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2ª edição
Florianópolis
2020
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À Adriana
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
FATORES DO MEIO FÍSICO E BIÓTICO
Na Bula Veritas Ipsa de 1537 o Papa Paulo III Considera os índios seres
racionais, capazes de se salvarem e livres por natureza. Foi o primeiro passo para
definir a posição do homem na escala zoológica, defendida por Thomas
Huxley (1863; 1896) e que seria definida por Linnaeus no Systema Naturae
de 1735. Com eles o homem desceu do paraíso para os livros de história
natural.
Os três reinos da natureza eram, naquela época considerados como
criações independentes de uma entidade divina, e naturalmente distintos em
sua essência. Com a invenção do microscópio, abriu-se um mundo novo e
foi possível investigar a intimidade de numerosos processos e fenômenos
até então mal conhecidos ou ignorados.
A tendência mais característica do desenvolvimento científico no
século 17 foi marcada pelo progresso das ciências exatas. O matemático
René Descartes defendeu a ideia de que toda a filosofia derivava do seu
Método Racional, que buscava o conhecimento verdadeiro nas ciências. A
noção da separação do corpo e a alma permitiu a investigação objetiva da
natureza e do homem, sem ofender demasiadamente a visão cristã do
mundo. Como resultante, romperam-se os limites artificiais que distinguiam
os fenômenos bióticos dos abióticos. O mecanicismo de Descartes, Galileu e
Leibnitz conduziu, inesperadamente, à revolução nas ciências morfológicas e
fisiológicas e abriu caminho para a evolução da farmacologia química do
século 19. Seus seguidores esforçaram-se por avaliar quantitativamente os
fenômenos biológicos, aplicando-lhes os métodos e princípios da física e da
mecânica, já bastante avançados. No século 17 Santorius construiu uma
balança fisiológica para medir a perspiração insensível, além de
termômetros, esfigmômetros e higrômetros fisiológicos. Estatísticas vitais
passaram a ser computadas na Inglaterra antes do Renascimento e, após o
século 18 foram interpretadas e analisadas com vistas à adoção de medidas
preventivas de epidemias e catástrofes, se bem que muitas vezes de maneira
imprópria.
Castiglioni (1947) considera Jean Baptiste van Helmont como o
fundador da iatroquímica, onde tentou reconciliar a farmacologia
embrionária com as teorias vitalistas em voga na época. Nascido em
Bruxelas, estudou medicina e química. Posteriormente, desencantado com a
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na passagem dos penúltimos para o últimos nível – dos parasitos- uma vez
que cada hospedeiro suporta um elevado número de parasitos - e esse é
um dos critérios propostos para distinguir o parasitismo da predação.
Melhores resultados são obtidos usando-se estimativas e respectivas
pirâmides de biomassa e de transferência de energia, para caracterizar os
níveis. Em lugar de contarmos indivíduos, utilizamos sua massa, ou peso, no
primeiro caso e seu metabolismo basal, no segundo.
Não se deve esquecer que, em diferentes estágios de
desenvolvimento, um organismo pode ocupar distintos nichos e níveis e
participar de comunidades e ecossistemas distintos. Machos e fêmeas
podem ter regimes alimentares diferentes e uma mesma espécie pode
ocupar posições distintas, em diferentes épocas do ano.
Também é importante lembrar que, mesmo ocupando um mesmo
nicho ecológico, em um mesmo nível trófico, espécies diferentes têm
rendimentos fisiológicos distintos. Assim, uma ave despende mais energia
para procurar alimento que um anfíbio. Em compensação, este suporta
melhor a escassez de alimento. Por esta razão, a pirâmide de energia é a
que mais se aproxima da realidade. Assim falham muitos programas de
controle de pragas e parasitos, pois só a supressão de um nicho ecológico
pode resolver definitivamente o problema.
A energia fixada pelas plantas é, em parte, utilizada no processo de
respiração e novamente liberada, e, em parte, usada na renovação de
tecidos e armazenada durante o processo de crescimento e
desenvolvimento.
Há quase quatro bilhões de anos alguns compostos de carbono
conseguiram realizar o processo de fixação da energia solar e dissociação da
molécula de água, liberando oxigênio. Cadeias longas de carbono, o qual
tem a propriedade de formá-las, com facilidade passaram a se duplicar ou
reproduzir. O silício também tem essa capacidade de formar polímeros e a
evolução desses compostos poderia ter levado a resultados imprevisíveis,
isto é, a um tipo distinto de organização, com propriedades diferentes das
dos seres vivos que povoam a terra.
Ignora-se quanto tempo decorreu antes que as cadeias simples de
carbono realizassem a passagem para o estado que reconhecemos como
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homem recebera o sopro divino que lhe conferira uma alma imortal e o
direito de dispor, como lhe aprouvesse, do restante da natureza.
Hoffer, em sua História da Zoologia, publicada em 1873, ainda
adotava essa posição, ao afirmar que Linnaeus deveria ter considerado um
quarto reino. Em 1758, na décima edição do Systema Naturae sua
classificação de inspiração fixista do reino animal, ponto de partida oficial do
sistema internacional de nomenclatura zoológica, Linnaeus colocou o
homem na ordem dos Primates, em uma família exclusiva. Ainda se admitia
existência de homens macacos, na África. O orangotango, por sua vez é
listado como Homo nocturnus.
Na primeira edição da Origem das Espécies, publicada em 1859,
Darwin evitou levar a sugestão implícita na sua teoria da seleção natural à
conclusão lógica de que a espécie humana é subordinada às leis da
evolução orgânica e que emergiu de um grupo ancestral de primatas
inferiores. Disse, apenas, que sua teoria iria lançar luz sobre a origem do
homem e de sua história. Na década seguinte eclodiu uma grande polêmica
sobre a posição do homem na natureza. A reação da Igreja católica e o
impacto da teoria de Darwin, não só na ciência como na filosofia, na
economia, na sociologia e na política trouxeram a público a questão das
relações filogenéticas do homem com os outros animais, explorada nas
conferências e cursos públicos ministrados, tradicionalmente, na Inglaterra e
mais tarde introduzidos por Agassiz nos Estados Unidos e no Brasil, quando
de sua expedição em 1865.
Blumenbach, reformador do ensino da História Natural no século 19
foi um dos primeiros cientistas a considerar o homem como objeto válido
de pesquisa dos naturalistas. Em 1871 Darwin publicou a Descendência do
Homem. Nesta obra não se preocupou em apresentar a coleção exaustiva de
fatos e observações que caracterizou a Origem das Espécies. Tais dados
eram, ainda, escassos e Darwin preferiu argumentar em favor da origem e
natureza animais não só do corpo como dos atributos e características
considerados essencialmente humanos.
Por aquela época, morto Georges Cuvier, fundador da paleontologia e
da anatomia comparada e opositor às teorias darwinistas, começavam a
acumular-se os achados de restos humanos fossilizados e a arqueologia
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ataque das pragas, cujas populações são estimuladas pela eliminação dos
predadores naturais e pela fartura de alimento em uma área concentrada.
Por sua vez, sem ampla disponibilidade de alimento a existência de
comunidades humanas densas é impossível. A proteína animal provê uma
dieta mais rica em energia e, em certas épocas e em diferentes lugares,
comunidades privilegiadas aproveitaram-se da abundância da caça.
Ao mesmo tempo, a caça requer dispêndio de energia e é fonte de
agravos de várias naturezas. No oriente, o arroz, nas Américas, o milho e, na
Europa, o trigo permitiram o incremento populacional. Algumas cidades da
América pré-colombiana chegaram a abrigar 300.000 pessoas. Entretanto, a
atividade agrícola não mecanizada exige dedicação integral do agricultor. A
concentração humana em grandes comunidades, por sua vez, demanda a
adoção de medidas sanitárias que previnam a contaminação ambiental e o
contágio epidêmico.
Se, do ponto de vista cronológico podemos seguir e ordenar as
conquistas da espécie humana da caverna ao arranha-céu, da pedra lascada
à bomba atômica, dos símbolos rupestres à escrita e ao computador, e da
roda ao satélite artificial, uma análise horizontal ou contemporânea revela
que a humanidade, como unidade cultural, é uma abstração. Em qualquer
época histórica coexistiram culturas distanciadas como as que se verificam
entre indígenas vivendo em condições primitivas e um cientista moderno. A
importância desse fato é ressaltada no próximo capítulo. O distanciamento
se agrava à medida que nos aproximamos dos dias atuais.
Esses foram, na realidade, os argumentos utilizados na década de 1860,
quando se discutia a posição do homem na escala zoológica, ou seja, a
discrepância entre a semelhança morfológica com os demais primatas e a
dessemelhança cultural das diferentes populações humanas. Isto constituiu o
principal ponto de discórdia que envolveu zoólogos, antropólogos e
filósofos em uma polêmica interminável, onde argumentos naturalísticos,
morais e religiosos encontraram-se embaralhados de modo inextricável.
Em todos os tempos, apenas uma pequena parcela das populações
realizou um desenvolvimento razoável de suas potencialidades intelectuais.
Muitos gozaram e gozam os resultados das conquistas da arte, das ciências,
e de suas aplicações tecnológicas, mas poucos partilham de sua conquista,
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que eles faziam entre a doença das moscas, considerada não contagiosa e
outras afecções do gado que o seriam. No Punjab, o médico veterinário
militar Griffith Evans isolou, em 1880, um flagelado encontrado no sangue
de cavalos, mulas e camelos, que sofriam de uma enfermidade conhecida
como surra. A crença local era de que a doença seria causada por moscas
hematófagas tabanídeas, fato devidamente registrado por Evans, que o
considerou como uma possibilidade viável.
Na região meridional da América do Sul, um médico da marinha
francesa Bourel-Roncière registrou, em 1872, uma interessante observação
sobre a possível transmissão da leishmaniose tegumentar (Avila-Pires, 2014).
Nos Estados Unidos, Theobald Smith (Smith e Kilbourne, 1893), por
sua vez, receberam a informação de criadores de gado de que a febre do
Texas estaria relacionada à presença de carrapatos. Na ilha caribenha de
Trinidad, Andrew Balfour recolheu relatos de antigos habitantes que previam
o aparecimento de surtos de febre amarela pela ocorrência de mortandade
natural de macacos do gênero Alouatta, mais tarde confirmados como
reservatórios silvestres do vírus amarílico. E, em Santa Catarina, lavradores
culpavam morcegos hematófagos pela transmissão da raiva, quando se
acreditava que a enfermidade afetava apenas carnívoros. Carini e Parreiras
Horta decidiram investigar a crença e demonstraram, experimentalmente, a
transmissão do vírus por Desmodus, 300 anos após o médico holandês
Willelm Piso, trazido para Pernambuco por Mauricio de Nassau levantar essa
mesma dúvida, ao descrever os morcegos andirá.
Em 1877 Manson demonstrou o papel de insetos hematófagos na
transmissão de doenças, pouco depois de Pasteur estabelecer a teoria da
origem microbiana das doenças infecciosas. Manson descreveu o ciclo de
Wuchereria bancrofti, causadora da filariose e abriu uma nova era para a
parasitologia e para a ecologia médica.
Naquela época, a malária constituía flagelo de importância igual à da
febre amarela. Coube a um médico militar francês, Laveran descrever, em
1880, um protozoário flagelado encontrado no sangue de um doente de
malária. Em 1892, Manson relacionou as diferentes formas de plasmódios,
isolados do sangue de marinheiros chegados de áreas endêmicas, com as
distintas manifestações clínicas da doença, como aquelas denominadas
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conceito fundamental por trás da ideia de nidalidade não era novo para os
epidemiologistas. Charles Elton, autor do primeiro texto básico de ecologia
animal e das pesquisas sobre saúde e dinâmica de populações de mamíferos
silvestres dedicou-se, igualmente, à aplicação de suas teorias ao estudo das
zoonoses, e seus focos naturais, precedendo Pavlovsky, promovido a
pioneiro pela política soviética da época de reescrever a história. Pavlovsky
reforçou a ideia de que as zoonoses possuem, não só localização definida
no espaço e no tempo, como relações complexas com os elementos de um
biótopo. E, mais importante, que o aspecto paisagístico de um biótopo pode
servir de indicador da possível presença de um ciclo zoonótico. As relações
que se estabeleciam anteriormente entre geografia e doença eram baseadas
em teorias nem sempre ecologicamente corretas.
Pesquisas desenvolvidas durante a Segunda Guerra Mundial
contribuíram para o progresso da ecologia médica e sua identificação como
uma disciplina autônoma. Mostraram que as relações do homem com os
elementos da fauna silvestre, comensal e doméstica são determinantes dos
padrões epidemiológicos das zoonoses e das doenças infecciosas e
parasitárias que dependem de hospedeiros e vetores não humanos.
dizendo que [...] a medicina antiga considerava a influência do meio cósmico, das águas,
dos ares e dos lugares [...]. Mas o que caracterizará a medicina experimental moderna, será
o fato de basear-se, sobretudo, no conhecimento do meio interior.
A elucidação do papel dos micro-organismos na etiologia das
doenças infecciosas e parasitárias trouxe, como consequência imediata, a
noção de que essas doenças constituem entidades definidas e resultam das
relações determinantes de causa e efeito, entre um agente e um paciente. A
pesquisa e identificação dos agentes causais dominou o panorama da
medicina no final do século 19 e no início do século 20. Uma nova
classificação nosológica, baseada na identidade dos agentes substituiu as
antigas, fundadas na descrição dos sintomas.
As técnicas microbiológicas modernas e as possibilidades abertas
pelos progressos da microscopia no século 19 descobriram novos horizontes
conceituais. A indústria química dos corantes para a moda foi aplicada à
preparação de corantes para a visualização de micro-organismos e de suas
estruturas. A ecologia dos micro-organismos implicados nas infecções
subclínicas, a pesquisa de suas relações com os hospedeiros, e a descoberta
dos fatores múltiplos, extrínsecos e intrínsecos que condicionam a doença
levaram-nos a admitir, finalmente, a multicausalidade das enfermidades.
A infecção parasitária por ancilostomídeos, por exemplo, atinge cerca
de um bilhão de indivíduos. Mas a doença afeta uma porcentagem mínima
desse total. Normalmente, a anemia decorrente das hemorragias provocadas
pelas escarificações da parede intestinal pelos parasitos é compensada
quando a alimentação é rica em ferro e proteínas. Em regiões onde o solo é
pobre em ferro, como sucede na Bacia Amazônica, a doença é prevalente.
Em outras regiões do globo, processos primitivos de colheita e cozimento,
com auxílio de instrumentos rústicos de ferro, incorporam partículas de
metal ao alimento consumido e a infecção permanece sub clínica.
Fatores culturais, sociais e econômicos exercem importante papel no
complexo causal, como infecções prévias; resistência, ou imunidade genética,
adquirida ou cruzada e estado geral atuam como fatores intrínsecos. O
reconhecimento da causa imediata de determinados processos mórbidos
que se detectam nos órgãos ou tecidos e que perturbam certas funções
orgânicas pode satisfazer o fisiologista, mas, do ponto de vista da ecologia e
da epidemiologia, todo o complexo causal precisa ser investigado.
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suportado por uma abundante literatura que lhe permite observar aves,
identificar espécies de plantas e animais com facilidade. A diversidade é
reduzida, em comparação com o que se vê nos trópicos.
O homem dos trópicos que o imita se vê frustrado. O que conhece da
mata veio-lhe de leituras superficiais, de livros infantis onde figuram animais
estrangeiros e do cinema; o contato direto com ela o decepciona e
amedronta; a confusão da vegetação arbórea e escansora dificulta-lhe os
passos e as árvores, literalmente, o impedem de ver a floresta, Os poucos
animais que enxerga são incômodos ou fugidios. Por outro lado, seu
interesse pela biologia não lhe permite apreciar o que há de interessante e
belo nas paisagens abertas dos cerrados e caatingas.
A ideia dominante é a de limpar o mato e ordenar o caos. As casas
dos colonos primam pelo aceiro limpo e varrido que as isolam e protegem
do avanço sucessional das capoeiras.
O viajante nos países altamente industrializados e nas regiões
progressistas dos trópicos tem a impressão de que dentro de algum tempo
toda a superfície da terra deverá estar ocupada por campos cultivados,
florestas homogêneas, asfalto e edifícios. A natureza estará dominada e a
vontade do homem substituirá as leis biológicas naturais.
Na Bélgica e Holanda já não existe lugar de onde não se enxergue
uma construção humana e, talvez, por esta razão, os parques nacionais que
esse país implantou na África estejam entre os melhores e mais bem
manejados.
Bremaeker, em 1974, ao analisar a distribuição da população segundo
o censo de 1970 assinalou o aspecto irregular da distribuição da população
como se fosse possível e ecologicamente desejável espalhá-la, como a
cobertura de um bolo, igualmente por toda a superfície, sem levar em conta
as peculiaridades e as vocações regionais.
A redução à uniformidade, contrariando a estratégia da diversidade
natural que culminou no aparecimento da nossa espécie na África tropical
constitui um dos problemas que nos reserva o futuro.
O processo seguido pela evolução orgânica parece, à primeira vista,
não ser econômico. A recombinação e as mutações gênicas que ocorrem ao
acaso, não surgindo em resposta a solicitações naturais diretas do ambiente
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oferecem uma enorme soma de opções; dentre as quais, muito poucas são
selecionadas por seu valor adaptativo. Essa falta de direção e de sentido,
que implica na inexistência de finalidade ou destino, constituiu, na verdade,
o ponto crucial da teoria da seleção natural que mais dificultou sua
aceitação generalizada.
Vistas em retrospectiva, as linhagens filogenéticas parecem ordenadas,
encadeadas e ortogenéticas, e esse argumento foi utilizado por filósofos,
cientistas e políticos que não queriam admitir as evidências contrárias às
suas tendências, teorias e interesses.
A teoria proposta por Darwin aplica-se a vários níveis de organização
e permaneceu válida mesmo depois que se verificou que seu autor ignorava
a verdadeira causa das variações individuais. Realmente, a ideia de seleção
independe da natureza da variação demonstrada, a partir dos trabalhos de
Mendel, pelos geneticistas do século 19.
A seleção age diretamente sobre os fenótipos, o que resulta na
seleção indireta dos genótipos mais viáveis, cuja tradução em caracteres se
faz por estímulo dos fatores ambientais.
Para o leigo, como vimos, a teoria de Lamarck é mais simpática e
intuitiva, uma vez que ele vê na resposta imediata e hereditária às pressões
e influências ambientais, um mecanismo mais simples, direto e econômico.
Na verdade, o próprio processo evoluiu por seleção. Alguns milhões
de anos se passaram antes que um sistema genético, protegido das
oscilações de um meio instável viesse manter a unidade das espécies
incipientes. Os coacervados iniciais devem ter sofrido as influências diretas e,
ao se reproduzirem, transmitiram informações assim adquiridas - e isso deve
ter resultado na falha de inúmeras tentativas de síntese orgânica.
Um exemplo da eficiência do processo adotado ou selecionado pelo
próprio processo evolutivo é o sistema antígeno/anticorpo, onde a
informação que permite aos anticorpos reconhecerem os antígenos é
geneticamente determinada e os anticorpos são selecionados pela
estimulação dos antígenos.
Nos postulados em que Darwin baseou sua conclusão em favor da
seleção natural está referido o problema ecológico da produtividade: em
certas espécies, onde o número de ovos de larvas ou filhotes está na ordem
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CAPÍTULO II:
ECOLOGIA HUMANA: PRIMÓRDIOS E ORIGENS
sucedeu com o estudo dos mamíferos fósseis das Américas e África. Outras
vezes a geologia ou a tectônica revelam continuidade de áreas, atualmente
disjuntas, como sucedeu com a teoria do deslize continental de Wegener.
A biogeografia ecológica trata do estudo da influência dos fatores do
meio ambiente sobre a distribuição das comunidades bióticas. Em geral,
distinguem-se os fatores abióticos ou físicos (altitude, clima, pH, ventos,
chuvas) dos bióticos (cooperação, competição, simbiose, com elementos da
fauna e flora). A influência do homem, por sua vez, constitui capítulo
especial da ecologia humana (Thomas Jr, 1956; Garlick and Keay, 1970;
Moran, 1990).
O clima influi direta e indiretamente sobre as condições fisiológicas
dos organismos. A temperatura afeta a velocidade das reações físicas,
químicas e biológicas; a água é indispensável à vida; a luz constitui a fonte
de energia para a síntese da matéria orgânica, através da fotossíntese; o
fotoperiodismo determina migrações, mudas de pelagem, ovogênese. As
relações alelobióticas, isto é, entre organismos, envolvem plantas, animais e
micro-organismos, em associações e relações complexas e em cadeias
tróficas e delas resultam o equilíbrio instável e a seleção natural.
Se a paleobiogeografia explica porque certas espécies ou grupos de
hierarquia mais elevada não ocorrem em regiões onde as condições
ambientais lhes seriam propícias, a biogeografia ecológica justifica a sua
ausência quando devida à ação de fatores ambientais limitantes ou adversos.
Assim, leões encontrariam condições ambientais favoráveis nas savanas sul
americanas, mas nunca chegaram lá. Por outro lado, são necessárias
condições propícias para que um organismo sobreviva em um determinado
ambiente.
O estudo da distribuição das doenças deve obedecer à mesma
orientação, uma vez que hospedeiros, vetores, micro-organismos e o homem
têm sua distribuição geográfica condicionada por sua história evolutiva e
pela influência dos fatores do ambiente. Dessa maneira, a etapa inicial de
um estudo de geografia médica é a patogeografia corológica ou
cartografia médica e consiste no registro de ocorrências e descrição das
características locais ou regionais das áreas onde ocorrem as doenças que
pretendemos estudar e sua distribuição geográfica.
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2.3.2 Colonização
O sucesso ou insucesso da colonização dependem de uma série de
fatores tanto bióticos como abióticos. O estabelecimento de populações de
organismos em um biótopo pode ser facilitado ou dificultado por condições
de clima, substrato, pH e pela cooperação ou competição com outras
espécies já instaladas. Nos habitats desocupados, a colonização constitui o
primeiro passo no caminho da sucessão ecológica, que é a sequência de
alterações na constituição de uma biota clímax.
As comunidades bióticas são organizadas etapa a etapa ou de sere a
sere pela harmonização ecológica das populações que se estabelecem em
um biótopo, terminando por se constituírem comunidades clímax.
Cada novo elemento que se estabelece prepara o terreno para o
seguinte, pelas alterações que provoca no ambiente. Ao mesmo tempo, as
espécies já instaladas podem dificultar seletivamente a instalação de outras,
competindo por alimento ou espaço. Podem lançar metabólitos inibidores
no substrato, sombrear o solo, produzir prole mais abundante ou
metabolizar alimento com maior rapidez.
Na perspectiva histórica, o processo de sucessão se confunde com o
de evolução: sem os autótrofos não podem existir heterótrofos, sem os
fitófagos não haveria carnívoros e sem os saprófitos não haveria reciclagem
dos compostos orgânicos.
O primeiro estágio no processo de sucessão é marcado pelo
aparecimento de populações de espécies pioneiras, as quais se caracterizam
pela grande capacidade de dispersão, e valência ecológica. A ocupação do
novo habitat acarreta modificações ambientais que o tornam adequado a
outras espécies, enquanto que as populações pioneiras vão sendo, pouco a
pouco, eliminadas em virtude dessas próprias alterações. No caso dos
vegetais, as espécies pioneiras são heliotrópicas e a sombra da vegetação
subsequente as elimina. Por sua vez, criam-se condições propícias às
espécies ombrófilas.
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Nos ruminantes pode haver até 109 células microbianas por grama de
conteúdo de rúmen.
A razão da especificidade parasitária pode depender, até certo ponto
e em certos casos, da correspondência morfológica entre a topografia da
mucosa intestinal e o escólex de alguns cestoides: nos casos em que a
forma e o tamanho são iguais tanto no jovem como no adulto, essa pode
ser a razão. William sugere essa hipótese, em vista do exemplo do espiráculo
de três espécies de Raia. Tal fato explicaria, ainda, a razão da distribuição
micro geográfica e a localização desses helmintos em outros vertebrados.
Certos parasitos, como Hymenolepis nana, têm um movimento
migratório circadiano, enquanto que outros migram de acordo com as
atividades alimentares do hospedeiro.
Alguns dos fatores que determinam a presença e a distribuição dos
helmintos foram identificados: a chegada de formas jovens diretamente ao
sítio habitado normalmente pelo adulto; a emigração de formas imaturas na
direção do fluxo gastrointestinal e a migração contra o fluxo.
As informações disponíveis são escassas e as que existem baseiam-se
na interpretação de dados de hospedeiros mortos a intervalos regulares,
após o início de urna infestação experimental.
O estudo das migrações deve levar em conta o fato de que se pode
correr o risco de interpretar o desaparecimento de alguns indivíduos como
emigração: nesses casos, a população total deve ser observada e estimada, o
que torna a análise mais difícil e trabalhosa.
A Geografia Médica, como, vimos, pode ser estudada, igualmente, na
escala do macrocosmo exógeno e do microcosmo endógeno.
A coincidência de certos padrões biogeográficos com os de
ocorrência de algumas zoonoses levou à teoria da focalização: esta nada
mais é que a tradução, em termos epidemiológicos, dos conceitos de
biogeografia ecológica desenvolvidos no século 19. Em 1939 Pavlovsky
reformulou a teoria da nidalidade natural das zoonoses, em termos de
biocenoses e parasitocenoses. Segundo Galuzo (1968), o nascimento da
teoria da nidalidade natural de doenças é urna prova da fecundidade do
terreno entre dois campos ou disciplinas científicas - uma área onde, corno
sucede entre dois polos elétricos, uma fagulha ilumina um novo caminho.
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Galuzo citou Pavlovsky, que afirma que o problema das zoonoses deve ser
investigado à base de pesquisas zoológicas, parasitológicas, combinadas
com projetos de natureza microbiológica e com a participação de
epidemiologistas, o que a Organização Mundial de Saúde (1973)
recomendou, para os estudos da peste, no campo. Como sucedeu com os
estudos zoogeográficos, as pesquisas sobre micro distribuição e ecologia de
parasitos, em relação aos hospedeiros, é dificultado pela ausência de dados
e observações precisos.
Antes do desenvolvimento da teoria moderna da evolução orgânica,
que atribuiu importância capital ao isolamento geográfico como fator de
especiação (Mayr, 1942; Simpson, 1953a), pouca atenção era dada à
procedência exata de espécimes coletados para estudos taxonômicos.
Wallace e Agassiz no século 19 inauguraram uma nova era: Agassiz, fixista,
contribuiu paradoxalmente para o esclarecimento de muitos pontos de
obscuros da teoria evolucionista (Avila-Pires, 1965). Em 1865, a bordo do
navio que trouxe os membros da expedição Thayer-Agassiz ao Brasil
(Agassiz e Agassiz, 1869), traçou os rumos das pesquisas zoogeográficas que
deveriam ser desenvolvidas, ao ressaltar que a descrição de novas espécies
constituía um objetivo importante, mas que, desde então, a distribuição
exata de plantas e animais e suas relações com o ambiente físico passara a
ser primordial. Ressaltou o fato de que, 50 anos antes, não era importante
precisar exatamente a procedência de um espécime. Bastava anotar se
provinha da América do Sul ou África. De fato, encontramos nas antigas
coleções, localidades de procedência registrada como Caiena ou Pará [Belém]
que foram os portos de embarque.
Crompton, em 1973, ressaltou esta situação, ao estudar a distribuição
micro geográfica de helmintos parasitos no trato alimentar de vertebrados.
Referiu-se a um estudo pioneiro de Neuman que reconhecia, em 1892, que
existem parasitos que se localizam em um trecho determinado do trato
digestivo, mas que muitos helmintologistas ignoram este fato. Quando
sobrevém a morte do hospedeiro, migram para outros sítios, o que é
desconsiderado, e impede o conhecimento da sua densidade populacional,
nutrição, reprodução e outros aspectos de sua biologia. Assim, no passado,
muitos taxonomistas assinalavam a localização de um helminto como
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2.3.3. Barreiras
Barreiras à disseminação e à dispersão estabelecem os limites de
distribuição geográfica e ecológica dos organismos. As barreiras podem ser
de naturezas diversas: topográficas, espaciais, climáticas.
Os biótopos endógenos, no corpo dos hospedeiros, podem ser
isolados por barreiras semelhantes àquelas que limitam a distribuição dos
organismos no ambiente exterior, de natureza topográfica (válvulas, tecidos
corticais), químicas (pH, enzimas), espaciais, bióticas (competição) e outras
como fagócitos.
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Capítulo III
ECOLOGIA, INFECÇAO E DOENÇA
que os bacilos estavam mortos. Pasteur concluiu que alguma coisa levada
pelo ar havia sido responsável pela destruição dos micro-organismos,
concluindo que seria possível, um dia, utilizar micróbios inócuos no combate
aos patógenos.
Metchnikoff, seu assistente, pesquisou o antagonismo entre micro-
organismos quando trabalhava com Lactobacillus acidophilus, que existe em
grande quantidade no intestino grosso. Descobriu que seu número se
reduzia quando sobrevinham certas infecções intestinais. Atribuiu este fato à
destruição dos bacilos por patógenos invasores e passou a recomendar a
ingestão de grandes quantidades de lactobacilos, que estão presentes no
leite talhado. Na verdade, os bacilos ingeridos são destruídos durante a
processo de digestão e poucos chegam vivos ao intestino grosso.
Além do impulso à indústria do iogurte, sua ideia despertou a atenção
de outros bacteriologistas. Em 1888, Freudenreich preparou uma cultura com
propriedades antibióticas. Emmerich e Low a purificaram e isolaram a
piocianase, Na segunda década do século 20 Waksman publicou um volume
sobre microbiologia de solo, focalizando o estudo dos actinomicetos e, na
Bélgica, em fins de 1920, Gratia e Dath isolaram a actinomicetina. Em 1928,
René Dubos isolou um antibiótico de solo, utilizando um raciocínio
ecológico. Partindo da noção de reciclagem deduziu que as cápsulas de
pneumococos de pulmão de tuberculosos deveriam ser desagregados e
decompostos no solo. Em consequência isolou uma enzima que daria
origem à gramicidina, o primeiro antibiótico a ser comercializado, mas que
se revelou tóxico para uso interno. No mesmo ano, a contaminação de uma
placa de Petri no laboratório de Flemming levaria à descoberta da penicilina.
Finalmente, em 1932 Dubos isolou a tirotricina iniciando a era da
antibioticoterapia.
Com o início das investigações sobre dinâmica e equilíbrio de
populações silvestres, especialmente com Charles Elton voltou-se a discutir a
prioridade dos fatores bióticos: competição, predação, parasitismo,
amensalismo, e abióticos, o clima, na estabilidade das comunidades. Na
verdade, estão eles de tal forma inter-relacionados que é difícil considerar
isoladamente a ação de cada um. Como em geral acontece, a razão
97
CAPÍTULO IV
AS PARTICULARIDADES DA ECOLOGIA HUMANA
cultural e técnica.
Enfim, toda a componente cultural, religiosa e supersticiosa contribui
para o delineamento dos padrões ecológicos e epidemiológicos, corno
ressaltou Flannery (1972) ao recomendar que as relações pessoais e sociais
devam não devem ser omitidas de qualquer investigação ecológica como se
fazia.
aclimatação. Em viagem, e com exceção dos animais capazes de caminhar toda a bicharada
é embarcada com as outras bagagens. Os macacos, agarrados às cabeleiras das mulheres,
cobrem-nas com um gracioso capacete vivo, prolongado pela rabo, enrolado em torno do
pescoço da portadora. Os papagaios e as galinhas empoleiram-se em cima dos cestos ou
dos animais que são levados debaixo do braço. Nenhum recebe uma alimentação
abundante; mas, mesmo nos dias de fome, a sua parte.
Polunin (1977) ressaltou que a vida tribal caracteriza-se pelo relativo
isolamento físico e cultural, pela simplicidade, tamanho reduzido dos grupos, baixa
densidade populacional e proximidade da natureza. Hoje em dia, entretanto,
dificilmente podemos encontrar uma comunidade sem história de contato
direto ou indireto com o mundo civilizado.
O isolamento ocorre, também, no nível individual; cada indivíduo
mantendo contatos intensos e frequentes com poucos outros, enquanto que
o homem urbano, em uma semana, mantém mais contatos que alguém, em
condições primitivas, em toda a sua vida. Tal fato é bastante significativo em
termos de transmissão cultural e explica, em parte, a lentidão das mudanças
que se verificam no estágio primitivo, a não ser quando se rompe o
isolamento.
Noel Nutels, o sanitarista brasileiro que dedicou sua vida à assistência
médico-sanitária das populações indígenas da região do Xingu, deu-nos seu
depoimento (Baruzzi, 1977): Um indicador de isolamento mais importante para este
estudo, contudo, é a ausência de transmissão de doenças de uma tribo para outra,
separadas por distâncias de cerca de150 km. Em1962, rubéola surgiu entre os Tiriyo,
introduzida de Suriname, mas estudos sorológicos mostram que não alcançou os
Ewarhoyana, seus vizinhos mais próximos, ao sul. No mesmo ano, sarampo foi introduzido
nos Garatirei alcançou os Kuben-Kran-Ken, mas não se espalhou entre os Xicrin ou os
Mekranoti. Em 1964 uma devastadora epidemia de sarampo afetou as tribos ao sul do
Parque do Xingu, mas não os Txukarramãe, na região setentrional do Parque.
Além do isolamento, as principais características das populações em
condições primitivas são: um contato intenso com elementos da fauna
silvestre no domicílio e na atividade diária. Ao contrário do homem urbano,
que passa a correr maiores riscos quando deixa a segurança de seu lar, as
populações no estádio primitivo participam de ciclos zoonóticos caseiros ou
domiciliares. Verifica-se menor mobilidade individual e maior do grupo;
menor impacto sobre o ambiente, tanto no nível individual, com respeito à
manipulação ou controle de fatores do meio, quanto em termos de impacto
populacional sobre os ecossistemas regionais. Existe menos possibilidade de
147
humanas que revelam a ocorrência das zoonoses mas não dão ideia de sua
distribuição geográfica e ecológica real dos vetores e reservatórios.
A condição primitiva corresponde, portanto, à completa integração
com a natureza e implica participação natural em seus ciclos, incluindo os
dos parasitos e patógenos.
Outro exemplo interessante é o da reação imunológica positiva
verificada entre índios do alto rio Xingu a Schistosoma mansoni, parasito
inexistente na área. Supõe-se que se trate de reação cruzada, provocada por
tentativas abortivas de penetração na epiderme do homem por parte de
cercarias de peixes, ou outros vertebrados aquáticos.
Harian mostrou a coevolução de certos cultivos com o homem e
ressaltou as relações exclusivas entre cultivares e culturas humanas: as
margens do rio Baudama, na Costa do Marfim, estão povoadas, de um lado,
por consumidores de arroz e, do outro, por consumidores de mandioca
(yam). Cultivos sazonais e anuais (ou perenes) exercem grande influência
sobre a dinâmica das populações animais e, em consequência sobre a
epidemiologia das zoonoses.
O isolamento cria condições especiais para a manutenção de certas
doenças e para o desaparecimento de outras. Micro-organismos infecciosos
que não têm reservatórios não-humanos dependem, para sua manutenção,
de uma densidade populacional crítica bastante elevada. O estudo de
comunidades que habitam ilhas oceânicas ou bases polares, como a de
McMurdo, na Antártida, revelam a existência de um padrão interessante,
caracterizado pela ocorrência de virgin soil epidemics, que lavram como
incêndios e se extinguem por falta de indivíduos suscetíveis.
Além da densidade, a mobilidade determina a extinção dos parasitos
que, como os geohelmintos, necessitam de certo tempo para completarem o
ciclo extracorpóreo ou de ida livre. Ascaris e Necator estão entre estes.
Amebíases, por outro lado, dependem da existência de suprimentos de água
contaminada, podendo ocorrer em oásis, mas não entre os nômades das
regiões de florestas e savanas.
Em 1973 um grupo de indígenas Kren Akorore, na região do Xingu foi
contatado e Baruzzi (1977) nos deu uma boa descrição das condições
extremamente primitiva em que vivia. Não fabricavam nem possuíam
151
nos dias de hoje. Box & Harrisson (1993) discutiram recentemente o papel e
as políticas relacionados ao que denominaram espaços verdes naturais.
Análises desse tipo não levam em consideração os aspectos particulares
relacionados às atitudes sociais locais, exigências ecológicas e implicações
para a saúde pública envolvidas na presença de habitats naturais dentro dos
limites das cidades. Parques em zonas temperadas são muito distintos de
florestas equatoriais, pântanos, manguezais e outros biomas.
Para os fins desta análise, nos preocuparemos com o ressurgimento
da urbanização na Europa e a generalização do comércio que ocorreu
durante o renascimento do século 10, e que deu origem à nossa civilização
urbana contemporânea.
O período da antiguidade clássica no ocidente constituiu a época
pioneira das cidades-estados. A estratificação social rígida em categorias e
castas, a concentração territorial da população o e as fortificações
elaboradas constituíam defesa contra as hordas bárbaras, de organização
frouxa e incipiente. A queda dos grandes impérios só foi possível em virtude
de desorganização interna por várias causas, incluindo grandes epidemias.
Por outro lado, a aglomeração humana em altas densidades
populacionais exigia a solução de problemas de caráter ecológico,
resultantes dessa condição. Destes, os mais importantes eram o suprimento
adequado de água e alimento, a higiene e a integração social. A engenharia
urbana, as técnicas de produção de alimento, os fundamentos do direito e
os princípios empíricos de saúde pública datam daquela época. As urbs
tornaram-se um novo ambiente, bastante distinto dos antigos burgs, que
eram meramente centros administrativos em uma sociedade
fundamentalmente agrícola. Entre as mudanças provocadas pela revolução
urbana estava a ascensão de uma economia mercantil baseada em um
sistema monetário de comércio; uma nova classe de cidadãos com
mobilidade social; desenvolvimento industrial com acumulação de
excedentes destinados ao comércio; e, eventualmente, a admissão do lucro
como uma prática aceitável, não como um pecado condenado pela religião.
A expansão da urbanização na Europa, após a Idade Média, trouxe o fim do
feudalismo e um aumento da agricultura intensiva para apoiar a crescente
demanda por alimentos por uma nova classe de cidadãos com os meios
157
massas de ovos férteis. Foi quantidade bastante para iniciar uma colônia em
seu laboratório.
Em 1973 verificou-se um surto de peste bubônica urbana no Equador
e a guerra do Vietnã desencadeou epidemias de grandes proporções, nos
últimos anos.
A facilidade dos meios de transporte modernos permite que um
indivíduo infectado, mas sem sintomas aparentes, viaje de um foco de
zoonoses para um centro urbano cosmopolita, em contato com inúmeros
companheiros que podem se contaminar durante o trajeto e na escala final
e servir de veículo de dispersão de patógenos por vários continentes.
Como vimos, no curso de sua evolução, o homem tecnológico
passou por todas elas. Mas, como vimos, a humanidade, como um todo,
constitui uma generalização teórica, do ponto de vista ecológico, por sua
heterogeneidade. Parcelas da população contemporânea atual encontram-se
em cada um dos estágios tecnológicos pelos quais passou o homem, o que
evidencia a ambiguidade das generalizações sobre o homem moderno.
Como todos os outros animais, o homem depende de produtores
primários, plantas verdes e micro-organismos simbiontes para sintetizar
nutrientes e permitir a sua transferência de um nível trófico a outro. As leis
da termodinâmica ainda governam a transferência de energia e, quanto
maior a cadeia ecológica, maior a perda para o ambiente. Como é a regra
da evolução orgânica, não há tendência ou objetivo na evolução humana. Há
variação genética aleatória, e diversificação da adaptação. A capacidade do
solo, do ar e da água para absorver, degradar e reciclar resíduos é limitada.
Uma questão sensível hoje em dia é a sobrecarga de resíduos que poluem o
meio ambiente. A mudança global é de responsabilidade do homem urbano
pela a conservação ou uso racional de recursos de onde eles vêm. Ele deve
estar ciente de onde os recursos que ele usa se originam e o que ele pode
fazer para contribuir para diminuir seu impacto na origem. Isso inclui a
questão da perda de biodiversidade através da recuperação de terras para
agricultura industrial e silvicultura, ocupação humana, degradação e
exploração de produtos naturais.
Nas cidades, fatores ecológicos devem ser analisados em meso e
microescalas. A micro distribuição mesoclimática, microclimática e geográfica
163
CAPÍTULO V
A ECOLOGIA NO BRASIL
Distrito Federal, mais intensamente na área de Cabo Frio, sob a forma de projetos de
pequena amplitude e duração limitada, visando o conhecimento da vegetação e das
condições ambientais, o levantamento dos recursos naturais renováveis, seu controle e
utilização e o treinamento de ecologistas. Abrangem as pesquisas a Dinâmica da vegetação
e a Autoecologia.
Em 1963, o Setor de Ecologia da então Divisão de Botânica funcionava
em instalações próprias, no antigo Horto da Quinta da Boa Vista, ao lado do
Museu. No relatório daquele ano, o Diretor, Newton Dias dos Santos
registrou que: [...] considerando que uma das metas da atual direção do Museu Nacional‚
a de desenvolver e incrementar as pesquisas ecológicas sensu latum, englobando tanto o
aspecto vegetal quanto animal.
No segundo semestre de 1957 funcionara um curso intensivo, com a
duração de cinco meses, de Ecologia Vegetal. Em 1961 foi oferecido, na
Faculdade Nacional de Filosofia, um Curso Avulso de Especialização, de
quatro meses, para 40 alunos, de Introdução à Ecologia.
Merecem destaque os trabalhos de pesquisadores do Museu como os
de Luiz Emygdio de Mello Filho sobre paisagismo e impacto ecológico e
aqueles de João Moojen, pioneiro nos estudos de ecologia de reservatórios
silvestres de peste bubônica no Brasil.
Na década de 1960 o Centro de Conservação da Natureza do Estado
da Guanabara, posteriormente incorporado à Fundação de Engenharia e
Meio Ambiente do Rio de Janeiro (FEEMA) também se destacou por oferecer
cursos e desenvolver pesquisas, em sua sede na Floresta da Tijuca.
Karl Ahrens, da Faculdade Nacional de Filosofia, Brade e Carlos Toledo
Rizzini, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro destacaram-se nos estudos de
ecologia vegetal. Rizzini seguiu a tradição famosa de Barbosa Rodrigues.
Em São Paulo, Herman von Ihering (1950-1930), que viera do Rio
Grande do Sul como Naturalista Viajante do Museu Nacional, foi convidado
a implantar um museu. Autor eclético, escreveu sobre temas científicos e
políticos. Foi, no entanto, seu filho, Rudolph von Ihering, que, patrocinado
pelo Departamento da Indústria Animal da Secretaria da Agricultura de São
Paulo, iniciou o estudo da biologia e ecologia de peixes de água doce, no
rio Mogi Guaçu. Chefiou uma comissão instalada em 28 e constituída por
Lauro Travassos, acadêmicos Clemente Pereira e Zeferino Vaz, além de André
Dreyfus, Arnoldo Rocha, Eduardo Etzel, Flavio da Fonseca, Ricardo
Guimarães, João Camargo Barros e Nelson Planeta, da Faculdade de
176
Rockfeller.
Na década de 1940, o canadense Pierre Dansereau, da Universidade
de Montreal, sob o patrocínio do Conselho Nacional de Geografia, treinou
os primeiros especialistas e introduziu técnicas modernas de investigação em
biogeografia ecológica. Um curso ministrado por ele na Universidade do
Brasil, em 1946, constituiu a base de um livro texto publicado em 1949,
posteriormente ampliado, que se tornou um marco na história da ecologia e
biogeografia, Biogeography: an ecological perspective (Ronald Press, N.York,
1957).
A ecologia marinha e a ecologia de águas costeiras foram
desenvolvidas na Seção de Hidrobiologia do Instituto Oswaldo Cruz, que
contou com estações fixas e com embarcações e apoio da Marinha. Um
curso ministrado de agosto a dezembro de 1950 no Instituto Oswaldo Cruz,
sob a coordenação de Lejeune de Oliveira, formou os primeiros especialistas
em ecologia de águas, abordando Hidrobiologia Geral (Lejeune de Oliveira),
Hidroquímica (Rubem do Nascimento), Limnosociologia (Firmino Torres) e
Ficologia (Lejeune de Oliveira)
Lejeune dirigiu, durante muitos anos, as pesquisas na Estação de
Hidrobiologia da Ilha do Pinheiro, do Instituto Oswaldo Cruz.
A Ecologia Vegetal ficou a cargo de Henrique Pimenta Veloso, que
colaborou, como vimos, nas pesquisas sobre febre amarela, malária e outras
endemias importantes. Merecem destaque seus trabalhos sobre a ecologia
vegetal realizado na Serra dos Órgãos (Veloso, 1945; Soper et al., 1943).
Deixou-nos Oliveira-Castro um livro texto, escrito em colaboração com
Stanley A. Cain e publicado em 1959, Manual of Vegetation Analysis (Harper
& Brothers, N.York), além de uma série de artigos publicados nos Anais da
Academia Brasileira de Ciências e um estudo sobre os mosquitos do Vale do
Jequitaí, realizado em Engenheiro Dolabela, Minas Gerais e que apareceu na
Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais.
Em vários Estados foram estabelecidos centros regionais de pesquisa,
dois dos quais se desenvolveram como filiais, o Instituto Ezequiel Dias, de
Belo Horizonte, Minas Gerais, e o Instituto Oswaldo Cruz de São Luiz,
Maranhão. Em Minas Gerais, os postos de Lassance e Bambuí destinaram-se
ao estudo da doença de Chagas. Um posto de investigações ecológicas
188
afixadas nas raízes, troncos , galhos de árvores ou sobre rochas nuas. A água
que se acumula entre as folhas imbricadas daquelas plantas é suficiente para
manter uma comunidade biótica complexa, que inclui desde invertebrados
microscópicos até anfíbios, répteis e pequenos mamíferos. Nessa água,
mosquitos depositam seus ovos e criam-se as larvas.
Uma campanha de destruição das bromeliáceas epífitas, rupícolas e
terrestres foi executada em três etapas. Na primeira experimentou-se
destruí-las manualmente, com o fito de preservar as florestas primárias. Esse
método, além de demorado, colocava em risco os trabalhadores. Em
seguida, tentou-se a aplicação de herbicidas, inclusive com o emprego de
aeronaves, o que implicava em custos elevados. Por fim, decidiu-se eliminar
as matas existentes nas zonas urbanas, nas cidades que apresentavam
maiores índices de morbidade. Foram assim destruídos cerca de 30 milhões
de metros quadrados de florestas.
Em 1949, o Serviço instalou um centro de estudo em Brusque, Santa
Catarina, que passou a constituir a Seção de Bioecologia do Instituto de
Malariologia, onde se desenvolveram pesquisas na área de ecologia,
biologia, química da água, microclimatologia, botânica, zoologia e ecologia.
Sua equipe incluía Henrique Pimenta Veloso e F. Torres de Castro (Instituto
Oswaldo Cruz), Mario B. Aragão, Joaquim Ferreira Netto, Casemiro Manoel
Martins, Pelagio Viana Calabria, Carlos Eugênio Azambuja, Roberto Miguel
Klein e Helio de Souza, do Serviço Nacional de Malária. Os trabalhos foram
interrompidos em 1953, mas o Herbário Barbosa Rodrigues, em Itajaí,
prosseguiu com os estudos de botânica e ecologia, publicando
recentemente um volume sobre o complexo malária-bromélia.
As epidemias de febre amarela igualmente impulsionaram
sobremaneira as pesquisas no campo da ecologia médica.
Em 1923 o governo brasileiro firmou convênio com o International
Health Board, um dos precursores da atual Fundação Rockefeller, visando a
melhoria das condições gerais de saúde pública no país. Em 1928 foi criado
o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, que contava com a colaboração do
Instituto Oswaldo Cruz. Os trabalhos de controle da febre amarela
desenvolviam-se nos centros urbanos e eram orientados no sentido da
eliminação dos criadouros de Aedes aegypti, mosquito antropofílico
192
CAPÍTULO VI
FINALIZANDO
CONCLUSÃO
Não há economia em ir para a cama mais cedo
para poupar velas, se o resultado forem
gêmeos
Provérbio chinês
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ILUSTRAÇÕES1
CONDIÇÕES PRIMITIVAS
Rio do Macaco, Pará, 2018 (trilha na mata comunidade alternativa) foto: A. Mohr
CONDIÇÕES RURAIS
CONDIÇÕES URBANAS
CONDIÇÕES MARGINAIS