Você está na página 1de 91

CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Termodinâmica | Transferência de Calor | Refrigeração


CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

sumário
Unidade 1
TERMODINÂMICA

Termologia e Termometria

1. Propriedade do calor 07
2. Fontes do calor 13
2.1. Fontes físicas 13
2.2. Fontes químicas 13
2.3. Fontes mecânicas 14
2.4. Fontes atômicas 14
3. Calor e temperatura 18
3.1. Medidas de temperatura 20
Termômetros 20
Classificação dos termômetros 21
3.2. Escalas de temperatura 27
3.3. Tipos de calor 32
Calor sensível 32
Calor latente 34
Equilíbrio térmico 39
3.4. Unidades de calor 39
4. Efeitos do calor 44
4.1. Dilatação 44
4.2. Previsão para dilatação 45
5. Estudo dos gases 55
5.1. Mudança de fase 57
6. Combustão 70
6.1. O processo de combustão 70
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

6.2. Requisitos para a combustão 73


6.3. Mecanismos da combustão 74
6.4. Combustíveis 75
Análises dos combustíveis 77
6.5. Calor de combustão 82
6.6. Fatores de combustão 84
6.7. Princípios do controle da combustão 85
6.8. Interpretação das análises dos
gases de combustão 87

Fundamentos da termodinâmica 92

1. Introdução 92
2. Sistemas 96
3. Substâncias - fase e estado
Processos e ciclos 100
3.1. Processo e volume constante 102
3.2. Processo à pressão constante 103
3.3. Processo à temperatura constante 104
3.4. Processo adiabático 105
3.5. Processo politrópico 106
4. Propriedades intensivas e extensivas 110
5. Equilíbrio - processo quase estático 114
6. Primeira Lei da Termodinâmica 121
7. Segunda Lei da Termodinâmica 129
8. Reversibilidade e irreversibilidade 134
9. O trabalho mínimo requerido 143
Atividades 150

Unidade 2
TRANSFERÊNCIA DE CALOR 179

1. Introdução 180
2. Transmissão de calor 184
3. Condução térmica 190
4. Convecção térmica 200
5. Radiação 209
6. Razão de transferência nos trocadores
de calor 215
7. Trocadores de calor 234
7.1. Trocadores de casco e tubos 235
Trocadores de canos concêntricos 239
Trocadores de calor multitubulares 240
Características de um trocador 243
Nomenclatura das peças de um trocador 245
Chicanas (baffles) 246
Arranjo dos tubos 248
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Escolha do fluido que escoa no


tubo ou no casco 249
Operação e manutenção de um
Trocador de calor 250
Materiais de construção 251
7.2. Trocadores de contacto direto 251
7.3. Trocadores criogênicos 253
7.4. Trocadores aletados 256
7.5. Outros 257
Atividades 263

Unidade 3
REFRIGERAÇÃO

1. Noções básicas de refrigeração 271


2. Princípios de refrigeração 276
2.1. Temperatura 276
2.2. Calor 276
2.3. Frio 279
2.4. Refrigeração 279
2.5. Métodos de refrigeração 279
Misturas refrigerantes 280
Uso de líquidos voláteis 280
2.6. Análise do processo de refrigeração 283
Sistema de absorção 286
Sistema de compressão 287
2.7. Refrigerantes usados 288
3. Sistemas que empregam freon 295
3.1. Os freons 295
3.2. Pontos de turbidez e floculação
de freon 296
3.3. Os efeitos da água 298
4. Elementos do sistemas de
refrigeração 302
4.1. Separadores de óleo 306
4.2. Condensadores 310
Condensador submerso 311
Condensador atmosférico 312
Condensador cilíndrico com tubos 315
Condensador de tubulação dupla 316
Purgadores 318
4.3. Reservatório de líquido 320
4.4. Resfriadores do refrigerante líquido 321
4.5. Resfriadores de líquidos e gases 322
4.6. Destiladores de óleo 324
4.7. Reguladores 326
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Reguladores manuais 329


Reguladores automáticos 330
4.8. Evaporadores 332
4.9. Desidratadores 335
5. Compressores “de frio” 340
5.1. Compressores alternativos 341
5.2. Compressores do tipo vertical 347
6. Dados sobre o funcionamento 355
6.1. Óleo no sistema 356
6.2. Remoção de óleo de um sistema 357
6.3. Funcionamento incorreto do
condensador 359
6.4. Funcionamento incorreto do
regulador 361
6.5. Funcionamento incorreto do
Evaporador 362
6.6. Conteúdo de refrigerante 363
6.7. Umidade no sistema 365
Atividades 369
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

unidade 1
| Termodinâmica |
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

1. Propriedades do calor
Há milhões de anos, as plantas das florestas pré-históricas
estavam armazenando a energia solar nas substâncias que
produziam.

Hoje, as pesquisas revelam que os depósitos de óleo


encontrados na terra foram formados, camada sobre
camada, de fósseis vegetais e animais, comprimidos
durante milhões de anos abaixo da superfície terrestre.

Quando queimamos óleo, estamos liberando essa energia


armazenada para obtermos trabalho. Assim como som, luz,
queda d'água, também a energia é capaz de provocar
transformações, de realizar trabalho.

| Energia |
É a capacidade de produzir e provocar
transformações.

| É bom saber |
Lei da conservação da energia
A energia existente na natureza pode ser manifestada de
diferentes formas, tais como: energia química, térmica,
mecânica, elétrica, atômica, que podem ser transformadas
umas nas outras, porém sem haver criação ou destruição de
energia.
!
Energia não é criada nem destruída,
mas transformada de uma forma em outra.

| Exemplificando |
A energia química de um combustível desprendida sob a forma
de calor (energia térmica) poderá aquecer a água até levá-la à
ebulição, vaporizando-a e, sob elevação de temperatura e
pressão, impulsionar uma turbina - energia mecânica - ou
...
acionar um gerador elétrico, transformando energia mecânica
em elétrica

07
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

A energia acumulada ou armazenada por um corpo é a


energia potencial, como por exemplo, vapor d’água sob
pressão (contida num recipiente), e a energia desenvolvida
durante o movimento do corpo é energia cinética.

Todos os corpos, enquanto estiverem em movimento,


possuem energia (cinética) porque podem realizar
trabalho. Quanto mais rápido o corpo se movimenta, maior
a quantidade de trabalho que ele é capaz de realizar e,
conseqüentemente, maior a sua energia cinética.

Energia térmica envolve um certo tipo de movimento.


Quando estudamos calor não nos interessa o movimento do
corpo como um todo, mas o movimento de suas moléculas.

Naturalmente, as moléculas são muito pequenas para


serem vistas. Porém, se fosse possível distinguí-las no ar,
verificaríamos que todas elas estão em constante
movimento, rápido e desordenado, em todas as direções,
chocando-se umas contra as outras e contra os objetos
circunvizinhos.

Os movimentos das moléculas são variáveis para gases,


líquidos e sólidos. Nos gases, com o ar, o movimento é
caótico e rápido; nos líquidos, um pouco mais vagaroso; nos
sólidos, quase não há movimento das moléculas, podendo,
porém, os átomos vibrar ou moverem-se alternadamente
para uma lado ou para outro. Quando um barril de óleo é
aquecido, suas moléculas movem-se mais rapidamente,
aumentando a energia cinética das mesmas. O inverso
ocorre quando há o resfriamento do óleo.

| Energia Cinética|

É a energia desenvolvida durante o


movimento do corpo.

08
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

| Energia Potencial |

É a energia acumulada ou armazenada por um corpo,


como por exemplo, vapor d'água sob pressão (contida
num recipiente).

| Energia Térmica |

É a energia associada ao movimento de agitação


térmica das moléculas.

| Calor |
É uma forma de energia que flui entre um sistema e a
sua vizinhança, devido a uma diferença de temperatura
entre eles.

O calor nos dá a medida da energia das moléculas de uma


substância. Então, o tipo de movimento envolvido com
energia térmica é o de moléculas.

!
| É bom saber |
Energia térmica

Energia cinética total das moléculas que compõem as


substâncias.

É importante salientar que no sentido termodinâmico, calor


nunca é admitido como sendo armazenado dentro de um
corpo. Assim como trabalho, ele existe somente como
energia em trânsito de um corpo para outro.

09
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

10
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

11
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

12
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

2. Fontes de Calor
Como fontes de calor mais importantes, temos:

2. 1. Fontes físicas

A mais importante de todas as fontes de calor é o Sol, de vez


que, com seu calor radiado à Terra, provoca as variações
atmosféricas como as estações do ano, chuvas, neve, etc.,
sem as quais nenhuma vida, seja animal, seja vegetal,
poderá existir. Outra fonte é o chamado calor terrestre, que
aumenta na proporção que nela penetramos.

O calor também é obtido pelas mudanças de estado, como a


fusão, evaporação, condensação, etc., e também pela
eletricidade.

2. 2. Fontes químicas

O calor resultante das fontes químicas pode ser derivado de


reações: reações exotérmicas, que liberam calor, ou
reações endotérmicas, que absorvem calor.

| Exemplificando |

Na polimerização de olefinas de baixo peso molecular


(propenos e butenos) para a formação de gasolina polímera
há desprendimento de calor. Particularmente, nas reações
...
de combustão há desprendimento de grandes quantidades
de calor em função do tipo de combustível.

13
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Na indústria, a maior parte de energia provém da queima de


combustíveis sólidos, líquidos e gasosos, cuja escolha
depende especificamente de fatores econômicos.

2. 3. Fontes mecânicas

Entre as fontes mecânicas, as mais importantes são: fricção


e compressão.

A fricção entre dois corpos produz calor, como quando


dobramos por diversas vezes uma chapa metálica.

Na compressão, os gases se aquecem aumentando sua


temperatura; o mesmo ocorre com sólidos, porém com
menor intensidade.

2. 4. Fontes atômicas

A energia atômica produz grandes quantidades de calor


quando os átomos dos diversos elementos são fissionados
nos reatores. Atualmente, esse calor é usado na geração de
vapor e produção de energia elétrica.

14
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

15
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

16
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

17
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

3. Calor e Temperatura
Ao sentirmos dois corpos de um mesmo material, por
exemplo, podemos afirmar que um dos corpos está quente e
o outro frio, ou ainda, que um está mais quente do que o
outro. Com isso, temos apenas uma idéia qualitativa do
estado térmico do corpo.

Em física, exprimimos quantitativamente o estado térmico


de um corpo pela sua temperatura.

| Temperatura |
É a grandeza física que determina o estado
térmico dos corpos.

Então, a temperatura nos dá o grau de aquecimento de um


corpo, medido em escalas definidas.

!
| É bom saber |

Temperatura e calor, apesar de estarem intimamente


ligados, são duas coisas diferentes.

212º F
5 MIN 15 MIN

40º F

figura 1

comparação de capacidades
caloríficas de quantidade de
A B
massas diferentes.

18
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

De acordo com a figura 1, suponhamos que uma


determinada quantidade de água (recipiente A) seja
aquecida até ferver, ou seja, até atingir 212ºF (100ºC).

Se o triplo dessa quantidade (recipiente B) for aquecido


sobre a mesma chama, levará mais tempo para ferver, ou
seja, o recipiente B deverá permanecer mais tempo sobre a
chama.

Ambas as porções de água estarão à mesma temperatura,


embora a maior delas requeresse maior quantidade de
calor para atingir seu ponto de ebulição.

Então, a quantidade de energia térmica que um corpo


requer para atingir uma determinada temperatura depende
da quantidade de matéria presente. Assim, 10 galões de
nafta, para atingir 60ºC, necessitam de maior quantidade de
calor do que 5 galões da mesma nafta, para atingirem a
mesma temperatura.

Por outro lado, se tivermos duas amostras de 2 kg de


benzeno, cada uma, com temperaturas de 40ºC e 50ºC,
respectivamente, a segunda requereu maior quantidade de
calor para chegar a tal temperatura. Então, a quantidade de
calor trocado por um corpo, depende de sua temperatura.

| É bom saber |

A quantidade de calor trocada por um corpo depende de sua


massa, da sua temperatura e da matéria que o constitui.
!
Conclusão

A temperatura nos dá a medida da velocidade de vibração


das moléculas do corpo, enquanto o calor é a energia
transferida entre o sistema e sua vizinhança por causa da
diferença de temperatura entre eles.

19
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

3.1. Medidas de temperatura

3. 1. 1. Termômetros

O controle de processos térmicos na indústria química


requer medidas de temperatura. A temperatura é talvez a
variável mais importante, já que a composição dos
produtos, a severidade de um processo, etc., são
controladas por uma ou mais temperaturas.

A experiência mostra que, se submetermos uma substância


a uma variação de temperatura, não haverá apenas uma
mudança na sensação produzida ao tocá-la; haverá
também uma variação na maioria de suas propriedades
físicas. A medida de temperatura dependerá de
detectarmos e medirmos estas alterações.

| Exemplificando |

Com alterações de temperaturas teremos variações


volumétricas, ou variações em propriedades elétricas,
ou variações no comportamento óptico, etc.
...
Para medição de temperaturas são usados termômetros. O
uso de tais aparelhos torna-se possível devido à existência
de fluxo de calor.

O uso de Termômetros é possível


porque há fluxo de calor.

Ao colocarmos num recipiente dois corpos com


temperaturas diferentes, há uma diminuição na
temperatura do mais quente e um aumento na do mais frio
(resfriamento do primeiro e aquecimento do segundo). Isso
é constatado, verificando-se as variações nas propriedades
físicas dos corpos, como por exemplo, a variação de volume.
Porém, decorrido um certo tempo, verifica-se que aquelas
propriedades não mais se alteram. Diz-se então, que os dois
corpos atingiram o equilíbrio térmico e, ainda, que têm a
mesma temperatura.

20
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

| Equilíbrio Térmico |

É o estado que dois sistemas atingem, a partir do fluxo


de um para o outro, no qual ambos possuem suas
propriedades com valores aproximadamente
constantes e possuem a mesma temperatura.

3.1.2. Classificação dos termômetros

Termômetros de dilatação
Esses termômetros funcionam baseados no princípio de que
as substâncias sofrem contração por diminuição de
temperatura e, expansão por aumento.

Esse princípio é válido para todas as substâncias, com uma


importante exceção: a água entre 0ºC e 4ºC; daí não ser
normalmente empregada como líquido termométrico.

Termômetros de líquidos, termômetros bimetálicos e


termômetros de pressão utilizam este princípio.

Termômetros de líquido
Os termômetros comuns de vidro com líquidos são
baseados no fato de que líquidos como o mercúrio ou o
álcool, dilatam de uma forma diferente (mais) do que os
seus recipientes de vidro.

Esse termômetro consiste de um tubo capilar, contendo


numa das pontas um bulbo cheio de um líquido. Baseia-se
na lei de expansão volumétrica do líquido com a
temperatura.

V = Vo (1 + aT + b T2 + dT3)

V V
V = aVo T

21
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Como os termos da segunda e terceira ordens são


pequenos, esses instrumentos apresentam escala
praticamente linear.

Os dois líquidos mais comumente empregados são o


mercúrio, principalmente, e o álcool. Outros fluídos, como
pentano, tolueno e outros, poderão também ser
empregados. Um fluído quando empregado com esta
finalidade recebe o nome de líquido termométrico.

Termômetros de mercúrio e álcool


Os termômetros de mercúrio e álcool são bastante precisos,
mas relativamente frágeis, sendo, por isso, empregados
principalmente em trabalhos de laboratórios. A escolha do
tipo de termômetro dependerá da faixa de temperatura que
desejarmos.

250º F 1000º F

figura 2
TEMPERATURA
AMBIENTE
termômetros de álcool e mercúrio.
32º F

32º F

- 100º F - 30º F

ÁLCOOL MERCÚRIO

O bulbo do termômetro para uso industrial é protegido por


um poço metálico que faz parte do instrumento.

22
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Termômetros bimetálico

METAL A (LATÃO)
COEF de dilatação maior

METAL B (AÇO) }
COEF de dilatação menor

figura 3

princípio do termômetro bimetálico

Esses instrumentos, baseados neste fenômeno, são


construídos de chapas metálicas, rigidamente superpostas,
em duas camadas, cada uma constituída por material
diferente com coeficiente de dilatação bem diverso um do
outro; ou seja, quando levados à mesma temperatura, a
dilatação de um é bem diferente da do outro; por exemplo:
latão e aço.

O termômetro bimetálico é um instrumento resistente e


razoavelmente preciso, que substitui com vantagens o
termômetro de líquido para indicação local de temperatura.
A barra bimetálica é geralmente enrolada em forma de
hélice, com uma extremidade presa ao corpo do
termômetro e outra, ligada a um ponteiro. Quando varia a
temperatura do meio em que está imerso o termômetro, a
hélice bimetálica expande-se (ou contrai-se) e sua ponta
livre (ponteiro) indica em um mostrador a nova
temperatura.

23
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

PONTEIRO

MOSTRADOR
HÉLICE BIMETÁLICA

figura 4

termômetro bimetálico

O termômetro bimetálico pode ser empregado para medir


temperaturas de -40ºC a 425ºC, com um erro de + 1% ou -
1%.

Termômetros termoelétrico

A medida de temperatura por meio de fenômenos


termoelétricos tem se difundido largamente. Atualmente, a
faixa de aplicação desses instrumentos abrange de - 180ºC
a 1.650ºC.

Suas principais vantagens são:

- facilidade de leitura remota;

-adequados para indicação ou registros múltiplos,


tornando-se então, muito econômicos;

- permitem mudança de faixa com extrema facilidade.

Termopares e termômetros de resistência são os dois tipos


de termômetros termoelétricos.

24
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

A) Termopares
Pelo fato de ser o mais usado na indústria, o termopar é o
mais importante tipo de termômetro.

I IIIIIIIIIIIIII

figura 5

par termoelétrico

Baseia-se no principio, descoberto por Scebeck, segundo o


qual, qualquer diferença de temperatura entre as junções
de dois metais diferentes gera uma força eletro-motriz entre
essas junções. Essa força deve-se a dois efeitos distintos:

- Efeito Feltier: “A junção de dois metais dissimilares


produz uma f.e.m. que é função de temperatura a que está
sujeita a junção”.

-Efeito Thompson: “Aparece uma f.e.m. entre as


extremidades de um metal homogêneo, quando estas
forem submetidas a temperaturas diferentes”.

Uma das junções é mantida a uma temperatura conhecida,


enquanto a outra é submetida à temperatura que
desejamos determinar; a f.e.m. gerada crescerá com o
aumento da diferença entre essas temperaturas.

25
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Os termopares industriais devem apresentar as seguintes


qualidades:

-f.e.m. térmica relativamente grande, para possibilitar a


medição em instrumentos industriais;

-precisão de calibração, para evitar problema de desajustes


com o decorrer do tempo e possibilitar permutações;

-relação “f.e.m. - temperatura” linear, para simplificar a


leitura e problemas de compensação;

-Resistência à corrosão e oxidação, para ter longa duração.

B) Termômetros de resistência
Baseia-se na variação da resistividade dos materiais com a
temperatura. A medida de temperatura resume-se então,
na medida da resistência elétrica de um fio metálico. A
ponte de Wheatstone, com algumas modificações, é o meio
mais comumente empregado nessa medida. Na ponte,
esquematizada na figura a seguir, quando o galvanômetro
acusar corrente nula.

figura 6
S
R termômetro de
resistência

Io
Ia

A
Ia A = Io B
Ia r = Io s } r=AS
B

Um metal apropriado para ser empregado num termômetro


de resistência deve apresentar uma relação estável entre a
resistividade e a temperatura e um alto coeficiente térmico
de resistência.

26
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Pirômetros ópticos
Em temperaturas elevadas, acima de 1.700ºC, usam-se
pirômetros ópticos, que se utilizam da correlação entre a
temperatura (absoluta) de um corpo e sua radiação num
espectro de onda.

Finalizando, convém lembrar que ainda existem outros


termômetros, tais como os que se utilizam de termistores, e
que apenas apresentamos brevemente, por serem os mais
empregados e, por isso mesmo, os mais importantes.

3. 2. Escalas de temperaturas

Em 1714, o físico alemão Gabriel Fahrenheit construiu um


termômetro de mercúrio. Sua contribuição real para a
medição científica da temperatura foi a de juntar uma escala
graduada ao tubo do termômetro, de modo que, pela
primeira vez, temperaturas puderam ser determinadas
quantitativamente (em números específicos).

Na elaboração de sua escala, colocou um termômetro de


mercúrio numa mistura de salmoura e gelo; quando o
mercúrio desceu ao seu ponto mínimo, marcou uma linha de
referência. Essa foi a menor temperatura que ele pôde
atingir em seu laboratório. Tal ponto ele chamou de 0 (zero).

O ponto seguinte, calibrado na sua escala, foi o de fusão de


gelo. Esse ponto correspondeu ao número 32 na sua escala.
A seguir, marcou o ponto para a ebulição da água como 212.

Para construção de termômetros, tomamos como


referência duas indicações que correspondem a duas
temperaturas determinadas.

Uma vez determinados esses “pontos fixos”, o intervalo


entre eles compreendido é subdividido em um certo número
de partes iguais.

27
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Para a determinação desses pontos fixos, nos baseamos


noutra propriedade física das substâncias. Assim, como
veremos mais adiante (mudanças de estado), toda
substância pura, a uma determinada pressão, funde-se
numa temperatura determinada (temperatura de fusão) e
vaporiza-se noutra temperatura determinada (temperatura
de vaporização).

Usamos, portanto, essas constantes físicas para


determinação dos pontos físicos, o que não apresenta
dificuldades, porquanto durante a mudança de estado a
temperatura se mantém constante.

Os pontos fixos, inferior e superior, das escalas


termométricas, são respectivamente o do gelo fundente e o
da água em ebulição (à pressão de 760mm de mercúrio = 1
atm).

Existem várias escalas de temperatura, porém, as mais


usadas são: Celsius (que já foi chamada de escala
Centígrada) e Fahrenheit.

Na escala Fahrenheit, conforme podemos constatar na


descrição acima, entre os pontos fixos, temos 180 divisões
de graus. Na escala Celsius, os números assumidos para os
pontos fixos, os padrões são diferentes: o inferior
corresponde ao 0 (zero) e o superior, ao 100 (cem).

Portanto, nessa escala teremos entre esses dois pontos,


100 divisões.

212º F 100º C EBULIÇÃO DA ÁGUA

32º F 0º C PONTO DE LIQUEFAÇÃO DO GELO

0º F -17,0 º C
figura 7
-40º F -40 º C
BULBO pontos fixos
FAHRENHEIT CENTÍGRADA

28
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Temperatura
Temperatura de de água em
Escalas gelo fundente ebulição Nº de divisões
expressa pelo nº expressa pelo

Fahrenheit + 32ºF 212ºF 180

Celsius 0ºC 100ºC 100

Para uma determinada escala, sendo o n o número de


divisões adotado entre os pontos de fusão do gelo e de
vaporização da água, por definição:

Chama-se um grau à variação de temperatura


suficiente para acarretar na indicação, a enésima
parte da variação sofrida pela mesma, quando o
termômetro passa da temperatura do gelo fundente
para a da água em ebulição.

Há mais divisões entre os pontos fixos na escala Fahrenheit


do que na escala Centígrada; portanto, o grau Fahrenheit é
menor do que o centígrado.

A transformação da temperatura Centígrada em Fahrenheit,


e vice-versa, poderá ser obtida muito facilmente, desde que
lembremos da existência Fahrenheit, corresponde a 100
graus na escala Centígrada. Portanto:

180ºF 9 TF - 32
= = , logo:
100ºC 5 TC

9
TF = temperatura Fahrenheit = . TC - 32 , ou:
5

ºF = 1,8 (ºC) + 32

ºC = ºF - 32
1,8

29
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

A qualquer temperatura, as moléculas de uma substância


possuem movimento. Quanto menor a temperatura, mais
lento é esse movimento.

Existe um ponto teórico, chamado zero absoluto, no qual


o movimento molecular cessa: essa é a mais baixa
temperatura possível.

| Zero absoluto |
É o ponto teórico correspondente à
temperatura mais baixa possível.

Duas escalas de temperatura, baseadas nesse ponto


teórico, são usadas em Engenharia e no campo científico.
São as escalas Kelvin e Rankine.

Ambas tomam como zero a mais baixa temperatura


possível, o zero absoluto.

O grau da escala Kelvin é igual ao da Centígrada e, portanto,


qualquer temperatura medida em grau centígrado pode ser
convertida diretamente na escala absoluta Kelvin.

Como o zero absoluto na escala Centígrada corresponde a


- 273 graus, basta adicionar 273 ao número de graus de
temperatura na escala Celsius para obtermos a medida
absoluta de temperatura na escala Kelvin.

Analogamente, para as escalas Rankine e Fahrenheit,


temos um relacionamento semelhante, notando-se porém,
que o zero absoluto corresponde a - 460ºF e, portanto, a
conversão de temperatura da escala Fahrenheit para a
Rankine se obtém pela adição de 460 graus.

Assim, temos:

K = ºC +273 ou ºC = K - 273

R = ºF +460 ou ºF = R - 460

30
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

A escala Rankine pode ser escrita em função de ºC (Celsius):

R = ºF + 460 (1)
(2) -> (1) ====> R = [ 1,8 (ºC) + 32 ] +460
ºF = 1,8 (ºC) +32 (2)

. R - 492
R = 1,8 ºC + 492 . . ºC =
1,8

Comparando as escalas, temos as seguintes equações


correspondentes:

ºF - 32
ºF = 1,8 (ºC) +32 ou ºC =
1,8

K = ºC +273 ou ºC = K - 273

R = ºF +460 ou ºF = R - 460

Estas escalas estão reproduzidas na figura a seguir.

Normalmente a representação, face às escalas


R = ºR
absolutas, não são acompanhadas da
K = ºK
simbologia de grau (º).

212º F 672 R 100º C 373 K


PONTO DE EBULIÇÃO DA ÁGUA

32º F 492 R 0º C 273 K


PONTO DE FUSÃO DO GELO

figura 8
escalas de
-460º F 0R -273º C 0K temperatura

31
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

3. 3. Tipos de calor
A adição de calor a qualquer substância ou a retirada de
calor de qualquer substância, provocará uma variação de
sua temperatura e/ou mudança de seu estado físico de
agregação. Isto nos leva a afirmar que existem dois tipos
fundamentais de calor: calor sensível e calor latente.

| Calor sensível |
É aquele que fornecido ou retirado de
uma substância provoca apenas
variação na sua temperatura.

| Calor latente |
É aquele que fornecido ou retirado de
uma substância pura provoca mudança
de fase física, sem variar sua
temperatura.

3. 3. 1. Calor sensível

Veja um chuveiro elétrico. A dissipação da energia térmica


desenvolvida no resistor, pelo qual a água passa, provocará
um aumento na temperatura desta. Tal fenômeno poderá
ser constatado pelos nossos sentidos. Se aquecermos mais
a água, para cada quantidade de calor adicionado
poderemos sentir ou medir o aumento da temperatura.

A experiência mostra que massas iguais de substâncias


puras diferentes exigem, para uma variação de
temperatura, quantidades de calor diferentes entre si. Essa
é uma das propriedades das substâncias.

O calor específico médio de uma substância, entre as


temperaturas T 1 e T 2 é, por definição, o quociente entre a
quantidade de calor a ser fornecida à unidade de massa
para haver a elevação de sua temperatura de T 1 até T 2, sem
que haja, nesse intervalo, mudança de seu estado físico e
variação de temperatura. Se a diferença T 1 - T 2 for igual a 1,
o calor específico será numericamente igual à quantidade
de calor cedida.

32
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Q
Portanto: C =
m T

| Calor específico |
É a quantidade de calor necessária para
elevar, de um grau, a unidade de massa
dessa substância.

Convém salientar que o calor específico varia com a


temperatura, mas, por facilidade, em cálculos onde for
possível, emprega-se um valor médio no intervalo de
temperaturas considerado.

Da definição de caloria, conforme veremos no item a seguir,


podemos constatar que o calor específico de água é igual a 1
cal/gºC, ou 1 Btu/ lbºF.

Para hidrocarbonetos constituintes do petróleo, os calores


específicos variam de 0,4 a 0,6 em geral.

O calor fornecido a uma substância de forma a aumentar sua


temperatura provoca, pelo menos, dois efeitos: o primeiro
é, obviamente, o aumento desta temperatura; o segundo,
desde que todas as substâncias se expandem quando
aquecidas, algum calor deverá ser consumido para
realização dessa expansão contra a pressão que sobre elas
atua. Os sólidos e líquidos se expandem muito pouco, fato
que não acontece com os gases. Dessa forma, como um gás
pode ser aquecido a uma pressão constante ou a volume
constante, seu calor específico varia, fato que concorre para
que gastemos mais calor quando desejamos aquecê-lo à
pressão constante.

| Exemplificando |

O calor específico do ar a pressão constante (cp) é 0,2420


Cal/gºC e a volume constante (cv) 0,1710 Cal/gºC. Para gases
ideais: C p= a +bT + gT 2 ; C p- C v = R ;
...
Onde: R= Constante Universal dos Gases = 1,986
Kcal/(kmol.K);
a,b e g= valores tabelados

33
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Do que foi visto, até o momento, podemos exprimir a


quantidade de calor Q trocada por um corpo pela seguinte
expressão:

Q = m c ( T2 - T1 ), na qual:
m = massa do corpo (g)
c = calor específico (cal / gºC)
T2 - T1 = intervalo de temperatura (sem que haja mudança de
estado físico, onde T2 = Temperatura Final e T1 = Temperatura
Inicial em ºC)

A quantidade de calor necessária para elevar (baixar) a


temperatura de 1 grau de um corpo de massa m pode ser
definida como capacidade calorífica do corpo

Q
Capacidade Térmica = = c.m
T

3. 3. 2. Calor latente

Estamos familiarizados com três fases de matérias: sólido,


líquido e gasoso. Elas não são permanentes, mas dependem
da quantidade de calor que se adiciona ou se retira de uma
certa quantidade de substância.

Dos exemplos corriqueiros, tais como, congelamento e


fusão de cubos de gelo, podemos verificar como o calor
influencia nos estados da matéria. Se uma quantidade
suficiente de calor for cedida a um cubo de gelo para fundí-
lo, ele mudará do estado sólido para o líquido (água). Se
continuarmos a aquecer a água, após certo tempo, ela
começará a ferver e, então, mudará novamente de fase,
passando do líquido para o gasoso (vapor).

Como sabemos, as moléculas num sólido movem-se


vagarosamente e mantêm-se fortemente coesas pelas
forças que agem entre cada uma delas e suas
circunvizinhanças. O aquecimento de um sólido fará com
que suas moléculas se movam mais rapidamente e se
afastem mais umas das outras. Isso poderá fazer com que
as moléculas adquiram suficiente energia para,

34
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

parcialmente, sobrepujar as forças que as mantêm


reunidas. Como no caso do cubo de gelo, elas podem se
mover mais livremente no estado líquido. Se continuarmos a
ceder calor ao líquido, as moléculas adquirirão suficiente
energia para suplantar completamente as forças de atração
e, então, o líquido passará à fase gasosa.

Enquanto houver mudança de fase, se a substância for


pura, não haverá aumento de temperatura, sendo a energia
térmica consumida apenas para sobrepujar as forças que
mantêm as moléculas coesas.

Desde que não haja uma alteração na temperatura durante


o processo de mudança de estado, o calor adicionado é tido
como oculto ou calor latente.

Destacamos os seguintes tipos de calor latente:

- Calor de fusão
Quando um sólido, como o gelo, recebe suficiente
quantidade de calor latente, ele funde, tornando-se um
líquido. A quantidade de calor latente, requerida para
ocorrer tal fenômeno, representa o calor de fusão. Se
retirarmos desse líquido a mesma quantidade de calor, ele
se solidificará. Portanto, para uma dada substância, o calor
de fusão será igual ao de solidificação.

Q = mL na qual,
m = massa de corpo (gr)
L = calor latente de fusão (cal/gr)
Q = calor total transferido na mudança de fase

Para fundirmos um grama de gelo necessitarmos de 80


calorias. Se formos fundir 10 gramas, a quantidade de calor
necessária será de 800 calorias. Pode-se constatar,
portanto, que a quantidade de calor trocada no processo de
fusão (ou solidificação) de uma substância pura
dependerá de massa da mesma.

Para a unidade de massa esse calor será função da


substância envolvida, caracterizando-se como propriedade
específica.

35
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

| Calor latente de fusão (solidificação) |

|
É a quantidade de calor necessária para fundir
(solidificar) a unidade de massa de uma dada
substância.

O calor latente de fusão varia na razão inversa do aumento


de pressão.

- Calor de vaporização
Analogamente, o calor latente que causa a mudança da fase
líquida para gasosa, de uma dada substância, é chamado de
calor de vaporização. No processo inverso, calor de
condensação.

| Calor latente de vaporização (condensação) |

|
É a quantidade de calor necessária para vaporizar
(condensar) a unidade de massa de uma dada
substância.

- Calor de sublimação
Quando ocorrer a mudança da fase sólida para gasosa,
diretamente, teremos a presença do calor de sublimação.

Exemplificando: temos o gelo seco (que é o gás carbônico


sólido) e o iodo cristalizado. O processo inverso recebe a
mesma denominação. Portanto:

| Calor latente de sublimação |

|
É a quantidade de calor necessária para sublimar
a unidade de massa de uma dada substância.

36
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

O gráfico (figura 9), relativo às mudanças de fase sofridas


pela água, permite-nos uma melhor compreensão do que
foi definido acima, relacionando os valores temperatura-
calor, envolvidos nas transformações sofridas por 1 grama
de gelo a 0ºC para passar ao estado de vapor a 100ºC. Essas
transformações são realizadas à pressão atmosférica
normal (1,033kg/cm 2). O calor total para vaporizar 1 grama
de gelo a vapor d' água será igual à soma dos diversos tipos
de calor.

Calor Total (cal) = calor de fusão (80 cal) + calor sensível


(100 cal) + calor latente de vaporização
(540 cal) =720 cal ou 1.396Btu.

Se o problema fosse inverso, isto é, congelar 1 grama de


vapor d'água a 100ºC para 0ºC, a quantidade de calor que
deveríamos retirar do vapor, seria exatamente a mesma
(720 cal).

540 CAL
100
TEMPERATURA (ºC)

AL
1 00 C

50

0 80 CAL
80 180 720 QUANTIDADE
DE CALOR
CALOR DE CALOR CALOR DE VAPORIZAÇÃO (Calorias)
FUSÃO SENSÍVEL

figura 9
mudanças de fase
sofrida pela água

37
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Podemos perceber estes dois tipos de calor (sensível e


latente, por exemplo, na figura 10. Temos um pouco de água
e, vemos que está sólida (gelo) e se aquece elevando sua
temperatura de 0ºF (-32ºC) a 32ºF (0ºC), temos então,
calor sensível. Continuamos a aquecer o gelo que começa a
mudar de fase (derreter) mantendo a temperatura
constante (calor latente). Quando todo o gelo passar para a
fase líquida, sua temperatura voltará a aumentar (calor
sensível) até 212ºF (100ºC) iniciando a sua fervura. A água
na fase líquida permanecerá nos 100ºC até a completa
passagem da fase líquida para a fase vapor (calor latente).
Se após todo o líquido passar a vapor continuarmos a
aquecer, a temperatura voltará a subir (calor sensível) e
então teremos vapor superaquecido.

Sólido com
temperatura Vapor com
em elevação temperatura E
400 em elevação
Líquido com
350 Sólido a temperatura
Líquido em elevação
Líquido a Vapor
300

250
TEMPERATURA (ºF)

C
200 D

150

100

50 A B

0 16 Btu
970 Btu
144 Btu 180 Btu
88 Btu

- 200 0 200 400 600 800 1000 1200

ENTALPIA, Btu/Lb

figura 10
relações: entalpia - temperatura e mudança de estado
da água e pressão atmosférica

38
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

3. 3. 3. Equilíbrio térmico

Em um equilíbrio térmico, o calor cedido é igual ao calor


recebido.

Q recebido = Q cedido

O sinal trocado se deve ao fato de que, se alguma coisa


recebe calor, significa que outra está perdendo, ou seja,
está saindo. Logo:

Q = mc (T 2 - T 1)

[mc (T 2 - T 1) ] recebido = -[mc (T 2 - T 1) ] cedido

[mc (T 2 - T 1) ] recebido = [mc(T 1 -T 2)] cedido

3. 4. Unidades de calor

Como calor não é substância, e sim uma forma de energia,


sua quantidade não pode ser medida diretamente, mas
pelos efeitos que produz.

Para medição do calor, duas unidades são comumente


empregadas: a caloria (cal), no sistema métrico e o BTU
(British Thermal Unity), no sistema inglês.

| Caloria |
|
É a quantidade de calor necessária a se fornecer a uma grama de
água para elevar sua temperatura de um grau centígrado (14,5ºC
a 15,5ºC), na condição de pressão atmosférica normal.

| BTU |
|
É a quantidade de calor que, fornecida a uma libra de água
(0,4536kg), eleva sua temperatura de um grau Fahrenheit
(63ºF a 64ºF), na condição normal de pressão atmosférica.

39
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Um múltiplo da caloria é a kilocaloria (kcal) que vale 1000


(mil) calorias.

1 BTU = 252 calorias


1 caloria = 0,003968 BTU

Calor específico:

Sistema métrico: 1 cal/gºC


Sistema inglês: 1 BTU/lb.ºF
} 1 cal
gºC
= 1 BTU
lb.ºF

Calor latente:

Sistema métrico: 1 cal/g


Sistema inglês: 1 BTU/lb
} 1 cal
g
= 1,8 BTU
lb

Capacidade calorífica:

Sistema métrico: 1 cal/ºC


Sistema inglês: 1 BTU/ºF
} 1 cal
ºC
= 0,0022 BTU
ºF

40
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

41
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

42
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

43
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

4. Efeitos de calor
Até o momento estudamos que o calor é uma forma de
energia e que a diferença de temperatura faz o calor fluir de
um corpo para outro, produzindo efeitos que resumiremos a
seguir:

4. 1. Dilatação

Quando fornecemos calor a uma substância qualquer, ou


dela retiramos calor, ela sofre sempre uma variação de
volume.

Salvo exceções, o volume aumenta com a elevação de


temperatura (dilatação térmica) e, diminui com a redução
da temperatura (contração térmica).

A expansão produzida pelo calor afeta todas as dimensões


de um corpo sólido: uma expansão de 1% de comprimento é
acompanhada por uma de 1% de largura e 1% de
profundidade. Portanto, há expansão proporcional em área
e volume.

Nos líquidos e gases, obviamente, considera-se a expansão


volumétrica.

Na aplicação técnica, esse fato deve ser levado em


consideração.
| Exemplificando |

Em construções, em que se empregam estruturas de ferro em


certas proporções, como em pontes, a dilatação sempre deverá
ser levada em conta. Para tanto, se fixa apenas um único ponto
...
de apoio, ao passo que os demais repousam sobre cilindros ou
outras bases roliças (articulações). Condições análogas
existem nas pontes de concreto armado, onde é necessário
deixar pequenos intervalos, em semelhança ao que se faz em
trilhos ferroviários.

44
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

EIXO CILINDROS

00

INTERVALOS NO CONCRETO

figura 11

estruturas de ferro e concreto

4.2 - Previsão para Dilatação

Dilatação linear
Como já vimos na apresentação do termômetro bimetálico,
os materiais têm diferentes taxas de expansão linear.

| Expansão linear |
|
Expansão linear é o aumento do comprimento de um tubo, ou de
uma barra, ou ainda de um corpo, onde há predominância de uma
de suas dimensões, pelo aumento da temperatura do material.

45
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

| Exemplificando |

O tubo de elevação de catalisador na unidade de TCC da


Refinaria União, apesar de ter diâmetros relativamente
grandes (variando de cerca de 22 polegadas a 35
...
polegadas), por ter um comprimento muito maior (267 pés =
3.204 polegadas = 81m) pode ser tomado como
característico de expansão linear, já que deverá ser dada
importância muito maior aos incrementos de comprimento.

A expressão usada para caracterizar a expansão linear é o


coeficiente de dilatação linear, que é variável para
diferentes materiais e nos dá o aumento específico de
comprimento que cada material sofre com o aumento de 1
grau na temperatura.

!
| É bom saber |
Coeficiente de dilatação linear de um material é
“numericamente” igual à variação de comprimento sofrida
pela unidade de comprimento de uma barra desse material
quando a sua temperatura se altere de 1 grau.

Dilatação térmica dos sólidos

a) Dilatação linear
L
L0

L - Lo= L
L

figura 12

46
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

L -> Depende do comprimento inicial diretamente


proporcional e depende também da variação de tempo.

L Lo . t para que haja igualdade é necessária uma


-1
cte que é o coeficiente de dilatação linear . Unidade ºC
ou 1/ºC.

L= Lo . t
L - Lo = L
L = Lo + L -> L= Lo t + Lo -> L=(1+ t)Lo

b) Dilatação superficial

Quando são duas as dimensões que predominam num


corpo, como, por exemplo, numa chapa de aço, referimo-
nos à expansão superficial, que dará um incremento na área
com aumento de temperatura. Ela pode ser considerada
como cerca de duas vezes a expansão linear.

Podemos também definir:

A=2 A t

| É bom saber |

Coeficiente de dilatação superficial é 'numericamente'


igual à variação de área sofrida pela unidade de área de
um corpo desse material quando a temperatura se altera
de 1 grau.
!

47
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

c) Dilatação volumétrica

Os sólidos também sofrem expansão volumétrica, no qual


um aumento de temperatura corresponde a um aumento de
volume.

!
| É bom saber |

Coeficiente de dilatação volumétrica é


'numericamente' igual à variação de volume sofrido
pelo volume unitário do material quando sua
temperatura se altera de 1 grau.

Da mesma forma, dilatação superficial e volumétrica:

A = ß Ao t A = Ao + A A = Ao (1 + ß t)

V= Vo t V = Vo + V V = Vo (1 + t)

V= 3 V t

2 DIMENSÕES

3 DIMENSÕES

figura 13

48
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

No caso da expansão de sólidos, este coeficiente é cerca de


três vezes o coeficiente de dilatação linear.

Na indústria, a expansão dos sólidos é um problema que


deve ser muito bem investigado. Assim, a expansão de
tubulação pode provocar quebra de conexões ou o
movimento dos suportes que as sustentam, deslocando-os
de suas bases, como também, as mudanças de
temperaturas provocam o afrouxamento das porcas,
ocasionando sérios vazamentos.

Para evitar, ou corrigir, esses problemas, normalmente


colocam-se nas tubulações, curvas ou juntas de expansão
e, nos intercambiadores, peças flutuantes. Ainda quanto às
tubulações, outra forma de solucionar o problema seria o de
elaborar um trajeto para as mesmas com flexibilidade capaz
de absorver as dilatações ou contrações que porventura
venha sofrer. A dilatação dos sólidos é, também,
freqüentemente útil para projetarmos dispositivos de
segurança como reles térmicos usados em circuitos
elétricos, ou controle de temperatura.

Quando um líquido é aquecido e pode se expandir, ele o fará


em todas as direções. Por esta razão, a expansão ou
contração de um líquido é dita volumétrica.

Os líquidos, apesar de, geralmente, se expandirem mais


rapidamente, seguem a mesma lei de expansão dos sólidos.

V = V o (1 + 1 T+ 2 T2 + 3 T 3)

Conforme já apresentamos no item anterior, esta relação


entre variação do volume - temperatura é praticamente
linear, já que os termos de segunda e terceira ordens são
muito pequenos.

V= V0 T

49
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Todos os líquidos, com exceção da água, sofrem expansão


volumétrica com aumento de temperatura e contração, com
diminuição. Porém, se aquecermos a água partindo da
temperatura inicial de 0ºC, inicialmente ela se contrairá. Ao
atingir 4ºC, estaremos no ponto de mínimo volume ou de
máxima densidade. A partir daí, ela se dilatará como os
demais líquidos.

No manejo de líquido, na indústria petroquímica, a


expansão é um fator muito importante. Assim, à medida que
um líquido se expande, sua densidade diminui, isto é, a
massa por unidade de volume e, portanto, os volumes de
produtos para vendas são sempre convertidos para uma
condição padronizada de temperatura. Outro importante
aspecto sobre o aumento de volume com o aumento de
temperatura prende-se ao fator segurança, razão pela qual
os depósitos ou tanques de armazenamento devem operar
com certas margens de segurança no que diz respeito aos
seus volumes, para evitar transbordamentos.

Pelo fato de os líquidos não terem forma definida, sua


dilatação, ou contração, deve ser observada em conjunto
com o recipiente que o contém, podendo-se concluir que:
| É bom saber |
O fenômeno da dilatação de líquido só pode ser definido
em relação a seu volume, ou seja, para substâncias no
estado líquido somente estudamos a dilação volumétrica.
!
d) Dilatação térmica dos líquidos

VAP

V0

figura 14

50
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Vap = dilatação aparente do líquido não é a dilatação real,


pois o recipiente também sofreu dilatação -> Vr.

V = Dilatação real do líquido -> V= Vo t, sendo:

1) V = Vap + Vr
Vap = apVo t Vr = r Vo t

Ap = Coeficiente de dilatação aparente


R = Coeficiente de dilatação volumétrica (do recipiente)

De (1) temos:

Vo t= ap V o t + r Vo t

ap = - r = ap + r

O comportamento dos gases, sob os efeitos do calor, é


diferente dos líquidos e dos sólidos, já que são
compressíveis, não possuindo forma nem volume
determinados. De acordo com a teoria cinética dos gases,
qualquer que seja o gás considerado há uma estreita ligação
entre as variáveis pressão, temperatura e volume de uma
determinada massa gasosa.

Quando se cede calor a um gás, que permanece sob pressão


constante, esse gás aumentará de volume ou, se mantiver
no mesmo volume, a pressão aumentará. Por outro lado,
dado o fato de que os gases não têm coesão suficiente para
prevenir sua expansão quando recebem calor, já que todos
possuem a mesma capacidade de expansão, pode-se dizer,
então, que aumentada a temperatura de “qualquer gás de
1º, seu volume aumenta de 1/273 de seu valor 0ºC, se a
pressão for mantida constante.”

Esta afirmativa seria perfeitamente válida, se todos os


gases fossem ideais, mas isto só ocorre a baixas pressões.
Portanto, os gases ideais se dilatam igualmente.

51
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

52
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

53
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

54
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

5. Estudos dos gases


Gás ideal ou perfeito é um gás imaginário, cujas moléculas
não apresentam volume próprio.

O volume ocupado pelo gás corresponde ao volume dos


“vazios” entre suas moléculas. Como uma conseqüência de
tais fatos, os gases ideais não sofrem mudanças de fase,
estando sempre na fase gasosa.

O estado de um gás é caracterizado pelas grandezas.

Volume (V)
Temperatura (T)
Pressão (P) } Variáveis de estado

23
Esse número é o número de Avogrado. Na = 6,023 x 10

Número de moles (n) contidos em uma certa massa m em g


da substância pode ser obtido por regras de três simples.

1 mol = massa de 1 mol ou moléculas grama


n moles = m

n= m n= m
molécula - grama (M) M

| Mol |
|
É a quantidade de matéria que contém um número invariável de
partículas, seja, moléculas, elétrons ou íons.

55
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Equação de Clapeyron: Clapeyron chegou à conclusão


que as variáveis de estado de um gás ideal (P, V, T) estão
relacionadas com a quantidade de gás e que o quociente
PV / T é diretamente proporcional ao número de moles de
um gás ideal.

PV = Rn R -> cte de proporcionalidade é igual


T para todos os gases, então, chamou-se
de:

R cte universal dos gases perfeitos. Seu valor só depende


de V, P, T.

P = atm
R = 0,082 atm. V = (litro)
mol.k T = tempo absoluto K

R = 8,317 joules PV = energia (termodinâmica) = joules


mol.k T=K

PV = Rn PV = nRT ou PV = mRT
T M

Considerados estados diversos de uma mesma massa


gasosa:

1) P1V1T1
P1V1 = nRT1

2) P2V2T2
P2V2 = nRT2

nR = P1V1 = P2V2 Lei geral dos gases perfeitos


T1 T2

56
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

5. 1. Mudança de fase

As moléculas, que constituem um determinado corpo,


apresentam espaços entre si, determinados espaços inter-
moleculares que, de acordo com a natureza da substância
em questão, podem ser maiores ou menores, dependendo
das forças que atuam sobre elas. Essas forças podem ser de
coesão ou de repulsão (expansivas).

Há três fases físicas de agregação: sólido, líquido e gasoso,


que, assim, se apresentam de acordo com a predominância
de um dos tipos de força acima mencionados.

O estado sólido se caracteriza pela predominância das


forças de coesão, cercando o movimento livre das
moléculas e dando uma forma sólida e um volume definido,
à temperatura e pressão constante, para a substância que
se encontra nessa fase.

Já no estado líquido, a predominância das forças de coesão


é relativamente pequena e as moléculas possuem,
portanto, uma liberdade maior de movimentos, fazendo
com que as substâncias não apresentem forma definida,
porém seu volume é determinado, a uma dada temperatura
e pressão. O fato das forças de coesão serem
predominantes é evidenciado pela formação de gotas pelos
líquidos.

Nos gases tem-se predominância das forças expansivas,


provocando o afastamento de suas moléculas. Essa é a
causa determinante da tendência que os gases têm, de
ocupar totalmente os recipientes que os contêm. Uma
determinada massa gasosa não tem forma, nem volume
definidos.

57
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Podemos construir, então, o seguinte quadro:

FASE FORMA VOLUME

Sólida definido definido


Líquida indefinido definido
Gasosa indefinido indefinido

Com a adição de calor a uma substância, ou a retirada de


calor dessa substância, a energia cinética de suas moléculas
será alterada. Podemos dizer, então, que:

As substâncias podem mudar de fase


se a elas adicionamos ou delas retiramos calor.

figura 15

reapresentação esquemática
das mudanças de fase

LÍQUIDO
Va
p
or
iza
o

ç
Fu

ão

SÓLIDO VAPOR

Sublimação

58
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Cada grama de gelo colocado num líquido rouba deste 80


calorias e funde com o que o líquido esfria.

figura 16

Nos climas secos, a água de transpiração de uma moringa


evapora-se facilmente, roubando, para tanto, calor de
vaporização do recipiente, com o que se esfria a água do
interior.

figura 17

59
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

No inverno, os vidros e cristais de janelas ficam embaçados,


pois o vapor d'água interno cede-lhes o calor de vaporização
e se condensa sobre eles.

figura 18

A neve carbônica, gelo seco (CO 2 sólido) passa à fase gasosa


sem liquefazer-se (sublimação). Utilizar-se-á para
embalagem de congelados.

figura 19

60
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

a) Fusão e solidificação

Durante a fusão de uma substância pura, a temperatura


mantém-se constante, embora devamos fornecer calor
(calor de fusão) que será convertido em trabalho contrário
às forças de coesão, causando o aumento da energia
cinética das moléculas, fazendo o afastamento das mesmas
para quebrar as forças de coesão. É o calor latente de fusão.

| Fusão |
É o processo da passagem da fase sólida para
a líquida.

A uma determinada pressão, toda substância sólida funde-


se a uma temperatura fixa, conhecida como temperatura ou
ponto de fusão àquela pressão. Se aumentarmos a pressão,
a temperatura de fusão também aumentará, exceção feita
para a água.

Para a solidificação, as considerações são análogas.

| Solidificação |
É o processo inverso da fusão, ou seja, da
passagem da fase líquida para sólida.

!
| É bom saber |

A temperatura de fusão é igual à temperatura de


solidificação a uma mesma pressão.

b) Vaporização e condensação

A vaporização é a designação genérica da mudança de fase


líquida para a fase de vapor. Se esta for lenta, denomina-se
evaporação e se for rápida, ebulição.

61
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

| Ebulição |
É uma vaporização provocada que ocorre
em toda massa líquida.

| Evaporação|
É uma vaporização espontânea e ocorre
apenas na superfície do líquido.

| É bom saber |

O processo inverso da vaporização é a condensação.

A evaporação dos líquidos depende da atração molecular.


!
Por esse motivo, certos líquidos se vaporizam mais
rapidamente que outros. Assim, a gasolina, o álcool, etc.
vaporizam mais do que a água.

| Exemplificando |

Quando a água se evapora em um vaso aberto, algumas das


moléculas do vapor se chocam contra as moléculas do ar,
...
recuam e tornam a entrar no líquido. O ar comporta-se,
portanto, como uma coberta que se opõe à evaporação,
retardando-a . Se o vaso for fechado, o vapor acumular-se-á no
espaço acima do líquido. O número de moléculas que voltam
para o líquido, onde se condensam, aumentará até que as
moléculas se condensam na mesma proporção que se
evaporam. Assim, a quantidade de vapor será constante e
dizemos, então, que o espaço está saturado. Um espaço está
saturado com o vapor quando nele está todo o vapor que pode
conter na temperatura reinante.

Já o álcool evaporará rapidamente quando esfregado sobre


nossa pele. Como as moléculas que evaporam retiram energia
térmica da pele, ela se esfriará.

Em qualquer líquido que se evapora, as moléculas que


tendem a escapar do líquido são as que se movem mais
rapidamente, isto é, as que possuem maior energia. Assim,
o líquido estará constantemente perdendo energia e,
portanto, sua temperatura decrescerá.

62
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

A evaporação ocorre a qualquer temperatura, mas um


aumento desta causará um aumento na energia cinética das
moléculas com energia suficiente para deixar a fase líquida.

| É bom saber |

!
Se a temperatura aumentar, maior será a taxa de evaporação.

As torres de refrigeração das indústrias petroquímicas são


projetadas para vaporizar água. Sua finalidade é,
obviamente, a de refrigerar a água, mas para consegui-la,
parte da água será evaporada. Assim, as moléculas de água
que abandonam a fase líquida, saindo pela torre como
vapor, retiram energia do líquido remanescente, esfriando-
o. Tais torres são projetadas para aumentar a taxa de
evaporação através do aumento da área exposta, pela
quebra da massa líquida em pequenas gotículas.

Voltemos à consideração do recipiente fechado. As


moléculas de vapor formado não podem se afastar,
suficientemente, do líquido. No seu movimento caótico,
perdem energia e algumas retornam à fase líquida,
condensando-se.

Quando atingimos o ponto em que os números de moléculas


que se evaporam e se condensam são iguais, dizemos que o
líquido e seu vapor estão em equilíbrio e as quantidades de
vapor e líquido permanecem inalteradas.

Se a temperatura do líquido for aumentada, a taxa de


evaporação torna-se, momentaneamente, superior à de
condensação, mas, eventualmente, o líquido e o vapor
podem atingir uma nova condição de equilíbrio.

As moléculas de vapor, movendo-se no interior do


recipiente, exercem uma pressão sobre as paredes do
mesmo e sobre o líquido, que é denominada pressão de
vapor, que é característica do líquido e depende da
temperatura deste. Se aumentarmos a temperatura, maior
será a pressão de vapor.

63
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

| Pressão de vapor |

É a pressão exercida pelas moléculas ao


tentarem separar-se do líquido.

Num sistema fechado, podemos chegar à condição de


equilíbrio entre as fases líquida e gasosa e, portanto, a
determinação da pressão de vapor real, em laboratório, é
relativamente difícil e, quanto aos procedimentos,
costuma-se utilizar uma medida padronizada pela ASTM
(American Society of Testing Materials), que é a Pressão
de Vapor Reid (RVP) .

O RVP é estabelecido em termos de unidade de pressão


absoluta e a uma única temperatura (100ºF). Por meio de
gráficos apropriados, pode-se transformar facilmente a
pressão de vapor Reid em pressão de vapor real, à
temperatura desejada.

A pressão de vapor é uma propriedade importante da


gasolina. Ela está diretamente relacionada ao fenômeno de
“vapor lock”, isto é, o perigo de formação de vapor nos dutos
de combustível, bomba ou carburador, impedindo o
escoamento da gasolina ao motor e conseqüentemente,
causando a parada da máquina.

Este fenômeno é provocado pela vaporização das frações


leves, da faixa de butano, que podem existir a quantidades
relativamente grandes. Assim, especifica-se um RVP para
impedir esse fenômeno. Além disso, é empregada para
determinar a pressão de tanques de armazenamento de
teto fixo, tanques para transporte de produtos voláteis, etc.

Quanto à ebulição, todos os líquidos têm pontos de


ebulição definidos, que lhes são característicos.

64
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

| Ponto de ebulição|

É a temperatura na qual sua pressão de vapor se


torna igual à pressão atmosférica padrão
(760mm.Hg).

Quando a temperatura atingir um valor tal que a pressão de


vapor no líquido é igualada à pressão externa, teremos o
ponto de ebulição desse líquido nessa pressão.

Líquidos com alta taxa de evaporação, isto é, que se


evaporam rapidamente, têm pontos de ebulição baixos.
Assim, à pressão atmosférica, normal, o ponto de ebulição
da água é 100ºC, de álcool etílico, 78,5ºC, do pentano
36,2ºC, do hélio, -268,8ºC, etc.

Para um líquido sofrer o processo de ebulição, é necessário


suprir-lhe certa quantidade de calor, sob dois tipos no caso
mais genérico. Suprindo-lhe calor sensível, sua
temperatura se elevará, atingindo o ponto de ebulição, à
pressão considerada. E, suprindo-lhe calor latente, passará
do estado líquido para o gasoso.

Assim como no caso da fusão, um aumento na pressão


provocará um aumento na temperatura de ebulição já que a
pressão de vapor cresce com o aumento de temperatura.

Certas operações industriais, como a separação de


produtos que são gasosos, nas condições ambientais de
temperatura e pressão, exigem o emprego de altas
pressões e baixas temperaturas para se liquefazerem. Se,
entretanto, tiverem arrastado vapor d'água consigo podem
causar sérios contratempos operacionais, como resultado
da solidificação da água em hidratos, fato que deve ser
evitado procurando-se eliminar essa contaminação em
operações de secagem e mantendo sob controle o ponto de
orvalho, que é definido como a temperatura na qual o vapor
d'água fica saturado ou ainda o ponto em que a água se
condensa.

65
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

c) Sublimação

Geralmente, estamos familiarizados com a mudança de


estado líquido para gasoso, mas os sólidos também
vaporizam. Este é o fenômeno de sublimação.

| Exemplificando |
...
A sublimação do naftaleno, da cânfora, do enxofre, do iodo, etc.

Assim como a evaporação dos líquidos, a sublimação


também depende da atração molecular, motivo pelo qual
certos sólidos sublimam mais facilmente do que outros.

Assim, o naftaleno sublima mais facilmente do que o


enxofre, etc.

As três fases, sólida, líquida e gasosa, encontram-se em


equilíbrio a uma temperatura e a uma pressão
determinadas, que é característica para cada substância
pura. Este é o chamado ponto triplo.

| Ponto triplo |

É o equilíbrio das fases sólida, líquida e


gasosa a uma temperatura e uma pressão
determinadas.

Abaixo do ponto triplo, todo sólido (ou vapor) a uma


determinada pressão, sublima ao atingir uma certa
temperatura, que recebe o nome de temperatura de
sublimação.

Assim como nas demais mudanças de fase, um aumento na


pressão acarreta um aumento na temperatura de
sublimação.

66
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

67
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

68
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

69
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

6. Combustão

6. 1. O Processo da combustão

A principal fonte de energia de todas as operações na


indústria petroquímica é a energia química armazenada nos
combustíveis. Para torná-la útil deve ser desenvolvida
sob a forma de energia térmica. O processo, no qual a
energia química armazenada em um combustível é liberada
sob a forma de energia térmica, é chamado combustão.

| Combustível |
É qualquer substância capaz de produzir,
economicamente, calor por meio de reação
química nuclear.

| Combustão |
É uma reação química rápida na qual um
combustível se combina com um
comburente para liberar grande quantidade
de calor.

| Comburente |
É a substância à custa da qual se dá a
combustão.

70
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

!
| É bom saber |

O comburente mais comum, e que estamos estudando, é


o oxigênio do ar.

Do ponto de vista industrial clássico, os combustíveis são


materiais que reagem facilmente com o oxigênio do ar,
produzindo grandes quantidades de calor e, quase sempre,
luz; devem, ainda, preencher satisfatoriamente um
conjunto de requisitos técnico-econômicos, tais como:

- facilidade e baixo preço de obtenção;


- segurança no transporte e armazenamento;
- fácil utilização e não formação de substâncias corrosivas
ou tóxicas.

A combustão, em certos processos, é a parte mais


importante. Os conhecimentos exigidos são mais profundos
e a habilidade profissional requerida para aplicá-los
devidamente é bem maior. Dessa habilidade profissional
depende, muitas vezes, o sucesso de toda uma operação.

Os processos de combustão caracterizam-se pelo fato de


ocorrerem normalmente a pressões próximas do ambiente,
de modo que não se observam afastamentos apreciáveis em
relação ao comportamento ideal dos gases. Contudo, as
temperaturas são geralmente elevadas, o que tende a criar
condições propícias à ocorrência de grande número de
reações laterais.

Como o comburente nos processos de combustão que


abordaremos é oxigênio, podemos afirmar que, no sentido
restrito, uma combustão é uma oxidação rápida de um
combustível, em alta temperatura.

Reações básicas
Já que não estamos abordando os processos nucleares,
quando nos referirmos a qualquer combustível, estaremos
enquadrando-o dentro do pensamento industrial clássico.

Os elementos característicos que entram na composição da


maioria dos combustíveis são: carbono (C), hidrogênio (H),
oxigênio (O), enxofre (S) e nitrogênio (N).

71
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

São elementos combustíveis, o carbono, o hidrogênio e,


menos freqüentemente, o enxofre.

O oxigênio e o nitrogênio, quando aparecem na estrutura do


combustível, pioram a sua qualidade.

O comburente é o ar. Sua composição percentual em


volume, quando seco, é aproximadamente:

Constituinte % Volume

Nitrogênio 78,03
Oxigênio 20,99
Argônio 0,94
Gás Carbônico 0,03
Hidrogênio 0,01
Neon 0,00123
Hélio 0,0004
Criptônio 0,00005
Xenônio 0,000006

Em todos os cálculos técnicos consideramos apenas duas


frações, adotando-se 21% do oxigênio (O 2) e 79% de
nitrogênio (N 2). Esta proporção, conforme já citamos, é em
volume mas pode também ser considerada em moles (já
que as pressões são baixas).

Tomando-se a massa molecular aparente do ar seco como


29,0, as percentagens em massa serão: 23,2% de O 2 e
76,8% de N 2.

As reações de combustão ocorrem na fase gasosa. Se o


combustível é líquido, ele se vaporiza e a reação se processa
entre o vapor do líquido e o oxigênio. Nos combustíveis
sólidos, a reação se dá na interface sólido-gás, havendo
difusão do oxigênio no gás carbônico e em outros gases
para atingir a superfície do sólido.

72
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

As reações mais freqüentes que ocorrem nos processo de


combustão são:

C + O2 CO2
C + ½ O2 CO
CO + ½ O2 CO2
H2 + ½ O2 H 2O
S + O2 So2

6.2 Requisitos para a combustão

Para que haja combustão, são necessários três requisitos


essenciais: suprimento de oxigênio, combustível e energia
térmica.

A reação de metano (CH 4) com oxigênio (O 2) é uma reação


de combustão porque envolve a combinação de um
hidrocarboneto (substância composta de átomos de
carbono e hidrogênio) com o oxigênio, liberando energia
armazenada.

Sem oxigênio, a combustão não pode se processar e,


portanto, a presença desta substância é condição essencial
para a realização dessa reação.

Naturalmente, a combustão também não ocorrerá sem a


presença do combustível.

O calor é o terceiro requisito para a combustão, essencial


para dar início à reação e mantê-la.

| É bom saber |

Algumas substâncias contêm suficiente oxigênio,


quimicamente combinado, para sofrer combustão sem

!
necessitar de suprimento do mesmo pelo ar. Nesse caso,
para cessar a combustão, a única forma é resfriar a
substância, retirando, portanto, energia térmica.

73
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

6.3. Mecanismo da combustão

Nas reações que se processam com desprendimento de


calor, se este não for retirado, a temperatura do sistema
aumenta, o que, por sua vez, aumentará a velocidade da
reação e, assim, se tenderá sempre a uma maior produção
de calor por unidade de tempo.

Dessa forma, chega-se à temperatura de “inflamação” em


um determinado ponto e, então, a reação se propaga para
todo o sistema. Desse modo, a reação se mantém por si só,
sem necessidade de qualquer fornecimento de energia ao
sistema. A combustão é uma reação do tipo descrito, sendo
que, por vezes, a velocidade de reação é tão elevada que
poderemos ter explosão.

O mecanismo exato da combustão ainda é discutido. No


entanto, conforme já estudamos, sabe-se que, para haver
queima de um combustível, é necessário que ele se
vaporize, pois as reações de combustão só se processam na
fase gasosa.

!
| É bom saber |

Quanto mais fácil a vaporização de um combustível,


mais facilmente se processará sua combustão.

Sendo assim, as características de cada combustível, sua


quantidade e o calor necessário a lhe ser fornecido para
iniciar o processo são os principais fatores a serem
considerados numa combustão. O processo de combustão
terá início quando atingida a temperatura na qual haja
suficiente valorização para manter a continuidade do
mesmo. Assim, são definidas temperaturas características
para os combustíveis tais como, a temperatura de fulgor, de
combustão e de ignição espontânea.

A maior temperatura, na qual os vapores do combustível se


inflamem instantaneamente (flash), sob ação de uma
escorvadora, apagando-se em seguida, é denominada
temperatura de fulgor ou ponto de fulgor (flash point).

Nesse caso, a vaporização não é suficientemente rápida a


ponto de manter a continuidade do processo.

74
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

De maneira análoga, temperatura de combustão ou


ponto de combustão (fire point) é a menor temperatura
na qual, sob a ação da chama escorvadora haverá
combustão contínua dos vapores do combustível.
Obviamente, essa temperatura é superior à anterior.

Na realidade, quando um combustível está em contacto


com o oxigênio, mesmo nas condições ambiente de
pressão e temperatura, a reação da oxidação já existe,
desenvolvendo-se com velocidade muito baixa: é a
combustão lenta, nem sempre perceptível. O calor nele
gerado é removido para as vizinhanças, podendo-se
estabelecer um regime estacionário. Basta um
desequilíbrio nessa remoção de calor, de modo que nem
todo calor seja removido, ou alterações em algumas
condições, como, por exemplo, um aumento no
suprimento de ar, e teremos uma auto-aceleração do
processo. A temperatura dos reagentes aumenta
rapidamente, até que se percebe uma descontinuidade
mais ou menos marcante entre a combustão lenta e a
combustão viva, caracterizada pelo aparecimento de
chama, energia luminosa e térmica intensa. A
temperatura em que se inicia a combustão viva, nesse
caso, é chamada temperatura de ignição espontânea
( T. I . E .) . C o nv é m r e s s a l t a r q u e n ã o h á c h a m a
escorvadora.

Para um dado combustível, ela dependerá de vários


fatores: pressão, tempo de permanência dos reagentes
sob as condições de pressão e temperatura, composição
da mistura combustível-ar, forma de contato entre
ambos, etc.

6.4. Combustíveis

Podemos classificar os combustíveis de acordo com vários


critérios, a saber:

- estado físico à temperatura e pressão ambientes -


sólidos, líquidos ou gasosos;
- forma de obtenção - naturais ou preparados (artificiais);
- estado natural - minerais (fósseis), vegetais ou animais.

75
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Obtemos, assim, o seguinte quadro, com alguns exemplos:

ESTADO COMBUSTÍVEIS COMBUSTÍVEIS


NATURAIS ARTIFICIAIS

Fósseis Coque, carvão de


Carvões (antracito, madeira, resíduos
SÓLIDOS hulha, linhito e tufa) industriais (bagaço de
Vegetal: cana, cascas,
Lenha serragem, etc.)

Derivados de petróleo
(gasolina, querosene,
óleo-diesel, etc),
Fósseis álcool e outros
LÍQUIDOS Betumes (petróleo, produtos de
asfalto, etc.) fermentação,
hidrocarbonetos
líquidos sintetizados a
partir de carvões, etc.

Destilação de hulhas
(gás de iluminação),
gás de gasogêneo
(gás pobre), gás
d'água, gás misto,
craqueamento do
GASOSOS Gás Natural petróleo, propano,
butano, hidrogênio,
acetileno, resíduos
industriais (fumos
contendo muito calor
latente: gases de alto
forno)

a) Combustíveis sólidos
Os combustíveis sólidos, muitas vezes de extração e
beneficiamento laborioso, de transporte caro e trabalhoso,
estão perdendo sensivelmente sua importância em relação
aos combustíveis líquidos, embora seu consumo, em
números absolutos, seja da ordem de milhões de toneladas.

Para queimarmos continuamente qualquer combustível


sólido, devemos aquecê-lo até sua temperatura de
inflamação, na qual haverá produção de vapor suficiente
para manter a combustão.

76
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

!
| É bom saber |

A temperatura de inflamação de um combustível sólido


é semelhante à temperatura de combustão para os
combustíveis líquidos.

b) Combustíveis líquidos
A maior parte dos combustíveis líquidos importante são
derivados de petróleo, tais como: gasolina, querosene,
óleos, etc. Para queimarmos continuamente qualquer
combustível líquido é necessário aquecê-lo até sua
temperatura de combustão, para que haja a produção de
vapor necessária e suficiente para manter a continuidade da
reação.

Portanto, o calor transferido para o líquido durante o


processo de combustão contínuo deve ser suficiente para
mantê-lo, no mínimo, a essa temperatura. Assim, quando a
gasolina queima, a combustão observada é a dos vapores
provenientes do líquido.

c) Combustíveis gasosos
São substâncias gasosas, nas condições ambientes,
formadas sempre por misturas, cuja composição depende
do processo de fabricação, se forem artificiais, ou da fonte
de obtenção, se naturais. Combinam-se com o oxigênio do
ar exotermicamente, liberando, portanto, energia térmica
durante o processo de combustão.

A maioria dos gases que compõem os combustíveis gasosos


são hidrocarbonetos, sendo importantes exceções o H 2, e
CO e o H 2 S.

6.4.1. Análises dos combustíveis

As análises constituem os elementos essenciais para a


realização de balanços materiais. No caso dos
combustíveis, temos dois tipos: análise elementar e
análise imediata.

77
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

| Análise Elementar |

É a análise que determina carbono, enxofre,


nitrogênio e demais elementos que constituem o
combustível

| Análise Imediata |

É a análise que consiste na determinação do carbono


fixo, de unidade, de matéria volátil e de cinza,
empregando-se técnicas padronizadas (United States
Bureau of Mines).

Os quatro grupos de substâncias assim padronizadas são


determinados por métodos relativamente simples e
rápidos, motivo pelo qual a análise imediata de
combustíveis é mais comumente empregada do que a
análise elementar, cuja realização é sempre mais complexa.

O teor de enxofre, no entanto, apresenta um interesse


particular e geralmente acompanha os dados da análise
imediata.

Limites de inflamabilidade - A chama pode ser definida


como sendo um gás tornado luminoso pela liberação de
energia química.

| Limites de inflamabilidade |

Também denominados limites de explosividade, são


os limites de composição combustível-comburente
dentro dos quais a chama pode se propagar.

78
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

A velocidade com que se processa uma combustão influi


muito no rendimento da transferência de calor liberado na
reação química ao aparelho que pretende utilizá-lo. Se a
quantidade de calor liberada na unidade de tempo for
grande, a temperatura será elevada. Como o fluxo de calor
transferido entre os corpos varia com a diferença de
temperatura entre a fonte quente e o corpo que o recebe, é
objetivo de todos elevar ao máximo a temperatura de fonte
quente (da chama, no caso). A velocidade com que se
processa a combustão determina também o volume da
câmara de combustão para queimar uma dada quantidade
de combustível. O máximo fluído de calor entre as fontes
exige elevada velocidade de propagação da chama.

!
| É bom saber |

Fora dos limites de inflamabilidade, a chama iniciada num


ponto, por exemplo, pelo emprego de uma fonte de calor
intensa, propaga-se por curta distância e extingue-se.

Quando a concentração dos vapores do combustível no ar é


muito “pobre”, diz-se que o mesmo está abaixo de seu
limite inferior de inflamabilidade. Mesmo a presença de
suficiente energia térmica e oxigênio não provocará o
processo de combustão.

| Limites inferior |

É a concentração da mistura mais pobre, em


combustível, capaz de sofrer combustão e,
analogamente, limite superior é a concentração da
mistura mais rica.

Por outro lado, se o combustível estiver altamente


concentrado no ar, de modo que desloque muito oxigênio, a
mistura estará muito “rica” e terá ultrapassado o limite de
inflamabilidade.

79
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Assim, todo combustível apresenta uma faixa (range) de


inflamabilidade que se estende do limite inferior ao
superior. Uma combustão controlada requer que a mistura
combustível-ar esteja dentro desta faixa.

A tabela a seguir apresenta os limites de inflamabilidade de


alguns compostos:

LIMITE INFERIOR LIMITE SUPERIOR


COMPOSTO (% volume) (% volume)

Hidrogênio 4,1 74,2

Metano 5,3 14,0

Etano 3,2 12,5

Etileno 3,1 32,0

Propano 2,2 9,5

Propileno 2,4 10,3

n-Butano 1,9 8,5

iso-Butano 1,8 8,4

Pentano 1,5 7,8

Benzeno 1,4 7,1

Tolueno 1,4 6,7

O-Xileno 1,0 6,0

m-Xileno 1,1 7,0

p-Xileno 1,1 7,0

80
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

A determinação dos limites de inflamabilidade dependerá


do sentido da propagação da chama nos ensaios. Em geral,
são feitos em tubos verticais, abertos em baixo e fechados
em cima, considerando a propagação para cima. Isso
aumenta a segurança, pois a faixa de inflamabilidade para
propagação para cima é mais extensa do que para baixo ou
na horizontal.

Assim, para mistura metano-ar, conforme a direção,


teremos faixas de inflamabilidade diferentes:

DIREÇÃO LIMITE INFERIOR LIMITE SUPERIOR


(% volume) (% volume)

Para cima 5,4 14,8

Para baixo 6,0 13,4

Horizontal 5,4 14,3

Assim como sentido de propagação, a temperatura inicial e


a pressão influem nos limites de inflamabilidade. Se a
temperatura inicial for aumentada, esses limites
aumentam. Para pressões atmosféricas vão se
aproximando um do outro, até não haver mais propagação
da chama. O aumento da pressão, em alguns casos,
acarreta o aumento da faixa e em outros, a diminuição.
Para a mistura metano-ar, tem-se o seguinte aspecto das
curvas representativas dos limites de inflamabilidade em
função da pressão:

OR
LIMITES DE INFLAMABILIDADE

I
ER
SUP
% DE COMBUSTÍVEL

ITE
LIM

MISTURA INFLAMÁVEL

LIM
ITE
CH4 IN figura 20
FE
RI
OR
limites de
inflamabilidade.

81
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

A composição também altera os limites, pela presença de


diluentes inertes: os limites são mais amplos para mistura
combustível-oxigênio do que combustível-ar (o diluente é o
nitrogênio).

COMPOSTO LIMITES NO AR
| Exemplificando |

LIMITES NO
...
OXIGÊNIO

Hidrogênio 4,1 - 74,0 4,0 - 94,0

Metano 5,3 - 14,0 5,4 - 59,0

Etileno 3,0 - 29,0 3,1 - 80,0

Para evitar a inflamação de misturas combustíveis em


processos industriais, uma das soluções é manter o teor do
oxigênio, nos sistemas fechados, abaixo de um mínimo.

O fator importante no processo de Combustão


é a relação combustível-comburente.

6.5. Calor de combustão

Embora haja muitos fatores a serem considerados na


seleção de um combustível, uma das principais
considerações deve ser sempre a da energia liberada pelo
mesmo.

A energia total que pode ser liberada numa combustão por


um combustível é denominada calor total ou superior
(gross heat of combustion). Inclui:

- o calor diretamente desenvolvido pela combustão;


- o calor removido no resfriamento dos produtos de combustão
até a temperatura anterior à combustão;
- o calor de condensação de vapor d'água formado.

82
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

U m d o s p r o d u t o s fo r m a d o s n a c o m b u s t ã o d e
hidrocarbonetos é a água e como esta reação ocorre a
temperaturas maiores do que 100 0C e, geralmente, a
pressões próximas do ambiente, a água formada se
encontra no estado gasoso. Ela será condensada quando os
produtos de combustão forem resfriados e, portanto, o
calor de combustão total deve incluir o calor latente de
condensação.

O calor de combustão total de um combustível poderá ser


determinado queimando-se um volume conhecido do
mesmo num calorímetro.

O calor de combustão inferior (Net Heat of Combustion)


inclui o calor diretamente liberado na reação de combustão
e no resfriamento dos produtos formados, sem se
considerar a condensação da água.

Evidentemente, esse calor de combustão será inferior ao


anterior.

De uma forma mais rigorosa, definimos poder calorífico


como a quantidade de calor liberada pela unidade de massa
ou volume de um combustível quando queimado
completamente, em uma dada temperatura, levando-se os
produtos de combustão à temperatura da mistura inicial,
por resfriamento.

| É bom saber |
O poder calorífico superior (gross heating value) é o
obtido quando se considera como estado final da
combustão aquele em que toda a água esteja
condensada e poder calorífico (Net Heating Value),
quando a água estiver sob a forma de vapor.
!
A água existente nos produtos de combustão pode ter sido
formada pela reação do hidrogênio e/ou estar presente no
combustível. A água presente num combustível pode ser
encontrada em três formas distintas:
- Água Acidental: aquela adquirida fortuitamente, como,
por exemplo, por exposição à chuva;

83
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

- Água Higroscópica: aquela aderida ao combustível,


mesmo quando armazenado em local seco;
- Água Própria: aquela combinada no combustível,
impossível de ser eliminada por simples aquecimento.

Na tabela a seguir, apresentamos o poder calorífico de


alguns combustíveis:

PODER CALORÍFICO (Kcal/Kg)


COMPOSTO
SUPERIOR INFERIOR

Hidrogênio 34.462 29.000

Carbono 8.140 8.140

Enxofre 2.165 2.165

Metano 13.250 11.880

CO 2.442 2.442

Álcool 7.100 6.400

Acetileno 12.000 11.600

Gasolina - 11.200

Óleo diesel - 10.700

Óleo combustível - 10.200

Coque 7.000 - 8.000 -

6.6. Fatores da combustão

Uma boa combustão, entre outras coisas, aumenta o


rendimento, diminui o consumo de combustível, diminui o
trabalho de manutenção e limpeza, reduz os riscos de
acidentes e minimiza a emissão de poluentes atmosféricos.

84
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Para se alcançar “combustão completa”, três fatores são de


fundamental importância: a temperatura, tempo, e
turbulência.

De fato, para que se dê uma combustão, a mais completa


possível, o oxigênio precisa entrar em contato íntimo com
as moléculas do combustível a uma dada temperatura e por
espaço de tempo suficiente. Uma reação incompleta poderá
gerar a emissão de aldeídos, ácidos orgânicos,
hidrocarbonetos, carbono fixo e monóxido de carbono.
Analisamos mais detalhadamente os seguintes fatores:

Temperatura
Para cada combustível define-se uma temperatura de
combustão, que deve ser igualada ou excedida para que, em
presença de oxigênio, haja combustão. Desde o momento
em que a taxa de queima começa a aumentar com a
temperatura, temperaturas consideravelmente acima da de
combustão devem ser mantidas na fornalha para que se
consiga combustão completa.

Tempo
É um importante fator, intimamente ligado à temperatura e
dimensões da câmara de combustão. Uma vez que tenha
boa combustão, é função do íntimo contato entre oxigênio e
combustível, é necessário que haja um dado tempo de
permanência do combustível de queima para que se dê o
contacto necessário. Assim, uma câmara de queima deve
ser projetada de modo a satisfazer as condições
mencionadas.

Turbulência
Uma boa combustão não depende apenas da quantidade de
oxigênio fornecida, mas, também, do contato íntimo entre o
combustível e o oxigênio. O combustível e um dado grau de
turbulência da mistura, normalmente, acarretarão uma
melhora no rendimento de queima.

6.7. Princípios do controle da combustão

A combustão nunca apresenta uma eficiência de 100%, mas


as perdas de calor podem ser minimizadas controlando-se
as condições do processo. A principal variável para este
controle é o excesso de ar a ser fornecido.

85
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Perdas por combustão incompletas, perdas pelos gases de


combustão que saem das chaminés, perdas pela presença
de umidade no combustível e no ar e perdas para o ambiente
(radiação) são as principais formas nas quais o calor deixa
de ser aproveitado no processo de combustão.

A combustão incompleta é ocasionada pela presença de


muito combustível em relação à quantidade de ar (mistura
rica). O controle das perdas por combustão incompleta nos
levaria a aumentar o excesso de ar. A única maneira de
determinarmos exatamente a eficiência da queima de um
dado combustível é a de analisar os gases de combustão e
neles determinar a concentração dos diferentes produtos
formados.

Assim, se esta análise revelar uma alta percentagem de


monóxido de carbono (CO), isto significa que o combustível
está sendo desperdiçado por combustão incompleta.
Poderia parecer, à primeira vista, que a providência a ser
tomada seria simplesmente a de se fornecer maiores
quantidades de excesso de ar. Dentro de certos limites esta
solução para minimizar a combustão incompleta é correta.
Porém, se houver muito excesso de ar, grande será a
quantidade de calor perdida através dos gases de
combustão na chaminé.

!
| É bom saber |

Escassez acarreta perdas por combustão incompleta,


enquanto excesso, perdas nos gases de combustão.

Gases de combustão com conteúdo entre 2,5% a 3,5% de


O 2, em volume, usualmente indicam que o combustível está
sendo queimado eficientemente. A percentagem exata de
O 2 não pode ser dada porque depende da fornalha, do
combustível, etc.

Dentro desta faixa podemos afirmar que há suficiente


excesso de ar para minimizar a combustão incompleta, sem
causar excessivas perdas através dos gases eficientes de
chaminé.

86
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Perdas por umidade ocorrem devido ao calor que é


absorvido pela umidade presente no combustível e no ar. É
determinada conhecendo-se o teor de umidade do
combustível e do ar usados no processo.

As perdas para o ambiente não podem ser controladas.


Incluem especialmente as perdas por radiação.

!
| É bom saber |

As duas maiores perdas de calor nos processos de


combustão são as por combustão incompleta e pelos gases
efluentes, ambas controladas pelas quantidades relativas de
combustível e ar.

6.8. Interpretação das análises dos gases


de combustão

Do exame dos resultados apresentados na análise dos gases


de combustão, podemos avaliar se a combustão está se
processando eficientemente, isto é, sem excessivas perdas de
calor, quer através de combustão incompleta, quer através dos
gases efluentes da chaminé.

Os fatores mais comuns que indicam combustão incompleta


são:

- altas percentagens de monóxidos de carbono nos gases de


combustão;
- Gases efluentes da chaminé, produzindo fumaça escura;
- Aumento do consumo do combustível para o aproveitamento
da mesma quantidade de energia.

| É bom saber |
Para minimizar as perdas por combustão incompleta, o
excesso de ar deve ser aumentado. !
87
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Um excesso de ar muito grande também significa


desperdício de combustível através do calor perdido pelos
gases efluentes na chaminé, onde estará presente este
excesso de ar. Os fatores que caracterizam este fato são:
- altas percentagens de oxigênio nos gases de combustão;
- altas temperaturas nas chaminés;
-aumento do consumo do combustível para o
aproveitamento da mesma quantidade de energia.

!
| É bom saber |

Para minimizar as perdas pelos gases efluentes na


chaminé, o excesso de ar deve ser diminuído.

Como podemos constatar, as medidas corretivas para


minimizar esses tipos de perdas são opostas e, portanto,
não há nenhum valor absoluto sobre o excesso de ar a ser
empregado, que possa ser apresentado para termos uma
combustão eficiente. A faixa econômica anteriormente
apresentada nos dá uma percentagem de oxigênio nos
gases de combustão compreendida entre 2,5% e 3,5%.

Conclusão

A quantidade mais correta do excesso de ar a ser empregada é a que


nos dá a mais eficiente operação da fornalha e o mínimo consumo de
combustível para o aproveitamento da quantidade de energia
térmica desejada.

88
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

89
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

90
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 1 | Termodinâmica | Termologia e Termometria |

Anotações

91

Você também pode gostar