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DIREITO FISCAL

CÁLCULO IRS

INCIDÊNCIA PESSOAL (Artº 13º a 21º IRS)


Para o Estado tributar um indivíduo é necessário que o indivíduo esteja conectado
com o Estado (utilização de bens públicos).
É necessário ver os elementos de conexão (residência, país da fonte).
Os elementos de conexão podem ser subjectivos, se referidos a pessoas
(naturalidade, nacionalidade e residência) ou podem ser objectivos (factos como o
local do exercício da actividade, do estabelecimento, da celebração de um
contrato, etc, ou seja, pais da fonte).
É tributado o rendimento obtido em Portugal e fora dele (artº 15º)
Ex: Um médico foi chamado a fazer intervenções cirúrgicas no estrangeiro. É
tributado na totalidade do rendimento.
No caso dos não residentes que obtenham rendimentos em Portugal, estes
também são tributados pelos rendimentos obtidos em Portugal (país da fonte).
Ex: Um médico francês que veio realizar uma intervenção cirúrgica a Portugal.
O país da fonte (Portugal) também realiza despesas com ele pelo que há um
critério de conexão que legitima a tributação (nº 2 artº 15º).
Coloca-se então um problema da dupla tributação, isto é, o médico seria tributado
no seu país de residência e em Portugal pelos rendimentos aqui obtidos?
Para eliminar ou atenuar a dupla tributação, através de Convenções
Internacionais são estabelecidos métodos:
 Credito de imposto ou método da imputação:
Quando se calcula o IRS devido em Portugal é descontado o imposto que já
pagou no estrangeiro (subtrai-se o imposto ao imposto).
 Método da isenção:
Quando se calcula o IRS em Portugal não se engloba os rendimentos obtidos no
estrangeiro, isenta-os desses rendimentos.
Como se sabe se os rendimentos são obtidos no território português?
- Artº 18º CIRS.
No cálculo do IRS deve-se começar pela incidência pessoal, ou seja, para além
de ver se os elementos de conexão com Portugal (residência e país da fonte) é
necessário ver a composição do agregado familiar (cônjuges e seus dependentes)
– sujeitos passivos (artº 13º).
INCIDÊNCIA REAL (artº 1º a 12º):
É necessário determinar em que categorias os rendimentos se inserem, podendo
ser:
 Categ. A – Rendimentos de trabalho dependente (artº 2º);
 Categ. B – Rendimentos empresariais e profissionais (as antigas categorias
C e D foram integradas nesta categoria) - artº 3º e 4º;
 Categ. E – Rendimentos de capitais (artº 5º, 6º e 7º);
 Categ. F – Rendimentos prediais (artº 8º);
 Categ. G – Incrementos patrimoniais e mais valias (artº 9º e 10º)
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 Categ. H – Pensões (artº 11º).
DEDUÇÕES ESPECÍFICAS
As deduções específicas são despesas que ocorreram para obter o rendimento.
 Se se tratar de rendimento de trabalho dependente (categ. A), a
dedução específica corresponde a 72% de 12 x Salário Mínimo Nacional, ou seja:
72% x (12 x 365,60€) = 3 158, 78€ de acordo com a alínea a) artº 25º ou no caso
de as contribuições obrigatórias para a Segurança Social terem um valor mais
elevado (maior que 3 158,78€) a dedução específica será o valor dessas
contribuições.
Há outros casos de deduções previstos nas alíneas b) e c) do artº 25º.
 Se se tratar de rendimentos empresariais e profissionais (categ.
B) tem de se verificar se estão abrangidos pelo regime de contabilidade
organizada ou pelo regime simplificado (artº 28).
Tratando-se do regime de contabilidade organizada as deduções específicas
serão as despesas apuradas nesse regime que ocorreram para obter o
rendimento.
Tratando-se do regime simplificado a dedução específica será apurada após
calculado o rendimento líquido, ou seja, será a diferença entre o rendimento
líquido e o rendimento bruto.
No regime simplificado o rendimento líquido é de 20% do valor das vendas no
caso de comerciantes e 65% dos restantes rendimentos com o montante mínimo
de 3 125€ (artº 31º nº2).
 Se se tratar de rendimentos prediais (categ. F) deduzem-se as
despesas de conservação e manutenção (artº 41º).
 Se se tratar de rendimentos de pensões (categ. H) as regras das
deduções específicas encontram-se previstas no artº 53º.
RENDIMENTO LÍQUIDO:
É o rendimento bruto menos as deduções.
Na categoria B com regime de contabilidade organizada o RL é o lucro.
No regime simplificado o rendimento líquido é de 20% do valor das vendas no
caso de comerciantes e 65% dos restantes rendimentos com o montante mínimo
de 3 125€ (artº 31º nº2).
RENDIMENTO GLOBAL:
É o englobamento, a soma de todos os rendimentos líquidos de todas as
categorias.
ABATIMENTOS:
A única coisa que hoje é considerada abatimentos é a pensão de alimentação.
Todas as despesas tipo saúde etc, são deduções à colecta.
RENDIMENTO COLECTÁVEL:
É a diferença entre o rendimento líquido global e os abatimentos.
Após apurado o rendimento colectável é necessário determinar o quociente
conjugal.
QUOCIENTE CONJUGAL (artº 69º):

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Tratando-se de sujeitos passivos casados primeiro divide-se o rendimento
colectável por 2 e depois aplica-se as respectivas taxas de acordo com as regras
previstas no artº 68º dando origem à colecta.
COLECTA:
Aplicação das taxas ao quociente conjugal. É o resultado obtido da aplicação das
taxas ao quociente conjugal a multiplicar por 2 (artº 69º nº2).
A aplicação das taxas ao quociente conjugal, quando o rendimento colectável seja
superior a 4 266€, é feita em duas partes (artº 68º nº 2):
1ª Parte: Limite do maior dos escalões que nele couber aplicando a taxa da
coluna B correspondente a esse escalão.
Ex: se o Quociente conjugal = 47 420,61€, o limite do maior escalão que nele
cabe é 36 792€ x a taxa da coluna B (27,6667) = 10 179,13€.
2ª Parte: Excedente a que se aplica a taxa da coluna A respeitante ao escalão
imediatamente superior, ou seja, diferença entre o valor do Quociente conjugal e
aquilo que já tributamos na 1ª parte.
Ex: 47 420,61€ - 36 792= 10 628,61€ x 38% (taxa da coluna A escalão
imediatamente superior) = 4 038,87€
Depois soma-se o resultado obtido nas duas partes:
10 179,13€ + 4 038,87€ = 14 218€
Depois e de acordo com o nº 2 artº 69º multiplica-se o resultado por dois e obtem-
se a colecta:
14 218€ x 2 = 28 436€
DEDUÇÕES À COLECTA:
São todas as despesas previstas nos artº 78º e seguintes (deduções
personalizadas – artº 79º, saúde – artº 82º, educação – artº 83º, seguros, etc…).
As deduções dos sujeitos passivos, descendentes e ascendentes previstas no artº
79º são deduções personalizadas que se fazem sempre.
Ex: 1 casal residente com um filho dependente
Deduz-se 50% do Salário mínimo nacional por cada sujeito passivo casado
(alínea b) artº 79º), ou seja, 50% x 365,60€ = 182,80€
No caso do dependente deduz-se 40% do salário mínimo nacional (40% x
365,60€= 146,24€).
Quanto às despesas com a saúde, estas são dedutíveis até 30% (artº82º).
Quanto às despesas com a educação são dedutíveis 30% com o limite de 160%
do salário mínimo nacional.
Ex: despesas educação 2 750€.
Assim deduz-se 30% x 2 750 = 825€
160% x 365,60%= 584,96%
Quanto aos seguros de vida, acidentes pessoais, invalidez ou reforma por velhice
são dedutíveis 25% do montante dispendido até a um determinado limite (artº
86º).

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SEQUÊNCIA DE CÁLCULO DO IRS:

Rendimento bruto por categoria


-
Deduções específicas por categoria
=
Rendimento líquido por categoria

Englobamento (soma de RL de todas as categorias)


=
Rendimento Líquido global
-
Abatimentos
=
Rendim. colectável (aplicando o quociente conjugal)
X
Taxa
=
Colecta
-
Deduções à colecta
=
Imposto devido
-
Retenção na fonte/pagamentos por conta
=
IRS a pagar ou a reembolsar

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