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UCSAL - Universidade Católica do Salvador

Curso: Direito
Disciplina: Antropologia
Profª: Ana Claudia Souza
Turma: 21 Turno: Matutino
Componentes: Jordan Mascarenhas, Nilo Cunegundes, Gabriel César, Rafael
França, Vital Silvério, Vicente Niella, Thiane Coelho, Adriano Pinto

Resenha Crítica

TOLEDO, Luiz Henrique "Por que xingam os torcedores de futebol?". In:


Cadernos de campo - revista dos alunos de pós-graduação em
Antropologia. FFLCH/USP, ano 3, nº 3, 1993, p. 20-28. 

1. CREDENCIAIS DO AUTOR

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo


(1988), mestre em Ciências Sociais (Antropologia Social) pela Universidade de
São Paulo (1994) e doutorado em Ciências (Antropologia Social) pela
Universidade de São Paulo (2000). Atualmente é sócio efetivo da Associação
Brasileira de Antropologia, coordenador do programa de pós-graduação em
antropologia social da UFSCar e professor adjunto na mesma universidade no
departamento de Ciências Sociais. Prêmio FORD/ANPOCS (mestrado - 1996).
Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia Urbana
e antropologia das práticas esportivas, festas e corporalidade. Outras obras:
Visão de Jogo - Antropologia das Práticas Esportivas

2. RESUMO DA OBRA
O autor do texto aborda o comportamento dos torcedores nos estádios de
futebol, explicitando as nuances do ritual futebolístico no decorrer do mesmo e
dando ênfase ao uso do palavrão como forma de expressão, tendo como
objetivo revelar a hierarquia e os sistemas sociais por trás dos palavrões no
futebol. De inicio são expostas as maneiras de como o grito de guerra surge no
futebol e como ele acaba evoluindo dentro de associações como as torcidas
organizadas e como o xingamento se insere neste contexto. O texto dá
exemplos de cantos, gritos de guerra, hinos e ofensas à torcida adversária,
jogadores, arbitragem e qualquer outro individuo relacionado diretamente ao
jogo, tendo cada um uma significação especifica. Os referentes, por exemplo,
ao próprio time e sua torcida são alusivos à virilidade e à dominação pela força
do outro time ou de outras torcidas, enquanto quando usa-se os palavrões para
designar a torcida ou o time adversário eles adquirem uma conotação de
submissão e subjugo, tentando desta maneira mostrar que seu time é superior.
Além disso, existe um padrão para cada personagem do jogo, como o juiz, o
bandeirinha, o técnico, os policiais e até mesmo aqueles que não participam do
espetáculo.
Outro ponto de destaque do texto é a nova dinâmica adotada no estádio onde
as diferenças presenciadas no cotidiano como as de classes, etc. são
suprimidas entre os torcedores de um mesmo time, agindo todos como uma
força focada num único objetivo: o de apoiar sua equipe; este aspecto se
estende aos gritos de guerra que para serem ouvidos são ditos em uníssono e
de forma ritmada.

3. CONCLUSÃO
O autor termina por concluir que o palavrão usado durante o jogo de futebol
tendem a perder sua rudeza imediata que lhes é peculiar em outras situações
para adquirir um valor moral e agir como a mais pura forma de expressão de
um individuo e de sua coletividade como torcedor tendo portanto certa
tolerância e permissividade, caracterizando-se como uma ação simbólica e
como uma nova forma de linguagem só entendida completamente por quem
participa do espetáculo do futebol.
Ressalta também que estes comportamentos expressivos, responsáveis por
ditar a postura do torcedor de futebol dentro de seu ritual podem descambar
para a transgressão, baderna e violência quando extravasados dos limites do
que é socialmente aceito, o que pode ser observado em certas partidas
ultimamente.
4. CRITÍCA
O texto é esclarecedor ao tratar da questão do xingamento, evidenciando que
ele não possui o mesmo significado usado nas relações cotidianas. Mostra a
partida de futebol como um ambiente diverso, onde são criadas novas
dinâmicas e interações, ocupando o palavrão papel fundamental nesta relação.
O autor consegue se expressar de maneira clara e simples não sendo
necessária uma densa pesquisa de termos e assuntos relacionados, além
disso, trás uma abordagem antropológica de uma situação corriqueira no nosso
país, utilizando-se de exemplos relacionados às torcidas de futebol brasileira,
suas denominações e identificações com determinado comportamento ou
classe social, o que faz com que a leitura do artigo torne-se interessante e de
fácil entendimento.
É um texto interessante para ser trabalhado de forma didática, mostrando
para as pessoas que não possuem muita afinidade com o futebol suas
particularidades e a força que este esporte exerce em nosso país, devendo ser
encarado como um fator sócio-cultural e reflexo de muitos outros aspectos de
nossa sociedade.

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