Trabalho Processo Civil

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EMENTA

Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de antecipação da tutela


recursal, interposto por WALDIR FRARES, em face da decisão que, na
execução fiscal originária, indeferiu a arguição de impenhorabilidade do
veículo NISSAN/FRONTIER XE 25X4, placa ATJ-1741. Alega que o
automóvel constrito, além de ser o único que possui, é indispensável
para o desempenho de suas atividades, sendo, portanto, impenhorável,
nos moldes do artigo 833, inciso V, do Código de Processo Civil. Relata
ser advogado, sendo o veículo instrumento necessário para o
desempenho de seu trabalho. Aduz, ainda, que fora diagnosticado com
neoplasia maligna (câncer), razão que torna o veículo indispensável para
sua sobrevivência, pois além de ser instrumento imprescindível para sua
profissão, para o exercício de suas atividades, também é imprescindível
para a manutenção de sua saúde, eis que é através do veículo penhorado
que o Agravante se dirige até suas consultas, aos seus tratamentos e
procedimentos médicos oncológicos, os quais são, inclusive, invasivos e
debilitantes. Portanto, sem sobra de dúvidas, o veículo é de fato
indispensável e essencial para a vida do Agravante. Invoca os princípios
da dignidade da pessoa humana e da menor onerosidade. É o breve
relatório. Passo a decidir. A decisão agravada (evento 48 da execução
fiscal), no parte que interessa a este recurso, traz a seguinte
fundamentação: (...) 2. Fundamentação 2.1. Impenhorabilidade Em
matéria tributária, o art. 184 do CTN dispõe acerca das garantias dos
créditos do Fisco em relação aos bens dos contribuintes e responsáveis,
atingindo a totalidade dos bens e rendas. Todavia, em sua parte final, faz
exceção aos bens e rendas que a lei declare absolutamente
impenhoráveis. Semelhante dispositivo encontra-se na Lei nº 6.830/80
(art. 30). Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre
determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo
pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e rendas, de
qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua
massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de
inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da
constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e
rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. art. 30. Sem
prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam
previstos em lei, responde pelo pagamento da Divida Ativa da Fazenda
Pública a totalidade dos bens e rendas, de qualquer origem ou natureza,
do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa, inclusive os gravados por
ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja
qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados
unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente
impenhoráveis. Segundo a lei processual civil, são impenhoráveis: Art.
833. São impenhoráveis:I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato
voluntário, não sujeitos à execução;II - os móveis, os pertences e as
utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os
de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida;III - os vestuários, bem
como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado
valor;IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as
remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e
os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de
terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos
de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal,
ressalvado o § 2o;V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os
utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis
ao exercício da profissão do executado;VI - o seguro de vida;VII - os
materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem
penhoradas;VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
desde que trabalhada pela família;IX - os recursos públicos recebidos
por instituições privadas para aplicação compulsória em educação,
saúde ou assistência social;X - a quantia depositada em caderneta de
poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;XI - os
recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos
termos da lei;XII - os créditos oriundos de alienação de unidades
imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à
execução da obra.§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de
dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua
aquisição.§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à
hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia,
independentemente de sua origem, bem como às importâncias
excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a
constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.§ 3º
Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os
equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a
pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando
tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em
garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza
alimentar, trabalhista ou previdenciária. No caso de veículo automotor,
pode ser considerado impenhorável aquele intrinsecamente ligado a
uma atividade ou profissão, como o do taxista e o do representante
comercial, por exemplo. Nesse mesmo sentido é a jurisprudência:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. VEÍCULO.
IMPENHORABILIDADE. ART. 649, VI, DO CPC. INSTRUMENTO DE
TRABALHO. COMPROVAÇÃO. 1. A impenhorabilidade do instrumento
de trabalho, preconizado no art. 649, VI, do CPC, é uma cláusula
protetiva, cuja finalidade é preservar o trabalhador autônomo, pessoa
física, que tem na profissão o seu sustento e de sua família. 2. Havendo
elementos a corroborar a alegação de que o automóvel penhorado é
indispensável ao exercício profissional (representante comercial), deve
ser desconstituida a constrição operada. (TRF4, AG 5027915-
96.2014.404.0000, Terceira Turma, Relatora p/ Acórdão Salise
Monteiro Sanchotene, juntado aos autos em 16/01/2015) EMBARGOS À
EXECUÇÃO FISCAL. VEÍCULO. IMPENHORABILIDADE. IMPOSTO
DE RENDA. ADVOGADO. VALORES RECEBIDOS A TÍTULO DE
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. A menos que o automóvel seja a
própria ferramenta de trabalho, como ocorre no caso dos taxistas,
daqueles que se dedicam ao transporte escolar, ou na hipótese de o
proprietário ser instrutor de auto-escola, não poderá ser considerado, de
per si, como útil ou necessário ao desempenho profissional, devendo o
executado, ou o terceiro interessado, fazer prova dessa necessidade ou
utilidade (...) (TRF4, AC 5004591-21.2013.404.7111, Primeira Turma,
Relator p/ Acórdão Jorge Antonio Maurique, juntado aos autos em
11/12/2014) EMBARGOS DE TERCEIROS. PROCESSO CIVIL. TÁXI.
SUBSISTÊNCIA. IMPENHORABILIDADE. 1. Não há de se falar em
penhorabilidade do veículo utilizado para exercer profissão de taxista,
posto que, conforme prevê o inciso VI do art. 649 do CPC, são
absolutamente impenhoráveis os instrumentos necessários ou úteis ao
exercício de qualquer profissão. (q. v. verbi gratia: AC
1999.01.00.078712-4/MG; Publicado em 29/01/2004) 2. Apelação não
provida. (AC 00001072520034019199, JUIZ FEDERAL CARLOS
EDUARDO CASTRO MARTINS, TRF1 - 7ª TURMA SUPLEMENTAR, e-
DJF1 DATA:26/08/2011 PÁGINA:573.) IMPENHORABILIDADE.
VEÍCULO. INSTRUMENTO DE TRABALHO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. 1. A impenhorabilidade do instrumento de trabalho é
uma cláusula protetiva, cuja finalidade é preservar o trabalhador
autônomo, que tem na profissão o seu sustento e de sua família. 2. Não é
passível de penhora automóvel necessário ou útil ao exercício de
atividades profissionais do executado, por constituir instrumento de
trabalho. 3. Verba honorária minorada para 10% sobre o valor da causa,
em consonância com os precedentes da Turma. (TRF4, AC - APELAÇÃO
CIVEL 200472120022850/ SC, 2ª TURMA, Relator (a) LUCIANE
AMARAL CORRÊA MÜNCH, D.E. 20/08/2008) Trata-se de apelação
contra sentença que julgou parcialmente procedentes os embargos à
execução fiscal, reconhecendo a impenhorabilidade de motocicleta
Honda CG 125 Titan de propriedade do embargante, por entender que o
veículo é utilizado como instrumento de trabalho. A União alega que o
embargante não fez prova de que a motocicleta é utilizada em sua
atividade laboral. Foram apresentadas as contra-razões.
Fundamentação. De acordo com o conjunto probatório coligido aos
autos, o magistrado de origem entendeu que a motocicleta de
propriedade do embargante é utilizada como instrumento de trabalho.
Consignou o seguinte: "Sustenta o embargante que o bem objeto de
penhora - motocicleta - é utilizado como ferramenta de trabalho, tendo
em vista tratar-se de moto-taxista, razão pela qual é considerado
impenhorável nos termos do art. 649, VI, do CPC. Assiste razão ao
embargante. Por meio do documento da fl. 23, restou comprovado que o
embargante exerce atividade profissional de moto-taxi, tendo obtido
permissão do Instituto de Transportes e Trânsito de Foz do Iguaçu em
25 de janeiro de 2005. Também, quando da efetivação da penhora, o
executante de mandados certificou que o embargante, sua esposa e seu
irmão declararam que o bem penhorado é utilizado pelo embargante
para o seu sustento e o de sua família. Ainda, há anotação junto ao
DETRAN de que referida motocicleta destina-se à categoria aluguel. De
fato, esses documentos são suficientes para se reconhecer a
impenhorabilidade de que trata o inc. VI do art. 649 do CPC. O recurso é
manifestamente improcedente. Decisão. Pelo exposto, nego seguimento
à apelação, com fundamento no art. 557 do CPC. Intimem-se.Publique-
se. (TRF4, AC - APELAÇÃO CIVEL, 2006.70.02.009810-1/PR, 1ª
TURMA, Relator MARCELO DE NARDI, D.E. 07/01/2009) O simples
uso para se locomover ao trabalho, por si, não é suficiente para atribuir
ao automóvel a condição de bem imprescindível ao desempenho das
atividades. O veículo, neste caso, constitui meio de utilidade ou
facilidade para o exercício profissional, mas não o impede. Nesse sentido
(destaquei): PENHORA. VEÍCULO. INTELIGÊNCIA DO ART. 649,
INCISO VI, DO CPC. IMPENHORABILIDADE DE INSTRUMENTO DE
TRABALHO. PROFISSÃO DE MÉDICO. - O objetivo do disposto no art.
649, inciso VI, do Código de Processo Civil é resguardar os bens úteis ao
exercício de qualquer profissão. Quis a lei proteger o trabalhador
autônomo, que tem na profissão o seu sustento e de sua família. - A
impenhorabilidade somente abrange os bens indispensáveis ao exercício
da profissão de médico do executado, não alcançando o automóvel, uma
vez que pode dispor de outros meios de transporte para locomover-se.
(TRF4, AC 2001.71.05.002388-0, SEGUNDA TURMA, Relator VILSON
DARÓS, DJ 25/09/2002) EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.
PENHORA. ART. 649, V, DO CPC. INAPLICABILIDADE. 1. A alegação
de necessidade do veículo automotor para o transporte do embargante
traduz, na verdade, a defesa de uma condição de conforto ao mesmo,
não se revelando o bem penhorado indispensável ao exercício do ofício
de médico com especialização em cirurgia geral, não podendo o
automóvel ser alçado à condição de impenhorável, nos termos
preconizados no artigo 649, V, do CPC. (TRF4, AC 2008.72.99.000355-
8, PRIMEIRA TURMA, Relator JOEL ILAN PACIORNIK, D.E.
02/03/2011) TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. O argumento de que o veículo é útil ao
exercício de suas atividades não é suficiente para caracterizar sua
impenhorabilidade. Se assim o fosse, estaria sendo determinada,
praticamente, a impenhorabilidade dos veículos automotores, porquanto
são úteis a uma vasta quantidade de sociedades empresárias, firmas
individuais etc. Para o reconhecimento da impenhorabilidade, faz-se
necessário aferir o grau de importância que possui tal bem no
desempenho das atividades rotineiras do executado, possibilitando a
continuidade dos seus serviços. Agravo de instrumento improvido.
(TRF4, AG 5003383-58.2014.4.04.0000, PRIMEIRA TURMA, Relatora
MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE, juntado aos autos em
28/05/2014) PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO
FISCAL. DECISÃO QUE INDEFERIU O PEDIDO DE
IMPENHORABILIDADE DE VEÍCULO. PRESCINDIBILIDADE PARA
O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DE ADVOGADO.PRETENSÃO DE
REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL NÃO CONHECIDA. 1. O Tribunal de origem
assentou, procedendo com amparo nos elementos de convicção dos
autos, que o veículo é prescindível ao exercício da advocacia pelo ora
agravante, não devendo ser protegido pela impenhorabilidade.
Entendimento insuscetível de revisão nesta via recursal por demandar
incursão no contexto fático-probatório dos autos, defeso em recurso
especial, nos termos da Súmula 7 desta Corte de Justiça. 2. A incidência
da Súmula 7 desta Corte impede o exame de dissídio jurisprudencial,
uma vez que falta identidade entre os paradigmas apresentados e os
fundamentos do acórdão, tendo em vista a situação fática do caso
concreto, com base na qual a Corte de origem deu solução à causa.
Agravo interno improvido. (STJ, 2ª Turma, AgInt no REsp
1.597.375/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, julgado em
09/08/2016, DJe 18/08/2016) Embora o automóvel em questão possa
eventualmente auxiliar nos deslocamentos da parte executada, esses não
ficam prejudicados sem o mesmo, pois podem ser realizados por
automóveis de aluguel ou mesmo valendo-se dotransporte público.
Sendo regra a penhorabilidade dos bens, a impenhorabilidade pressupõe
a comprovação de que o automóvel é verdadeira ferramenta de trabalho
(insubstituível), e não mero facilitador para a locomoção. As alegações
declinadas pela parte executada, portanto, não merecem acolhimento.
(...) 3. Dispositivo Diante do exposto, indefiro o requerimento formulado
pela parte executada visando o reconhecimento da impenhorabilidade
em relação ao veículo NISSAN/FRONTIER XE 25X4, placa ATJ-1741
(evento 40), e mantenho a gratuidade da justiça concedida à parte
executada (evento 26). Pois bem. O Código de Processo Civil assim
dispõe: Art. 833. São impenhoráveis: (...) V - os livros, as máquinas, as
ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis
necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; A alegação
de impenhorabilidade de bem móvel prevista no Código de Processo
Civil deve ser cabalmente comprovada, ou seja, a essencialidade do bem
para o exercício de sua atividade profissional deve ser demonstrada pela
parte executada. Na hipótese, a parte agravante não trouxe aos autos,
elementos que comprovem os pressupostos de utilidade e necessidade
do veículo constrito para o exercício de sua profissão. A mera facilitação
do seu trabalho não torna o veículo essencial ao desempenho da sua
atividade profissional de advogado, não podendo ser alcançado pelo
disposto no artigo 833, inciso V, do Código de Processo Civil, que
confere, em caráter excepcional, a impenhorabilidade aos bens móveis
necessários e úteis ao exercício de qualquer profissão. O Tribunal
Regional Federal da 4ª Região possui entendimento remansoso nesse
sentido. Confira-se: EMENTA: TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA DE ÚNICO
VEÍCULO AUTOMOTOR UTILIZADO NAS ATIVIDADES
PROFISSIONAIS DO EXECUTADO. PESSOA FÍSICA. ALEGAÇÃO DE
IMPENHORABILIDADE. 1. A menos que o automóvel seja a própria
ferramenta de trabalho (...) não poderá ser considerado, de per si, como
útil ou indispensável ao desempenho profissional, devendo o executado,
ou o terceiro interessado, fazer prova dessa necessidade ou utilidade.
(TRF4, AG 5065685-21.2017.4.04.0000, 1ª Turma, Rel. Des. Federal
Roger Raupp Rios, juntado aos autos em 13/06/2018) 2. Caso em que o
agravante não comprovou que o veículo seja imprescindível para o
exercício das atividades comerciais. (TRF4, AG 5035411-
40.2018.4.04.0000, PRIMEIRA TURMA, Relator ALEXANDRE
ROSSATO DA SILVA ÁVILA, juntado aos autos em 12/12/2018)
AGRAVO CONTRA DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO AO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPENHORABILIDADE DE BEM. ART.
649, V, DO CPC. Não restou suficientemente comprovado, como
incumbia à parte executada (CPC, art. 655-A, § 2º), que o seu automóvel
está revestido pela impenhorabilidade prevista no art. 646, V, do Código
de Processo Civil. A atividade profissional desempenhada pela executada
não pressupõe o uso necessário de veículos para o seu exercício. Ainda
que possa facilitar o exercício profissional, não constitui instrumento
imprescindível aos serviços que presta, já que o veículo pode ser
substituído por outro meio de transporte. A utilidade e
indispensabilidade do bem, para reconhecer-lhe a impenhorabilidade,
devem ser específicas à atividade, sob pena de se considerar
impenhorável a quase totalidade dos veículos existentes, visto que são
muitas as profissões que têm o seu exercício facilitado pelo uso de
automóveis. (TRF4 5005358-47.2016.404.0000, Segunda Turma,
Relator p/ Acórdão Cláudia Maria Dadico, juntado aos autos em
31/03/2016). EMBARGOS DE TERCEIRO. IMPENHORABILIDADE.
AUTOMÓVEL. INSTRUMENTO DE TRABALHO. A impenhorabilidade
prevista no art. 833, V, do CPC, abrange o veículo automotor apenas
quando ele seja indispensável ao exercício da profissão. No caso, não há
comprovação de que o automóvel penhorado seja utilizado como
instrumento de trabalho, de forma que não está abrangido pela
impenhorabilidde acima referida. (TRF4, AC 5002005-
14.2018.4.04.7215, TERCEIRA TURMA, Relator ROGERIO FAVRETO,
juntado aos autos em 30/01/2019) (Grifo do Juízo). Diante do quadro
apresentado, não se pode inferir, de plano, que, sem o veículo
NISSAN/FRONTIER, suas atividades profissionais seriam
inviabilizadas, diminuídas ou tornadas mais onerosas. Ademais, nos dias
atuais, há uma série de opções para a mobilidade urbana, por meio da
utilização de automóveis, as quais são eficientes e, muitas vezes, mais
baratas que a mobilidade realizada com a utilização de veículo próprio.
Assim, à míngua de maiores elementos, não se verifica, à primeira vista,
a probabilidade de provimento deste recurso. Ante o exposto, indefiro o
pedido de atribuição de efeito suspensivo a este agravo de instrumento.
Intimem-se, sendo a parte agravada para, querendo, apresentar
contrarrazões. Após, voltem os autos eletrônicos para julgamento.
(TRF-4 - AG: 50197447720194040000 5019744-77.2019.4.04.0000,
Relator: SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ, Data de Julgamento: 10/05/2019,
SEGUNDA TURMA)
Inteiro Teor
Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
Agravo de Instrumento Nº 5019744-77.2019.4.04.0000/PR
AGRAVANTE: WALDIR FRARES

ADVOGADO: WALDIR FRARES (OAB PR013588)


AGRAVADO: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
DESPACHO/DECISÃO

Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de antecipação da tutela


recursal, interposto por WALDIR FRARES, em face da decisão que, na
execução fiscal originária, indeferiu a arguição de impenhorabilidade do
veículo NISSAN/FRONTIER XE 25X4, placa ATJ-1741.

Alega que o automóvel constrito, além de ser o único que possui, é


indispensável para o desempenho de suas atividades, sendo, portanto,
impenhorável, nos moldes do artigo 833, inciso V, do Código de
Processo Civil.

Relata ser advogado, sendo o veículo instrumento necessário para o


desempenho de seu trabalho.

Aduz, ainda, que fora diagnosticado com neoplasia maligna (câncer),


razão que torna o veículo indispensável para sua sobrevivência, pois
além de ser instrumento imprescindível para sua profissão, para o
exercício de suas atividades, também é imprescindível para a
manutenção de sua saúde, eis que é através do veículo penhorado que o
Agravante se dirige até suas consultas, aos seus tratamentos e
procedimentos médicos oncológicos, os quais são, inclusive, invasivos e
debilitantes. Portanto, sem sobra de dúvidas, o veículo é de fato
indispensável e essencial para a vida do Agravante.
Invoca os princípios da dignidade da pessoa humana e da menor
onerosidade.

É o breve relatório. Passo a decidir.


A decisão agravada (evento 48 da execução fiscal), no parte que
interessa a este recurso, traz a seguinte fundamentação:

(...)

2. Fundamentação
2.1. Impenhorabilidade
Em matéria tributária, o art. 184 do CTN dispõe acerca das garantias dos
créditos do Fisco em relação aos bens dos contribuintes e responsáveis,
atingindo a totalidade dos bens e rendas. Todavia, em sua parte final, faz
exceção aos bens e rendas que a lei declare absolutamente
impenhoráveis. Semelhante dispositivo encontra-se na Lei nº 6.830/80
(art. 30).
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados
bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito
tributário a totalidade dos bens e rendas, de qualquer origem ou
natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os
gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou
impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da
cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare
absolutamente impenhoráveis.
art. 30. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens,
que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento da Divida Ativa da
Fazenda Pública a totalidade dos bens e rendas, de qualquer origem ou
natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa, inclusive os
gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou
impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da
cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare
absolutamente impenhoráveis.
Segundo a lei processual civil, são impenhoráveis:

Art. 833. São impenhoráveis:


I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à
execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a
residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem
as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado,
salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as
remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e
os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de
terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos
de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal,
ressalvado o § 2o;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos
ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do
executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas
forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para
aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40
(quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido
político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob
regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao
próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de
penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente
de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta)
salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no
art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os
equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a
pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando
tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em
garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza
alimentar, trabalhista ou previdenciária.

No caso de veículo automotor, pode ser considerado impenhorável


aquele intrinsecamente ligado a uma atividade ou profissão, como o do
taxista e o do representante comercial, por exemplo. Nesse mesmo
sentido é a jurisprudência:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. VEÍCULO.


IMPENHORABILIDADE. ART. 649, VI, DO CPC. INSTRUMENTO DE
TRABALHO. COMPROVAÇÃO. 1. A impenhorabilidade do instrumento
de trabalho, preconizado no art. 649, VI, do CPC, é uma cláusula
protetiva, cuja finalidade é preservar o trabalhador autônomo, pessoa
física, que tem na profissão o seu sustento e de sua família. 2. Havendo
elementos a corroborar a alegação de que o automóvel penhorado é
indispensável ao exercício profissional (representante comercial), deve
ser desconstituida a constrição operada. (TRF4, AG 5027915-
96.2014.404.0000, Terceira Turma, Relatora p/ Acórdão Salise
Monteiro Sanchotene, juntado aos autos em 16/01/2015)
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. VEÍCULO.
IMPENHORABILIDADE. IMPOSTO DE RENDA. ADVOGADO.
VALORES RECEBIDOS A TÍTULO DE HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. 1. A menos que o automóvel seja a própria ferramenta
de trabalho, como ocorre no caso dos taxistas, daqueles que se dedicam
ao transporte escolar, ou na hipótese de o proprietário ser instrutor de
auto-escola, não poderá ser considerado, de per si, como útil ou
necessário ao desempenho profissional, devendo o executado, ou o
terceiro interessado, fazer prova dessa necessidade ou utilidade (...)
(TRF4, AC 5004591-21.2013.404.7111, Primeira Turma, Relator p/
Acórdão Jorge Antonio Maurique, juntado aos autos em 11/12/2014)
EMBARGOS DE TERCEIROS. PROCESSO CIVIL. TÁXI.
SUBSISTÊNCIA. IMPENHORABILIDADE. 1. Não há de se falar em
penhorabilidade do veículo utilizado para exercer profissão de taxista,
posto que, conforme prevê o inciso VI do art. 649 do CPC, são
absolutamente impenhoráveis os instrumentos necessários ou úteis ao
exercício de qualquer profissão. (q. v. verbi gratia: AC
1999.01.00.078712-4/MG; Publicado em 29/01/2004) 2. Apelação não
provida. (AC 00001072520034019199, JUIZ FEDERAL CARLOS
EDUARDO CASTRO MARTINS, TRF1 - 7ª TURMA SUPLEMENTAR, e-
DJF1 DATA:26/08/2011 PÁGINA:573.)
IMPENHORABILIDADE. VEÍCULO. INSTRUMENTO DE TRABALHO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. A impenhorabilidade do
instrumento de trabalho é uma cláusula protetiva, cuja finalidade é
preservar o trabalhador autônomo, que tem na profissão o seu
sustento e de sua família. 2. Não é passível de penhora automóvel
necessário ou útil ao exercício de atividades profissionais do
executado, por constituir instrumento de trabalho. 3. Verba honorária
minorada para 10% sobre o valor da causa, em consonância com os
precedentes da Turma. (TRF4, AC - APELAÇÃO CIVEL
200472120022850/ SC, 2ª TURMA, Relator (a) LUCIANE AMARAL
CORRÊA MÜNCH, D.E. 20/08/2008)
Trata-se de apelação contra sentença que julgou parcialmente
procedentes os embargos à execução fiscal, reconhecendo a
impenhorabilidade de motocicleta Honda CG 125 Titan de propriedade
do embargante, por entender que o veículo é utilizado como
instrumento de trabalho. A União alega que o embargante não fez
prova de que a motocicleta é utilizada em sua atividade
laboral. Foram apresentadas as contra-razões. Fundamentação. De
acordo com o conjunto probatório coligido aos autos, o magistrado de
origem entendeu que a motocicleta de propriedade do embargante é
utilizada como instrumento de trabalho. Consignou o
seguinte: "Sustenta o embargante que o bem objeto de penhora -
motocicleta - é utilizado como ferramenta de trabalho, tendo em vista
tratar-se de moto-taxista, razão pela qual é considerado impenhorável
nos termos do art. 649, VI, do CPC. Assiste razão ao embargante. Por
meio do documento da fl. 23, restou comprovado que o embargante
exerce atividade profissional de moto-taxi, tendo obtido permissão do
Instituto de Transportes e Trânsito de Foz do Iguaçu em 25 de janeiro
de 2005. Também, quando da efetivação da penhora, o executante de
mandados certificou que o embargante, sua esposa e seu irmão
declararam que o bem penhorado é utilizado pelo embargante para o
seu sustento e o de sua família. Ainda, há anotação junto ao DETRAN
de que referida motocicleta destina-se à categoria aluguel. De fato,
esses documentos são suficientes para se reconhecer a
impenhorabilidade de que trata o inc. VI do art. 649 do CPC. O
recurso é manifestamente improcedente. Decisão. Pelo exposto, nego
seguimento à apelação, com fundamento no art. 557 do CPC. Intimem-
se.Publique-se. (TRF4, AC - APELAÇÃO CIVEL, 2006.70.02.009810-
1/PR, 1ª TURMA, Relator MARCELO DE NARDI, D.E. 07/01/2009)
O simples uso para se locomover ao trabalho, por si, não é suficiente
para atribuir ao automóvel a condição de bem imprescindível ao
desempenho das atividades. O veículo, neste caso, constitui meio de
utilidade ou facilidade para o exercício profissional, mas não o impede.
Nesse sentido (destaquei):

PENHORA. VEÍCULO. INTELIGÊNCIA DO ART. 649, INCISO VI,


DO CPC. IMPENHORABILIDADE DE INSTRUMENTO DE
TRABALHO. PROFISSÃO DE MÉDICO. - O objetivo do disposto no art.
649, inciso VI, do Código de Processo Civil é resguardar os bens úteis ao
exercício de qualquer profissão. Quis a lei proteger o trabalhador
autônomo, que tem na profissão o seu sustento e de sua família. - A
impenhorabilidade somente abrange os bens indispensáveis
ao exercício da profissão de médico do executado, não
alcançando o automóvel, uma vez que pode dispor de outros
meios de transporte para locomover-se. (TRF4, AC
2001.71.05.002388-0, SEGUNDA TURMA, Relator VILSON DARÓS, DJ
25/09/2002)
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. ART. 649, V, DO CPC.
INAPLICABILIDADE. 1. A alegação de necessidade do veículo
automotor para o transporte do embargante traduz, na
verdade, a defesa de uma condição de conforto ao mesmo, não
se revelando o bem penhorado indispensável ao exercício do
ofício de médico com especialização em cirurgia geral, não
podendo o automóvel ser alçado à condição de impenhorável,
nos termos preconizados no artigo 649, V, do CPC. (TRF4, AC
2008.72.99.000355-8, PRIMEIRA TURMA, Relator JOEL ILAN
PACIORNIK, D.E. 02/03/2011)
TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL.
PENHORA. O argumento de que o veículo é útil ao exercício de suas
atividades não é suficiente para caracterizar sua impenhorabilidade. Se
assim o fosse, estaria sendo determinada, praticamente, a
impenhorabilidade dos veículos automotores, porquanto são úteis a uma
vasta quantidade de sociedades empresárias, firmas individuais etc. Para
o reconhecimento da impenhorabilidade, faz-se necessário aferir o grau
de importância que possui tal bem no desempenho das atividades
rotineiras do executado, possibilitando a continuidade dos seus serviços.
Agravo de instrumento improvido. (TRF4, AG 5003383-
58.2014.4.04.0000, PRIMEIRA TURMA, Relatora MARIA DE FÁTIMA
FREITAS LABARRÈRE, juntado aos autos em 28/05/2014)
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO FISCAL.
DECISÃO QUE INDEFERIU O PEDIDO DE IMPENHORABILIDADE
DE VEÍCULO. PRESCINDIBILIDADE PARA O EXERCÍCIO DA
PROFISSÃO DE ADVOGADO.
PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO CONHECIDA. 1. O Tribunal
de origem assentou, procedendo com amparo nos elementos de
convicção dos autos, que o veículo é prescindível ao exercício da
advocacia pelo ora agravante, não devendo ser protegido pela
impenhorabilidade. Entendimento insuscetível de revisão nesta via
recursal por demandar incursão no contexto fático-probatório dos autos,
defeso em recurso especial, nos termos da Súmula 7 desta Corte de
Justiça. 2. A incidência da Súmula 7 desta Corte impede o exame de
dissídio jurisprudencial, uma vez que falta identidade entre os
paradigmas apresentados e os fundamentos do acórdão, tendo em vista
a situação fática do caso concreto, com base na qual a Corte de origem
deu solução à causa. Agravo interno improvido. (STJ, 2ª Turma, AgInt
no REsp 1.597.375/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, julgado
em 09/08/2016, DJe 18/08/2016)
Embora o automóvel em questão possa eventualmente auxiliar nos
deslocamentos da parte executada, esses não ficam prejudicados sem o
mesmo, pois podem ser realizados por automóveis de aluguel ou mesmo
valendo-se dotransporte público. Sendo regra a penhorabilidade dos
bens, a impenhorabilidade pressupõe a comprovação de que o
automóvel é verdadeira ferramenta de trabalho (insubstituível), e não
mero facilitador para a locomoção.

As alegações declinadas pela parte executada, portanto, não merecem


acolhimento.

(...)

3. Dispositivo
Diante do exposto, indefiro o requerimento formulado pela parte
executada visando o reconhecimento da impenhorabilidade em relação
ao veículo NISSAN/FRONTIER XE 25X4, placa ATJ-1741 (evento 40),
e mantenho a gratuidade da justiça concedida à parte executada
(evento 26).
Pois bem.

O Código de Processo Civil assim dispõe:


Art. 833. São impenhoráveis:

(...)

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos


ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do
executado;
A alegação de impenhorabilidade de bem móvel prevista no Código de
Processo Civil deve ser cabalmente comprovada, ou seja, a
essencialidade do bem para o exercício de sua atividade profissional
deve ser demonstrada pela parte executada.

Na hipótese, a parte agravante não trouxe aos autos, elementos que


comprovem os pressupostos de utilidade e necessidade do veículo
constrito para o exercício de sua profissão.

A mera facilitação do seu trabalho não torna o veículo essencial ao


desempenho da sua atividade profissional de advogado, não podendo ser
alcançado pelo disposto no artigo 833, inciso V, do Código de Processo
Civil, que confere, em caráter excepcional, a impenhorabilidade aos bens
móveis necessários e úteis ao exercício de qualquer profissão.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região possui entendimento


remansoso nesse sentido. Confira-se:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO


FISCAL. PENHORA DE ÚNICO VEÍCULO AUTOMOTOR UTILIZADO
NAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS DO EXECUTADO. PESSOA
FÍSICA. ALEGAÇÃO DE IMPENHORABILIDADE. 1. A menos que o
automóvel seja a própria ferramenta de trabalho (...) não
poderá ser considerado, de per si, como útil ou indispensável
ao desempenho profissional, devendo o executado, ou o
terceiro interessado, fazer prova dessa necessidade ou
utilidade. (TRF4, AG 5065685-21.2017.4.04.0000, 1ª Turma, Rel. Des.
Federal Roger Raupp Rios, juntado aos autos em 13/06/2018) 2. Caso
em que o agravante não comprovou que o veículo seja imprescindível
para o exercício das atividades comerciais. (TRF4, AG 5035411-
40.2018.4.04.0000, PRIMEIRA TURMA, Relator ALEXANDRE
ROSSATO DA SILVA ÁVILA, juntado aos autos em 12/12/2018)
AGRAVO CONTRA DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO AO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPENHORABILIDADE DE BEM.
ART. 649, V, DO CPC. Não restou suficientemente comprovado, como
incumbia à parte executada (CPC, art. 655-A, § 2º), que o seu automóvel
está revestido pela impenhorabilidade prevista no art. 646, V, do Código
de Processo Civil. A atividade profissional desempenhada pela
executada não pressupõe o uso necessário de veículos para o
seu exercício. Ainda que possa facilitar o exercício
profissional, não constitui instrumento imprescindível aos
serviços que presta, já que o veículo pode ser substituído por
outro meio de transporte. A utilidade e indispensabilidade do bem,
para reconhecer-lhe a impenhorabilidade, devem ser específicas à
atividade, sob pena de se considerar impenhorável a quase totalidade
dos veículos existentes, visto que são muitas as profissões que têm o seu
exercício facilitado pelo uso de automóveis. (TRF4 5005358-
47.2016.404.0000, Segunda Turma, Relator p/ Acórdão Cláudia Maria
Dadico, juntado aos autos em 31/03/2016).
EMBARGOS DE TERCEIRO. IMPENHORABILIDADE. AUTOMÓVEL.
INSTRUMENTO DE TRABALHO. A impenhorabilidade prevista
no art. 833, V, do CPC, abrange o veículo automotor apenas
quando ele seja indispensável ao exercício da profissão. No
caso, não há comprovação de que o automóvel penhorado seja
utilizado como instrumento de trabalho, de forma que não
está abrangido pela impenhorabilidde acima
referida. (TRF4, AC 5002005-14.2018.4.04.7215, TERCEIRA TURMA,
Relator ROGERIO FAVRETO, juntado aos autos em 30/01/2019) (Grifo
do Juízo).
Diante do quadro apresentado, não se pode inferir, de plano, que, sem o
veículo NISSAN/FRONTIER, suas atividades profissionais seriam
inviabilizadas, diminuídas ou tornadas mais onerosas.

Ademais, nos dias atuais, há uma série de opções para a mobilidade


urbana, por meio da utilização de automóveis, as quais são eficientes e,
muitas vezes, mais baratas que a mobilidade realizada com a utilização
de veículo próprio.

Assim, à míngua de maiores elementos, não se verifica, à primeira vista,


a probabilidade de provimento deste recurso.

Ante o exposto, indefiro o pedido de atribuição de efeito suspensivo a


este agravo de instrumento.
Intimem-se, sendo a parte agravada para, querendo, apresentar
contrarrazões.

Após, voltem os autos eletrônicos para julgamento.

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