
uma margem de segurança, geralmen- ponto selecionado. (figura 6)
te de 20% (valor que pode ser modi- Para uma descrição completa do
ficado pelos usuários). Esta margem estado de estiramento devemos con-
de segurança é representada pela cor siderar também a deformação na dire-
amarela logo abaixo da curva. ção da espessura da chapa, além das
Ainda dentro da região de ruptura, deformações no plano. Essa variação,
existe outra ferramenta que se pode determinada através de um cálculo
utilizar, conhecida entre os usuários matemático que leva em consideração
do software como “Max Failure”, em a incompressibilidade do material,
é conhecida como afinamento. Na
região onde essa deformação acontece
a chapa apresenta uma diminuição de
espessura. O excesso de afinamento
(cujo valor limite em geral é definido
pela engenharia do produto) é indi-
cado no diagrama FLD a partir dos
estados de estiramento que produzem
uma mesma espessura de chapa, des-
crita por uma linha reta inclinada em
45° à esquerda. Essa região é geral-
mente representada pela cor laranja.
(figuras 7, 8 e 9)

Figura 6: Max failure Figura 7: Deformação na direção da Espessura

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Figura 11: Edge Cracks

O software testado apresenta ainda


outra ferramenta para análise de
Figura 10: Wrinkles trincas, chamada de “Surface Cracks”.
Figura 8: Região de afinamento excessivo
mostrada em laranja Ela auxilia na análise de ruptura por
dobramento da chapa em raios muitos
mação da própria borda da chapa efe-
pequenos, pois se a relação entre o raio
tuada após corte, as trincas estas que
de curvatura e a espessura da chapa se
são um resultado devido diretamente
torna muito pequena de acordo com
ao estado de deformação uniaxial que
a tensão sobre a superfície da chapa a
se desenvolve na borda da chapa após
tendência de falha aumenta.
a conformação. Um corte irregular
A relação entre o raio de curvatura
leva ao surgimento de rachaduras
e a espessura da chapa é conhecida
devido ao efeito de cisalhamento
como Relação de Flexão, dada pela
puro, que é a deformação crítica a
seguinte equação: (figura 12)
ser considerada no estado de tensão
uniaxial, um pouco mais cedo do que
Figura 9: Afinamento
o indicado pelo diagrama FLD.
A ferramenta conhecida como
“Edge Cracks” auxilia na análise
A região azul no diagrama FLD
destas rupturas por trincas de borda.
representa os estados de estiramen-
Ela permite que sejam analisadas
to onde ocorreu uma mudança da
trincas influenciadas por três tipos
deformação principal de tração para
de condições de corte: A laser, por
compressão. Esta área pode sofrer Figura 12: Relação de Flexão
cisalhamento com ferramenta afiada
defeitos superficiais ou apresentar o
e frio com ferramenta já desgastada.
surgimento de rugas.
Para determinar os fatores de corre-
Outro fator representado no Para avaliação da tendência deste
ção para estas três condições deve-se
diagrama FLD é o de espessamento. O tipo de trinca, no software testado o
levar em consideração como uma re-
surgimento de rugas pode acontecer usuário deve definir a Relação de Fle-
ferência devido à tensão plana dentro
devido a diversos motivos distintos xão mínima permitida no arquivo de
do material próximo à borda o ponto
que incluem a falta de estiramento da material. Após a entrada deste dado
mais baixo da curva FLC, o chamado
chapa e esforços de compressão muito e com resultado de “Surface Cracks”
FLD0, e multiplicar este valor pelos
grandes onde não ocorre aumento da ativado, a simulação indicará os pon-
fatores abaixo: (figura 11)
espessura do material, o que acaba
criando ondulações (rugas) na chapa.
No diagrama FLD é representada pela
Corte a Laser: 0,95 x FLD0
cor roxa. (figura 10)
Ainda dentro da análise de ruptu- Corte com Ferramenta Afiada: 0,85 x FLD0
ra, muitos usuários precisam avaliar
Corte com Ferramenta Desgastada: 0,75 x FLD0
eventuais trincas geradas pela confor-

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tos críticos com relação a este critério. Nota-se no mercado que as empre- de pós-processamento torna-se mais
Pode-se ver na imagem abaixo com o sas cada vez mais estão procurando fácil encontrar esses problemas e,
auxilio do gráfico de cores que a re- soluções que auxiliem na prevenção através da avaliação de engenharia,
gião vermelha apresenta falha devido de problemas antes de iniciar a pro- resolvê-los antes mesmo de que eles
a “Surface Cracks” (figuras 13 e 14). dução, e com as simulações e análises apareçam na produção.

Figura 14: Surface Cracks

Adilson Calmona Dutra - Engenheiro


Mecânica formado no Instituto Mauá
de Tecnologia (IMT), membro da equipe
técnica da AutoForm, atuando no suporte
Técnico e com projetos de implemen-
Figura 13: Taxa de Dobra Mínima tação da tecnologia. adilson.calmona@autoform.com.br

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