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l\ C) f; J,· r J\ r
tradução:
Marcelo Red e
Professor do Depart a m e nt o de Hi s t óri
da Universidade Federal Fluminen se
prefácio:
Jacques Le Goff
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A EXPANSÃO OCIDENTAL
DAS IMAGENS
F~zerimagens não é algo que vai por si mesmo. Como outras, a sociedade medie-
val enfrentou estas questões: É lícito fazer imagens? De que tipos e para quais
usos.? As respostas a essas interrogações formam a história ocidental das imagens,
. que pode ser assim resumida: aceitação progressiva da representação do sagrado,
ampliação dos usos das imagens e diversificação de suas funções, desenvolvi-
mento maciço de sua produção. Vários fatores induziam, entretanto, a uma forte
resistência às imagens. A interdição das imagens materiais figura nas Tábuas da
. Lei de Moisés (Ex 20,4-), e numerosas passagens do Antigo Testamento denun-
ciam as recaídas idólatras do povo eleito, tais como a adoração do Veado de Ouro.
De resto, o judaísmo e o islã, que permaneceram, em princípio, fiéis ao manda-
mento divino, não deixam de denunciar o caráter idólatra da prática cristã da
imagem. Os clérigos ocidentais devem defender-se contra tal crítica, notadamen-
te nos tratados antijudaicos que se multiplicam a partir do século XII e exageram
ª polêmica até inverter paradoxalmente a acusação de idolatria contra os judeus
e os muçulmanos (Michel Camille). Além disso, o cristiémismo dos primeiros
séculos (por exemplo, em Tertuliano) dá provas de um verJadeiro ódio do ~isível,
assimilado - conforme a tradição platônica - ao mundo das aparências e do
·~.~gano, ainda mais porque é necessário, naquele momento, distinguir-se das prá-
ticas da imagem características do paganismo .
. .
: ,'4.82 ]érôme Baschet
. 1~: : ~·'!
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36. Próximo de iconofilia, o termo iconodulia (formado a partir do grego douleia, servidão, submis-
são) indica uma postura favorável à veneração das imagens, sendo menos comprometido que ico-
nolatria, que, sobretudo no discurso dos seus opositores, denota negativamente uma aJoração
(indevida) da imagem, aproximando-se de idolatria. Mais abaixo, o autor estabelece outra distin-
ção entre dulia e latria. (N. T.)
. 3_7. Do grego anagogé, "ato de elevar, fazer subir"; no domínio religioso, refere-se à elevação espi-
,.ntual através da contemplação da dimensão divina das coisas. (N. T.)
graças a uma intervenção sobrenatural da figura ·santa que ela representa. Não
seria necessário menos para vencer as reticências que a novidade de tais obje-
tos poderia suscitar. .
Assim, o mestre-escola de Tours Bernardo de Angers, que descobre em
1
Ele descreve) então a estátua que os fiéis admiraram, tomados de fascínio pelo
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olhar da santa que, sob a oscilação das velas, parece se animar; eles se proster-
nam aos seus pés, ou dormem ao seu lado na esperança de que ela se manifes-
te. De fato, a santa aparece em sonho, seja para gratificar seus fiéis seja para 1
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gens durante a Alta Idade Média, e a despeito das
.
contestações heréticas_
.
ídas ..
~ quais elas são periodicamente objeto, o Ocidente dos sécu_lps X a XIII abre-se às
( · imagens; ele passa de uma iconicidade restrita a uma iconicidade sem res~rvas
r. e transforma-se em um universo de imagens: bastante diferente, é verdàde,
t segundo o meio social, mas abrigando, em todo caso, a totalidade da cristanda-
f< ·de em seu inanto de cor~s e de formas. · .
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l Mas, justamente, a Igreja é um corpo tão vasto, tão tentacular, que não poderia
ser homogêneo. Ela é atravessada por tensões e animada por contradições, por
t vezes vivas. A doutrina também não é una; ela evolui, é objeto de debates, dá
lugar a conflitos, inclusive no seio da ortodoxia. Ela é modulada a partir da alta
1 especulação dos teólogos até as obras de divulgação, passando por suas repre-
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A C IVILI Z A Ç ÃO F E UDAL
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sentações litúrgicas e teatrais, ou ainda suas expressões devotas e mfstic'as. · d.~
, discursos clericais podem .
integrar tradições que, tendo sido de início estranh~f~~ . .. , ~ :!.~
efeito paradoxal: limitadas a funções pouco elevadás, sem interferência nos ritQs~>;
essenciais da Igreja, as imagens escapam, assim, às fortes constrições doutrinai~i~]
que pesam sobre ela em Bizâncio, sendo, aqui, um simples labor humano, d~it'. ~
xado ao controle dos artesãos. E se, durante a Idade ·Média Central, os clérigo~1)
relembram com freqüência as funções das imagens e evocam por vezes certo~(~
significados dos temas principais, raras são as intervenções. 'ille..:vi_sa_i:n fi~~! cor-~ - ~
rigfr ou .condenar õs modo~i êle-·representãçã~ (~erá . t~t~l~-e~te diferente após "o:
Concílio de Trento, quando o Tratado das imagens santas, de Molanus, toma-se.·
a expressão de uma vontade de controle clerical sobre a iconografia). Constata~:
se, então, uma fluidez figurativa que contrasta, de maneira surpreendente, com'
a estabilidade muito maior das fórmulas iconográficas da arte bizantina. Essa
"liberdade" da arte é admitida até mesmo teoricamente, como testemu-nha o
Racional dos div1nos ofícios, de Guilherme Durand, que afirma que as pinturas
podem representar as cenas bíblicas "segundo sua conveniência" e retoma,
como outros, o antigo Dictum Horatii ("Os pintores e os poetas sempre tiveram.
igual faculdade de ousar tudo o que queriam").
Nesse contexto, as críticas de alguns clérigos, q~e condenam certos tipos
iconográficos,, confirmam a contrario a margem de. m~nobra da criação figurati-
va (assim, por volta de 1230, o bispo Lucas de Tuy troveja em vão contra essa
novidade que é, então, o crucifixo com três cravos). Tais protestos mostram, no
mais, que as imagens operam, por vezes, nas bordas da ortodoxia e criam repre-
sentações cuja ambigüidade faz com que pareçam ora lícitas, ora inadmissíveis.
No sécúlo XV, é conhecida a intervenção do ar.cebispo Antonino de Florença
contra as Anunciações que mostram Cristo descendo, sob a forma de .uma
criança, para a Virgem (o que, segundo ele, sugere indevidamente que a huma-
nidade de Cristo preexiste à sua encarnação), ou ainda a de Gerson, o chance-
ler da Universidade de Paris, condenando as estátuas das Virgens que se abrem,
no interior das quais aparece toda a Trindade (e que não deixam de s~~ produ-
zidas por causa disso; figura 49, nas pp. 492 e 493). Mas tais críticas permane-
cem raras e constituem, no máximo, opiniões pessoais, eminentes é verdade,
mas que não têm força de decisões doutrinais ou disciplinares (no mais,
diz-se, Cri~ to (quer dizer, sua imagem) se adianta para saudar sua mã . O ritual
pascoal é também a ocasião de uma manipuJação J · imagcu:> ampbmenre pra-
licada no Ocidente : a J eposição de C risto no ttímuJo, na Sexta-Feira Santa, é
representada graças a uma simpJcs cruz ou, por vezes, a partir do séc ulo XI II,
com ajuda de um grande Cristo esculpido, que é despregado da crüz pa~a sê~ . ··
posto no sepulcro, até se proc~der, no domingo, à elevação ·simbolizando a re·s.:. > ..
. surreição. Muitas outras imagens são vestidas, coroadas ou cobertas dejói~s 1:1.0· ..·"
dia de .suàs festas. Mas a maior parte exerce, sobretudo, um papel pelo fato 'de· qÚ~ ·. ..
constitui a decoração do lugar onde ~ão realizados os ritos essenciais d~.:Ígrej~(~ ... '
Os retábulos são 1 evidentemente, associados ao culto dos santos, mas ~mb.éffi. : ...·
. multiplicam os temas com relàção ao sacrifício eucarístico, a começar· pela ·
Crucificação, presença visível de Cristo, ecoando aquela que a hóstia faz. advir; .,
Na decoração que cerca o altar, coni freqüência são encontradas, como já é>cor-·
re em São Vital de Ravena, as prefigurações veterotestamentárias do sacrifíciÕ
de Cristo - a oferenda de Abel ou o· sacrifício de Abraão, de resto menciona-
das nas preces do cânone da missa. Os temas da. infância de Cristo, ou mesmo
a Virgem com o Menino, têm ta~bém. seti'lugar.ne~se . ~orltexto., pª º-1~~iQ?_~m. _
-- que a · eucaristia é coiicebid~ ·-~~~~ .a reite~ação do nascimento terrestre do
Salvador, ·como uma encarnação cotidianamente repetida. Muitos outros luga-
res ligados a ritos litúrgicos específicos podem ser objeto de uma análise com-
parável, quer se trate do batistério ou de pias batismais, ou ainda da decoração
do portal norte das igrejas, que ecoa, por vezes, os rituais penitenciais realiza-
dos nesse lugar. É o caso da célebre figura <le Eva, na catedral de Autun, cuja
estranha postura foi posta em relação, por Otto Werckmeister, com a dos peni-
tentes que atravessarn o portal norte ~astejando sobre os joelhos e cotovelos a
fim de serem reintegrados à comunidade eclesial (figura 50, na p. 498)-.
As imagens prestam-se~ ainda, a muitos outros usos. Elas servem de emble-
mas às instituições e aos poderes constituídos, constroem hierarquias e 1nanifes-
.-tam relações àe força (entre o papa e o imperador, por exemplo) ou de domina-
ção (entre os clérigos e os laicos). Seu alcance eclesiológico é onipresente, como
bastam para lembrar a figura de são Pedro, símbolo da autoridade do pontífice
romano, cuja iconografia se desenvolve significativamente a partir dos séculos XI
e XII, e a figura da Virgem, duplo da Igreja, que se une a Cristo pelo seu coroa.:.
mento real ou que acolhe a comunidade dos fiéis sob seu manto. Além da Igreja ·
universal, a imagem pode também exaltar uma de suas instituições particulares,
a começar pelas ordens religiosas: entre os franciscanos é sobretudo a legenda de
Francisco que faz as vezes de manifesto, como no ciclo pintado por Giotto na
basílica de Assis (figura 19, na p. 206), enquanto entre os dominicanos a vida do
fundador é muitas vezes suplantada pela multidão de grandes figuras da ordem,
que são representadas em plena atividade intelectual ou, então, integradas nos
ramos da ·árvore que nasce de são Domingo.
As imagens contribuem também para construir a legitimidade do poder
temporal, por vezes diretamente, como, por exemplo, quando os mosaicos da .
A revolução <las imagens, iniciada a partir do século XI, não se limita somente à
sua expansão quantitativa. Ela lhes confere também uma potência eficaz aumen-
tada, para além do que sugere a tríade das justificações clericais da imagem (ins-
truir, rememorar, emocionar). Ainda não foram mencionadas, aqui, as imagens
mais miraculosas, aquelas que o são pelo seu próprio modo de produção. São,
conforme as tradições inicialmente orientais, as imagens acheiropoiétes, quer
dizer, não feitas pela mão do homem. Assim ocorre com a Verônica, ·véu ofere-
cido a Cristo no momento da subida ao Calvário e sobre o qual sua face teria
sido miraculosamente impressa. Conservada na basílica de São Pedro do
~aticano desde o século XJJ, seu culto ganha ímpeto a partir de 1216, na seqüên-
cia de um milagre ao qual Inocêncio IJJ dá sua caução. Inicialmente considera-
do uma relíquia, este objeto é, desde então, significativamente assimilado a uma
ÜS MECANISMOS DA REPRESENTAÇÃO
51 O }ér,ôme Baschet
39. Ao longo deste capítulo foram respeitados os neologismos <lo autor (ou usados por ele) refe-
rentes aos estudos de Iconografia, taís como orn.amentalizaçiío (por oposição a ornamentação), pla-
nitude (contra platitude) e mostração (distinto Je exibição). (N . T.)
Digitalizado co m CamScanner
formas identificáveis, expõem a literalidade dos traços ou <las cores <le que são fei-
,'tas, sem preocupação de ilusionismo". Longe de manifestar um déficit de conhe- -
cimento técnico, tais procedimentos corrcspond m à sacralidade dos objetos
decorados e das figuras represcntodas, que onvidn o subtrnf-l:1s tanto quanto pos-
sível da ordem das aparencius s "nsív "Ís. É assim, por ·x ·mplo, que "o ornamen-
tal emiquece ·a repres ntaçfio crislíl do sagrado, cxolt anelo a divi ndade f>ob formas
que contrab.ahmçam ou sublimnm, s "m negá-lo, o antropomorfismo <lo Deus da
Encarnação" Qean-Cbudc Bonne). Mais tnrc.le, a partir <lo século XII, e sobretudo
do século XIII , um processo tende a separar a representação e a omamentaçãCJ,
esta sendo notada1nente remetida para as margens da imagem. Mas, por estarem
menos intimamente imbricadas, representação e ornamentação não cessam de
entreter suas relações, no mais das vezes a distância, mas também no interior
mesn10 da figuração, em que as vestimentas continuam sendo. um dos lugares pri-
vilegiados de CÀ-pressão do ornamental. -
A oposição entre a superfície e o espaço, herdada do historiador da arte
Heinrich Wõlfflin, conduz geralmente a depr~ciar a arte medieval, considerada
incapaz de sugerir a tridimensionalidade, e faz da história da arte um processo
teleológico que tende para a conquista da perspectiva, única representação cor-
reta do espaço. Se quisermos, ao contrário, pensar a especificidade das repre-
sentações medievais e os valores po_sitivos ·que as animam, é preciso admitir
a existência, ao longo de toda a Jdade l\1édia, de uma tensão entre planitude e
espessura Qean-Claude Bonne). Se a arte medievôl pode ser considerada a arte
do plano, é, antes de tudo, porque a imagem, destinada à celebração do lugar
ou do objeto em que ela se inscreve, deve dar mostra de respeito em relação a
seu suporte (página do manuscrito, parede da igreja, entre outros). Isso é parti-
cularmente verdadeiro a respeito da iluminura, tendo em conta o caráter sagra-
do dos livros em que são pintadas: como indica judiciosamente Otto Pacht,
"o cristianismo não fazia diferença entre o livro, instrumento de comunicação,
e a men$agem que ele transmitia. O livro não era apenas aquilo que continha o
Evangelho, ele era o Evangelho". Compreende-se, então, que a planitude do
suporte seja assumida positivamente, como um componente imediato da ima-
gem e que o fundo das imagens medievais não se deixe negar ou atravessar por
nenhum procedimento ilusionista, qualquer que seja ele. Não é raro, ao contrá-
rio, que o suporte material da imagem .mostre-se diretamente (figura 1, na p. 36)
ou que ele exiba sua presença incontornável através de largos aplats40 de cores,
desprovidos de todo alcance mimético, ou <lo brilho espelhado de um plano
40. Técnic_a, conhecida em italiano como tinta piatta, que consiste em aplicar uma camada uni-
forme de tinta em uma superfície. (N. T.) .
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J l ~r •j·• ' si,i nos d ' 3Ii11 hn me nto <la s m ú lt i pJa ~ í nstítu íçc1cs qu e d curnr'> ·rn;
~H ín 'i . bs v 'rJ:1cks cscutológic:.is, ao m es mo t ·mpo qu · supo rte.;; d · pr;J íca·,
1 ' ~o c 1Ja vez ma is Jif'undidas : tais são a lguns dos pap ~ i s qu ·a. íma''Cn
~ ~su mc m na sociedad e c ri st5. Seu poJ e r d e be leza e d e re ·pi ·ndor croméÍtico
rqu ·tr<.l , d m a ne ira sensíve l, a sacralidade dos luga res d e cu lto, J · modo qw:
a imJge n contribue m para o contato privilegiado qu e se e ta b 'Ice· ali ·ntre o
homen s e as potê ncias sa ntas ou di vinas, ati vam a junção e ntre a ig reja ma terial
e a }O"rej a triun fa nte e a fusão da s liturgias te rres tre e celeste. iv las essa mc:d ía-
-o das imagens não é dissociável d aquela assumida pe los c lé rigos; de re ·to.
ão, no m ais das vezes, vinculadas a obje tos e a luga re s d es tinad os a ritos que
ma nifesta m o pode r sagrado dos sacerdotes. O desen volvime nto das ímaoens
acompa nha, com uma be]a simultaneidade, o re forço da instituição eclesial ; e,
po uco a pouco, e las se torna m orname ntos indispe nsáveis do pod e rio da Ioreja
e os adjuvantes emble máticos da mediação sacerdotal. É p or isso q ue ela ão
tão estreita mente associadas à função dos lugares sagrados que polarizam o
espaço feud a l, ao p asso que a evolução de suas formas corresponde à dinâmica
geral da articu]ação entre o carnal e o espiritual, que anim a a crista ndade.
A de speito desse desenvolvimento considerável da iconic idade, evitar- e-J
fazer da Idade Média a orige m de nossa civilização dita d a image m. A culturJ
me dieval da imago é , sem dúvida, o exa to contrário disso (se m fa la r do faro i
qu e um hom e m da Idade l\1 é dia via m e nos image n s, durant e toda ·1 su~1 \'t Li .
do gue nós vemos hoje e m um só dia). Vinculada a um obje to o u a u m lug~1 rqu
possui fun ção própria, no mais d as vezes cultuai ou d e d e vo\·ão . a inr1~em ·ob_re~
. to só tem sentido, n a Jdade l\~ édia, pe lo se u carilte r loc:ali:mlo, Eb nmb 1rn J
~m º ,bje to imaginário, um obje to imaginado, c ujo func íona nH~nt o põt~ em jogo
mte rf erênci<.is e ntre visão corporal e visão espirit uai , e n tre l'i ' iO e im 1gi1111tio.
E nfim, a representação é ta mbé m presença, m e io d , uma nm n ifesta\.·Jo d 'i " IL
das f)Otê ncias celestes· · () ra, , ,1 i' · • ·
Imdgem ·o ·1)je
· to p0<. le -se opo r a imagem*re 1•l t ·on ·
. ·JOC l11 sobre O oh,1cto, por s l'S ll ' S<' l<>l'lln o l'l'<'<'J>I / . d f f .
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