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A Gl∴ d∴ Gr∴ Arq∴ d∴ Un∴

Como o grau de Mestr:. Eleit:. Dos Nove deve sua origem ao Iluminismo
Alemão achei interessante pesquisar sobre a vida daquele que foi considerado o
Pai do Iluminismo.
Tal qual a Filosofia Maçônica, o Iluminismo, do qual Moises Mendelssohn é
um dos expoentes, também usa as luzes (mística dos iluminados). Quanto mais
um Maçom se desenvolve, mais luz recebe.
Como a Maçonaria, o Iluminismo dá grande valor ao individuo, principalmente à
sua liberdade tanto física quanto intelectual.
Moisés Mendelssohn, Sua Vida, Seu Legado.
É licito indagar se a ilustração ocidental, que estava começando a
reformular a Weltanschauung (Concepção do Universo) do mundo cristão,
também exerceu influencia sobre as perspectivas intelectuais da comunidade
judaica do Ocidente. Evidentemente a emancipação não poderia ser estendida, de
modo efetivo, com um ato de graça vindo de cima, a menos que a comunidade
judaica estivesse preparada, intelectual e emocionalmente, para ingressar na vida
do Ocidente. Sem dúvida, a grande maioria dos judeus ocidentais, que ainda vivia
num mundo estreito de provincianismo e dialética talmúdica, ignorava por
completo por completo as correntes humanísticas que revoluteavam através da
sociedade européia e se projetavam contra os próprios muros do gueto. O mundo
judaico, com poucas compensações culturais para os seus habitantes, era no
século XVIII, um mundo árido.
Entretanto, já desde os séculos XV ou XVI, quando a Renascença italiana
se tornara um centro de interesse de grupos isolados de intelectuais judeus,
acanhados arroubos de atividade humanística começavam a despontar na vida
judaica do Ocidente. O racionalismo espanhol, por exemplo, influenciou o
pensamento, de sefaradim do século XVII como Baruch Spinoza e Uriel da Costa.
Os encantos da natureza foram captados pela obra poética, escrita em
hebreu e de elegância clássica, de Moisés Chaim Luzzatto, um pietista judeu que
viveu na Itália do século XVIII. Luzzatto, com efeito, deixou uma infinidade de
peças e poemas, tanto sobre temas seculares e filosóficos, quanto sobre temas
religiosos, manejando o estilo hebraico mais límpido que já se vira desde os
poetas da Idade de Ouro espanhola. Além disso, entre o final do século XVII e a
Revolução Francesa, várias centenas de judeus conseguiram meios de freqüentar
universidades alemãs, bem como grande número de escolas secundarias. A
participação na cultura secular, por conseguinte, já contava com alguns
precedentes, antes mesmo de Moisés Mendelssohn ter feito sua entrada em cena
na história moderna.
Mas é o nome de Mendelssohn que está particularmente vinculado ao
primeiro florescimento significativo da Ilustração Judaica. A biografia desse judeu
alemão, corcunda e despretensioso, é na verdade um dos romances dos tempos
modernos. Sua carreira estabeleceu uma ligação entre os mundos de língua
iídiche e alemã, entre o gueto e os salões famosos da Europa. Embora não tenha
sido grande filósofo, nem um teólogo profundo, nem mesmo um porta-voz judaico
de coragem excepcional, Moisés Mendelssohn revela-se uma personalidade
essencial à compreensão da vida judaica ocidental na Europa do inicio da era
moderna.
Nascido num gueto de Dessau em 1729, filho de família pobre,
Mendelssohn passou os primeiros anos em ambientes judaicos tipicamente
ortodoxos. Mais tarde, quando adolescente, viveu sob a influencia de um homem
de grande inteligência, o rabino David Hirschel Frankel, de Dessau. Frankel era
tão versado em Platão quanto no Talmud, e foi com orgulho afetuoso, que
transmitiu a essência de ambas as tradições ao seu protegido excepcionalmente
ávido de saber. Quando Frankel se transferiu para Berlim, onde seria o grão-
rabino da comunidade judaica, Mendelssohn , ainda menino de quatorze anos,
seguiu-o a pé para a capital prussiana. A população judaica de Berlim era
relativamente próspera, e muitos de seus membros não deixavam de estar em dia
com a literatura profana. O jovem Mendelssohn que morava numa água-furtada
em casa de um comerciante judeu e ganhava a vida com dificuldade, copiando
cartas para o seu senhorio, não tardou a descobrir que havia outras inteligências,
além da de Frankel, que lhe seriam de proveito. Vários “judeus privilegiados” de
influência lhe arranjavam livros alemães; outros, impressionados com sua
aplicação e excelente memória, ajudaram-no a conhecer a fundo o alemão e o
latim, bem como os problemas de filosofia e metafísica. Quando um “judeu
privilegiado” de Berlim, homem bastante rico, ofereceu a Mendelssohn o lugar de
preceptor de seus filhos, o jovem encontrou finalmente a segurança e lazer
relativo necessários aos seus estudos filosóficos.
Quanto ao físico, Mendelssohn não parecia ser muito atraente. Os anos
iniciais de pobreza fizeram-lhe finos e frágeis os ossos, bem como as costas
defeituosas, com uma corcunda causada pelo raquitismo. No entanto, sua pessoa
tinha um ar tão gentil, seu domínio da literatura alemã era tão completo, e
manejava o estilo alemão com tal requinte, que exercia uma fascinação magnética
sobre todos a quem era apresentado. Foi durante uma partida de xadrez em casa
de um amigo, certa tarde, que travou conhecimento com Gotthold Lessing. Mais
tarde, quando os dois se empenharam numa discussão animada sobre assuntos
filosóficos, Lessing começou a notar as verdadeiras dimensões do talento de
Mendelssohn. Tomando o jovem judeu sob sua proteção, encorajou-o nos seus
propósitos de escrever e introduziu-o no mundo literário da Alemanha. Foi ele
Lessing, quem assegurou a publicação do primeiro tratado de Mendelssohn seu
casamento, financeiramente seguro, deu inicio ao período mais criador de sua
vida. Ensaios, panfletos e livros de filosofia brotavam rápida e ininterruptamente
de sua pena. Em 1763, um de seus ensaios filosóficos ganhou o prêmio anual da
Academia de Berlim (no mesmo ano, Immauel Kant estava entre os concorrentes).
Quatro anos mais tarde, produziu sua obra mais tarde, produziu sua obra mais
original, Phädon, uma defesa da imortalidade da alma e da existência de D’us. Os
intelectuais alemães foram surpreendidos pela lucidez do pensamento de
Mendelssohn e pela elegância do seu estilo. Nos salões das maiores cidades da
Alemanha, chamavam-no, cada vez mais de “o Sócrates Judeu”.
No entanto, os círculos intelectuais da Europa não estavam de modo algum
preparados para estender a outros judeus a amizade e admiração que sentiam por
Moisés Mendelssohn.Ele nunca fora aclamado como um representante do povo
judeu; prestavam-lhe, de preferência, as honras devidas a um “judeu de exceção”
exótico o “judeu de exceção” por excelência. A sociedade alemã preferia fixar-se
na glorificação da pessoa de Mendelssohn como provas de sua própria
capacidade de apreciar as anomalias casualmente geradas por um povo
“retrogrado”. Alguns historiadores diziam que se Mendelssohn não existisse, os
racionalistas teriam necessidade de inventa-lo.
O maior impacto de Mendelssohn foi sobre seu próprio povo. Cristãos bem
intencionados perguntavam-lhe com freqüência como ele achava possível, sendo
um intelectual de gosto e discernimento, continuar a ser judeu confesso, membro
do “mais obscurantista” dos grupos religiosos. Tais perguntas raramente o
ofendiam; sua pratica costumeira era defender o judaísmo, com serenidade e
paciência, como uma teologia humana racional, e sustentar que os judeus eram os
portadores sensíveis e esclarecidos de uma nobre tradição. Não obstante, quanto
mais meditava sobre as circunstâncias da vida do gueto , sobre o retrógrado
sistema educacional judaico, sobre a endogamia intelectual, mais reconhecia
Mendelssohn que a acusação de obscurantismo não era totalmente injusta.
Mendelssohn questionava por que os judeus limitavam-se ao uso somente do
iídiche, por que ignoravam a cultura e a língua alemã. Com efeito, alguma coisa
precisava ser feita, para que a comunidade judaica fosse estimulada a tornar-se
cada vez mais consciente do mundo profano que a envolvia. Finalmente,
Mendelssohn decidiu tomar ele mesmo a iniciativa de entregar a seu povo a chave
que lhe abriria as portas de todos esses tesouros. Com a ajuda de um discípulo
fiel, Naftali Herz Wessely, resolveu traduzir a Torah, os Cinco Livros de Moisés,
para o alemão. Era empresa excepcionalmente difícil e demorada, pois implicava
numa concordância engenhosa de caracteres hebreus com a fonética alemã
corrente na época; tão distinta da do século XVI, que passava por iídiche. A
tradução só ficou pronta em 1783, após cinco anos de trabalho meticuloso e, não
raro exaustivo. Mas o esforço valeu a pena, pois o sucesso alcançado pela obra
excedeu de muito às expectativas de Mendelssohn. No século XVI, Lutero
traduzira a Bíblia latina para a língua alemã, e com isso estimulara o povo alemão
a adquirir uma boa prática na leitura de seu próprio idioma. A tradução de
Mendelssohn basicamente, desempenhou a mesma função para os judeus da
Alemanha. Bastou o espaço de tempo marcado por uma geração para que a Bíblia
de Mendelssohn encontrasse um lugar nas estantes de quase todas as casas de
judeus alfabetizados da Europa Central. Pouco mais tarde, com um número
crescente de judeus procurasse informar-se melhor sobre a civilização não judaica
que os rodeava, foram criadas algumas escolas profanas nos guetos das maiores
cidades alemãs. Essa ânsia de conhecimento, provavelmente, teria crescido com
ou sem Mendelssohn; mas a rapidez com que se desenvolveu o seu processo de
integração foi em grande parte, resultado do desbravamento paciente que ele
levou a cabo.
Qual o lugar de Mendelssohn na história? Ele não foi um filosofo ou um
critico profundo.. Suas obras não se podem comparar aos escritos de seus
contemporâneos, Kant e Lessing; seus discursos filosóficos, com efeito, quase
não são lidos hoje em dia. Terá sido pelo menos um precursor de reformas dentro
da esfera do judaísmo? Também não. Embora fosse um deísta por convicção
filosófica, (aquele que só acredita em D’us) Mendelssohn, em resposta a críticos
cristãos, prefereia defender o judaísmo ortodoxo como “Legislação Revelada”. Tal
sofisma revelava claramente a devoção de Mendelssohn por seu povo, mas muito
pouco de sua honestidade intelectual. Ele não foi um defensor estrênuo dos
direitos judaicos; de fato, mostrou-se tímido em demasia quando foi preciso
enfrentar a luta renhida pela emancipação política. Sua crença na propaganda
militante era limitada, pois temia abertamente provocar a cólera das autoridades
cristãs.
O papel de Mendelssohn na história, por conseguinte, consistiu em
despertar interesses profanos entre seu próprio povo. Acreditava piamente que a
sua tradução da Torah iria acender o estopim de uma revolução pacifica na vida
cultural judaica. E estava certo. Duas décadas após sua morte, os judeus da
Alemanha já dominavam, pelo menos tão perfeitamente quanto os seus vizinhos
não judeus, a cultura e o estilo do país em que viviam. E esse domínio enriqueceu,
de modo incomensurável, tanto civilização judaica quanto a alemã.
O Iluminismo e a Emancipação, dos quais Mendelssohn era seguidor,
também causaram um significante impacto sobre o moderno pensamento judeu.
Por exemplo, a noção iluminista sobre uma religião da razão, consistindo de
crenças racionais, dirigida a todos os homens, foi adotada por um bom numero de
filósofos judeus do período moderno. O processo da secularização iniciado pelo
Iluminismo também teve seu impacto sobre o pensamento judeu. Enquanto a
filosofia moderna judaica era ainda largamente uma filosofia religiosa, apareceram
pensadores judeus que tentaram filosofias seculares do Judaísmo e para os quais,
Judaísmo era mais uma cultura ou filosofia cultural do que uma tradição religiosa.
Mendelssohn seguiu o Iluminismo alemão pré-kantiano, dividindo com ele a
convicção de que o conhecimento metafísico é possível.
Ele escreveu sobre metafísica, psicologia, estética e criticismo literário, seu
trabalhos filosóficos principais foram: “Phaedon e Horas Matinais”
(Morgenstunden).
Talvez Mendelssohn nuca tivesse apresentado suas opiniões sobre o
Judaísmo, não fosse o desafio do teólogo suíço Johann Kaspar Lavater, para
refutar os argumentos de Bonnet ou aceitar o Cristianismo. Mendelssohn aceitou o
desafio e sua resposta foi dada com fé inabalável no Judaísmo, apontando que o
Judaísmo tolerantemente afirmava que a salvação é possível a todos os homens,
enquanto o Cristianismo limitava sua salvação a seus seguidores. Mendelssohn
apresentou suas opiniões sobre religião e Judaísmo mais detalhadamente em
“Jerusalém”, famosa por sua análise do Judaísmo e sua enérgica defesa da
tolerância. Assim como Spinoza, Mendelssohn defendia a separação do estado e
da igreja, afirmando que enquanto ambos contribuíam para a felicidade humana, o
estado governa relação do homem ao seu semelhante e a igreja governa a
relação do homem com D’us. O ideal seria que o estado governasse educando
seus cidadãos, mas na pratica ele os obriga a obedecer leis. A Igreja não deveria
possuir poder secular ou possuir propriedades e deveria promover seus
ensinamentos através da instrução e repreensão. Religião é um fato pessoal e
ambos estado e Igreja devem garantir a liberdade de consciência. Na Segunda
parte de “Jerusalém”, Mendelssohn discute a natureza da religião e Judaísmo. É
inconcebível para ele que um D’us benevolente deva restringir a salvação a
adeptos de uma determinada religião particular; salvação deve ser possível a
todos os homens. Judaísmo então não é uma religião revelada, mas uma
legislação revelada. É objetivo da lei judaica preservar conceitos religiosos puros
da idolatria e essa lei preenche essa meta no mundo moderno e também serve
para preservar a comunidade judaica unida. A lei impele o homem a ação, mas
também o incentiva à contemplação. Judaísmo consiste de três partes: verdades
religiosas sobre D’us, sua regra e Sua providencia, dirigida a razão do homem;
verdades históricas revelando os propósitos da existência judaica; e Leis,
preceitos, mandamentos e regras de conduta, a observação que trará felicidade a
judeus individualmente e também as comunidades judaicas.
Sua influência em outras esferas, também, como por exemplo no
desenvolvimento da filosofia e mesmo na literatura alemã, foi ainda mais notável
por ter sido exercida por um homem que pertencia a um grupo de pessoas
desprezadas, oprimidas em grande parte, sem instrução, como suas instituições e
vida interna fossilizada, apenas toleradas no país em que viviam. Para
compreender este fenômeno precisamos situa-lo no contexto de sua época.
Podemos dizer que Mendelssohn foi ao mesmo tempo, um judeu fiel as suas
tradições e um filho do século XVIII.
Os discípulos de Mendelssohn foram Wessely, Issac Euchel, Mendel
Breslau e Shalom Hacochen; embora nenhum deles tenha brilhado como seu
mestre.
Moisés Mendelssohn morreu em 1786, sua sepultura foi a única poupada
pelos nazistas, no Cemitério aonde está enterrado em Berlim.

Trabalho elaborado por:


Mendel Lukower Neto
Obras Consultadas:
Enciclopédia Judaica (Cecil Roth)
Enciclopédia Judaica Jerusalém (The Macmillan Company)
Grandes Vultos da Humanidade (Hugo Schlesinger)
The Jewish 100 (Michael Shapiro).

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