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A BUSCA PELA EFICIÊNCIA DOS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

CONECTADOS À REDE: UMA ANÁLISE SOBRE OS PRINCIPAIS


FATORES DE PERDA, SOLUÇÕES E INOVAÇÕES

Ana Júlia Nunes de Araújo (Engenheira Eletricista - UTFPR e Pós-graduação – UNINTER),


anajulianuness@hotmail.com
Ana Carolina Tedeschi Gomes Abrantes (Docente – UNINTER), ana.ab@uninter.com

Resumo: A energia proveniente do Sol é indispensável para todos os seres no Planeta


Terra e a sua utilização para gerar energia elétrica é um dos ramos mais promissores da
engenharia elétrica, pois além de ser uma fonte limpa e inesgotável, ainda é facilmente
empregada. Isto se deve ao fato de poder ser instalada tanto em propriedades rurais, assim
como de forma harmoniosa nas construções e telhados dos grandes centros urbanos.
Dessa forma, este trabalho descreve, por meio de análises, os melhores equipamentos,
topologias, materiais e instalações dos sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica,
comparando as tecnologias empregadas e o seu modo de instalação, identificando os
principais fatores de perdas e possibilitando não só um resultado imediato para quem
procura maximizar o desempenho de um sistema fotovoltaico, como servindo de material de
estudo e apoio para futuros pesquisadores e profissionais da área. Além disso, este trabalho
procura apresentar soluções fáceis e simples para aumentar a eficiência e a qualidade do
sistema.
Palavras-chave: Sistemas Fotovoltaicos. Energia Solar Fotovoltaica. Fatores de perdas.
Índices de Mérito.

THE DEMAND FOR EFFICIENCY IN PHOTOVOLTAIC SYSTEMS


CONNECTED TO THE GRID: AN ANALYSIS OF THE MAIN LOSS
FACTORS, SOLUTIONS AND INNOVATIONS

Abstract: The sun energy is indispensable for all beings on Planet Earth and its use to
generate electricity is one of the most promising fields of electrical engineering, it is a clean
and inexhaustible source and easily used. This is due to the fact that it can be installed in
rural properties, as well as in a harmonious way in the constructions and roofs of the great
urban centers. This work describes, through analysis, the best equipment, topologies,
materials and installations of photovoltaic systems connected to the grid nowdays,
comparing the technologies used and their way of installation, identifying the main factors of
losses and making possible an immediate result for those seeking to maximize the
performance of a photovoltaic system, using it as source of study and support for future
researchers and practitioners. In addition, this work seeks to present simple and easy
solutions to increase the efficiency and quality of the system.
Keywords: Photovoltaic systems. Photovoltaic Solar Energy. Loss factors. Performance
Parameters.

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1 INTRODUÇÃO
A matriz elétrica brasileira é composta principalmente pela fonte hidráulica, fazendo-
se necessária maior diversificação de fontes de energia. Nesse sentido, a busca por fontes
renováveis vem sendo cada vez mais procurada e incorporada aos lares e indústrias do
país, em especial a energia proveniente do sol, uma vez que é uma fonte de energia
abundante, sustentável e não poluente. O Brasil apresenta um enorme potencial para fontes
naturais e sustentáveis de energia como a solar, eólica e outros, pois possui um vasto
território de 8,5 milhões de metros quadrados. (ANEEL, 2016).
No ano de 2012 ocorreu a permissão para o consumidor gerar a própria energia
elétrica a partir de fontes renováveis como a solar e conectar esta energia à rede, em
paralelo com a concessionária local. Esta permissão se deu por meio da resolução
normativa da ANEEL nº 482/2012. Com esta resolução o consumidor pode não só produzir
como fornecer o excedente à rede, reduzindo assim os custos do consumo elétrico. A partir
deste ano a busca por geração distribuída e limpa foi impulsionada, dessa forma uma das
alternativas mais promissoras e estudadas é a geração de energia elétrica por meio de
sistemas que convertam energia solar em energia elétrica. Segundo Rüther (2004), uma
característica fundamental de sistemas fotovoltaicos instalados nas cidades é a
possibilidade de interligação à rede elétrica pública, o que dispensa o uso de bancos de
baterias necessários em sistemas do tipo isolado e os elevados custos e manutenções
decorrentes.
Com os estudos e pesquisas sobre energias fotovoltaicas, essa tecnologia vem
apresentando cada vez mais eficiência e rendimento na conversão da energia solar em
energia elétrica. Segundo uma pesquisa sobre o tema envolvendo 14 laboratórios da
Alemanha, foi possível conseguir em condições controladas a eficiência de 47,7%. Esta
eficiência ajuda não só para a redução dos custos de geração como contribui para aumentar
a atratividade do mercado de energia solar (EPE, 2016).
Porém, para que essa atratividade para o mercado de energia fotovoltaica continue
aumentando, é preciso que haja mais atenção e incentivos para a área de estudos dos
fatores de perdas em sistemas conectados à rede elétrica, pois ainda há muito a se explorar
no quesito de aproveitamento do potencial solar do Brasil.
O objetivo do desenvolvimento deste trabalho é, portanto, contribuir e apresentar os
principais causadores, soluções e inovações relacionadas às perdas de eficiência de
conversão e produtividade dos sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica.

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2 METODOLOGIA
O artigo em questão é uma revisão bibliográfica. A pesquisa foi realizada por meio de
um estudo sistemático, observacional e retrospectivo relacionado às perdas de
produtividade em sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica, assim como as
possíveis soluções para evitar esta perda de eficiência no sistema. Também foram objeto de
pesquisa as novas tecnologias empregadas que maximizam a rentabilidade do projeto
fotovoltaico. Foram utilizadas palavras-chave (painéis fotovoltaicos, células fotovoltaicas,
inversores fotovoltaicos, inovações energia solar) para a busca dos estudos relacionados ao
tema em publicações de pesquisadores e estudiosos. Essa pesquisa foi essencialmente
feita por meio de endereços eletrônicos de busca de artigos acadêmicos como SciELO,
periódicos da CAPES e anais do Congresso Brasileiro de Energia Solar de 2018, sendo este
último o mais utilizado pois consta com mais de 360 artigos relacionados à energia
fotovoltaica publicados no ano de 2018 no Brasil. Após esta pesquisa inicial foram
selecionados para revisão bibliográfica 16 trabalhos acadêmicos. Em seguida, foram
realizadas as leituras dos estudos, reportagens e artigos dos autores destes trabalhos e
posterior processamento e análise das informações obtidas.

3 REFERENCIAL TEÓRICO
O fenômeno físico que permite a conversão direta da luz em eletricidade é chamado
de efeito fotovoltaico e foi observado pela primeira vez em 1839 pelo físico francês
Alexandre-Edmond Becquerel (1820-1891) (PINHO e GALDINO, 2014). Essa eletricidade é
gerada por meio da diferença de potencial que existe em um material semicondutor ao ser
incidida uma luz sobre ele. Esse material chamado de semicondutor possui uma banda de
valência, em que a presença de elétrons é permitida, e a banda de condução, que não
possui a presença de elétrons. O semicondutor mais utilizado para fabricação dos módulos
fotovoltaicos é o silício que possui átomos com quatro elétrons que se conectam aos
elétrons vizinhos formando uma rede cristalina.
Os módulos fotovoltaicos geram a energia em corrente contínua CC, portanto
necessitam de um equipamento que faça a devida conversão para corrente alternada CA.
Esse equipamento é chamado de inversor.
De forma geral, para que os SFCR (sistema fotovoltaico conectado à rede) tenham
um melhor desempenho é necessário que este tenha inspeções periódicas e seja instalado
com uma boa escolha de componentes e um bom projeto para ele possa trabalhar com o
máximo de eficiência.

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3.1 TIPOS DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

3.1.1 Sistemas Fotovoltaicos Isolados (SFI)


Os sistemas fotovoltaicos isolados são normalmente instalados em locais afastados
dos centros urbanos e sem acesso à rede elétrica. Por este motivo estes sistemas precisam
de um elemento para armazenar a energia gerada (URBANETZ, 2010). O banco de baterias
é o elemento armazenador mais utilizado para este tipo de sistema isolado, assim ele
armazenará a energia produzida pelo sistema durante o dia e fornecesse essa energia
acumulada durante o período sem energia solar, ou seja, durante a noite. O fornecimento de
energia deste sistema pode ser tanto em corrente contínua CC como em corrente alternada
CA fazendo uso de um equipamento chamado inversor.
3.1.2 Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede Elétrica (SFCR)
Este sistema é o objeto do estudo deste trabalho e segundo Rüther (2004), a
principal característica dos sistemas fotovoltaicos conectados à rede é a sua autonomia,
pois ao se conectar com a rede elétrica da cidade torna os acumuladores de energia como
os bancos de baterias elementos absolutamente desnecessários, facilitando assim para sua
manutenção e diminuindo os custos de instalação do sistema como um todo.
Como este sistema trabalha em paralelo com a rede elétrica, no momento que o
gerador produz mais energia do que o necessário para o consumidor, o excedente é
injetado na rede elétrica, gerando então um crédito energético com a concessionária local.
Por outro lado, quando a demanda por energia da unidade consumidora for maior do que a
geração do sistema fotovoltaico, essa demanda será suprida pela energia proveniente da
rede elétrica.
Para este tipo de sistema os principais componentes são: módulos fotovoltaicos,
inversor e um medidor bidirecional entre a unidade consumidora e a rede elétrica local.

3.2 ÍNDICES DE DESEMPENHO


Para verificação do desempenho do sistema fotovoltaico são utilizados como
parâmetro os índices de desempenho, também conhecidos como índices de mérito. Os
principais índices utilizados para esses sistemas são: produtividade ou yield, taxa de
desempenho ou performance ratio e fator de capacidade.
Segundo Benedito (2009) para medir a produtividade basta dividir a potência
entregue pela potência que foi originalmente instalada, ou seja, este índice irá apresentar a
produção em kWh para cada kWp que foi instalado no sistema.

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Já a taxa de desempenho é apresentada em porcentagem. Essa porcentagem
provém da relação entre a produtividade calculada e a quantidade de horas de radiação
solar que incide sobre os módulos. Usualmente é utilizado o período de um ano para os
cálculos.
Por último, o fator de capacidade é também um índice que apresenta seus valores
em porcentagem e faz uma relação direta com a produtividade do sistema, pois é calculado
a partir da razão entre o que é realmente produzido de energia solar e o que seria
idealmente produzido caso o sistema funcionasse durante um dia inteiro (24h) de forma
contínua.

3.3 FATORES DE PERDAS


De maneira generalista, para que se tenha o máximo de aproveitamento de geração
do sistema fotovoltaico, é necessário que alguns fatores sejam observados para sua
instalação adequada, desde a escolha dos componentes e cabos, como o modo e o local de
instalação. Este local deve ter uma boa incidência de luz solar e deve ser evitada ao máximo
a presença de elementos que possam causar sombreamento sobre algum dos módulos.
Porém também é necessário tomar algumas precauções e cuidados para que com o passar
dos anos o sistema continue com a mesma eficiência verificada no início do projeto sem
sofrer deteriorações e perdas.
Um estudo feito em 2011, no Japão, verificou que os principais fatores de perdas em
sistemas fotovoltaicos conectados à rede são: perdas por acúmulo de sujeita e
sombreamento total ou parcial do módulo, perdas por aumento de temperatura, perdas nos
inversores, mismatch (descasamento dos módulos) e perdas de conversão de energia.
(IKKI; KUROKAWA, 2001).

3.4 COMPONENTES DO SISTEMA, NOVAS TECNOLOGIAS E SOLUÇÕES

3.4.1. Célula fotovoltaica


Em 1877 os pesquisadores R. E. Day e W. G. Adams verificaram pela primeira vez o
efeito da conversão da energia solar em energia elétrica. Este fenômeno tinha menos de
0,5% de eficiência e foi observado em um apetrecho de selênio.
Atualmente, a maioria das células solares, cerca de 95%, são feitas basicamente
com o material silício (Si), podendo ser constituídas de silício amorfo (a-Si), cristais
monocristalinos (mono-Si) e policristalinos (poli-Si) (CRESESB, 2006). Segundo Cecchini
(2003) o motivo para o sílicio ser o material mais buscado para fabricação de células é que

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este material não só é facilmente encontrado no planeta como é bastante conhecido e
utilizado pela indústria por sua alta durabilidade e baixa contaminação.
Porém, as células fotovoltaicas também podem ser de outros tipos e tecnologias
como Telureto de cádmio (CdTe), Cobre, índio e gálio seleneto (CIS / CIGS) e Células
solares fotovoltaicas orgânicas (OPV). A figura 1 apresenta a eficiência para diversos tipos
de materiais usados na fabricação das células solares.

Figura 1 - Eficiência das células solares fabricadas em laboratório

Fonte: Green et al. (2013)

Segundo o site Portal Energia (2018), um novo recorde de eficiência em células


fotovoltaicas foi alcançado através do Projeto CPVMATCH, que é financiado pela União
Europeia. A célula desenvolvida conseguiu converter em eletricidade mais de 41% da luz
que foi incidida. Essa nova tecnologia utiliza espelhos, lentes e outros tipos de óticas para
concentrar a incidência da luz, combinado com células solares de multi-união (células com
várias subcélulas sobrepostas) que absorvem melhor os espectros de radiação. Além disso,
o sistema utilizado pelos cientistas possui rastreamento da posição do sol durante o dia,
aumentando ainda mais a eficiência do sistema.
Além da relação com a irradiância solar sobre a célula, a temperatura é outro fator
que irá influenciar na produtividade e conversão fotovoltaica. Segundo Wills e Scott (2000),

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uma célula é dimensionada para trabalhar a uma temperatura média de 25ºC e valores
discrepantes desse valor irão impactar em sua eficiência.
Na figura 2 percebe-se que a tensão da célula diminui com a elevação da
temperatura, porém segundo Pinho e Galdino (2014) as tecnologias de filmes finos são as
que menos sofrem influência da temperatura, em comparação com as células de silício
cristalino.

Figura 2 - Influência da temperatura em uma célula solar sob irradiância de 1000 W/m²

Fonte: Pinho e Galdino (2014)

Em 2008, na região de Cascavel (PR) foi analisado um painel de silício policristalino


e sua reação mediante a variação da temperatura e concluiu-se que a eficiência do sistema
aumenta de maneira proporcional à diminuição da temperatura com oscilação entre 8,65% e
9,17% (GNOATTO et al., 2008).
Já em 2009, um experimento foi feito utilizando um pulverizador de água sobre o
sistema fotovoltaico com o intuito de amenizar a temperatura dos painéis e verificar a
mudança em sua eficiência. Foi constatado um aumento da eficiência média em 3,23% o
que confirmou a influência negativa da temperatura na conversão da energia solar em
energia elétrica (ABDOLZADEH; AMERI, 2009).

3.4.2 Painel fotovoltaico


Os painéis solares fotovoltaicos são equipamentos que produzem energia a partir da
conversão da energia solar em energia elétrica, essa conversão é possível através das
células solares que compõem esses módulos (VIEIRA, 2018). A figura 3 mostra que as

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atuais tecnologias de painéis e células solares são divididas entre primeira, segunda e
terceira geração.

Figura 3 - Gerações de tecnologias fotovoltaicas

Fonte: Vieira (2018)

Segundo Villalva (2015), os sistemas fotovoltaicos geralmente têm uma eficiência


variando entre 14% e 20%. Para um melhor aproveitamento e otimização de todo o sistema
é importante observar o modo e o local de instalação, assim como os materiais utilizados na
estrutura.
Uma novidade é a produção de painéis fotovoltaicos de silício negro, desenvolvida
por pesquisadores da Universidade de Aalto na Finlândia. Segundo o site Inovação
Tecnológica (2019), a tecnologia foi chamada de “célula solar buraco negro” e possuem uma
eficiência em torno de 22% o que superaria a tecnologia de silício comumente utilizada.

3.4.2.1 Estrutura e Modo de Instalação


Normalmente, em residências e meios urbanos, os painéis solares são instalados no
telhado da edificação. Isso acontece não só pela falta de espaço para instalar no solo, como
para dificultar o sombreamento das construções do entorno. Sem contar a questão estética,
afinal gerar uma energia sustentável irá valorizar o imóvel e ao instalar o sistema no telhado
este ficará bem mais visível ao público.

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Mas são precisos alguns cuidados ao instalar os painéis. Segundo Vieira (2018), as
células dependem na componente perpendicular dos raios provenientes do sol, sendo que
quanto menor for o ângulo de incidência da luz, maior será a eficiência da conversão. Assim,
os módulos instalados no hemisfério sul devem estar posicionados para o norte geográfico e
com inclinação igual à latitude do local para um melhor aproveitamento dos raios solares
durante todo o ano.
É importante também escolher um bom material para a estrutura do sistema. Em
2018 o Solar Group, por exemplo, desenvolveu um fixador de painéis que reduz em até 50%
o custo da instalação. Esse fixador possui um suporte articulado e pode ser utilizado em
telhas trapezoidais metálicas (CANAL BIOENERGIA, 2018).
Buscando um melhor aproveitamento da radiação solar do dia, algumas instalações
possuem um rastreador solar, que possibilita que os painéis se movam durante o dia
acompanhando o movimento do sol. Segundo Freitas (2018), um sistema com rastreador
possui uma eficiência maior que um sistema de ângulo fixo, porém é necessário levar em
consideração o custo financeiro do sistema no Brasil que muitas vezes inviabiliza o projeto.
A figura 4 apresenta um comparativo entre um sistema com e sem o rastreamento solar.

Figura 4 - Comparativo entre investimento e potência gerada por sistemas com e sem rastreador solar

Fonte: Freitas (2018)

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Outro importante fator a ser observado é que não só os paineis estejam inclinados
como mantenham uma distância mínima do telhado. Assim, com a inclinação, os módulos
evitarão o acúmulo de sujeira facilitarão para o escorrimento da água da chuva. Segundo
Lemos et al. (2016), a sujidade do sistema pode causar uma perda de eficiência de 4% a
26,3%. Já a importância de manter o sistema minimamente distante do telhado é que assim
haverá uma maior ventilação e consequentemente um resfriamento do sistema. Segundo
Emanuel (2009), o aumento da temperatura nas células irá diminuir a proporcionalidade da
tensão e aumentar um pouco a corrente para baixos valores de tensão.

3.4.2.2 Local de Instalação


Segundo a ANEEL (2016), o Brasil possui 2500 horas por ano de radiação solar, em
média. Esta é umas das vantagens de ser um país tropical, pois com a maior quantidade de
radiação solar haverá teoricamente uma maior produção de energia solar. Porém o Brasil é
um país de dimensões continentais e essa produção de energia pode variar de estado para
estado.
Em um estudo feito por Gasparin e Krenzinger (2017) em que o desempenho do
sistema fotovoltaico foi analisado em dez diferentes cidades brasileiras foi apresentado que
não há uma regra sobre como o sistema vai ser instalado, pois dependendo da cidade e da
região deve ser levado em conta o clima, a temperatura ambiente, o inversor utilizado. E que
mesmo variando a latitude e a inclinação do painel, não haverá uma mudança tão
significativa na produtividade do sistema. A figura 5 apresenta o desempenho de um sistema
fotovoltaico em diferentes cidades brasileiras.

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Figura 5 - Desempenho de um sistema fotovoltaico de 1500 Wp, com inclinação igual à latitude local
em 10 diferentes cidades brasileiras

Fonte: Gasparin e Krenzinger (2017)

Já em um estudo feito no estado do Paraná com um sistema de 3kWp, segundo


Angelo e Tiepolo (2018), as três cidades que apresentaram um melhor desempenho foram,
respectivamente, Inácio Martins (mesorregião Centro-Sul) com produção máxima de
3184,85 kWh/ano, Curitiba (mesorregião Metropolitana) com 3033,33 kWh/ano e Castro
(mesorregião Centro Oriental) com 3142,38 kWh/ano.

3.4.3 Inversor
O inversor é um dos elementos do sistema fotovoltaico que deve ser dimensionado
corretamente para que trabalhe de forma a aproveitar ao máximo a produtividade do
sistema. Sendo, segundo a IEC/TS 61836, a eficiência de conversão CA-CC do inversor a
razão entre a energia realmente entregue para a rede e a energia que chegou ao inversor
através dos painéis.
Segundo Urbanetz (2010) o inversor pode ter quatro tipos de configurações: inversor
central, tipo string, multi-string e módulo C.A. A configuração com inversor central tem a
vantagem de reduzir os custos, porém baixa a confiabilidade do sistema. Já a tipo string,
diminue perdas decorrentes de sombreamento, mas aumenta o custo total do sistema, pois
utiliza mais de um inversor. A configuração multi-string é uma mistura dos dois tipos
anteriores e permite um controle individual em cada série. Por último na configuração de
módulo C.A cada módulo vai ter um inversor, aumentando a eficiência, porém com alto
custo.

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O inversor do tipo string, também conhecido como inversor de parede, é um dos
tipos mais comuns disponíveis no mercado e além de sua função típica de conversão eles
possuem o mecanismo de chamado de Maximum Point Power Tracking (MPPT) que
possibilita uma maior eficiência de conversão.
Um estudo feito por Bassan e Urbanetz Jr (2018) mostra que a fórmula da eficiência
para inversores pode variar de país para país. Nesse estudo foram utilizadas as eficiências
californiana, a europeia e a brasileira e feito um comparativo entre elas e seus inversores, o
que mostrou que um inversor com alta taxa de rendimento em um país frio europeu não terá
o mesmo rendimento ao ser instalado em um estado quente americano como a Califórnia.
Assim, ao verificar os dados fornecidos pelos fabricantes, dependendo do seu país de
origem, a eficiência pode não só ser maior ou menor, como os dados fornecidos pelo
fabricante irão variar dependendo de qual fórmula de eficiência ele utilizou. Ao utilizar a
eficiência brasileira, por exemplo, os dados apresentados tendem a ter um resultado menor
do que se tivesse sido usado uma eficiência californiana ou europeia. Em contrapartida, a
única fórmula que considera a tensão de entrada em sua equação é a eficiência brasileira, o
que aumenta a sua confiabilidade em relação às outras duas eficiências estudadas.
Um exemplo de inovação é o modo de utilização do inversor monofásico da
SolarEdge para carregar os carros elétricos, que os carrega até seis vezes mais rápido que
os carregadores padrões. Essa rapidez se deve à utilização simultânea da rede e do
carregamento fotovoltaico.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com os estudos e pesquisas feitas para a realização este trabalho foi possível
concluir sobre a importância da observação, da escolha dos equipamentos que serão
utilizados, do projeto de instalação com memorial descritivo e descrição do local e da
manutenção preventiva para um funcionamento adequado e eficiente do sistema fotovoltaico
conectado à rede elétrica. Foi visto que a escolha do local para instalação adequada e bem
posicionada em relação ao sol, com bons materiais e equipamentos não são os únicos
responsáveis para o sucesso da geração de energia. É preciso também realizar limpezas
periódicas para garantir uma melhor conversão de energia, verificar se no local instalado
não há alguma árvore próxima ou construção em potencial que poderá fazer sombra sobre
os módulos, observar se os módulos estão com uma boa ventilação para que não ocorra um
superaquecimento nas células, etc.

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Também foram apresentadas algumas das últimas novações da área, inovações
essas que mudam a cada dia. Afinal é de interesse mundial que a energia renovável evolua
e possa estar cada vez mais presente nas indústrias e residências de todos os lugares do
planeta. Portanto, é importante que a instalação do sistema se adapte aos variados climas e
temperaturas, trabalhando de forma a aperfeiçoar a produção de energia elétrica com a
maior eficiência possível.
Visto isso, é de grande importante que seja dado continuidade a este estudo. Dessa
forma será possível chegar a conclusões quantitativas e qualitativas mais avançadas e que
possibilitem o máximo de eficiência e índice de produtividade do sistema fotovoltaico,
possibilitando com isso uma maior divulgação e utilização dessa fonte de energia limpa e
renovável.

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