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MACEIÓ-AL
2018
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LUANA MACENA DE MELO
MACEIÓ-AL
2018
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INTRODUÇÃO
A necessidade financeira compele as pessoas a buscar cada dia mais aumentar seus
rendimentos, que seja por atividades esporádicas quer seja pelo acumulo de empregos. Em
virtude da estabilidade e da boa remuneração é cada dia mais comum o acumulo de cargos
públicos.
Analisaremos a licitude e a ilicitude do acumulo de cargos públicos no Brasil, bem
como os requisitos obrigatórios para que o acumulo de cargos públicos, ato lícito, não se tornem
ilícitos a luz da Constituição Federal de 1988.
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Acumulação de cargos públicos
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Ainda assim o inciso XVI não é claro, visto que ainda esbarramos na ausência de
definição legal do que seja um cargo técnico ou científico, cabendo um conceito
subjetivo para o caso concreto e por consequência implicando numa insegurança
jurídica.
Destaquemos ainda que os servidores públicos federais têm suas relações
regulamentadas pela lei acima citada, popularmente conhecida como Regime Jurídico
Único, que além da definição contida no Art. 3º complementa as informações da Carta
Magna sobre a acumulação de cargos públicos:
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição é vedada a
acumulação remunerada de cargos públicos.
§1º. A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções
públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Territórios e dos Municípios.
§2º. A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à
comprovação da compatibilidade de horários.
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moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.
Portanto, há entendimento equivocado sobre o que seria a compatibilidade de
horários, primeiro porque simplesmente permite entender que se uma jornada terminar
neste instante e, no seguinte, outra jornada se iniciar estaremos diante da
compatibilidade, ignorando requisitos básicos previstos no Art. 6º como condições
adequadas de deslocamento entre os locais de trabalho, bem como necessidades
fundamentais a todo e qualquer ser humano que é o descanso adequado e o lazer que
atingem diretamente a saúde do trabalhador se não forem respeitadas.
Sabiamente Mozart Victor Russomano, condena as jornadas diárias extensas
“porque, se o empregado repousar, trabalhará mais, produzindo melhor, enchendo o
mercado de produtos abundantes e qualificados”. Alerta que não seria
“Razoável entenderem-se compatíveis os horários cumpridos
cumulativamente de forma a remanescer, diariamente, apenas oito horas para
atenderem-se à locomoção, higiene física e mental, alimentação e repouso,
como ocorreria nos casos em que o servidor exercesse dois cargos ou
empregos em regime de quarenta horas semanais, em relação a cada um”.
(RUSSOMANO, 1990, p. 86)
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A pacificação sobre a carga horária para acumulo de função precisa ser feita pelo
Supremo Tribunal Federal que ao longo dos anos se contradisse em suas decisões tanto
considerando inconstitucional a limitação de carga horária compatível bem como
decidindo pelo desprovimento de caso parecido. A solução seria uma súmula vinculante
que aparentemente não está sendo construída.
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empregos e funções públicas, e não apenas à percepção de vantagens
pecuniárias. ”
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Mesmo com o mecanismo da licitação que a priori deveria dar transparência ao
uso do dinheiro público, este também é constantemente burlado de forma a atender os
interesses particulares dos gestores públicos.
Podemos citar como formas de burlar o sistema os acordos entre as empresas
que combinam o seu preço e entre si já orquestram quem irá vencer, podendo este
acordo ainda incluir o gestor do órgão. Neste último caso é conferido favores ao gestor
que podem incluir repasses financeiros em cima do valor do contrato ou ainda a
contratação de pessoas por ele indicada.
Há somente uma forma de acumulo de cargo público: o que está previsto no Art.
37 da Constituição Federal. Seu texto é taxativo e não exemplificativo, portanto
somente é permitido dois cargos de professor, ou um de professor com outro técnico ou
científico, ou os dois privativos de profissionais de saúde, conjuntamente com a
compatibilidade de horários.
Novamente o caso concreto é elucidador conforme Acórdão nº 3075/16, do
Tribunal de Contas do Estado do Paraná, quando da análise do acúmulo do cargo de
Assessor Jurídico em três Municípios distintos:
“A defesa sustentou a plena compatibilidade de horários, uma vez que a
carga horária para o cargo efetivo era de 20 (vinte) horas semanais. A
compatibilidade de horários não é uma premissa constitucional isolada. O
artigo 37, inciso XVI, da Constituição Federal, é absolutamente cristalino ao
dispor que “é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,
quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o
disposto no inciso XI”, que por sua vez é taxativo quanto à possibilidade de
cumulação nos seguintes casos: “(...) a) a de dois cargos de professor; b) a de
um cargo de professor com outro técnico ou científico c) a de dois cargos ou
empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas; Portanto, além da compatibilidade de horários, o servidor
deve se amoldar em uma das situações supramencionadas, o que não se
verifica no presente caso. Portanto, evidente a desobediência à norma inserta
no artigo 37, XVI, da Constituição Federal. Além do mais, o cargo em
comissão pressupõe, por si só, comprometimento de dedicação exclusiva à
função de direção, chefia ou assessoramento. ”
Devemos lembrar que neste caso além do acumulo de função, estamos diante de
cargos comissionados, que por sua natureza implicam em dedicação exclusiva.
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Precisamos abordar a questão da remuneração do servidor público, visto que é a
motivação principal para a acumulação de cargos. Seria possível, hipoteticamente, que
um servidor público receba o dobro da remuneração de um Ministro do STF, caso ele
acumule licitamente dois cargos que paguem o teto do funcionalismo público?
A Constituição Federal no Art. 37, inciso XI define o teto de remuneração dos
servidores considerado constitucional de forma a atender o princípio ético, visto que são
as Câmaras que definem as suas próprias remunerações. Desta forma, é possível impedir
os “supersalários”, bem como proteger o Erário evitando o derramamento indevido de
verbas públicas.
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos
públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos
e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o
subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio
dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie,
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e
aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)
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O Relator da ação, o ministro Marco Aurélio Mello baseou o seu voto no
princípio da “irredutibilidade de salários”, principio pelo qual um trabalhador não pode
ter seu salário reduzido, principalmente sendo no mesmo emprego e exercendo a mesma
função.
É importante ressaltar que o Tribunal de Contas da União (TCU) depois deste
julgado, o STF publicou o informativo Nº 862 onde publicizou este seu entendimento,
que vem sendo seguido por outras cortes brasileiras.
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dispõe sobre o regime jurídico dos
servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.
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RAMOS, Chiara. Jurisprudência Comentada: Acúmulo de cargos públicos e a
jurisprudência do STJ. Disponível em:
<https://oab.grancursosonline.com.br/jurisprudencia-comentada-acumulo-de-cargos-
publicos-e-a-jurisprudencia-do-stj/> Acesso em: 19 set./2018.
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