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Nome: Weverton Santos Lima de Souza

Questão 01
Por muito tempo, o comportamento e as peculiaridades do mundo antigo eram explicados
recorrendo-se para ações dos deuses, entretanto, por volta do século VII a.C., um número crescente de
filósofos gregos começou a propor que o mundo poderia ser compreendido como resultado de
processos naturais. A partir de 500 a.C. a cultura grega influenciou de tal forma a sociedade
mediterrânea que acabou por constituir um dos mais sólidos fundamentos de toda a civilização
ocidental. Pela ideia da investigação sistemática, da importância dos princípios éticos, políticos e
democráticos, e outros desenvolvimentos culturais, como a escrita e a arte, olhares mais detalhados
sobre essa cultura são necessários para a formação de uma cidadania crítica. À época destas conquistas
significativas, também se evidenciaram as chamadas Cidades-Estado, ou as pólis gregas:

"A cidade-estado era um objeto mais digno de devoção do que os deuses do Olimpo,
feitos à imagem de bárbaros humanos. A personalidade humana, quando emancipada,
sofre se não encontra um objeto mais ou menos digno de sua devoção, fora de si
mesma." (Toynbee, Arnold J. HELENISMO, HISTÓRIA DE UMA CIVILIZAÇÃO).

Com base nos estudos propostos sobre a temática, explique com argumentações próprias como se deu
a formação dessas cidades independentes durante a Grécia Clássica.
Questão 02
A educação é um modelo pelo qual algumas sociedades buscam transmitir de geração
para geração, alguns valores que são compreendidos como essenciais para a
manutenção de sua cultura. Na Grécia Antiga, a educação era altamente dependente do
gênero. No século V a.C., as maiores mentes da região estavam preocupadas com as
maneiras mais eficazes de criar os filhos. Isócrates, um retórico grego e contemporâneo
de Platão, proclamou corajosamente o que considerava a liderança da Grécia na
educação: "Até agora Atenas deixou o resto da humanidade para trás em pensamento e
expressão para que seus alunos se tornem os professores do mundo." O ensino elogiado
por Isócrates era conhecido como Paideia, termo derivado de paidos, a palavra grega
para criança.

Com base nessas referências e no seu conhecimento, explique como era a educação dos
jovens gregos nas Cidades-Estados, à exemplo de Tebas, Esparta e Atenas,
principalmente do que diz respeito a Paideia em seu tempo e espaço.
RESPOSTAS

QUESTÃO 01:
Durante a Antiguidade, a Grécia era dividida em cidades-Estados. Cada uma
delas, por sua diversidade cultural, tinha autonomia e sua própria forma de governar.
Enquanto Esparta preparava seus jovens para as guerras, mandando-os ainda criança para
o exílio, instruindo-os com táticas militares e treinamento físico; Atenas incentivava o
intelecto e obteve grande destaque no Teatro com o desenvolvimento dos gêneros tragédia
e comédia (representações da vida real como forma de entretenimento e informação).
Atenas destacou-se também na Arquitetura, com construções inovadoras como o
Parthenon, templo em homenagem à deusa Atena; e na Filosofia, com os pensadores
Sócrates, Platão e Aristóteles.
As cidades-estados no Período Clássico foi marcado pelo desenvolvimento dos
modelos políticos de Atenas e Esparta. Em Atenas se instalou a democracia aristocrata,
já Esparta implantou a oligarquia militarista. A democracia ateniense representou um dos
momentos mais emblemáticos da história de Atenas, nas quais haverá uma participação
política mais ativa dos cidadãos, e uma progressiva secularização da sociedade. Ela foi
desenvolvida por meio dos legisladores e políticos Dracon e Sólon e consolidada por volta
de 510 a.C., quando o político aristocrata Clístenes derrota o tirano Hípias. Sua
implementação foi essencial no desenvolvimento das polis gregas, a qual foi espalhada
pelas outras cidades-estados. Cada polis grega definiu sua legislação, seu calendário, sua
moeda, sua própria forma político-administrativa, sua organização social e seus deuses
protetores.
Além disso, ocorria diversas transformações e construções de novas sensibilidades
e saberes. Por isso, considera-se que no período clássico houve um florescimento do
pensamento racional e um desenvolvimento das expressões artísticas. As cidades-estado
gregas estavam intimamente relacionadas com a religiosidade e a crença nos mitos era
parte central da vida social. Acreditar em vários deuses e atribuir-lhes funções para cada
área da vida foi uma prática constante. Entretanto, no período clássico, áreas como a
filosofia, a medicina, a história, a matemática e a astronomia passaram compor a
sociedade grega. Isso não quer dizer que os gregos tenham deixado de acreditar em seus
mitos, em seus heróis ou em seus deuses, mas que a busca por explicações racionais para
a vida cotidiana passou a se fazer também presente. Essa mudança de papel do
pensamento mítico, a redução de seu poder esclarecedor resultam de um demorado
período de transição e de transformação da própria sociedade grega que torna possível o
surgimento do pensamento filosófico-científico no século VI a.C, com Tales e Pitágoras,
um dos primeiros filósofo, que começaram a pensar de forma mais racional, afastando-se
do pensamento mítico. Nesse Período Helenístico, a religião vai perdendo sua força, e em
contrapartida o comércio se eleva, e eleva a economia das cidades-Estados.
As expressões artísticas também foram potencializadas nessas cidades durante o
Período Clássico. Foi nesta época, por exemplo, que o teatro grego se desenvolveu. O
formato em semicírculo permitia que todos os espectadores tivessem acesso às
encenações que ocorriam no palco que ficava ao centro. As primeiras apresentações não
eram propriamente encenações. Eram homenagens aos deuses que ocorriam durante
períodos de colheita, e que eram feitas a partir de cantos e danças. O teatro encenado a
partir de textos próprios foi desenvolvido justamente no período Clássico, e,
principalmente, a partir da cidade de Atenas. Entrou em cena a dramatização e a utilização
de ferramentas e utensílios de auxílio, como as máscaras, que contavam histórias a partir
de dois gêneros: a tragédia e a comédia.
Portanto, apesar das pólis serem individualistas, quando algum inimigo
estrangeiro ameaçava de certa forma as terras gregas, essas cidades gregas se reuniam
para enfrentar o adversário. Considerada berço da civilização ocidental, a Grécia Antiga,
com suas pólis, deixou um legado cultural que foi a base da cultura do mundo moderno.
A cultura grega influenciou na linguagem, na política, no sistema educacional, na
filosofia, na ciência, na tecnologia, na arte e na arquitetura.
QUESTÃO 02:
O conceito que originalmente exprime o ideal educativo grego é o de arete.
Originalmente formulado e explicitado nos poemas homéricos, a arete é aí entendida
como um atributo próprio da nobreza, um conjunto de qualidades físicas, espirituais e
morais tais como a bravura, a coragem, a força, a destreza, a eloquência, a capacidade
de persuasão, numa palavra, a heroicidade. O alargamento do ideal educativo de arete
surgiu nos fins da época arcaica, exprimindo-se então pela palavra kaloskagathia. Mais
que honra e glória, pretende-se então alcançar a excelência física e moral. Os atributos
que o homem deve procurar realizar são a beleza e a bondade. Diante disso, para
alcançar este ideal é proposto um programa educativo que implica dois elementos
fundamentais: a ginástica para o desenvolvimento do corpo, e a música (aliada à leitura
e ao canto) para o desenvolvimento da alma. No artigo Ética e estética na música grega:
a educação e o ideal da kalo-kagathía, produzido pelo autor Fábio Vergara Cerqueira,
da Universidade Federal de Pelotas, neste trabalho mostra a importância da música e
ginástica para os gregos. No fim da época arcaica, este programa educativo
completava-se com a gramática. Mas, se até então o objectivo fundamental da educação
era a formação do homem individual como kaloskagathos, a partir do século V a. C.,
exige-se algo mais da educação. Para além de formar o homem, a educação deve ainda
formar o cidadão. A antiga educação, baseada na ginástica, na música e na gramática
deixa de ser suficiente. É então que o ideal educativo grego aparece como Paideia,
formação geral que tem por tarefa construir o homem como homem e como cidadão.
Paideia é um termo do grego antigo, empregado para sintetizar a noção de
educação na sociedade grega clássica. Inicialmente, a palavra (derivada de paidos
(pedós) - criança) significava simplesmente "criação dos meninos", ou seja, referia-se
à educação familiar, os bons modos e princípios morais. Assim, em meio à sociedade
ateniense, "paideia" passa a se referir a um processo de educação no qual os estudantes
eram submetidos a uma programa que procurava atender a todos os aspectos da vida
do homem. Entre as matérias abordadas estavam a geografia, história natural,
gramática, matemática, retórica, filosofia, música e ginástica.
Na Antiguidade, a cidade-estado grega de Esparta era muito voltada para as
atividades militares. Desta forma, a educação recebeu forte influência da área militar.
Extremamente rigorosa, a educação espartana tinha como objetivo principal formar
soldados fortes, valentes e capazes para a guerra. Logo, as atividades físicas eram muito
valorizadas. Por volta dos sete anos de idade, os meninos espartanos eram levados por
suas mães para uma espécie de escola, onde as atividades físicas seriam trabalhadas. Já
na adolescência, entravam em contado com a utilização de armas de guerra. Os sensos
crítico e artístico não eram valorizados em Esparta, pois os jovens estudantes tinham que
aprender a aceitar ordens dos superiores e falar somente o necessário. As meninas
espartanas também tinham uma educação específica. A educação feminina tinha como
objetivo formar boas esposas e mães. Elas também participavam de atividades
desportivas e torneios. A função deste tipo de educação para as meninas era formar
mulheres saudáveis e fortes, para que pudessem, futuramente, dar a luz a soldados
saudáveis e fortes para Esparta.
A cidade-estado grega de Atenas destacou-se nas áreas de artes, teatro, literatura
e outras atividades culturais. Desta forma, a educação ateniense refletiu os anseios e
valores desta sociedade. A educação ateniense tinha como objetivo principal à formação
de indivíduos completos, ou seja, com bom preparo físico, psicológico e cultural. Por
volta dos sete anos de idade, o menino ateniense era orientado por um pedagogo. Na
escola, os jovens estudavam Música, Artes Plásticas, Filosofia, Literatura, entre outras.
As atividades físicas também faziam parte da vida escolar, pois os atenienses
consideravam de grande importância a manutenção da saúde corporal. Já as meninas de
Atenas não frequentavam escolas, pois ficavam aos cuidados da mãe até o casamento.
Além disso, é importante enfatizar que a educação na Grécia, era umaeducação
aristocrática. havia a exclusão das classes economicamente desfavorecidas e do gênero
feminino, a educação era função da família. No final do século VI a.C., no fim do
período arcaico, surgem formas simples de academias educativas. Porém, o ensino não
se tornou obrigatório e nem democrático, favorecendo as escolas particulares. As
mulheres não tinham voz nessas cidades-estados, eram atreladas a seus maridos,
algumas recorriam a prostituição que tinha na Grécia antiga, muito bem explicado no
artigo “Mulheres em Atenas no século IV: o testemunho do contra Neera, de
Demóstenes”, dos autores Eduarda Tavares Peters e Fábio Vergara Cerqueira. Diante
disso, é perceptível como as figuras femininas tinham apenas minúsculas
representatividade e não tinham os mesmos benefícios, educação e direitos, que os
homens. Infelizmente estes fatos respigam até os dias atuais.

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