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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA

INSTITUTO DE TECNOLOGIA - ITEC

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA

LABORATÓRIO BÁSICO II

Resistores Ohmicos, Varistores e


Termistores

Professora: Zínia de Aquino Valente.

Equipe: Anny Rodrigues.

Jefferson Figueiredo.

Luana Lopo.

Renata Souza.

Yuri Chaves.

Belém- PA
2010
Introdução

Resistor é um dispositivo elétrico muito usado em eletrônica com a


finalidade de transformar energia elétrica em energia térmica (efeito joule), sua
finalidade é obstruir a passagem de corrente elétrica através de seu material. A
essa obstrução damos o nome de ohm.

Para um resistor ser ideal é necessário ter uma resistência elétrica que a
tensão ou a corrente elétrica permaneça constante; os resistores podem ser
fixos ou variáveis.

O valor de resistência do resistor não é a única coisa para considerar ao


selecionar um resistor para uso em um circuito. A "tolerância" e as avaliações
de energia elétrica ao qual o resistor se submeterá também são importantes.

A tolerância de um resistor denota a variação do valor da resistência.


Por exemplo, uma resistência com ±5% tolerância indica um resistor que está
dentro de ±5% do valor de resistência especificado.
Resistor Linear ou Ohmico

Os resitores que obedecem a lei de ohm são denominados resistores


ohmicos. Para estes resistores a corrente elétrica (i) que os percorrem é
diretamente proporcional à voltagem ou ddp (V) aplicada como ilustra a figura
1:

Fig. 1 - Resitores ôhmicos obedecem a lei de Ohm.

Consequentemente o gráfico V versus i é uma linha reta, cuja inclinação


é igual ao valor da resistência elétrica do material, como mostra a figura 2:

Fig. 2 – Cálculo da resistência.

Define-se resistência pela relação V = R i (convenção de receptor) e


sua unidade é Ohms ( ). Note que o resistor linear é controlado por tensão ou
por corrente.
Em um resistor não ôhmico o valor da resistência varia conforme
mudamos a tensão que o atravessa, pois a temperatura nele aumenta
proporcionalmente com a voltagem.

O "retângulo" com terminais é uma representação simbólica para os resistores de


valores fixos tanto na Europa como no Reino Unido; a representação em "linha
quebrada" (zig-zag) é usada nas Américas e Japão.

Fig. 3 – Representação gráfica.

Muitos materiais homogêneos, como o cobre, por exemplo, obedecem à


Lei de Ohm para uma faixa determinada de campo elétrico. Resistores
utilizados em circuitos elétricos são ôhmicos para uma determinada faixa de
potencial normalmente utilizada em circuitos.

Varistor

Histórico

Em 1957 tem-se registro da primeira publicação sobre materiais


varistores, quando Kh. S. Valee e M. D. Mashkovich descobriram propriedades
não ôhmicas no sistema binário ZnO-TiO2. M.S. Kosman e colaboradores em
1961 e S. Ivamov e colaboradores em 1963 realizaram outros estudos em
sistemas binários ZnO-Bi2O3 e ZnO-Al2O3, e descobriram que esses sistemas
também poderiam ser utilizados como varistores.

Em 1971, Matsuoka e colaboradores, fizeram varistores cerâmicos


multicomponentes com propriedades muito melhores que aquelas obtidas para
sistemas binários. A não linearidade nas características corrente-tensão para
esse sistema foi de a=50. Um típico sistema com essas propriedades é
97%ZnO-1%Sb2O3-0,5%MnO-0,5%CoO-0,5%Cr2O3, sendo essas porcentagens
molares.
Atualmente, podem-se fazer diversas composições para a obtenção de
varistores. Os varistores comercialmente mais usados ainda são a base de
óxido de zinco (ZnO), mas também há varistores de dióxido de estanho (SnO 2)
e dióxido de titânio (TiO2) que possuem um grande potencial tecnológico não
ainda utilizado. Muitas pesquisas atualmente são concentradas, visando
otimizar as propriedades dos varistores a base de SnO2, para utilização em
altas tensões, a base de (Sn,Ti)O2 e TiO2 para utilizar em baixas tensões, para
que esses dispositivos possam em um futuro bem próximo substituir os
varistores a base de ZnO.

Varistor:

Os varistores VDR (Voltage Dependent Resistor) são componentes


eletrônicos utilizados em aparelhos com a finalidade de oferecer proteção
contra descargas elétricas de curta duração. O Varistor é um tipo de resistor
não linear, fabricado com material semicondutor, cujo valor da resistência é
dependente de tensão aplicada.

Os varistores são fabricados a partir de grãos de carbonato de silício


sintetizados com um aglutinante de modo que apresentem um corpo cerâmico
duro e poroso com a forma de tubos ou discos. O valor da tensão para o qual
são fabricados varia, o valor pode variar de 8V a 400V, e em casos especiais a
tensão pode chegar a 1.200V.

O tipo de mais conhecido de varistor é o, chamado metal oxide varistor,


que consiste em uma pastilha de material semicondutor (Óxido Metálico).

As faces laterais são cobertas por uma película metálica formando os


eletrodos que fazem contato com a pastilha. São soldados 2 terminais
estanhados nos eletrodos e o conjunto é protegido por uma camada de epóxi.
Fig. 4 – Varistor de 385 V.

Os varistores possuem um potencial de condutividade, sendo assim,


eles são capazes de deixar passar tensões de até certo limite, 170 volts por
exemplo. Se a tensão exceder o limite, o excedente será transformado em
calor, caso a sobretensão continue por muito tempo o varistor queima.

Fig. 5 – Varistor de alta tensão.

A relação tensão-corrente de um varistor pode ser dada


aproximadamente pela seguinte equação empírica:

Em que:
V é a tensão aplicada nos terminais do varistor,

I é a corrente que circula pelo componente,

C (resistência não-ôhmica) e β (coeficiente de não-linearidade) são


constantes características do componente, seus valores são fornecidos
pelo fabricante.

Como resultado, temos para a corrente:


α
I = K.U

I = corrente no varistor;

U = tensão no varistor;

K = constante que depende da geometria (formato físico)

α = expoente não linear  α = 1/β

Fig. 6 – Gráfico VxI para um varistor.


Como se pode observar pelo gráfico a resistência dos varistores varia
com a tensão. À medida que a tensão aumenta, sua resistência diminui. Desde
modo, a resistência do VDR varia de forma inversamente proporcional a
tensão. A figura abaixo mostra a curva de vários VDRs (tensão-resistência)
para vários valores de C e β .

Fig. 7 - Gráfico de R x V para diversos C e β .

A figura acima comprova que resistência varia acentuadamente com a


tensão. Temos como exemplo o varistor com C = 150 e β = 0,2, que para uma
tensão de 40V sua resistência é de 30kΩ . Ao dobrar o valor dessa tensão para
80V, a resistência cai para aproximadamente 2kΩ , 15 vezes menor daquela
apresentada para a tensão anterior. E aumentando essa tensão em 10 vezes
(400V), a resistência cai para 3Ω (10.000 vezes).

Os varistores são equipamentos bastante simétricos com relação a sua


curva simétrica para valores de tensão positivo e negativo. A curva simétrica é
geralmente fornecida pelo fabricante, variando de acordo com cada tipo de
varistor.
Fig. 8 - Características V X I.

Aplicações:

Os varistores são comumente aplicados na utilização em equipamentos


de proteção indireta contra surtos (picos) de tensão da rede elétrica. Um
exemplo desses equipamentos é o filtro de linha que quando é autêntico possui
varistores com o objetivo de "ceifar" a sobretensão que chega da rede.

Como o varistor tem a capacidade de diminuir a sua própria resistência


interna com o aumento da tensão aplicada aos seus terminais ele é capaz de
executar esse ceifamento. Como o varistor possui certo potencial de
condutividade, ele é capaz de deixar passar tensões de até certo limite (170-
300 Volts, por exemplo). A tensão excedente do "ceifamento" é convertida em
energia térmica.

Há um limite de conversão de energia elétrica em térmica, que é medido


geralmente em J. Quando esse limite é excedido, ou seja, por algum motivo a
sobretensão continue por muito tempo, o varistor queima. Com a queima do
varistor o filtro de linha é inutilizado, mas o equipamento é protegido.
Podem-se utilizar fusíveis de proteção para evitar a queima do varistor
quando exposto a uma sobretensão acima do tempo suportável. A ideia
principal é de que os fusíveis interrompam o circuito, pois os mesmo – que são
fáceis de trocar - queimem antes que ocorram danos àquele componente.

Outras aplicações para Varistores:

• Proteção de relês

• Proteção de circuitos de telefonia

• Proteção de semicondutores

• Eliminação de faiscamentos

• Proteção de circuitos de linhas monofásicas e trifásicas

• Proteção contra surtos de tensão em aparelhos eletrodomésticos

TERMISTORES

Termistores são resistores cujas características físicas levam à mudança


na resistência elétrica com a variação da temperatura, devido principalmente à
alteração na concentração de portadores de carga. A sensibilidade térmica
destes é cerca de dez vezes superior à das resistências metálicas (valores em
MΩ). O seu coeficiente é em geral negativo (NTC – negative temperature
coeffecient) e depende da temperatura (varia inversamente com esta). Podem
também ser proporcionais à temperatura (PTC). A sua gama de utilização vai
tipicamente de -40 ºC a 150 ºC. Essa distinção entre o termistor PTC ( Positive
Temperature Coefficient ) e o NTC ( Negative Temperature Coefficient) é
caracterizada pelo material que é empregado em sua construção.

Tipicamente operando sobre uma escala de -200°C a + 1000°C, esses


elementos são fornecidos nos formatos de bolha de vidro, de disco, de
microplaquetas e de ponta de prova. Os NTCs devem ser escolhidos quando
uma mudança contínua de resistência é requerida sobre uma larga escala de
temperatura. Têm como principais características: estabilidade mecânica,
térmica e elétrica, junto com um elevado grau de sensibilidade.
NTC (Negative Temperature Coefficient):

São resistores não lineares, semicondutores que conduzem melhor a


corrente elétrica no estado quente do que no frio.
Assim, a resistência elétrica de tais materiais se reduz com a elevação
da temperatura, possuindo, portanto, um coeficiente de temperatura negativo.
Em média, o coeficiente de temperatura, cuja notação é α 25º é igual a:


- 0,05 isto é, perante uma elevação de temperatura de 1 grau, o valor
Ωgrau

da resistência do material se reduz em 5%. O valor de α variando


acentuadamente com a temperatura, faz com que o seu valor possa ser
considerado constante apenas para pequenas variações de temperatura.
Consistem em misturas de óxidos de metais de transição do grupo 3d,
sob diferentes arranjos: óxidos de manganês e de níquel; de manganês e de
cobalto; de níquel e de cobalto; de manganês, de níquel e de cobalto; e de
manganês, de níquel, de cobalto e de ferro.

A figura abaixo representa graficamente um resistor NTC (símbolo mais


comum).

Fig. 9 – Representação gráfica de um resistor NTC.

O gráfico abaixo representa a variação da resistência do NTC em função


da temperatura, onde se observa claramente sua não linearidade.
Fig. 10 - R25/Rt representa a resistência do NTC à temperatura ambiente de 25ºC.

EQUAÇÃO DE UM NTC:

R = A . e B/T
R = resistência em ohms
e = número de Euler (2,718)
B = constante do material no NTC em ºK

Aplicações:

Alguns aspectos devem ser considerados na aplicação dos resistores


NTC em circuitos comerciais:

1) Variação da resistência do NTC com a temperatura;


a) a resistência do NTC é influenciada pela temperatura ambiente;
b) a resistência do NTC é influenciada pela dissipação do NTC.
2) Aproveitamento da inércia térmica do NTC;
3) Aproveitamento do coeficiente térmico negativo do NTC.

• TERMÔMETRO ELETRÔNICO:
Fig. 11 – Termistor em termômetro eletrônico.

A alteração da temperatura ambiente provoca uma mudança da


resistência do NTC e consequentemente da corrente que passa pelo
amperímetro, o qual terá seu painel calibrado em graus (ºC). Por exemplo, uma
corrente pelo amperímetro de 1mA poderá equivaler a uma temperatura de
30ºC e assim por diante.

• PROTEÇÃO CONTRA FALHA DE CIRCUITO ELÉTRICO:

Fig. 12 – NTC em circuito elétrico.

Se o filamento de uma das lâmpadas abrir, a corrente passará então


pelo NTC que ao aquecer-se terá sua resistência alterada. Quando
corretamente projetado, a resistência do NTC se igualará a do filamento da
lâmpada em poucos segundos.

• ILUMINAÇÃO GRADUAL:

Fig. 13 – NTC na iluminação gradual.


Quando o interruptor Sw é acionado, devido a inércia térmica do NTC, a
corrente inicial no circuito é baixa, e a lâmpada gradualmente irá adquirindo
sua luminosidade devido ao aquecimento do NTC e a diminuição de sua
resistência. Como o filamento da lâmpada não é submetido a choque térmico,
sua durabilidade aumentará.

PTC (Positive Temperature Coefficient)

O PTC é um resistor não linear que conduz corrente elétrica melhor no


estado frio do que no estado quente, isto é, a condutibilidade se reduz com o
aumento da temperatura. Portanto, o PTC possui um coeficiente α de valor
positivo.

Fig. 14 – Representação gráfica de um PTC.

Uma característica importante do PTC é que seu coeficiente térmico


positivo manifesta-se dentro de um intervalo de temperaturas, sendo seu valor
bastante superior ao do NTC. No PTC o coeficiente positivo manifesta-se
apenas a partir de uma temperatura chave, denominado temperatura de Curie
(TC). Os PTCs podem se dividir quanto a fabricação e utilização em:

PTCs metálicos

Baseiam seu funcionamento no princípio de condução de corrente nos


metais, ou seja, quanto mais elevada for a temperatura (devido as perdas do
efeito Joule), maior será o valor de sua resistência.
Podemos citar como exemplo o condutor de cobre cujo coeficiente de


temperatura α é +0,0039 Ωgrau , em outras palavras, para um aumento de 1

grau da temperatura, sua resistência eleva-se 0,39%, característica esta válida


para praticamente todos os metais (com exceção da liga denominada
constantan).
Outros tipos de metais também são utilizados, como prata, alumínio e
tungstênio. Estas características são muito empregadas na fabricação de
resistores de óxido de ferro.

PTCs de material cerâmico semicondutor

Possuem a propriedade de ter seu valor de resistência elevado


rapidamente dentro de uma faixa de temperatura muito estreitas, resultando
valores elevados de coeficiente de temperatura α T, da ordem de


+0,6 , o que significa que para cada 1 grau de aumento da
Ωgrau

temperatura, a resistência aumenta em 60%.


São geralmente fabricados de materiais compostos de cerâmicas ferro-
elétricas como o titanato de bário (BaTiO3).
Os materiais não condutores somente adquirem condutividade
específica mediante um processo de dopagem, geralmente o antimônio. Acima
de temperatura de Curie ocorre uma rápida elevação da resistência, com
redução da constante dielétrica.
Em resistores de óxido de ferro a temperatura de Curie tem um valor
aproximado de 800ºC, no entanto através de processos adequados de
dopagem pode-se controlar e predeterminar uma temperatura de Curie e o
grau de elevação da resistência do PTC.

Aplicações:

Basicamente tem as mesmas aplicações dos NTCs, quando se requer


um coeficiente de variação positivo. É muito empregado nos casos em que
uma variação de resistência deva ser transformada em sinal elétrico.

• ALARME TÉRMICO:
Fig. 15 – PTC em alarme térmico.

Em condições normais circula uma corrente pelo PTC e pela bobina do


relê, sendo esta insuficiente para o atracamento do relê. Com o aumento da
temperatura ambiente, aumenta a resistência do PTC aumentando a corrente
no relê, provocando seu atracamento.

• INDICADOR DE NÍVEL DE LÍQUIDOS:

Fig. 16 – PTC em indicador de nível de líquidos.

À medida que o nível do líquido sobe, a resistência dos PTCs vai se


alterando, alterando a resistência total da associação. Isto provocará uma
alteração da corrente que circula pelo amperímetro, que devidamente
calibrado, permitirá determinar o nível do líquido.
• AÇÃO DE RETARDO:
A figura a seguir mostra o PTC atuando como retardo, para proteger a
carga contra choque térmico. Inicialmente a resistência do PTC é baixa,
drenando a maior parte da corrente. Quando a temperatura aumenta, pela
dissipação do PTC, sua resistência aumenta e aí maior corrente circulará pela
carga.

Fig. 17 – PTC atuando como retardo.


Conclusão

Diante do exposto neste trabalho, é possível perceber a importância


deste componente eletrônico. Sabemos que um resistor linear é um modelo
teórico de resistor, embora o desenvolvimento de materiais cada vez mais
modernos tem melhorado e aproximado as características destes componentes
do modelo ideal.

Os varistores são resistores não lineares cuja relação entre corrente e


potencial obedece a uma função potência. Este tipo de resistor é utilizado
principalmente como proteção de circuitos pois ele é capaz de diminuir sua
própria resistência interna com o aumento da tensão aplicada aos seus
terminais. Por apresentar certo potencial de condutividade, ele permite passar
tensões até um limite, convertendo o restante da mesma em energia térmica.

Termistores também são resistores não-lineares. Sua principal


característica é a variação da resistência associada à temperatura. São
divididos em NTC (negative temperature coefficient), nos quais a resistência
diminui com o aumento da temperatura e PTC (positive temperature
coefficient), onde ocorre o efeito contrário ao PTC.
Referências Bibliográficas

1. <http://www.dt.fee.unicamp.br/~www/ea513/node19.html#SECTION0004
9000000000000000>. Acesso em 28 set. 2010.

2. <http://pintassilgo2.ipen.br/biblioteca/teses/24024.pdf>. Acesso em 28
set. 2010.

3. <http://www.tecwaybr.com/ntc-kc.htm>. Acesso em 30 set. 2010.

4. <http://vsites.unb.br/iq/kleber/EaD/Eletromagnetismo/LeiOhm/LeideOhm.
html>. Acesso em 01 out. 2010.

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