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704-0/2015
INTERESSADO : PREFEITURA MUNICIPAL DE PARANAÍTA - MT
ASSUNTO : CONSULTA
RELATOR : CONSELHEIRO DOMINGOS NETO
PARECER Nº : 12/2015
É o breve relatório.
1. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE
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2. MÉRITO
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Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e
trabalhista, conforme o caso, consistirá em:
(...)
III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal,
Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra
equivalente, na forma da lei;
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos
sociais instituídos por lei.
V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a
Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão
negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis
do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio
de 1943.
Nessa mesma linha, a Lei 10.520/02 - Lei do Pregão, em seu artigo 4º, XIII,
também exige a comprovação da regularidade fiscal dos licitantes para efeito de
habilitação em Pregões, literis:
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edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e
econômico-financeira; (grifou-se)
Vale evidenciar, ainda, que a Lei de Licitações, no §1º do seu art. 32,
faculta à Administração, em determinadas situações, a dispensa de comprovação
da regularidade fiscal dos seus licitantes, a exceção da regularidade perante o
RGPS e o FGTS, nos seguintes termos:
1 CF/88
Art. 195 (…)
§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá
contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
2 Lei Nacional nº 9.012/95
Art. 2º As pessoas jurídicas em débito com o FGTS não poderão celebrar contratos de prestação de serviços ou
realizar transação comercial de compra e venda com qualquer órgão da administração direta, indireta,
autárquica e fundacional, bem como participar de concorrência pública.
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Art. 32 (…)
§ 1o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei
poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de
convite, concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e
leilão. (grifou-se)
3 Citação extraída de voto exarado pelo Conselheiro José Carlos Novelli nos autos do processo TCE/MT nº
7.100-5/2013, pag. 24.
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contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as
condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação”.
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Constituição Federal, segundo o qual "a pessoa jurídica em
débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido
em lei, não poderá contratar com o poder público nem dele
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios".
2. Nos editais e contratos de execução continuada ou
parcelada, deve constar cláusula que estabeleça a obrigação
do contratado de manter, durante toda a execução do contrato,
as condições de habilitação e qualificação exigidas na
licitação, prevendo, como sanções para o inadimplemento
dessa cláusula, a rescisão do contrato e a execução da
garantia para ressarcimento dos valores e indenizações
devidos à Administração, além das penalidades já previstas
em lei (arts. 55, inciso XIII, 78, inciso I, 80, inciso III, e 87, da
Lei nº 8.666/93). (grifou-se)
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02, da SLTI do MPOG, de 30/04/2008 4) que, em consonância com a jurisprudência
do TCU, dispõe:
Por tudo que foi exposto, conclui-se que a Administração Pública deve
exigir a comprovação por parte do contratado, durante a execução contratual e por
ocasião de cada pagamento devido, o atendimento a todas as condições de
habilitação e qualificação exigidas na fase de licitação ou de contratação direta, o
que inclui a comprovação de regularidade fiscal e trabalhista.
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rescisão, ocorrência de superfaturamento, risco trabalhista, etc. Nesse sentido,
assim autoriza a Lei 8.666/93:
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legítimo pensar que ela adote medidas acauteladoras do erário,
retendo o pagamento de verbas devidas a particular que, a
priori, teria dado causa ao sangramento de dinheiro público.
Precedente. 3. Recurso especial provido. (REsp 1241862 / RS
- STJ , Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
Data de Julgamento: 28/06/2011, T2 - SEGUNDA TURMA)
(grifou-se)
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CELEBRAÇÃO DE TERMOS ADITIVOS. OITIVAS.
AUDIÊNCIAS. DETERMINAÇÃO PARA
READEQUAÇÃO DOS PREÇOS CONTRATUAIS AOS
PREÇOS DE MERCADO. REVISÃO DO CONTRATO.
CUMPRIMENTO PARCIAL DA DETERMINAÇÃO.
INSERÇÃO INDEVIDA DE FATOR DE CHUVA. MEDIDA
CAUTELAR PARA RETENÇÃO DE PAGAMENTOS.
OITIVA. CONVERSÃO DOS AUTOS EM TOMADA DE
CONTAS ESPECIAL. RETORNO DOS AUTOS À
NATUREZA ORIGINAL DE RELATÓRIO DE
LEVANTAMENTO. AUDIÊNCIAS. DETERMINAÇÕES.
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Noutro norte, observa-se que mesmo inexistindo a possibilidade de retenção
de valores ou créditos dos fornecedores/prestadores em razão exclusiva da não
regularidade fiscal e trabalhista desses contratados, desde que não haja indicação
de prejuízos ao erário, isso não desobriga a Administração de buscar, quando
necessário, a rescisão do contrato ainda em andamento, tendo em vista que a
situação de irregularidade perante o fisco leva, inevitavelmente, ao descumprimento
de cláusula contratual essencial (art. 29 c/c art. 55, XIII e art. 78, I, todos da Lei
8.666/93).
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contratado do que, simplesmente, romper a relação contratual sem avaliar os riscos
inerentes à interrupção do contrato, principalmente quando a garantia e os créditos
do contratado não forem suficientes para indenizar eventual prejuízo ao erário
decorrente da rescisão administrativa.
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Art. 34-A. O descumprimento das obrigações trabalhistas ou a
não manutenção das condições de habilitação pelo contratado
poderá dar ensejo à rescisão contratual, sem prejuízo das
demais sanções. (Redação dada pela Instrução Normativa
nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
Parágrafo único. A Administração poderá conceder um prazo
para que a contratada regularize suas obrigações trabalhistas
ou suas condições de habilitação, sob pena de rescisão
contratual, quando não identificar má-fé ou a incapacidade da
empresa de corrigir a situação. (Incluído pela Instrução
Normativa nº 3, de 16 de outubro de 2009)
(…)
Art. 36. (...)
§ 6º A retenção ou glosa no pagamento, sem prejuízo das
sanções cabíveis, só deverá ocorrer quando o contratado:
(Incluído pela Instrução Normativa nº 3, de 16 de outubro
de 2009)
I – não produzir os resultados, deixar de executar, ou não
executar com a qualidade mínima exigida as atividades
contratadas; ou (Incluído pela Instrução Normativa nº 3, de
16 de outubro de 2009)
II – deixar de utilizar materiais e recursos humanos exigidos
para a execução do serviço, ou utilizá-los com qualidade ou
quantidade inferior à demandada. (Incluído pela Instrução
Normativa nº 3, de 16 de outubro de 2009)
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2. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 275.744/BA, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/06/2014,
DJe 17/06/2014) (grifou-se)
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serviço já executado, ou fornecimento já entregue, sob pena
de enriquecimento sem causa da Administração.
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Em face do exposto, constata-se que não há previsão legal que autorize a
Administração Pública a reter ou bloquear pagamentos devidos a fornecedores ou
prestadores de serviços por motivo de não comprovação de regularidade fiscal,
desde que não existam quaisquer outras pendências decorrentes da relação
contratual que possam causar prejuízos ao erário.
3. CONCLUSÃO
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contratual promovida por culpa do contratado, conforme previsão do art. 80, IV, da
Lei 8.666/93;
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Pleno com o entendimento delineado neste parecer, sugere-se a aprovação da
seguinte ementa, nos termos do § 1º do art. 234 da Resolução 14/2007:
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cumprimento do contrato; os custos inerentes a uma nova
contratação; e, a suficiência das garantias contratuais e dos
créditos do contratado para indenizar eventual prejuízo ao
erário decorrente da rescisão administrativa.
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