Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
01
GESTÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS:
EVOLUÇÃO DO CONCEITO E ABORDAGEM ATUAL
Eliete Bernal
Irandy Marcos da Cruz
1.1 - INTRODUÇÃO
A partir da última década do século XX o mundo passou por uma grande
transformação decorrente do desenvolvimento tecnológico, em especial da
tecnologia da informação, que levou a uma profunda mudança na economia, na
sociedade e, consequentemente, no ambiente organizacional. As organizações
passaram a enfrentar uma acirrada competição, tanto no mercado interno quanto
no mercado mundial, o que as levou a buscar inovação e melhorias na qualidade
para conquistar novos mercados e clientes. Para isso, foi necessário fazer uma
revisão dos modelos de gestão e pressupostos adotados até então. É dentro desse
contexto que as pessoas passaram a ser vistas como um importante diferencial
competitivo, fundamentais para se cumprir a estratégia da organização, o que
inclina na necessidade de revisão das técnicas clássicas de gestão de pessoas. Os
modelos tradicionais se mostram insuficientes para atender às demandas do século
XXI e das organizações da era do conhecimento. Será que podemos gerir as pessoas
2
hoje com as mesmas técnicas sugeridas por Taylor na Escola Clássica da
Administração?
3
A essência do trabalho de Taylor, que deu origem à escola clássica da
administração, propõe os principais pontos:
1. Racionalização do trabalho – criação de padrões e procedimentos
uniformes para a realização de tarefas, com uma rígida separação
entre o planejamento do trabalho e a sua execução.
A boa gestão de pessoal neste contexto, não se foca no indivíduo ou nas suas
singularidades e sim em garantir, que os operários, assim como qualquer outro
recurso organizacional, estivessem submetidos a processos de racionalização e
funcionassem como uma engrenagem dentro do sistema fabril.
Máquina de Holerite
Uma das melhores coisas ao final de
um mês de trabalho é receber o
Holerite com a descrição do salário.
Mas, você sabe de onde vem o
termo Holerite? Ele deriva do
sobrenome de um dos fundadores
da IBM (Herman Hollerith), que no
final do século XIX criou uma
máquina de leitura de cartão de
pontos para a tabulação dos
questionários do senso americano e
que posteriormente foi incorporada como um equipamento padrão para o controle dos
salários a serem pagos em uma empresa.
Fonte: http://americanhistory.si.edu/collections/search/object/nmah_694410
4
- Escola das Relações Humanas
5
1.2.2 - Administração de Recursos Humanos
6
de projetar uma posição de futuro assentada em suas próprias forças internas. A
gestão de pessoas faz parte do núcleo das decisões estratégicas da organização,
agora não apenas implementando as decisões tomadas pela alta direção, mas
também trabalhando na sua construção ao promover o fluxo entre competências
individuais. A gestão de pessoas precisa disseminar pela organização as estratégias
organizacionais e, ao mesmo tempo, garantir que as competências internas
disponíveis sejam suficientes para a consolidação dessas estratégias.
Albuquerque (2002), propõe que o RH deve fazer as seguintes questões para
cumprir o seu papel estratégico:
Como fazer para prover a organização com as pessoas necessárias
para viabilizar seus objetivos estratégicos?
7
e sustentar recursos estratégicos, desenvolver capacidades e competências
organizacionais, criar organizações mais flexíveis e inteligentes que seus
competidores por apresentarem níveis superiores de cooperação, coordenação e
inovação.
Ulrich (2009) realizou durante duas décadas um estudo sobre os papéis dos
profissionais da área de recursos humanos. Após analisar as respostas de 10.000
profissionais de todo o mundo, chegou à definição de dois papéis fundamentais e
complementares para o setor de recursos humanos: o focado nas pessoas e o
focado no negócio.
No vetor voltado para pessoas, o profissional de RH deve demonstrar cuidado e
preocupação com as pessoas, promovendo desenvolvimento individual e as
competências organizacionais. No vetor negócio, o profissional de RH deve
desenvolver as seguintes funções:
• Ajudar no estabelecimento da estratégia organizacional;
• Ter a visão de futuro;
• Prover soluções alternativas para as questões do negócio;
• Entender o cliente externo;
• Trabalhar junto às lideranças da empresa para dar sentido ao
negócio;
O autor ainda complementa que apenas a função voltada para o negócio não dá
sustentabilidade ao setor de RH em longo prazo. Para isso, há a necessidade de se
desenvolver práticas que deem credibilidade ao setor, construindo relacionamento
com os empregados e buscando excelência operacional, através de práticas como
concessão de benefícios, remuneração, treinamento, aquisição e retenção de
talentos.
Ulrich (2001) propõe um modelo de múltiplos papeis da área de Recursos
Humanos de uma organização competitiva, conforme mostra o quadro a seguir:
8
Quadro 2 – Papeis da área de RH
Papel/ função
Resultado Metáfora Atividade
do RH
Nesse quadro podemos observar que o RH, além de atuar apoiando a estratégia
organizacional, também desenvolve importante papel na melhoria dos processos,
no aumento do engajamento dos funcionários e criando condições para mudanças
necessárias para a atualização e sobrevivência da organização.
Uma outra análise da área de RH é trazida por Legge (1995), que agrupa as teorias
de recursos humanos em duas versões: hard e soft. A versão hard foca
principalmente a questão da integração das políticas de RH com a estratégia
empresarial com ênfase nos aspectos quantitativos e calculativos, entendendo as
pessoas como qualquer outro recurso econômico. A versão soft, além de primar
pela integração de atividades de RH e estratégias empresariais, entende as pessoas
como patrimônio organizacional valioso e fonte de vantagem competitiva. Os
funcionários passam a ser insumos proativos do processo produtivo e não meros
recursos passivos. Nessa versão se pretende gerar comprometimento via
comunicação, liderança e motivação.
9
1.3 - O PROCESSO DE FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE RECURSOS
HUMANOS
10
Também, é importante chamar a atenção para a questão da mensuração desse
alinhamento estratégico, dada a dificuldade de obtenção de indicadores de
resultados quando se trata de capital humano. Becker, Huselid e Ulrich (in
Albuquerque, 2002) propõem uma “arquitetura estratégica de RH” com as
seguintes etapas:
• Definir claramente a estratégia de negócio;
• Construir um business case para RH como um componente
estratégico;
• Criar um mapa estratégico, identificando indicadores tangíveis e
intangíveis;
• Identificar os “produtos” de RH no mapa estratégico;
• Alinhar a estrutura de RH com os “produtos”de RH;
• Desenhar sistemas de mensuração (scorecard);
• Implementar o gerenciamento por indicadores;
• Revisar continuamente as mensurações, comparando-as ao mapa
estratégico.
11
Figura 3 – Modelo Integrado de gestão de pessoas
12
suficientes, teremos dois caminhos: contratar ou desenvolver as pessoas que já
fazem parte da empresa. A opção vai depender de vários fatores como
disponibilidade de pessoas no mercado de trabalho, tempo para desenvolvimento
das pessoas internas e potencial dos próprios empregados. Abordaremos mais
detalhadamente os processos de captação e seleção de pessoas no capítulo 5 e os
processos de desenvolvimento no capítulo 6.
Seja qual for a opção, contratação de novo profissional ou desenvolvimento
interno, o processo de avaliação de desempenho (capítulo 7) nutrirrá com subsidios
e elementos para tomadas de decisão das lideranças no que se refere à trajetória
profissional dos seus empregados. Se o desempenho for avaliado positivamente o
empregado poderá ser promovido ou premiado, dando início aos processos de
carreira (capítulo.19) e remuneração (capítulo 8), consecutivamente.
No caso do empregado ter o seu desempenho avaliado como não atendendo às
expectaivas da empresa, dois subsistemas de gestão de pessoas poderão ser
acionados: o de desenvolvimento para reciclagem ou o de desligamento do
empregado caso a liderança julgue mais adequado. No caso do desligamento,
inicia-se um novo processo de captação e seleção.
Nos próximos capítulos, serão apresentados os subsistemas de gestão de pessoas
pelos especialistas de cada tema.
13
Cielo – A prática da crença em que pessoas fazem o diferencial
Dezembro de 2016
14
termos da gestão de custos, da cultura, dos talemos e do Know how, tendo a
liderança um papel de protagonista nesse processo.
Já para o colaborador, esta proposta se traduz na construção de um vínculo
emocional e engajamento com o seu trabalho e com a organização, através de
um sistema que promove a alta performance e tem a meritocracia como
premissa para todas as suas ações.
A área de Desenvolvimento Organizacional se divide em três pilares: Expertise
que inclui Endomarketing, Gestão do desempenho, Cultura e clima, Gestão da
mudança, carreira, remuneração e reconhecimento e Universidade Corporativa;
o Centro de Serviços que inclui a seleção, administração de pessoal, benefícios,
qualidade de vida e relações trabalhista; e o terceiro pilar é o Business Partner
que intermedia o relacionamento entre o colaborador e a liderança nas
questões relacionadas aos processos de RH.
Como o posicionamento estratégico da Cielo é a Inovação e o diferencial
competitivo é o Know-How, a primeira etapa é a seleção com o objetivo de
atrair os melhores profissionais do segmento, apoiada em práticas de retenção
desses talentos com uma remuneração agressiva e por ações da Universidade
Corporativa que gera desenvolvimento em quatro escolas: de liderança, de
Sustentabilidade, de Clientes e Negócios e de Excelência.
Uma área importante, que nutre e vitaliza todo esse processo, é a avaliação de
desempenho. O presidente se posiciona à frente desse processo como exemplo
a ser seguido por todos os demais gestores, iniciando o Fórum de Gestão de
Talentos.
A avaliação de desempenho é baseada no estabelecimento do contrato de
metas com o gestor mediato e imediato, assim como na autoavaliação do
colaborador e leva em consideração tanto os aspectos técnicos, quando
comportamentais na formulação do resultado.
Os parâmetros para análise são compostos em 70% na performance, ou seja,
nas entregas do colaborador e 30% no seu desempenho qualitativo e
alinhamento aos valores e comportamentos esperados como ética, excelência,
espírito de equipe e paixão. Dessa análise saem anualmente os 60 melhores
colaboradores do ano – os Key People, candidatos a recompensa e crescimento
na carreira. Os colaboradores com gap de desempenho são encaminhados para
um plano de recuperação para aprimoramento de performance e
comportamento.
15
A comunicação, através da área de endomarketing, fortalece a cultura de
transparência e constrói um ambiente de portas abertas. No mínimo quatro
vezes ao ano, o presidente realiza a Reunião Face-a-Face com todos os
colaboradores presencialmente e virtualmente para as unidades fora de São
Paulo. A comunicação é um valor para o sucesso do negócio. Um exemplo disso
é o produto Cielo Lio que será o próximo lançamento da empresa. Juntamente
com o desenvolvimento da campanha de marketing externo do produto, houve
a preocupação de informar todos os colaboradores através de uma campanha
interna, confirmando assim a afirmação da diretora de RH: “aqui, fala-se
tempestivamente” .
Alguns instrumentos importantes utilizados pelo RH são as pesquisas de cultura
organizacional e a pesquisa de clima. Na pesquisa de cultura, busca-se uma
avaliação de longo prazo sobre o direcionamento da organização, no
alinhamento de suas crenças e valores, enquanto que a pesquisa de clima
investiga como está o ambiente organizacional naquele momento. Essas
pesquisas são realizadas pois acredita-se que funcionários felizes trazem maior
retorno para a organização e impactam diretamente no índice de satisfação de
clientes, mostrando um RH com foco no cliente interno, porém sem perder de
vista o cliente externo e o negócio.
Além disso, as políticas e práticas de RH são perenes dentro da organização, o
que transmite segurança aos colaboradores no planejamento da sua carreira e
permite um melhor acompanhamento por parte dos acionistas das ações
desenvolvidas pela organização.
Como resultado destas práticas, a Cielo se estabelece como referência de
gestão no Brasil, se enquadrando no P90, o seleto grupo das empresas com as
melhores práticas de remuneração e gestão de pessoas do mercado,
confirmando a visão de que “não há uma única dimensão desse negócio que
não envolva pessoas”.
16
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO :
1 – Qual a diferença entre a gestão tradicional de RH e a Gestão estratégica de
RH?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
17