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DIREITO CONSTITUCIONAL I
PODER CONSTITUINTE
PODER CONSTITUINTE
O Poder Constituinte é a força política que se funda em si mesma, a expressão da vontade de um povo em
estabelecer as bases que irão organizar uma determinada sociedade política. É o responsável pela elaboração da
Constituição, norma jurídica superior que inicia a ordem jurídica e lhe confere fundamento de validade.
Atribuição: a criação de um novo Estado (sob o aspecto jurídico), a partir da apresentação de um novo documento
constitucional.
A titularidade do poder constituinte pertence ao povo ou por seus representantes:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição.
Direito Constitucional I
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.
Poder Constituinte pode ser originário ou derivado e pode ser assim, classificado:
Direito Constitucional I
a) Poder Constituinte Originário histórico: cria a primeira Constituição de um País, por meio de sua liberdade
política. No caso brasileiro, vimos a expressão deste poder na Constituição de 1824.
INICIAL: instaura uma nova ordem jurídica, rompendo, por completo, com a ordem anterior, servindo como um
ponto de partida para o início de uma nova ordem constitucional.
AUTÔNOMO: o poder constituinte é autônomo, porque somente ao seu titular (o povo, o grupo) cabe decidir qual
a ideia de direito prevalente no momento histórico e que moldará a estrutura jurídica do Estado.
O Poder Constituinte Originário é autônomo, porque não está sujeito a qualquer limitação ou forma prefixada para
manifestar sua vontade.
Trata-se de um pode politico com ampla liberdade para dispor sobre as mais diferentes matérias.
Direito Constitucional I
ILIMITADO: o Poder Constituinte Originário é incondicional e ilimitado juridicamente, porque não tem que
respeitar os limites estabelecidos pela ordem anterior, inclusive as cláusulas pétreas, se for o caso.
Doutrinadores jusnaturalistas afirmam que preexistem princípios à constituição escrita, autônomos em relação às
decisões do legislador constituinte, e que o vinculam de tal sorte que as normas constitucionais que os contrariem
devam ser consideradas juridicamente inválidas e não-obrigatórias.
Haveria limitações, por exemplo, de índole religiosa, cultural e internacional.
ob uma perspectiva objetiva, a Assembleia Constituinte não tem liberdade de criar normas de maneira esparsa,
injustificada, mas somente àquelas que correspondam a realidade jurídica e cultural da sociedade à que estão
inseridas, sendo um reflexo do seu Povo e da sua ordem natural. Esse é o pensamento de José Joaquim Gomes
Canotilho.
Direito Constitucional I
Precisamente no momento em que esta terceira fase de uma sociedade é alcançada, o autor preconiza ser essencial a organização desse
corpo de indivíduos por uma Constituição. Esta, segundo o abade francês, deveria ser criada pelo poder constituinte, titularizado pela
nação, entidade que sintetizaria a unidade política do povo, e que, em sua percepção, existiria antes de tudo e seria a origem de tudo. A
nação, enquanto titular do poder originário, seria soberana “para ordenar o seu próprio destino e o da sua sociedade, expressando-se por
meio da Constituição”.
Masson, Nathalia. Manuel de Direito Constitucional. 7 ed. Salvador: Juspodivim, 2019, p. 114
Direito Constitucional I
Após 21 anos de regime militar, a sociedade brasileira recebia uma Constituição que assegurava mecanismos
para evitar abusos de poder do Estado.
A Assembleia Nacional Constituinte, convocada em 1985 pelo presidente José Sarney, trabalhou durante 20
meses.
Participaram 559 parlamentares (72 senadores e 487 deputados federais), com intensa participação da
sociedade.
Direito Constitucional I
Durante 05 meses, cidadãos e entidades representativas encaminharem suas sugestões para a nova Constituição.
Cinco milhões de formulários foram distribuídos nas agências dos Correios. Foram coletadas 72.719 sugestões
de cidadãos de todo o País, além de outras 12 mil sugestões dos constituintes e de entidades representativas.
O debate formal sobre a nova Constituição começou em Julho de 1985, com a Comissão Provisória de Estudos
Constitucionais, composta por 50 membros.
O anteprojeto constitucional foi entregue em Setembro de 1986 e em Fevereiro de 1987, começaram os debates
oficias para a construção da nova Constituição.
Em sessão solene, realizada no dia 5 de outubro de 1988, e com a participação das maiores autoridades do país e
de convidados do exterior, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil.
O texto final ficou composto por 315 artigos, dos quais 245 distribuídos por oito títulos das disposições
permanentes e 70 nas disposições transitórias.
Direito Constitucional I
Ao contrário do seu instituidor que é inicial, ilimitado, incondicionado juridicamente, o Poder Constituinte
Derivado deve obedecer as regra impostas pelo originário, tendo como suas principais características:
Limitado
Condicionado
Pode ser classificado em:
Reformador
Decorrente
Revisor
Direito Constitucional I
A titularidade desse poder emana do povo, que, por sua vez, será representado pelo Congresso Nacional (Art. 60,
CF/88).
Tem por principais características ser:
a) Subordinado, porque retira a sua força do poder originário, previamente estabelecido;
b) Limitado, porque tem os seus limites definidos pelo poder originário, que estabeleceu o texto base
constitucional;
c) Condicionado, sendo que o seu exercício deve seguir as regras previamente estabelecidas na Constituição.
Direito Constitucional I
2. Deliberação: a proposta deve ser discutida e votada em cada casa do Congresso Nacional em 2 (dois) turnos,
sendo aprovada se obtiver, em ambas, 3/5 dos votos dos respectivos membros, ou seja, a maioria qualificada (Art.
60, §2, CF/88).
Câmara: 308 votos, no mínimo.
Senado: 49 votos, no mínimo.
3. Promulgação: as emendas são promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o
respectivo número de ordem – não há participação do Executivo (veto ou sanção)
Direito Constitucional I
O Poder constituinte derivado reformador está sujeito a limites, estes que tratam tanto da matéria do conteúdo da
emenda, até os procedimentos formais da promulgação, são estes os limites:
1. Material: Art. 60, §4, CF/88) - "cláusulas pétreas“:
a) forma federativa do Estado;
b) voto direto, secreto, universal e periódico;
c) separação dos Poderes e
d) direitos e garantias individuais
a) Circunstancial: é defeso que a Constituição Federal seja alterada durante diversas situações em que o Estado
esteja vivendo, como a vigência do estado de sítio, estado de defesa ou intervenção federal (Art. 60, §1, CF/88);
a) Temporal, ao passo que uma proposta de emenda constitucional é rejeitada ou prejudicada, a mesma matéria
não pode ser tratada através de nova proposta até nova sessão legislativa (Art. 60, §5, CF/88).
Direito Constitucional I
Trata-se do poder de cada Estado-Membro (unidade federativa) em criar a sua própria Constituição estadual,
respeitando a supremacia da Constituição Federal.
Auto-organização: cada assembleia Legislativa, com os poderes constituintes definidos, deveriam elaborar a sua
Constituição do Estado dentro do prazo de 1 (um) ano, à partir da promulgação da Constituição Federal.
CF/88:
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
desta Constituição.
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e
aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos
com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos
os princípios estabelecidos nesta Constituição.
Direito Constitucional I
Além do poder constituinte originário e do poder constituinte derivado, a doutrina define outras duas modalidades
de poder constituinte: o poder constituinte difuso.
Poder Constituinte Difuso
O poder constituinte difuso é um poder de fato e se manifesta por meio das mutações constitucionais (alterações
nos sentido interpretativo da norma)
Por meio da MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL, são dadas novas interpretações aos dispositivos da Constituição,
mas sem alterações na literalidade de seus textos, que permanecem inalterados. Constituem, portanto, alterações
informais, decorrentes de fatos e transformações políticas, econômicas e sociais.
É fundamental em decorrência da evolução das situações de fato sobre as quais a norma constitucional incide, além
das novas visões jurídicas acerca dessas situações.
Direito Constitucional I
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL:
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL:
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL:
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/tres-grandes-casos-de-mutacao-constitucional-
reconhecidos-no-stf/
Direito Constitucional I
Além do poder constituinte originário e do poder constituinte derivado, a doutrina define outras duas modalidades
de poder constituinte: o poder constituinte difuso e o poder constituinte supranacional.
Poder Constituinte Supranacional
Busca sua fonte de validade na cidadania universal, pluralismo de ordenamentos jurídicos. Ele segue uma tendência
mundial de globalização do direito constitucional, ou ainda do transconstitucionalismo, matérias que buscam
sistematizar temas como os conflitos entre constituições ou poderes constituintes em um mesmo espaço político. A
definição de um poder constituinte supranacional se torna importante em contextos como o da União Europeia,
cujos países membros compartilham regras comuns que transcendem as fronteiras nacionais e que podem
apresentar verdadeiras características de Constituições.
Direito Constitucional I
O que acontece com as normas que foram produzidas durante a vigência da Constituição anterior?, diante do
advento de uma nova Constituição?
Análise de 03 institutos:
1. Recepção
2. Repristinação
3. Desconstitucionalização
Direito Constitucional I
1. Recepção
O fenômeno da recepção é aquele que trata sobre a adequação das normas infraconstitucionais anteriores ao novo
texto constitucional. À partir da edição de uma nova Constituição, a anterior é revogada, todavia, não
obrigatoriamente todas as normas perdem a sua validade. Desta forma, as que forem compatíveis com o novo texto
devem ser aproveitadas e ratificadas sob nova validade. Esta é a chamada recepção. A legislação anterior que se
adeque ao novo texto jurídico constitucional é recepcionada com as devidas alterações que possam ser necessárias.
As normas que não se adequem à nova ótica constitucional devem ser revogadas, posto que não passem pelo crivo
material e formal do seu conteúdo.
2. Repristinação
O fenômeno ocorrerá quando um alei revogada volta a produzir efeitos se a lei revogadora vier a ser revogada. É,
de forma literal, a revalidação de uma norma anteriormente revogada, em que apresenta compatibilidade com a
Constituição vigente.
Não é automático. É necessária previsão expressa.
Exemplo:
A Lei nº. 1001/1934 foi produzida na vigência da CF de 1934 e foi revogada com a vigência ada CF/67 porque era
com esta incompatível.
Promulgada a CF/88 verifica-se a adequação/compatibilidade da Lei nº. 1001/1934 – Só represtina com previsão
expressa, ou seja, para que seja recebida, o texto da CF/88 teria que expressamente assim determinar.
Direito Constitucional I
2. Desconstitucionalização
É o fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem
em vigor, mas com o status de lei infraconstitucional.
Não é automático. É necessária previsão expressa na nova Constituição.
Direito Constitucional I
FIM