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IDENTIFICAÇÃO DA PROVA
Ensino Básico: 1.ª FASE 2.ª FASE Ensino Secundário: 1.ª FASE 2.ª FASE
(A preencher pelo Agrupamento do JNE)
A alegação deve indicar as razões que fundamentam o pedido de reapreciação e referir os itens cuja classificação se contesta.
Os motivos invocados apenas podem ser de natureza científica ou de juízo sobre a aplicação dos critérios de classificação
ou existência de vício processual, não podendo conter elementos identificativos do aluno ou referências à sua situação
escolar ou profissional, nestes se incluindo a referência a qualquer estabelecimento de ensino frequentado, ao número de
disciplinas em alta para completar a sua escolaridade, às classificações obtidas nas várias disciplinas, bem como à
classificação necessária para conclusão de ciclo e, no caso dos alunos do ensino secundário, para acesso ao ensino superior,
sob pena de indeferimento liminar do processo de reapreciação.
I. 9
Nesta pergunta é pedido que se explique a mudança de posição da microplaca Ibérica nos últimos
100 Ma, implicando a atribuição da cotação total o desenvolvimento de dois tópicos de resposta. Ora,
o tópico (A), que diz respeito à referência dos valores de latitude relativos à mudança de posição da
microplaca, encontra-se presente na resposta por mim elaborada (4 pontos). Contudo, no tópico B,
deduz-se pelo facto de estar sublinhada a referência ao limite convergente entre a “microplaca Ibérica
e a placa Euroasiática” que este item constituiu uma falha no rigor científico, que previa que fosse alu-
dida a colisão entre a Placa Africana e Eurasiática, consoante os critérios de classificação consultados
Contudo, se nos reportarmos à mudança de posição da microplaca ibérica nos últimos 100 M.a.,
existem referências bibliográficas que apontam no sentido da colisão entre a microplaca Ibérica e a
placa Euroasiática, corroborando cientificamente o que foi por mim mencionado no tópico B. Assim
sendo, a referência à colisão entre a microplaca Ibérica e Euroasiática (patente na indicação do limite
convergente entre estas duas placas) como forma de explicar a mudança de posição da microplaca
Ibérica nos últimos 100 Ma não constituirá uma falha no rigor científico. Na Dissertação de Mestrado
de Francisco Sousa(1), páginas 10 e 11, é referido que “A compressão Pirenaica [final do Cretácico –
Paleogénico] resultou da colisão entre a Ibéria (solidária com a Placa Africana) e a Placa Euroasiática
(…). Desta imensa compressão e como o próprio nome indica, resultaram os Pirenéus, após subdu-
cção incipiente no Golfo da Biscaia”, informação esta que é corroborada pela Tese de Doutoramento
de Edite Bolacha(2), página 185, quando refere que “a Ibéria movimentava-se, nesse tempo, de forma
solidária com a África (Ribeiro, 2013b), estando separada da Eurásia, pela margem Cantábrica (no
Norte da Península). Porém (…) após completa subducção da litosfera oceânica do Tétis, aconteceu a
colisão continental e a formação da cadeia de montanhas Cantábrico-pirenaica [Montes Cantábricos e
Pirenéus] (Fernández-Lozano et al., 2011). Como consequência da colisão na Zona Norte, a partir do
Oligocénico superior, a Ibéria passou a integrar a placa euroasiática (…).”
Uma vez que os eventos citados ocorreram nos últimos 100 Ma, conclui-se que a colisão da micro-
placa Ibérica com a placa Euroasiática constitui uma explicação cientificamente válida para a mudan-
ça de posição da microplaca Ibérica no intervalo de tempo considerado. Saliente-se que na figura 2
não havia indicação dos tipos dos limites tectónicos entre placas, pelo que várias interpretações pode-
riam ser efetuadas tendo em consideração a posição da microplaca Ibérica desde há 100 M.a. até à
posição atual.
Nesta pergunta foi atribuída à resposta a cotação de 6 pontos. Venho através da exposição supra
solicitar a apreciação de V. Exa. no sentido de considerar a cotação completa da resposta, qual sejam
8 pontos.
(1)
Sousa, Francisco Tiago Amorim Miranda (2019). Análise estrutural de uma pedreira de rocha orna-
mental carbonatada – utilização e comparação dos métodos fotogramétricos e clássico. Coimbra: De-
partamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coim-
bra, 2019. Dissertação de Mestrado em Engenharia Geológica e de Minas orientada pelo Professor
Doutor Fernando Pedro Ortega Oliveira Figueiredo e pelo Doutor João António Marques Duarte.
[acesso 2021-08-04]
(2)
Bolacha, Edite Paula Silva (2014). Modelos de Dinâmica da Terra aplicados à Geologia de Portugal:
Relevância da Experimentação Análoga no Ensino e na Divulgação da Geologia. Lisboa: Departamen-
to de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 2014. Tese de Doutoramento
em Geologia (Geologia Interna) orientada pelos Professores Doutores Paulo Emanuel Talhadas
Ferreira da Fonseca e Rui Manuel Soares Dias. [acesso 2021-08-04].
I. 15
Nesta pergunta é pedido que se explique, de acordo com os dados fornecidos, de que modo as
características biológicas de A. armata fazem dela uma espécie com potencial invasor. Nesse sentido,
verifica-se que os tópicos (A), (B), e (C) encontram-se patentes na resposta, e sem falhas no rigor
científico, senão vejamos:
• ao referir que “O tetrasporófito de vida livre permite espalhar uma grande quantidade de
tetrásporos em locais distintos, potencializado a sua reprodução” vai ao encontro do preconi-
zado no tópico (B) “Os tetrasporófitos, por serem estruturas livres, permitem uma maior
disseminação da espécie”, uma vez que se explica a maior disseminação da espécie pelo facto
de a capacidade de reprodução da alga ser beneficiada pelo seu ciclo de vida incluir
tetrásporos de vida livre;
• no tópico (A), cuja correção previa a resposta “Os gametófitos de A. armata fixam-se em
diferentes substratos, permitindo a colonização do habitat” ao referir que “Aliado a isto o facto
de os gametófitos poderem-se fixar numa grande variedade de estruturas (rochas, lapas, e
outras algas) facilita o seu contacto e fecundação” explica-se como é possível a colonização do
habitat através do facto dos gametófitos de A. armata se fixarem em diferentes substratos,
facilitando a fecundação, que é um processo inerente ao de reprodução sexuada e que implica
o surgimento de novos indivíduos, o que corresponde à colonização do habitat – tópico (A);
• ao referir que “as células glandulares dos filamentos do tetrasporófito sintetizam metabolitos
que repelem os herbívoros, seus principais predadores, o que favorecerá ainda a mais a sua
sobrevivência e multiplicação” explica-se o facto da alga A. armata evitar o herbivorismo devido
ao facto de possuir células de produtoras de substâncias repelentes de herbívoros e de evitar
os seus predadores – tópico (C).
Por fim, ao afirmar que “Devido aos factos anteriormente expressos que evidencia a elevada capaci-
dade de sobrevivência e multiplicação desta alga podemos concluir que esta é uma espécie com ele-
vado potencial invasor” conclui-se de forma rigorosa cientificamente o porquê desta alga ser uma
espécie com potencial invasor, uma vez que se estabeleceu em toda a extensão da resposta a cone-
xão entre esta propriedade e as características biológicas de A. armata.
Nesta pergunta foi atribuída a cotação de 5 pontos (2 elementos de resposta com rigor científico).
Venho através da exposição supra solicitar a apreciação de V. Exa. no sentido de considerar a cota-
ção completa da pergunta, qual sejam 8 pontos, correspondentes aos 3 elementos de resposta, com
rigor científico.
I. 21
Nesta pergunta é pedido que se explique o papel do ambiente no aumento da resistência de P. vul-
gata ao stress térmico, em dois tópicos de resposta: segundo uma perspetiva lamarckista e segundo
uma perspetiva darwinista.
Verifica-se que tópico (A) (relativo à perspetiva lamarckista) encontra-se presente na resposta ao
referir-se que “as elevadas temperaturas do ambiente provocaram nos seres vivos a necessidade de
serem capazes de resistir ao stress térmico” e que “ao longo de esforços continuados estes seres fo-
ram-se tornando capazes de resistir a elevadas temperaturas e passaram as características à descen-
dência”. Este tópico vai totalmente ao encontro do exigido nos critérios de classificação do elemento
(A): “A exposição a elevadas temperaturas induz no indivíduo o aparecimento de uma caracteristíca
que lhe confere maior capacidade de resistência ao stress térmico”. Verifica-se igualmente que o tó-
pico (B) (relativo à perspetiva darwinista) encontra-se presente, pois refere-se que “o ambiente é que
permite selecionar dentro de uma população que possui variabilidade na resistência a elevados níveis
de stress térmico, os indivíduos mais aptos aos elevados níveis temperatura desse ambiente”.
In Dicionário Priberam, resistir é definido como “suportar”, stress é definido como “conjunto das per-
tubações orgânicas e psíquicas provocadas por vários estímulos” e térmico é definido como “que é re-
lativo a temperatura”. Por outro lado (e no mesmo dicionário), aptidão é definida como “capacidade”.
Deste modo, verifica-se que expressão “indivíduos mais resistentes a elevados níveis de stress térmi-
co” é semanticamente equivalente a afirmar que os indivíduos suportam perturbações relativas a tem-
peraturas elevadas e o que é, por sua vez, equivalente a dizer que os “indivíduos são mais aptos a
elevados níveis de temperatura”. Assim, conclui-se semanticamente que afirmar que os indivíduos são
mais aptos aos elevados níveis de temperatura do ambiente é o mesmo que afirmar que esses indiví-
duos são mais resistentes ao stress térmico (provocado pelo mesmo ambiente). Nesta situação, a
utilização da expressão “indivíduos são mais aptos a elevados níveis de temperatura” no lugar da
expressão “indivíduos mais resistentes a elevados níveis de stress térmico” surge, não como um equí-
voco que constituiu uma feliz coincidência, mas como uma decisão consciente e deliberada de se utili-
zar uma expressão semanticamente equivalente de modo a evitar a repetição despropositada de uma
mesma expressão.
Nesta resposta foi atribuída a cotação de 6 pontos. Venho através da exposição supra solicitar a
apreciação de V. Exa. no sentido de considerar a cotação completa da pergunta, qual sejam 8 pontos
(dois elementos de resposta com rigor científico).
Pede deferimento.