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Salário-maternidade:
Ementa: Direito constitucional. Direito tributário. Recurso Extraordinário com repercussão
geral. Contribuição previdenciária do empregador. Incidência sobre o salário-maternidade.
Inconstitucionalidade formal e material. 1. Recurso extraordinário interposto em face de
acórdão do TRF da 4ª Região, que entendeu pela constitucionalidade da incidência da
contribuição previdenciária “patronal” sobre o salário-maternidade. 2. O salário-maternidade
é prestação previdenciária paga pela Previdência Social à segurada durante os cento e vinte
dias em que permanece afastada do trabalho em decorrência da licença-maternidade.
Configura, portanto, verdadeiro benefício previdenciário. 3. Por não se tratar de
contraprestação pelo trabalho ou de retribuição em razão do contrato de trabalho, o salário-
maternidade não se amolda ao conceito de folha de salários e demais rendimentos do
trabalho pagos ou creditados, a qualquer título à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício. Como consequência, não pode compor a base de cálculo
da contribuição previdenciária a cargo do empregador, não encontrando fundamento no art.
195, I, a, da Constituição. Qualquer incidência não prevista no referido dispositivo
constitucional configura fonte de custeio alternativa, devendo estar prevista em lei
complementar (art. 195, §4º). Inconstitucionalidade formal do art. 28, §2º, e da parte final da
alínea a, do §9º, da Lei nº 8.212/91. 4. Esta Corte já definiu que as disposições
constitucionais são legitimadoras de um tratamento diferenciado às mulheres desde que a
norma instituidora amplie direitos fundamentais e atenda ao princípio da proporcionalidade
na compensação das diferenças. No entanto, no presente caso, as normas impugnadas, ao
imporem tributação que incide somente quando a trabalhadora é mulher e mãe cria
obstáculo geral à contratação de mulheres, por questões exclusivamente biológicas, uma
vez que torna a maternidade um ônus. Tal discriminação não encontra amparo na
Constituição, que, ao contrário, estabelece isonomia entre homens e mulheres, bem como a
proteção à maternidade, à família e à inclusão da mulher no mercado de trabalho.
Inconstitucionalidade material dos referidos dispositivos. 5. Diante do exposto, dou
provimento ao recurso extraordinário para declarar, incidentalmente, a
inconstitucionalidade da incidência de contribuição previdenciária sobre o salário-
maternidade, prevista no art. art. 28, §2º, e da parte final da alínea a, do §9º, da Lei nº
8.212/91, e proponho a fixação da seguinte tese: “É inconstitucional a incidência de
contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o salário- maternidade”.
(RE 576967, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 05/08/2020,
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-254 DIVULG 20-10-
2020 PUBLIC 21-10-2020)
Licença-prêmio Indenizada:
Sentença que extinguiu o processo, sem resolução do mérito, em relação à incidência das
contribuições previdenciárias sobre os valores pagos aos empregados a título de abono
pecuniário de férias, ganhos e abonos eventuais, despesas com educação básica, férias
indenizadas e gratificações por assiduidade, produtividade e regência de classe, julgando
improcedente o pedido remanescente, condenando-o ao pagamento de honorários
advocatícios, fixados em 10% do valor da causa. 2. É pacífico o entendimento de que todos
os valores pagos pela pessoa jurídica, que ostentem natureza remuneratória, e não
indenizatória, devem ser incluídos na base de cálculo da contribuição previdenciária. 3. Os
valores pagos a título de abono de férias, auxílio-educação, abonos de incentivo,
assiduidade e de produtividade, diárias que não excedam 50% da remuneração,
ajudas de custo não habituais, licença prêmio convertida em pecúnia e às férias
indenizadas detêm natureza indenizatória, constituindo, assim, verba infensa à incidência
da contribuição previdenciária patronal.
(RE 1098369; Relator(a): Min. GILMAR MENDES; Julgamento: 28/03/2019)
Vale-transporte:
EMENTA: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS. PATRONAL. SAT/RAT. TERCEIROS. TEMA 20. RE 565.160.
PRIMEIROS QUINZE DIAS DE AFASTAMENTO POR MOTIVO DE DOENÇA OU
ACIDENTE. descontos sobre o vale-transporte e alimentação. ATUALIZAÇÃO.
COMPENSAÇÃO. 1. No julgamento do RE 565.160 - Tema 20, o STF não esclareceu quais
parcelas deveriam ser excluídas da base de cálculo da contribuição previdenciária patronal
porque isso é matéria de natureza infraconstitucional. 2. Como compete ao STJ a
interpretação da legislação federal, a legitimidade da incidência da contribuição
previdenciária patronal deve ser analisada em conformidade com a jurisprudência daquela
Corte. 3. Não incide contribuição previdenciária sobre os primeiros quinze dias de
afastamento por motivo de doença ou acidente. 4. Os descontos realizados na remuneração
dos empregados, a título de participação no custeio do vale-transporte e do vale-
alimentação, constituem ônus que são suportados pelo próprio funcionário. 5. Assim,
tratando-se de despesas que suportadas pelo empregado, não possuem, qualquer
natureza indenizatória, que possa levar a exclusão da base de cálculo das exações
previstas art.22, incisos I e II, da Lei n° 8.212/1991. 6. Os entendimentos acima delineados
aplicam-se às contribuições ao SAT/RAT e Terceiros, uma vez que a base de cálculo destas
também é a mesma. 7. Os valores indevidamente pagos deverão ser atualizados pela taxa
SELIC a partir do mês seguinte ao do pagamento indevido (art. 89, caput, §4º, da Lei
8.212/91 e art. 39, §4º, da Lei 9.250/95 c/c o art. 73 da Lei 9.532/97). (TRF4 5065912-
17.2018.4.04.7100, PRIMEIRA TURMA, Relator FRANCISCO DONIZETE GOMES, juntado
aos autos em 15/06/2020)
Bolsa de Estágio:
TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO AO FGTS. TERÇO DE FÉRIAS. QUINZENA INICIAL DO
AUXÍLIO DOENÇA OU ACIDENTE. FÉRIAS INDENIZADAS. ABONO PECUNIÁRIO. AVISO
PRÉVIO INDENIZADO (E REPERCUSSÕES). - Cabe ao Ministério do Trabalho e da
Procuradoria da Fazenda Nacional a legitimidade para fiscalizar o recolhimento das
contribuições ao FGTS, realizar as cobranças e determinar os créditos tributários. - A CEF é
responsável pela administração do FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço -
possuindo, destarte, legitimidade para inscrever o débito respectivo na dívida ativa da União,
podendo, ainda, representar judicial e extrajudicialmente o Fundo, nos termos do art. 2º, da
Lei 9.467/97, em convênio firmado com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - No que
concerne ao terço constitucional de férias, salário maternidade, férias gozadas, aviso prévio
indenizado, auxílio-doença ou acidente, descanso semanal remunerado, décimo terceiro,
horas extras, os adicionais noturno, de periculosidade e de insalubridade não há como
afastá-las da base de cálculo das contribuições ao FGTS, por ausência de previsão legal
que expressamente preveja a sua exclusão, legítima a incidência de FGTS sobre referidas
rubricas, visto que apenas as verbas expressamente elencadas em lei podem ser excluídas
do alcance de incidência do referido Fundo. Precedentes do STJ - Os valores pagos a título
de auxílio-transporte e auxílio-alimentação, pago em pecúnia; abono pecuniário de férias,
férias indenizadas, auxílio médico, odontológico e farmácia, bolsa estágio, férias em dobro
não integram o salário-de contribuição, em face do disposto no artigo 15, parágrafo 6º, da
Lei nº 8.036/90 c.c. o artigo 28, parágrafo 9º, da Lei nº 8.212/91 - Preliminar de apelação de
ilegitimidade passiva da CEF acolhida, remessa oficial e apelação da União provida.
Apelação da impetrante desprovida.
(TRF-3 - ApelRemNec: 00012266320144036100 SP, Relator: DESEMBARGADOR
FEDERAL SOUZA RIBEIRO, Data de Julgamento: 22/10/2019, SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA:30/10/2019)