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Congresso de Métodos Numéricos em Engenharia 2011

Coimbra, 14 a 17 de Junho, 2011


© APMTAC, Portugal, 2011

SOBRE O COMPORTAMENTO ESTRUTURAL E O


DIMENSIONAMENTO DE CANTONEIRAS DE AÇO FORMADAS A
FRIO SUBMETIDAS À COMPRESSÃO
Enio Mesacasa Jr.1 e Maximiliano Malite1

1: Departamento de Engenharia de Estruturas


Escola de Engenharia de São Carlos
Universidade de São Paulo
Av. Trabalhador São-Carlense, 400 – CEP 13560-590 – São Carlos, SP – Brasil
e-mail: enio.mesacasa@gmail.com, mamalite@sc.usp.br web: http://www.set.eesc.usp.br

Palavras-chave: Cantoneiras de aço formadas a frio, Estabilidade estrutural,


Dimensionamento de estruturas em aço.

Resumo. Neste artigo é apresentado um estudo sobre a resposta estrutural de cantoneiras


simples de aço formadas a frio submetidas à compressão centrada. Tal estudo é baseado
em uma compilação de ensaios experimentais realizados nos últimos 30 anos por diversos
autores, bem com em uma série de ensaios adicionais realizados para este trabalho. Com
isso, são criados modelos numéricos pelo método dos elementos finitos capazes de avaliar
a influência da distribuição e da magnitude de tensões residuais, bem como de
imperfeições geométricas iniciais, sobre a força axial resistente e sobre a trajetória de
equilíbrio para estes perfis. Além disso, são analisados dois procedimentos teóricos
propostos por diferentes autores, assim como dois procedimentos baseados nas normas
atuais de dimensionamento de perfis de aço formados a frio. Com os resultados
experimentais são avaliados os procedimentos teóricos propostos com relação à previsão
de força máxima resistente, mostrando que o desempenho dos procedimentos é fortemente
influenciado pela condição de vínculo das barras analisadas experimentalmente. É
apresentada também a influência da esbeltez local das abas no comportamento global do
perfil. Por fim, estuda-se a possibilidade de se ajustar uma correção estatística para ser
utilizada no dimensionamento, de modo a se obter resultados satisfatórios tanto para
barras com extremidades rotuladas como engastadas.
Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

1. INTRODUÇÃO

Dentre a imensa variedade de perfis de aço formados a frio, as cantoneiras correspondem


à forma mais simples, e são largamente utilizadas em todo tipo de construção metálica.
Nas duas últimas décadas, muito tem se desenvolvido no estudo do comportamento destes
perfis, no entanto, ainda há opiniões divergentes, principalmente no que tange aos modos
de falha considerados nos modelos de cálculo desses perfis.
A coincidência entre os modos de instabilidade local e global de flexo-torção já foi
discutido por diversos autores, mas um estudo de ordem prática de dimensionamento
permanece necessário, tendo em vista que os atuais procedimentos de previsão teórica
podem ser, em alguns casos, demasiadamente conservadores.
As normas de dimensionamento de perfis formados a frio não apresentam um
procedimento específico para cantoneiras, portanto, em se tratando de uma seção
monossimétrica, a força axial de flambagem elástica deverá ser o menor valor obtido com
base nos modos de flexão e flexo-torção. Para barras de baixa a média esbeltez, tal
procedimento conduz a significativas reduções da força resistente se esta fosse calculada
considerando apenas o modo de flexão.
Young [1] elaborou uma série de ensaios experimentais em cantoneiras de aço formadas a
frio sob compressão centrada e extremidades engastadas, e demonstrou casos em que a
força resistente obtida foi cerca de oito vezes a força teórica considerando o modo de
flexo-torção.
Segundo Rasmussen [2], é possível demonstrar algebricamente a coincidência entre o
modo local e o modo global de torção. Por conta disso, os procedimentos convencionais
de dimensionamento que consideram o modo global de flexo-torção são demasiadamente
conservadores, pois estariam considerando duas vezes o mesmo fenômeno ao combinar o
cálculo das larguras efetivas da seção (consideração do modo local) e a consideração do
modo global de flexo-torção.
Chodraui [3] também comenta esta coincidência entre o modo local e global de torção, e
faz uso da ferramenta computacional CUFSM [13], baseada no método das faixas finitas,
para apresentar o comportamento típico das cantoneiras simples submetidas à compressão.
Na Figura 2 são identificados, em linha cheia, os modos global de flexão e local/global de
flexo-torção pela varredura de comprimentos de meia-onda.

Figura 1. Análise de estabilidade elástica – programa CUFSM [13]. Fonte: Maia [3]

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Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

Como se pode notar, o modo definido como “local/torcional” (assim chamado pela
coincidência supracitada) não apresenta ponto de mínimo definido em função do
comprimento de meia-onda, ao contrário do que ocorre normalmente com outras seções
transversais como U ou Z.
Em face de tais conhecimentos, é apresentada aqui uma análise detalhada sobre
cantoneiras simples de abas iguais em aço formadas a frio submetidas à compressão
centrada, objetivando contribuir com o entendimento dos fenômenos envolvidos no seu
dimensionamento, fazendo uso de novos ensaios experimentais combinados com análises
numéricas pelo Método dos Elementos Finitos, e com foco também nos métodos de
previsão teórica sugeridos em trabalhos recentes.

2. ESTUDO ANALÍTICO
Segundo as normas Norte-americana (ANSI AISI S100-2007) [14], Australiana (AS/NZS
4600:2005) [16] e Brasileira (ABNT NBR 14762:2010) [15], o valor característico
(nominal) da força axial de compressão resistente (Nc,Rk) é dada por:
N c , Rk = χ ⋅ Aef ⋅ f y (1)

Onde Aef é a área efetiva da seção, fy é a resistência ao escoamento do aço, e χ é o fator de


redução da força resistente dado por:
2
λ0 ≤ 1,5 ⇒ χ = 0,658 λ 0
(2)
0,877
λ0 > 1,5 ⇒ χ = (3)
λ20
Sendo o índice de esbeltez reduzido (0) obtido por:
A⋅ fy
λ0 = (4)
Ne

Onde, Ne é a menor das forças exiais de flambagem elástica (flexão ou flexo-torção).


As normas ANSI AISI S100-2007 e AS/NZS 4600:2005 recomendam ainda, para
cantoneiras esbeltas (entende-se por esbelta aquela cuja área efetiva é menor que a área
bruta) a consideração de uma excentricidade adicional de L/1.000 na aplicação da força,
portanto, devendo o dimensionamento ser feito para flexo-compressão.
Conforme será apresentado mais adiante, os resultados experimentais deixam claro que o
procedimento normativo pode ser bastante conservador. Assim, outros autores têm
sugerido diferentes procedimentos para obter uma melhor aproximação da capacidade real
destes perfis, dos quais, dois são apresentados aqui: o procedimento proposto por Young
[1], que é baseado na utilização de uma curva de dimensionamento específica para as
cantoneiras; e o procedimento proposto por Rasmussen [2], baseado no dimensionamento
para flexo-compressão.

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Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

2.1. Proposta de Young


Segundo Young [1], ao comparar os resultados obtidos experimentalmente com a curva de
dimensionamento a compressão considerando somente o modo de flexão em torno do eixo
de menor inércia, nota-se que para barras curtas, a curva é conservadora, porém para
barras medianas e longas a curva é contra a segurança.
Com isso, o autor propôs uma nova curva de dimensionamento dada pelas seguintes
equações:
2
λ0 ≤ 1,4 ⇒ χ = 0,5 λ0 (5)
0,5
λ0 > 1,4 ⇒ χ = (6)
λ20
O parâmetro de esbeltez reduzida (0) é dado pela Eq. 4, sendo a força axial de flambagem
elástica determinada com base somente no modo de flexão em torno do eixo de menor
inércia.

2.2. Proposta de Rasmussen


Em Rasmussen [2], são avaliados diversos modelos teóricos em comparação a resultados
experimentais selecionados de outros autores. Dentre estes modelos, apenas aquele que
demonstrou o melhor desempenho é detalhado aqui, embora os demais tenham sido
estudados da mesma forma.
A proposta, chamada em seu trabalho de “P9”, consiste em desconsiderar o modo global
de flexo-torção, e fazer o dimensionamento para flexo-compressão devido a uma
excentricidade (e0) na aplicação da força, medida do centróide da seção transversal bruta
ao centróide da seção efetiva.
Assim, segundo Rasmussen [2], a força axial de compressão resistente característica (NRk)
para cantoneiras de abas iguais deve ser determinada com base na expressão de interação:
N Sk C M
+ m Sk ≤ 1 (7)
N c , Rk M Rk α y
Onde Cm=1 para momento constante, e o fator de amplificação αy é dado por:
N Rk
α y = 1− (8)
Ne
Para o qual Ne é a força axial elástica de flexão em torno do eixo de menor inércia.
A força axial de compressão resistente (Nc,Rk) é dada pelo procedimento normativo
descrito no item 2 deste trabalho, mas desconsiderando-se o modo de flexo-torção no
cálculo de Ne.
O momento fletor resistente (MRk), deve ser calculado com base no início do escoamento
da seção efetiva, assim:
M Rk = Wef ⋅ f y (9)

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Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

Sendo Wef o módulo elástico da seção efetiva em relação à fibra extrema que atinge o
escoamento.
O momento fletor solicitante MSk é dado pelo produto da força axial solicitante NSk pela
excentricidade sugerida por Rasmussen [2]:
M Sk = N Sk ⋅ e0 (10)
Sendo e0 dado por:

 0 para λ p ≤ 1,22 (11)


 5 λ p − 1,22
e0 =  ⋅b
16 2 λ p − 0,22 para λ p > 1,22

Onde b é a largura plana da aba da cantoneira e λp é a esbeltez da chapa calculada para a


tensão de escoamento,

fy
λp = (12)
σ cr

A força axial resistente característica é obtida com base na condição limite da expressão
(7), tal qual mostrado na expressão (13), considerando NSk = NRk.
N Sk C M
+ m Sk = 1 (13)
N c , Rk M Rk α y

3. ESTUDO EXPERIMENTAL
Os estudos experimentais elaborados nas três últimas décadas têm conduzido autores a
conclusões díspares. Conforme será visto a seguir, há casos em que a força resistente
experimental do perfil se aproxima da força prevista teoricamente considerando-se
somente o modo de flexão, e outros em que, mesmo considerando-se o modo flexo-torção
conforme recomendações normativas atuais, a força resistente experimental é menor do
que a da previsão teórica.
Para conseguir uma abordagem mais ampla, foram analisados os trabalhos de Prabhu [5],
Wilhoite apud Rasmussen [2], Popovic et al [6], Young [1], Chodraui [3], Maia [4],
Bonatto [7], e ainda ensaios realizados recentemente para este trabalho (Mesacasa [18]).
Assim sendo, são apresentados na Tabela 1 as propriedades geométricas e materiais dos
perfis utilizados por cada autor, e na Tabela 2 são apresentados os resultados dos ensaios,
bem como as condições de vínculos de extremidade na execução dos mesmos
(denominadas “Rot” para rotuladas, e “Eng” para engastadas).

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Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

Tabela 1 - Propriedades geométricas e mecânicas dos perfis


rdi rmín
Seção bf (mm) t (mm) A (mm²) fy (MPa) E (MPa)
(mm) (mm)
45x3,00 44,25 2,93 8,00 246,69 8,56 330 200.000
Prabhu
65x4,00 64,40 3,86 13,00 475,28 12,53 377 200.000
Wilhoite 70x3,00 69,3 3,00 3,00 402,58 13,67 465 203.000
50x2,50 50,00 2,31 2,31 225,9 9,84 396 207.100
Popovic et al. 50x4,00 50,37 3,79 3,79 360,7 9,67 388 209.800
50x5,00 50,47 4,70 4,70 442,0 9,53 388 207.400
70x1,20 71,7 1,171 2,60 165,91 14,46 550 208.000
Young 70x1,50 71,5 1,496 2,60 210,64 14,37 530 207.000
70x1,90 72,0 1,883 2,60 265,94 14,41 500 208.000
Chodraui 60x2,25 60,0 2,38 2,38 277,28 11,88 371 205.000
Maia 60x2,25 60,0 2,38 2,38 276,00 11,88 357 205.000
Bonatto 27x1,06 27,0 1,06 1,00 55,59 5,35 226 205.000
Mesacasa 60x2,00 60,0 2,00 2,00 234,12 11,94 350 200.000

Sendo: bf a largura total da aba; t a espessura da aba; rdi o raio interno de dobramento; A a
área bruta da seção; rmín o raio de giração em relação ao eixo de menor inércia; fy a resistência
ao escoamento; e E o módulo de elasticidade longitudinal do aço utilizado pelos respectivos
autores.
Tabela 2 - Resultados dos ensaios experimentais
Cond. Modo de
Autor Seção Ensaio Lef (mm) máx Nexp (kN)
Vínculos Falha*
1 1.171 Rot 136,8 24,0 F
2 1.171 Rot 136,8 24,0 F
3 1.511 Rot 176,5 14,6 F
L 45x3,00

4 1.511 Rot 176,5 15,4 F


5 1.856 Rot 216,8 10,8 F
6 1.856 Rot 216,8 9,7 F
Prabhu (1982)

7 2.181 Rot 254,8 7,6 F


8 2.181 Rot 254,8 8,1 F
1 1.148 Rot 91,6 88,0 F
2 1.148 Rot 91,6 88,5 F
3 1.651 Rot 131,8 51,4 F
L 65x4,00

4 1.651 Rot 131,8 48,7 F


5 2.126 Rot 169,7 29,7 F
6 2.126 Rot 169,7 32,0 F
7 2.626 Rot 209,6 19,7 F
8 2.626 Rot 209,6 18,5 F
1 823 Rot 60,5 72,5 ND
Wilhoite (1984)

2 1.277 Rot 90,2 58,3 ND


L 70x3,00

3 1.227 Rot 90,2 60,1 ND


4 1.227 Rot 90,2 65,0 ND
5 1.636 Rot 120,2 48,4 ND
6 1.636 Rot 120,2 52,1 ND
7 1.636 Rot 120,2 59,2 ND

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Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

… continuação – Tabela 2
Cond. Modo de
Autor Seção Ensaio Lef (mm) máx Nexp (kN)
Vínculos Falha*
1 275 Eng 27,9 54,0 FT
2 485 Eng 49,3 41,5 FT
3 690 Eng 70,1 37,0 F+FT
4 874 Eng 88,8 31,3 F+FT
5 1.100 Eng 111,8 26,4 F+FT
6 1.299 Eng 132 22,3 F
1 459 Rot 46,6 41,7 FT
L 50x2,50

2 458 Rot 46,5 47,2 FT


3 676 Rot 68,7 35,2 F+FT
4 676 Rot 68,7 40,1 F+FT-ST
5 862 Rot 87,6 30,9 F+FT
6 863 Rot 87,7 47,5 F
7 1.088 Rot 110,6 25,1 F+FT
Popovic et al. (1999)

8 1.088 Rot 110,6 32,1 F


9 1.285 Rot 130,6 17,7 F+FT
10 1.286 Rot 130,7 24,7 F
1 485 Eng 55,0 119,5 F+FT
2 691 Eng 78,3 94,9 F+FT
L 50x4,00

3 872 Eng 98,9 67,6 F


1 458 Rot 51,9 130,7 F+FT
2 676 Rot 76,6 105,0 F
3 863 Rot 97,8 73,1 F+FT
1 485 Eng 57,5 144,2 F+FT
2 689 Eng 81,7 101,7 F
3 875 Eng 103,8 84,6 F
L 50x5,00

1 458 Rot 54,3 154,8 F


2 676 Rot 80,2 119,1 F+FT
3 676 Rot 80,2 117,3 F
4 863 Rot 102,4 91,9 F
5 863 Rot 102,4 84,1 F
1 125 Eng 8,7 23,8 L
2 125 Eng 8,7 23,6 L
3 500 Eng 34,8 18,7 F+FT
4 750 Eng 52,2 15,2 F+FT
L 70x1,2

5 1.000 Eng 69,6 12,6 F+FT


6 1.250 Eng 87,0 11,6 F+FT
Young (2004)

7 1.250 Eng 87,0 11,9 F+FT


8 1.500 Eng 104,4 8,0 F+FT
9 1.750 Eng 121,9 5,8 F+FT
1 125 Eng 8,7 39,6 L
2 500 Eng 35,0 31,0 F+FT
3 750 Eng 52,2 25,2 F+FT
L 70x1,5

4 1.000 Eng 70,0 17,5 F+FT


5 1.250 Eng 87,5 15,7 F+FT
6 1.500 Eng 105,4 13,1 F+FT
7 1.750 Eng 122,5 11,5 F+FT

7
Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

… continuação – Tabela 2
Cond. Modo de
Autor Seção Ensaio Lef (mm) máx Nexp (kN)
Vínculos Falha*
1 125 Eng 8,7 56,5 L
2 125 Eng 8,7 57,7 L
Young (2004)

3 500 Eng 34,9 47,8 FT


L 70x1,9

4 750 Eng 52,3 35,6 F+FT


5 1.000 Eng 69,7 27,1 F+FT
6 1.250 Eng 87,2 22,4 F+FT
7 1.500 Eng 104,6 14,8 F+FT
8 1.750 Eng 122,0 14,4 F+FT
1 615 Rot 51,7 31,0 F+FT
L 60x2,25
Chodraui

2 970 Rot 81,6 29,0 F+FT


(2006)

3 1.330 Rot 111,9 23,0 F+FT


4 1.685 Rot 141,8 21,0 F+FT
1 615 Rot 51,8 31,0 FT
2 785 Rot 66,1 36,1 FT
3 970 Rot 81,6 29,0 FT
4 1.135 Rot 95,5 39,8 F
Maia (2009)

L 60x2,25

5 1.330 Rot 111,9 22,5 FT


6 1.485 Rot 125,0 28,5 F
7 1.685 Rot 141,8 21,0 FT
1 307,5 Eng 25,9 40,9 FT
2 485 Eng 40,8 34,5 FT
3 665 Eng 56 30,6 FT
4 842,5 Eng 70,9 26,7 FT
1 455,4 Rot 85,1 4,90 FT
2 455,4 Rot 85,1 5,13 FT
3 455,4 Rot 85,1 5,20 FT
Bonatto (2009)

L 27x1,06

4 555,4 Rot 103,8 5,71 FT


5 555,4 Rot 103,8 4,57 FT
6 555,4 Rot 103,8 4,76 FT
7 655,4 Rot 122,5 4,42 F
8 655,4 Rot 122,5 5,40 F
9 655,4 Rot 122,5 4,36 F
1 200 Eng 16,8 41,43 FT
L 60x2,00
Mesacasa

2 300 Eng 25,1 38,84 FT


(2011)

3 450 Eng 37,7 32,05 FT


4 600 Eng 50,3 29,99 FT
5 900 Eng 75,4 20,60 FT
*Modos de falha: F = Flexão em torno do eixo de menor inércia; FT = Flexo-torção; ST = Snapped
through; ND = Não disponível

4. RESULTADOS ANALÍTICOS
São apresentados aqui os resultados de quatro procedimentos diferentes: (I) o
procedimento normativo considerando como força axial de flambagem elástica a mínima
entre flexão e flexo-torção; (II) o procedimento normativo desconsiderando o modo de
flexo-torção; (III) o procedimento sugerido por Young [1], comentado no item 2.1; (IV) e

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Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

o procedimento sugerido por Rasmussen [2], apresentado no item 2.2.


É importante ressaltar que nenhum dos quatro procedimentos supracitados levou em
consideração a excentricidade adicional de L/1.000.
Para permitir a comparação entre as metodologias propostas utilizando todos os resultados
experimentais coletados foram elaborados gráficos parametrizados, para os quais o eixo
das ordenadas apresenta o “erro de modelo” dado pela força resistente medida
experimentalmente dividida pela força resistente teórica, e o eixo das abscissas mostra a
esbeltez do perfil (λ) dada por K·L/r, onde K é o coeficiente de flambagem global por
flexão (igual a 0,5 para barras com extremidades engastadas e 1 para barras com
extremidades rotuladas), L é o comprimento da barra, e r é o raio de giração mínimo da
seção.
Assim, foi possível constatar claramente nos resultados experimentais uma diferenciação
no comportamento característico em função das condições de vínculo das barras. Tal
diferenciação pode ter relação com a mudança na linha de ação das forças internas quando
há ocorrência de flambagem local. Esta mudança conduz a uma redistribuição assimétrica
das tensões, seguindo o desenvolvimento das deformações devidas a flambagem local, e
gerando uma excentricidade na força aplicada.
Segundo Young e Rasmussen [8], este comportamento só ocorre em perfis
monossimétricos com as extremidades rotuladas, pois quando as extremidades são
engastadas a mudança na linha de ação das forças internas é equilibrada com a mudança
na linha de ação das forças externas. Por conta disso, a força resistente dos perfis com
extremidades engastadas será maior do que a força resistente dos mesmos perfis com
extremidades rotuladas e igual comprimento efetivo, no entanto, tal condição precisa ser
mais bem estudada, pois é possível verificar resultados experimentais em cantoneiras de
abas iguais, como os de Popovic et al. [6], por exemplo, em que a força resistente dos
perfis com extremidades rotuladas foi superior àquela dos perfis com extremidades
engastadas e mesmo comprimento efetivo.
Com isso, para permitir o estudo também em função das condições de extremidade, todos
os resultados experimentais coletados foram separados em dois grupos (rotulados e
engastados), e então, estudados em relação a cada modelo de cálculo.

4.1. Barras com extremidades rotuladas


Os gráficos ilustrados na Figura 2 permitem visualizar a dispersão dos resultados obtidos
para barras rotuladas e o erro de modelo para os quatro procedimentos.
Com relação ao procedimento I, nota-se que os ensaios de barras com esbeltez entre 40 e
130 apresentaram maior dispersão, enquanto no procedimento II, é identificada uma
dispersão semelhante, mas erro de modelo médio abaixo de 1, com casos pontuais
próximos de 0,6, o que permite entender que os resultados experimentais se situam, em
média, entre a curva de flexão (procedimento II) e a curva de flexo-torção (procedimento
I).
No procedimento III observam-se resultados conservadores para esbeltezes intermediárias
a altas, e contra a segurança para esbeltezes baixas. Tal constatação tem relação com a

9
Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

curva de dimensionamento idealizada por Young [1], que apesar de não apresentar
diferenças significativas em relação à curva de flexão do procedimento II para esbeltezes
baixas, estabelecem uma redução significativa da força resistente em esbeltezes
intermediárias a altas.
É possível visualizar ainda que o procedimento IV apresenta, em média, bons resultados
de previsão teórica, contudo, os ensaios realizados por Wilhoite (Wilhoite apud
Rasmussen [2]) apresentaram força resistente relativamente maior que a força teórica do
procedimento, e divergiram consideravelmente da média obtida para os demais resultados
experimentais. Deste modo, se forem desconsiderados estes ensaios, a média obtida para o
erro de modelo se reduz para 1,01, com desvio-padrão de 0,16 e coeficiente de variação de
0,15, tornando evidente o bom desempenho do procedimento sugerido por Rasmussen [2]
para barras com extremidades rotuladas.

Figura 2. Erro de modelo dos ensaios experimentais com barras rotuladas.

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Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

4.2. Barras com extremidades engastadas


Os ensaios de barras com extremidades engastadas, conforme comentado anteriormente,
apresentaram-se bastante distintos daqueles com extremidades rotuladas. A figura 3
apresenta os resultados experimentais e erros de modelo para os quatro procedimentos
teóricos.
Assim sendo, é possível constatar com relação ao procedimento IV, cujo desempenho para
barras rotuladas se mostrou bastante satisfatório, uma alta dispersão nos resultados
experimentais com erro de modelo próximo de 1,4, o que demonstra que este
procedimento é bastante conservador para barras de extremidades engastadas.
O procedimento III, cuja curva de dimensionamento foi calibrada com base em ensaios de
perfis com extremidades engastadas, mostrou boa correlação com os resultados
experimentais, assim como o procedimento II. No entanto, os valores de erro de modelo
médios permitem entender que os ensaios experimentais ficaram compreendidos entre as
curvas de flexão utilizadas por ambos, sendo o procedimento II ligeiramente contra a
segurança.

Figura 3. Erro de modelo dos experimentais com barras engastadas.

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Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

Por fim, o procedimento I, que também apresentou boas correlações com os ensaios
experimentais de extremidades rotuladas, mostrou erro de modelo médio bastante elevado
e altos índices de dispersão. Contudo, buscou-se ainda a influência de outras variáveis no
comportamento da força resistente característica das barras analisadas, encontrando-se
como um bom indicativo a relação b/t das abas (esbeltez local) junto ao procedimento I de
cálculo.
Este indicativo mostrou uma clara tendência de dispersão nos resultados para as barras
com extremidades engastadas, como pode ser visto na Figura 4, enquanto para outras
condições de extremidade ou procedimentos de cálculo, não puderam ser identificados
comportamentos semelhantes.

Figura 4. Erro de modelo do procedimento I em função da relação b/t das abas dos perfis – barras
engastadas.

5. ESTUDO NUMÉRICO

No contexto apresentado até então, se faz essencial a utilização de modelos numéricos que
permitam o estudo paramétrico e a análise da influência das diversas variáveis que
compõem o problema das cantoneiras submetidas à compressão.
Com isso, foram calibrados modelos numéricos seguindo a mesma metodologia
empregada por Chodraui [3] e Maia [4], que desenvolveram análises numéricas de
cantoneiras à compressão com bons resultados.

5.1. Geometria, condições de contorno e modelo constitutivo


Para as simulações foi utilizado o software comercial Ansys®, no qual foram modelados
os perfis utilizando elementos de casca tipo Shell 181, que são elementos finitos definidos
por 4 nós, com 6 graus de liberdade por nó.
As análises foram desenvolvidas com controle de força, com ajuda do método do
comprimento de arco e controle de convergência baseado em deslocamento máximo.
Para a aplicação da força foi modelada, em cada extremidade da cantoneira, uma chapa
com uma linha diagonal exatamente sobre o eixo de menor inércia do perfil. A esta chapa

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foram aplicadas propriedades majoradas de módulo de elasticidade e coeficiente de


poisson reduzido, evitando assim que deformações desta influenciassem nos resultados da
cantoneira.
As condições de vínculo também foram aplicadas diretamente nas chapas de extremidade,
restringindo-se, para o caso de barra engastada, deslocamentos e giros em torno dos dois
eixos transversais (X e Z), e para o caso de extremidade rotulada, restringindo-se o
deslocamento em X (direção do eixo de maior inércia), e acoplando-se os deslocamentos
verticais (eixo Y) da linha modelada sobre o eixo de menor inércia, simulando, com isso,
a rótula cilíndrica utilizada nos ensaios experimentais.
Para o material foi utilizado um modelo multilinear baseado nos valores corrigidos (true
values) da curva tensão-deformação obtida experimentalmente. A correção dos valores é
feita para considerar a estricção do corpo de prova durante o ensaio de tração, que não é
levada em conta nos resultados experimentais.
Foram utilizados ainda, dois modelos diferentes para cada cantoneira, um aplicado nas
abas do perfil, e outro nas dobras, de maneira a simular o efeito do trabalho a frio na
região.
Como dentre as referências utilizadas, apenas os trabalhos de Popovic et al. [6] e Young
[1] apresentam resultados experimentais de ensaios de tração feitos com aço retirado das
dobras das cantoneiras, o modelo adotado nos demais casos para a região das dobras foi
idealizado com base no aumento da tensão de escoamento medido experimentalmente
nestes, ou seja, as mesmas relações obtidas entre as curvas das duas regiões medidas por
Young [1] e Popovic et al [6] foi reproduzida de forma aproximada nos modelos em que a
curva das dobras não foi obtida experimentalmente, como é o caso dos ensaios
experimentais feitos neste trabalho (Figura 5).
700
600
500
Tensão (MPa)

400
300 Abas (Experimental)
200 Dobra (Estimado - 15% Maior)
100
0
0 0,05 0,1 0,15
Deformação (e)
(a) (b)
Figura 5. (a) Tensão x Deformação corrigida para Mesacasa [18] e (b) Ensaios experimentais de Young [1].
Adaptado de: Ellobody e Young [12].

Contudo, vale lembrar que o efeito do trabalho a frio sobre as propriedades mecânicas do
aço na região das dobras é assunto com ampla variação nos resultados experimentais
obtidos por diferentes autores. Por exemplo, Karren e Winter [9] mostram um aumento de
fy na região de dobra em um perfil U simples de 70% em relação à região das mesas. Já
Popovic et al. [6], obtiveram resultados de fy na região da dobra de cantoneiras cerca de
50% maiores em relação à região das abas, enquanto este mesmo aumento medido em

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Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

cantoneiras por Young [1] foi de aproximadamente 15%.

5.2. Imperfeições geométricas e tensões residuais


A amplitude de imperfeições geométricas iniciais locais e globais medidas por diversos
autores é outro fator que apresenta grande variabilidade, o que dificulta a adoção de um
valor que represente bem tais resultados. Contudo, neste trabalho foram adotados valores
baseados no trabalho de Schafer e Peköz [10], que apresentam uma análise CDF (função
de distribuição cumulativa estimada) elegendo quantis de probabilidade de excedência das
imperfeições a serem adotadas em modelos numéricos. Assim, seguindo a metodologia
adotada por Chodraui [3] e Maia [4], utilizou-se aqui, para uma probabilidade de 75% de
que o valor de imperfeição local/torcional medida experimentalmente seja maior do que a
imperfeição adotada no modelo numérico, um valor de 0,64·t, onde t é a espessura do
perfil.
Para a imperfeição global foi adotada uma amplitude total de L/1.500, sendo L o
comprimento total da barra.
A estratégia adotada para a aplicação das imperfeições geométricas é baseada numa
análise prévia de autovalor e autovetor, onde se busca identificar os modos críticos
isolados de flexão em torno do eixo de menor inércia (imperfeição global – Figura 6.a) e
de flexo-torção (imperfeição local/torcional – Figura 6.b), para então, numa análise
subsequente, atribuir as geometrias deformadas destes modos com as amplitudes
definidas.

(a) (b)
Figura 6. Modo de flexão em torno do eixo de menor inércia (a) e modo de flexo-torção (b).

As tensões residuais em perfis formados a frio é outro tema em que não há um consenso
sobre panorama de distribuição, magnitude, e seus reais efeitos no comportamento
estrutural.
É aceito (por simplificação) entre diversos autores, que as tensões residuais são
constituídas de duas parcelas, uma de flexão e outra de membrana.
Segundo Schafer e Peköz [10], a magnitude da parcela de membrana, geralmente, é da
mesma ordem de grandeza do aumento na tensão de escoamento da região das dobras do
perfil devido ao trabalho a frio, portanto, pode ser desprezada, juntamente com este
aumento da tensão de escoamento, pois os dois fenômenos “se anulam” nestas regiões.

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Quanto à região das abas, as tensões de membrana seriam praticamente nulas.


Contudo, com a intenção de se analisar o comportamento dos perfis em termos de
distribuição de tensões, foram estudadas diferentes magnitudes e distribuições de tensões
residuais, bem como foi considerado, conforme já relatado anteriormente, o aumento da
tensão de escoamento na região da dobra dos perfis.
Dentre os panoramas de tensões residuais aplicados estão a distribuição medida
experimentalmente por Young [1] (Figura 7.a), as recomendações baseadas em
probabilidade de Schafer e Peköz [10] (Figura 7.b), e uma distribuição baseada nos
estudos numéricos de Quach et al. [11] (Figura 7.c).
Como o elemento finito utilizado nas simulações é um elemento de casca com 5 pontos de
integração ao longo da espessura, empregou-se uma variação linear entre as faces de cada
elemento, com compressão no lado interno do perfil e tração no lado externo, tanto para
tensões longitudinais quanto transversais.

(a) (b)

(c)
Figura 7. Modelos de tensão residual aplicados – (a) Young [1], (b) Schafer e Peköz [10]
e (c) Quach et al. [11].

6. RESULTADOS NUMÉRICOS

Após serem fixados os parâmetros de imperfeições geométricas iniciais e condições de


contorno, foi elaborada uma análise de sensibilidade quanto a tensões residuais.
Assim, para um perfil ensaiado experimentalmente por Chodraui [3] com comprimento
efetivo de 615 mm e extremidades rotuladas, foram simulados todos os panoramas de
tensões residuais citados no item 5.2, além de um modelo sem qualquer tensão residual.
Os resultados obtidos corroboram com as afirmações de outros autores como Chodraui [3]
e Schafer e Peköz [10], que declaram não haver diferença significativa nos resultados de
força máxima resistente para perfis simulados com ou sem tensões residuais, sendo a
diferença apenas qualitativa em termos de distribuição de tensões. Além disso, a trajetória
de equilíbrio praticamente não é alterada em função da amplitude ou distribuição das
tensões residuais aplicadas, conforme exposto na Figura 8. Fato este já observado também
por Ellobody e Young [12].
Analisando-se, então, a distribuição das tensões de von Mises no instante em que é

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atingida a força máxima resistente (peak load), verifica-se o aumento na intensidade das
tensões nos casos de maiores tensões residuais aplicadas. As Figuras 9.a, 9.b e 9.c
apresentam as tensões de von Mises no modelo de tensões baseado em Young [1], em
Schafer e Peköz [10] e em Quach et al. [11], respectivamente.
Conforme visto ainda na Figura 8, a trajetória de equilíbrio dos modelos numéricos
apresenta deslocamentos menores que o experimental, assim, procurou-se avaliar também
a influencia das imperfeições geométricas sobre a trajetória, buscando-se aproximar mais
o modelo numérico do experimental.
Aumentando-se, portanto, a imperfeição global de flexão para L/500, e mantendo as
maiores tensões residuais dentre os modelos analisados (tensões de Quach et al. [11]),
verificou-se que a trajetória de equilíbrio pouco varia.

Figura 8. Diagrama Força x Deslocamento axial para vários panoramas de tensões residuais.

(a) (b)

(c)
Figura 9. Tensões de von Mises no instante de carregamento máximo com os diferentes modelos de tensão
residual.

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Outro aspecto interessante das análises numéricas com relação à distribuição de tensões é
que, mesmo com tensões residuais, nos casos de modelos com extremidades rotuladas, o
carregamento máximo resistente é obtido sem que se verifique plastificação no perfil, ou
seja, a tensão de escoamento só é atingida no estágio pós-pico.
O Gráfico da Figura 10 mostra a evolução da tensão máxima no modelo (verificado
geralmente na aba do perfil em cerca de um quarto do comprimento – vide círculo
vermelho na Figura 9.a) em relação ao estágio da força aplicada para perfis de mesmo
comprimento efetivo e diferentes condições de apoio.

Figura 10. Tensão máxima x Força aplicada em perfis de mesmo comprimento efetivo.
Por fim, em termos gerais o comportamento dos modelos numéricos mostrou-se
satisfatório, permitindo boa previsão da força máxima resistente e modos de instabilidade
condizentes com aqueles verificados experimentalmente.
A Figura 11 apresenta os resultados experimentais de Chodraui [3] juntamente com
resultados numéricos obtidos com os modelos idealizados, para os quais também foram
simulados comprimentos menores a fim de se verificar a tendência de capacidade máxima
nesta faixa de esbeltezes (λ<40), onde é constatada uma característica comum para todas
as barras estudadas de ganho de resistência em proporções diferentes daquelas verificadas
em faixas de esbeltezes intermediárias e altas.

Figura 11. Resultados experimentais e numéricos do perfil L60x2,38 de Chodraui [3].

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho desenvolvido até o momento mostrou que, com base na ampla compilação de
resultados experimentais realizada juntamente com os modelos numéricos criados, foi
possível apresentar e definir características de comportamento de cantoneiras formadas a
frio sob compressão centrada frente a diferentes procedimentos teóricos propostos em
trabalhos recentes e também previsões normativas, considerando e desconsiderando o
modo de flexo-torção.
Assim sendo, são mencionadas aqui algumas considerações obtidas no decorrer deste
trabalho:
- Dentre os resultados experimentais apresentados, ficou evidente a diferença no
comportamento de perfis com extremidades rotuladas e engastadas. Tal
diferenciação de comportamento também foi verificada recentemente por Dinis et
al. [17] em um amplo e detalhado estudo numérico, e ainda pôde ser analisada
numericamente neste trabalho, confirmando a tendência de força máxima resistente
superior para perfis com extremidades engastadas;
- Verificou-se que dentre os modelos teóricos propostos, o procedimento II é o único
que apresenta bom desempenho tanto para barras com extremidades rotuladas
quanto engastadas. Contudo, o procedimento I apresentou resultados para barras de
extremidades engastadas que evidenciam tendências de comportamento em função
da relação b/t, o que pode permitir, através de uma análise de regressão, uma
correção estatística tanto em média como em dispersão. Este estudo de correção
estatística e análise de confiabilidade é um dos aspectos a serem estudados nas
próximas etapas desta pesquisa;
- A análise de sensibilidade mostrou que diferentes panoramas de tensões residuais
pouco influenciam tanto na força máxima resistente do perfil, como na trajetória de
equilíbrio. No entanto, estudos de Quach et al. [11] mostram que as tensões
residuais podem atingir níveis bastantes elevados, da ordem de 1,5 vezes a tensão
de escoamento. Como no presente estudo não foram utilizadas tensões residuais
acima da tensão de escoamento devido a dificuldades de convergência, não foi
possível concluir se tensões tão altas e regiões previamente plastificadas podem
modificar de alguma forma a trajetória de equilíbrio ou a força axial resistente dos
perfis;
- As imperfeições geométricas inseridas no modelo numérico de 0,64·t (local) e de
L/1500 (global) conduziram a bons resultados em termos de força máxima
resistente quando comparados aos resultados experimentais. Verificou-se ainda a
baixa sensibilidade da força máxima resistente em relação à imperfeição global,
enquanto pequenas variações na imperfeição local provocaram grandes diferenças
no resultado.
Por fim, também será objeto desta pesquisa em etapas futuras o estudo do
comportamento de cantoneiras de abas iguais carregadas pela aba (compressão
excêntrica), e cantoneiras enrijecidas sob compressão centrada e excêntrica.

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Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq e à FIPAI pelos recursos financeiros concedidos para a
realização e divulgação desta pesquisa.

REFERÊNCIAS
[1] Young, B. (2004). Tests and design of fixed-ended cold-formed steel plain angle
columns. Journal of Structural Engineering, 130(12), 1931-1940. American Society of
Civil Engineers.

[2] Rasmussen, K. J. R. (2003). Design of angle columns with locally unstable legs.
Research Report R830. Australia. Department of Civil Engineering, Univ. of Sydney.

[3] Chodraui, G. M. B. (2006). Análise teórica e experimental de perfis de aço formados a


frio submetidos à compressão. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo.

[4] Maia, W. F. (2008). Sobre a estabilidade de cantoneiras de aço formadas a frio


submetidas à compressão. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo.

[5] Prabhu, T. S. (1982), Ultimate Strength of cold-formed equal-leg single angles.


Dissertação (Mestrado) – University of Windsor, Windsor, Ontario, Canada.

[6] Popovic, D., Hancock, G. J., & Rasmussen, K. J. R. (1999). Axial compression tests of
cold-formed angles. Journal of structural engineering New York, N.Y., 125(5), 515-
523.

[7] Bonatto, R. (2009). Estudo do comportamento estrutural e otimização de cantoneiras


de aço formadas a frio. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre.

[8] Young, B., & Rasmussen, K. J. R. (1999). Behaviour of cold-formed singly symmetric
columns. Thin-Walled Structures, 33(2), 83-102. Exeter, United Kingdom: Elsevier
Science Ltd.

[9] Karren, K.W., & Winter, G.. (1967). Effects of cold-forming on light-gage steel
members. Journal of the Structural Division, ASCE, v.93, n.ST1, p433-469.

[10] Schafer, B. W., & Peköz, T. (1998). Computational modeling of cold-formed steel:
characterizing geometric imperfections and residual stresses. Journal of Constructional
Steel Research, 47(3), 193-210.

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Enio Mesacasa Jr. e Maximiliano Malite

[11] Quach, W. M., Teng, J. G., & Chung, K. F. (2006). Finite element predictions of
residual stresses in press-braked thin-walled steel sections. Engineering Structures,
28(11), 1609-1619. doi: DOI: 10.1016/j.engstruct.2006.02.013.

[12] Ellobody, E., & Young, B. (2005). Behavior of cold-formed steel plain angle columns.
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Engineers.

[13] Schafer, B.W., & Ádány, S. (2006). Buckling analysis of cold-formed steel members
using CUFSM: conventional and constrained finite strip methods. Eighteenth
International Specialty Conference on Cold-Formed Steel Structures, Orlando, FL.

[14] American Iron and Steel Institute (AISI). (2007). North American Specification for the
design of cold–formed steel structural members. Washington, DC.

[15] Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). (2010). NBR14762 –


Dimensionamento de Estruturas de Aço Constituídas por Perfis Formados a Frio
(Procedimento). Rio de Janeiro.

[16] Australian/New Zealand Standard (AS/NZS). (2005). Cold-formed steel structures,


AS/NZS 4600:2005, Standards Australia, Sydney, Australia.

[17] Dinis, P.B., Camotim, D., & Silvestre, N. (2010). Post-buckling behavior and strength
of angle columns. Proceedings of SDSS’Rio - International Colloquium Stability and
Ductility of Steel Structures. V.1, P. 1141 – 1150. Rio de Janeiro, Brazil. ISBN: 978-
85-285-0137-7.

[18] Mesacasa, E.C.J., & Malite, M. (2011). Comportamento estrutural e dimensionamento


de cantoneiras de aço formadas a frio submetidas à compressão. Relatório de pesquisa
– Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

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