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Professor Orientador
Prof. Dr. Jorge Otávio Trierweiler
Co-Orientador: M.Sc. Rodolfo Rodrigues
Junho de 2009
Agradecimentos
Aos meus pais, Carlito e Nelci, pelo apoio e compreensão, mesmo a distância.
Aos colegas e amigos pelo incentivo, pelo auxílio e pelos bons momentos de
descontração.
Aos meus orientadores, Prof. Dr. Jorge Otávio Trierweiler e M.Sc. Rodolfo
Rodrigues pela orientação e auxilio.
1 Introdução .................................................................................................................................................... 1
5 Conclusão ................................................................................................................................................... 29
5.1 Conclusões ......................................................................................................................................... 29
5.2 Sugestões para trabalhos futuros....................................................................................................... 29
Apêndice............................................................................................................................................................... 32
Modelo da fase gás........................................................................................................................................... 32
Modelo da fase sólida ...................................................................................................................................... 33
Modelo principal - gaseificador....................................................................................................................... 34
Aplicação.......................................................................................................................................................... 37
Lista de Figuras
Figura 2.1: Sistemas de gaseificação de leito fixo (Belgiorno et al., 2003). ............................ 5
Figura 3.1: Layout do gaseificador e reator de oxidação (Godinho, 2006). ........................... 10
Figura 4.1: Diagrama esquemático da implementação do modelo no EMSO........................ 17
Figura 4.2: Perfil de temperatura do sólido e do gás ao longo do gaseificador...................... 22
Figura 4.3: Perfil da taxa de reação ao longo do gaseificador: (a) - R1, (b) – R2 e R3, (c) –
R4. ............................................................................................................................................ 23
Figura 4.4: Perfil de composição do sólido ao longo do gaseificador .................................... 24
Figura 4.5: Perfil da vazão e velocidade do gás, e vazão do sólido ao longo do gaseificador.
.................................................................................................................................................. 24
Figura 4.6: Perfil de composição dos gases ao longo do gaseificador.................................... 25
Figura 4.7: Composição dos gases de saída em função da razão de equivalência Φ. ............ 26
Figura 4.8: Perfil de temperatura dos gases ao longo reator de fundo para diferentes valores
de Φ. ......................................................................................................................................... 27
Figura 4.9: Perfil de temperatura do sólido ao longo reator de fundo para diferentes valores
de Φ. ......................................................................................................................................... 27
Figura 4.10: Fração mássica de C em função do tempo no reator de fundo........................... 28
ii
Lista de Tabelas
iii
Lista de Símbolos
B Biomassa seca -
-1
c1 Fator pré-exponencial da reação 1 s
c2, c3 Fator pré-exponencial das reações 2 e 3 m³/s/kg
c4 Fator pré-exponencial da reação 4 m1,5/kg0,5/s
Ci Concentração da espécie i kg/m³
p ,i
C Capacidade calorífica média da espécie i kJ/kg/K
Hi Entalpia do componente i kJ/kg
KR1 Taxa específica da reação 1 s-1
KR2, KR2 Taxa específica da reação 2 e 3 m³/s/kg
KR4 Taxa específica da reação 4 m /kg0,5/s
1,5
iv
Letras Gregas
ε Porosidade do leito m³/m³
νi,j Matriz estequiométrica dos coeficientes -
ρ Mássica específica da espécie i kg/m³
Φ Razão de equivalência kmol/kmol
∆i Variação finita da propriedade i -
αSG Calor trocado entre o sólido e gás W/m³/K
Subescritos
g Gás
i Índice de componentes
j Índice de reações
k Índice de elementos
s Sólido
W Parede
in Condição de entrada
out Condição de saída
v
Lista de Abreviaturas e Siglas
vi
Resumo
1 Introdução
O desenvolvimento de tecnologias sustentáveis é uma necessidade, a fim de se manter a terra
habitável para as próximas gerações. Diante das preocupações com as mudanças climáticas, o
uso de biomassa como fonte de energia renovável vem ganhando terreno no mundo e no
Brasil. A biomassa é uma fonte orgânica de energia renovável, que diferentemente de
combustíveis fósseis, foi formada recentemente, através do acúmulo de energia solar pelas
plantas.
A gaseificação se mostra como uma das alternativas mais interessantes para geração
de energia através de biomassa. Na gaseificação produz-se um combustível gasoso de alto
poder calórico através da conversão termoquímica de combustíveis carbonosos sólidos. A
produção de combustível gasoso possui muitas vantagens diante da queima direta de
combustíveis sólidos. Gás pode ser facilmente distribuído e queimado com pequeno excesso
de ar. A combustão do gás pode ser controlada a fim de se obter elevada eficiência e baixa
emissão de poluentes.
Outra grande aplicação da gaseificação é em etapas primarias de plantas geradoras de
energia. A principal delas é o sistema IGCC (Integrated Gasification Combined Cycle). O
processo inicia com a gaseificação do combustível (carvão, biomassa e outros), obtendo como
produto o gás combustível. Este gás, após sua limpeza, alimenta o ciclo a gás (turbinas a gás)
gerando energia elétrica. O gás de combustão da turbina, quente, em uma caldeira de
recuperação, produz vapor que alimenta uma turbina a vapor gerando mais energia elétrica.
Este sistema é o que apresenta as melhores eficiências na geração termoelétrica.
Como toda matéria orgânica pode ser utilizada como biomassa, a gaseificação pode
ser uma alternativa em relação à disposição de resíduos orgânicos. Assim, resíduos que
atualmente são dispostos em aterros sanitários, podem ser tratados termicamente produzindo
energia de forma renovável.
Diante disso, a obtenção de modelos para sistemas de gaseificação de biomassa torna-
se muito útil para o projeto de novos gaseificadores, otimização de sistemas existentes e para
o estudo de estratégias de controle, tanto do ponto de vista de segurança operacional como
também em termos de controle de emissões.
Este trabalho propõe a elaboração de um modelo fenomenológico de um gaseificador
de biomassa de leito fixo. A aplicação será baseada na planta piloto para tratamento térmico
de resíduos sólidos, localizada junto a central de resíduos da empresa Preservar Tratamento e
2
____________________________________________________________________________
Reciclagem de Resíduos Ltda. O projeto e a construção foi uma parceria entre o Laboratório
de Processamento de Resíduos (LPR/UFGRS), órgãos de fomento (FAPERGS, CNPq) e
empresas privadas (FUNDACOURO, PRESERVAR, LUFTECH).
3
____________________________________________________________________________
2 Revisão bibliográfica
2.1 História
A tecnologia de gaseificação de carvão e madeira tem sido estudada e utilizada desde 1800. O
desenvolvimento se deu rapidamente, e por 1850, grande parte de Londres já era iluminada
através da gaseificação de carvão. Com a posterior construção de gasodutos e o baixo preço
do gás natural, este tomou o lugar do gás de síntese.
Entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial, diversos gaseificadores foram
construídos em torno das reservas de carvão vegetal. Estas pequenas unidades eram usadas
para operar veículos, barcos, trens e pequenos geradores elétricos. Durante a Segunda Guerra
Mundial o bloqueio Alemão parou o transporte de óleo pela Europa, e como resultado disso,
mais de um milhão de unidades de gaseificadores foram desenvolvidos para operar veículos.
Pouco tempo depois a gasolina esteve disponível a preço baixo e passou a ser utilizada pela
sua maior comodidade (As, 2003).
Nas últimas décadas houve um renovado interesse em energias alternativas, incluindo
a produção de gás a partir de biomassa e carvão. Primeiramente porque a economia mundial
depende basicamente de energia de origem fóssil. As reservas de energia fóssil são finitas e
por isso tem-se a necessidade procurar por novas fontes de energia. Outro motivo são os
problemas ambientais gerados devido ao uso de combustível fóssil. A combustão desses
combustíveis produz CO2 e NOX, que causam chuva ácida, poluição do ar e mudanças
climáticas. A combustão e gaseificação de biomassa emitem o CO2 neutro, ou seja, a
produção de CO2 é igual ao consumo pelas plantas e árvores que geram a biomassa. Dessa
forma, em termos líquidos, não é produzido CO2 quando biomassa é oxidada.
A zona de combustão fornece o calor necessário para a secagem. A energia consumida para
vaporização da água resulta na redução da eficiência total do processo.
2.2.4 Pirólise
A pirólise é o processo de desvolatização da biomassa através do calor em ausência de
oxigênio. Segundo As (2003), a pirólise se inicia em torno de 225° - 325°C, e para volatilizar
todo material é necessário atingir temperaturas superiores a 500°C. Os produtos da pirólise
incluem gases leves como CO, CO2, CH4, H2 e hidrocarbonetos C2. Outra fração é o líquido
pirolítico, e o carbono residual, ou seja, a fração restante da biomassa (Rodrigues, 2008).
3 Modelagem do processo
Para atender aos objetivos deste trabalho, têm-se a necessidade de obter um modelo que
descreva satisfatoriamente o processo, e que responda de forma confiável as variáveis
manipuladas. Deste ponto de vista, a utilização de um modelo cinético que aborde o processo
de maneira extremamente detalhada, com a predição da formação de compostos
intermediários e considerando os fenômenos difusivos de troca de calor e massa, não é a
opção mais adequada, já que o propósito é o controle da operação com base nos produtos
finais do processo. Adicionalmente, estes modelos são, geralmente, de difícil operação e
necessitam de grande quantidade de dados experimentais.
Já a modelagem proposta por Paes (2005), por ser um modelo para operação em
batelada e não considerar os gases formados pela pirólise na composição do gás produzido,
também não se torna aplicável para os objetivos deste trabalho.
Desta forma, modelo apresentado será baseado na modelagem dinâmica proposta por
Rodrigues (2008), porém será considerado um número menor de reações e componentes
envolvidos. Assim, unindo as características das duas abordagens citadas acima, construiu-se
um modelo adequando pra simular o processo desejado. Na próxima seção é descrito com
detalhes o equacionamento do modelo proposto.
9) Perfil de pressão constante e linear, de modo que a pressão do gás não varia com o tempo
D∪ DT
10) ρ = ρ Cˆ p . (Bird et al., 1960). Esta consideração permite equacionar o balanço de
Dt Dt
3.2.2 Equacionamento
O modelo é baseado nas equações de conservação de massa e energia, para a fase sólida e
gasosa, que estão descritas as seguir.
Balanço de massa global para fase sólida:
12
____________________________________________________________________________
∂ρ s ∂ ( ρ s ⋅U S ) N N
=− + ∑ i =CS1 ∑ j =R1υi. j ⋅ R j onde i = B, C (3.1)
∂t ∂z
Onde a densidade da mistura sólida é dada por:
NCS
ρ s = ∑ Ci (3.2)
i =1
Como a densidade dos sólidos puros é considerada constante, para calcular a concentração,
necessita-se da fração volumétrica de cada componente sólido (Yi), que é dado por:
Ci = ρi ⋅ Yi onde i = B, C (3.3)
∂Ci ∂ ( Ci ⋅ U S ) N
=− + ∑ j =R1υi. j ⋅ R j onde i = B, C (3.4)
∂t ∂z
Balanço de massa global para fase gás:
∂ρ g ∂ ( ρ g ⋅U g ) N N
ε⋅ =− + ∑ i =CG
1 ∑ j =1 i . j
R
υ ⋅ Rj onde i = O , CO CO (3.5)
∂t ∂z 2 2,
PM Wg = ρ g RTg (3.6)
∂Ci ∂ ( Ci ⋅ U g ) N
ε⋅ =− + ∑ j =R1υi. j ⋅ R j onde i = O , CO , CO (3.7)
∂t ∂z 2 2
∑y i =1 (3.8)
( Pin − Pout )
P ( z ) = Pin − ⋅z (3.9)
L
A equação (3.9) resulta um perfil linear, onde Pin é a pressão de entrada do ventilador e Pout a
pressão na saída do gaseificador.
Balanço de energia para fase sólida
13
____________________________________________________________________________
∂( ρs H S ) ∂ (U S ρ s H S ) 3
=− + ∑ R j ∆H j − QSG + QSW (3.10)
∂t ∂z j =1
∂(ρ g H g ) ∂ (U g ρ g H g ) 4
ε⋅ =− + ∑ R j ∆H j + QSG (3.11)
∂t ∂z j=4
(T − T )
Hi = C 0
Onde: P
(3.12) (3.13)
H = ∑ yi H i
O calor trocado entre a fase sólida e gasosa (QSG), e o calor trocado entre o sólido e a parede
(QSW) são dados por:
A troca de calor da fase sólida com o gás e a parede do reator ocorre principalmente por
radiação, dadas as altas temperaturas no gaseificador. Devido a natureza altamente não linear
da radiação, e a dificuldade de modelar este processo, procurou-se através das equações (3.14)
e (3.15) aproximar o processo por uma representação linear.
3.2.3 Cinética
Ao todo são consideradas quatro reações, três heterogêneas e uma reação na fase gasosa.
Reações heterogêneas:
(1) Pirólise
K R1
B → 0.74C + 0.26CO + 0.4CO2 (3.16)
E1
R1 = K R1 ⋅ CB K R1 = c1 exp(
RTS
) 100 s-1* 85,1** 13,54* (3.20)
E2
R2 = K R 2 ⋅ CC ⋅ CO2 K R 2 = c2 exp(
RTS
) 20 m³/s/kg* 74,8** -393,8** (3.21)
E3
R3 = K R 3 ⋅ CC ⋅ CCO K R 3 = c3 exp(
RTS
) 300 m³/s/kg* 113* 172,6** (3.22)
R4 = K R 4 ⋅ CCO ⋅ (CO2 )¹/² K R 4 = c4 exp( E4 RT ) 1,8. 106 (m1,5/kg0,5/s)* 99,76** -283** (3.23)
g
4 Simulação do processo
4.1 Implementação do modelo
Para a simulação do processo utilizou-se o simulador baseado em equações EMSO
(Enviroument for Modeling Simulation and Optimization, Soares e Secchi, 2003). O modelo
foi constituído de forma que cada entidade constitui um sub-modelo. Desta forma, existe um
modelo para a corrente gasosa e outro para corrente sólida. O modelo principal, que
corresponde ao gaseificador, inclui os balanços de massa e energia, além das equações
cinéticas. A Figura 4.1, mostra um diagrama esquemático da implementação do modelo no
EMSO.
d ρ s ,k ρ s ,k −1U s ,k −1 − ρ s ,kU s ,k N N
= + ∑ i =CS1 ∑ j =R1υi. j ⋅ R j ,k onde i = B, C (4.1)
dt zk − zk −1
d ρ g ,k ρ g , k −1U g , k −1 − ρ g ,kU g , k N N
ε⋅ = + ∑ i =CG
1 ∑ j =1 i . j
R
υ ⋅ R j ,k
dt zk − zk −1
(4.3)
onde i = O , CO CO
2 2,
( Pin − Pout )
Pk = Pin − ⋅ zk (4.5)
z( N +1)
d ( ρ s ,k H S ,k ) ρ s , k −1U s ,k −1 H s ,k −1 − ρ s ,kU s ,k H s ,k 3
= + ∑ R j ,k ∆H j − QSG ,k + QSW ,k (4.6)
dt zk − zk −1 j =1
d ( ρ g ,k H g ,k ) ρ g ,k −1U g ,k −1 H g ,k −1 − ρ g ,kU g ,k H g ,k 4
ε⋅ = + ∑ R j ,k ∆H j + QSG ,k (4.7)
dt z k − z k −1 j =4
20
____________________________________________________________________________
4.3 Simulação em estado estacionário
Primeiramente o modelo foi simulado em estado estacionário a fim de se obter uma
representação qualitativa adequada do comportamento encontrado na planta piloto através da
manipulação dos parâmetros cinéticos. A Tabela 4.1 resume os dados de entrada referente às
características do Reator de Topo e de Fundo.
Tabela 4.1: Dados do gaseificador.
Variável Reator de Topo Reator de Topo
2
Área (m ) 0,63 0,63
Pontos de Discretização 50 30
Altura (m) 0,5 0,8
Pressão Entrada (atm) 2,0 1,5
Pressão Saída (atm) 1,5 1,0
Temperatura da parede (K) 1073 1073
A simulação foi efetuada para uma razão de equivalência Φ =0.45. Este valor foi
determinado no trabalho de Rodrigues (2008) com base na razão de equivalência para máxima
eficiência de gás frio (85,5%), que é a razão entre a energia que deixa o sistema e a energia
admitida. Este valor se aproxima com o valor real de operação da planta piloto, Φ = 0.40
(Godinho, 2006). A Tabela 4.3 apresenta as vazões de biomassa e de ar adotadas na
simulação, assim como a temperatura e composição.
1400
1300
1200
1100
Temperatura (K)
1000
900
800
700 entrada de ar
Gás
600 Sólido
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3
z (m)
(a)
0.2 pirólise - R1
0.1
0
Taxa de reação (kg/m³/s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3
z (metros)
(b)
oxidação C - R2
0.01
redução C - R3
0.005
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3
z (metros)
(c)
0.1
oxidação CO - R4
0.05
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3
z (metros)
Figura 4.3: Perfil da taxa de reação ao longo do gaseificador: (a) - R1, (b) – R2 e R3, (c) – R4.
0.6
Fração mássica (kg/kg)
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
z (metros)
0.4
160
Vazão de gás Velocidade do gás
0.35
140 Vazão de sólido
0.3
120 Velocidade (m/s)
0.25
100
vazão (kg/h)
0.2
80
60 0.15
40 0.1
20 0.05
0 0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
z (metros)
Figura 4.5: Perfil da vazão e velocidade do gás, e vazão do sólido ao longo do gaseificador.
É interessante a comparação dos resultados da Figura 4.4 com a Figura 4.5, que mostra
as vazões de gás e sólido ao longo do comprimento do gaseificador. Com o avanço das
reações, a biomassa desvolatiza e passa para os produtos da corrente de gás. Sendo que na
saída do gaseificador temos como único produto a corrente gasosa. A descontinuidade em z =
0,5 metros é devida a entrada de ar.
25
____________________________________________________________________________
Ainda na Figura 4.5 vemos que a velocidade do gás possui um pico máximo em torno
de 0,65 metros, logo após a entrada de ar. Isto ocorre, pois este é o ponto de maior
temperatura do gás, portanto, expande-se pela diminuição da densidade.
O resultado apresentado na Figura 4.4 foi utilizado para o ajuste da taxa específica de
pirólise. Tomou-se como base o conhecimento de que a pirólise ocorre totalmente na região
inicial do gaseificador, antes da entrada de ar.
O2
0.7 CO2
CO
0.6
Fração molar (mol/mol)
0.5
reator de fundo
reator de topo
0.4
0.3
entrada de ar
0.2
0.1
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3
z (metros)
O2
CO
0.3 CO2
0.25
Fração molar (mol/mol)
0.2
0.15
0.1
0.05
0
0.3 0.5 0.7 0.9 1.1 1.3 1.5
Razão de equivalencia
A Figura 4.8 e a Figura 4.9 mostram o perfil de temperatura dos gases e do sólido ao
longo do reator de fundo para variações de Φ de 0,3 a 1,5. Para valores de Φ baixos, temos os
27
____________________________________________________________________________
maiores picos de temperatura dos gases, pois a vazão de ar frio é menor, diluindo menos os
gases quentes de saída do reator de topo. Ao mesmo tempo observa-se o efeito do
resfriamento do sólido logo após a entrada do ar fio. O gás e o sólido trocam calor de modo
que na saída do gaseificador estão praticamente em equilibro térmico.
Figura 4.8: Perfil de temperatura dos gases ao longo reator de fundo para diferentes valores de Φ.
Figura 4.9: Perfil de temperatura do sólido ao longo reator de fundo para diferentes valores de Φ.
28
____________________________________________________________________________
Para teste da dinâmica do processo realizou uma simulação com o modelo do reator de
fundo variando-se a alimentação de ar com o tempo em forma de degraus. A Tabela 4.4
mostra as vazões de ar e o tempo de cada degrau.
A Figura 4.10 mostra a fração mássica de carbono no reator de fundo para três
diferentes pontos. Observa-se que a fração de carbono rapidamente diminui no momento em
que é dado o degrau na vazão de ar. Esta resposta é mais rápida para pontos mais próximos a
entrada do gaseificador (z =0,54m) e mais lenta e suave para pontos mais distantes da entrada
(z=0,74m). Deste modo variações discretas na entrada se manifestam quase que
continuamente na saída do gaseificador.
0.18 z = 0,54 m
0.16 z = 0,64 m
Fração mássica de C
z = 0,74 m
0.14
0.12
0.1
0.08
0.06
0.04
0.02
400
300
200
100
0 200 400 600 800 1000 1200
tempo (mim)
5 Conclusão
5.1 Conclusões
A gaseificação é um sistema complexo de ser modelado, pois envolve reações químicas
complexas, tanto homogêneas como heterogêneas. Daí a dificuldade do desenvolvimento de
modelos cinéticos com alto grau de detalhamento. O modelo apresentado aqui aproxima o
sistema em um número reduzido de reações e componentes.
Apesar do modelo não ter sido validado com dados experimentais, pela falta dos
mesmos, os resultados apresentados são compatíveis com dados da literatura. Através da
análise das taxas de reação, composição e temperatura das correntes gasosas e do sólido, foi
possível diferenciar as regiões teóricas de pirólise, redução e oxidação.
A variação na vazão de alimentação de ar, dentro da faixa analisada, mostrou-se ser
uma importante variável de controle do processo. A temperatura é fortemente influenciada
pela quantidade de ar admitida, e esta por sua vez afeta diretamente a taxas reacionais.
A representação do sistema por um modelo unidimensional e, principalmente, a
consideração de temperatura da parede constante, são as principais limitações deste modelo.
Como forma de contornar a primeira, propôs-se que 10% da corrente de alimentação de ar é
alimentada na entrada do reator de topo. Já a segunda, limita a faixa de validade do modelo,
pois inviabiliza a análise para vazões de ar muito baixas.
• Incluir na modelagem o reator de oxidação dos gases, pós gaseificador, desta forma
Referências bibliográficas
AS, A.J.H. van, Design of an updraught gasification installation, TU/e Eindhoven, 2003,
BIRD, R.B., Steward, W.E., Lingtfoot, E.N. Transport Phenomena 1°ed. EUA. Ed. Wiley &
Sons, 1960. p 71-92.
HOEVEN, T.A. van der, Basics of biomass gasification, TU/e Eindhoven, 2004,
PAES, T. Modeling for control of a biomass gasifier, TU/e Eindhoven, 2005, 40p.
REED, T.B., Das, A. Handbook of biomass downdraft gasifier engine systems, Golden,
Colorado, 1988.
SOARES, R.; SECCHI, A. EMSO: A new environment for modelling, simulation and
optimization. In: 13th European Symposium on Computer Aided Process Engineering.
Lappeenranta, Finland: Elsevier Science Publishers, 2003.
PERRY, R.H., GREEN, D. W., MALONEY, J. O.; Perry's Chemical Engineers' Handbook, 7ª
Ed., McGraw Hill, 1999.
FAO - Food And Agriculture Organizations of United Nations, Wood gas as engine fuel.
1986. Disponível em: http://www.fao.org/docrep/T0512E/T0512e0b.htm
32
____________________________________________________________________________
Apêndice
Os códigos do modelo na linguagem de modelagem do EMSO são apresentados nesta seção.
O Código é dividido nos modelos da corrente sólida, da corrente gasosa, e o modelo principal
do gaseificador.
#*---------------------------------------------------------------------
* Model of stream gas-phase
*--------------------------------------------------------------------*#
Model streamG
PARAMETERS
NCG as Integer (Brief="Number of gas-phase components",
Default=4);
Mw(NCG) as molweight (Brief="Molecular weight");
cp(NCG) as cp_mass (Brief="Average specific heat");#Unit='kJ/kg/K
To as temperature (Brief="Reference temperature", Default=298);
Rg as Real (Brief="Universal gas constant", Default=8.314,
Unit='kJ/kmol/K');
A as area (Brief="Area do gaseificador", Default=1);
VARIABLES
F as flow_mass (Brief="Mass flow rate",Lower=-1000,
Upper=1e20);#Unit = 'kg/h'
F_mol as flow_mol (Brief="Molar flow rate",Lower=-1000,
Upper=1e20);#Unit = 'kmol/h'
F_vol as flow_vol (Brief="Volumetric flow rate",Lower=-1000,
Upper=1e20);#'m^3/h'
F_Nm3h as flow_vol (Brief="Normal flow rate",Lower=-1000,
Upper=1e20);
"Molar fraction"
Y*Mwm = Y_mol*Mw;
"Yield"
sum(Y_mol) =1;
"Ideal gas law"
P*Mwm = rhom*Rg*T;
"Specific species enthalpy"
H = cp*(T - To);
"Stream enthalpy"
Hm = sum(Y*H);
End
PARAMETERS
NCS as Integer (Brief="Number of solid-phase components",
Default=2);
cp(NCS) as cp_mass (Brief="Average specific heat");
To as temperature (Brief="Reference temperature", Default=298);
A as area (Brief="Area do gaseificador", Default=1);
VARIABLES
F as flow_mass (Brief="Mass flow rate",Lower=-1000,
Upper=1e20);
U as velocity (Brief="Velocity", Default=0.05);
rho(NCS) as dens_mass (Brief = "Component Mass Density", Lower=-1e-20,
Upper=5e8);
rhom as dens_mass (Brief="Total density", Lower=1e-10, Default=1);
C(NCS) as conc_mass (Brief = "Mass concentration", Default=1000,
Lower=-1e-200, Upper=5e8);
Y(NCS) as fraction (Brief="Mass fraction", Unit='kg/kg', Lower=-
1,Upper=1.1);
TC as temperature (Brief="Temperature", Lower=-5000, Default=298,
Upper=20000);
T as temperature (Brief="Temperature", Lower=-2500, Default=298,
Upper=50000);
H(NCS) as enth_mass (Brief="Specific species enthalpy",
Default=0,Lower=-1e5);
Hm as enth_mass (Brief="Specific enthalpy", Default=0,Lower=-
1e5);
34
____________________________________________________________________________
SET
A = 0.63*'m^2';
NCS = 2;
cp = [1.38, 0.65]*'kJ/kg/K';
EQUATIONS
"Celcius Temperature"
TC = T-273*'K';
"Solid velocity"
U*A*rhom = F;
"Total solid density"
rhom = sum(C);
"Mass concentration"
C(1:2) = rho*Y(1:2);
C(3) = 0.01*'kg/m^3';
"Yield"
sum(Y)=1;
Model gasifier
ATTRIBUTES
Pallete = false;
Icon = "icon/image";
PARAMETERS
N as Integer (Brief="Number of discrete points", Default=4,
Lower=2);
NComp as Integer (Brief="Total number of components");
NReac as Integer (Brief="Total number of reactions");
Tparede as temperature (Brief="Reference temperature", Default=298);
#cinétic parameters
C1 as Real (Brief="Reaction constant", Default=1,
Unit='1/s',Lower=-1e16, Upper=1e19);
C2 as Real (Brief="Reaction constant", Default=1,
Unit='m^3/s/kg',Lower=-1e16, Upper=1e19);
C3 as Real (Brief="Reaction constant", Default=1,
Unit='m^3/s/kg',Lower=-1e16, Upper=1e19);
C4 as Real (Brief="Reaction constant", Default=1,
Unit='m^3/s/kg',Lower=-1e16, Upper=1e19);
Ce(4) as Real (Brief="Reaction exponencial constant",
Default=1, Unit='K',Lower=-1e16, Upper=1e12);
alfa as Real (Brief="heat convection coefficient between
solids and gasses",Default=1,Unit='kJ/(m^3*s*K)',Lower=-1e6, Upper=1e5);
35
____________________________________________________________________________
SET
Tparede = 1073*'K';
Alfa = 3*'kJ/(m^3*s*K)';
alfa2 = 10*'kJ/(m^3*s*K)';
eps = 0.5;
NComp = 5; # Total number of components
(NCG + NCS) - N2
NReac = 4; # Total number of reactions (NRG + NRS)
dH = [400, -32.8e3, 14.4e3, -10.1e3]*'kJ/kg';
#cinétic parameters
C1 = 100*'1/s';
C2 = 2e1*'m^3/s/kg';
C3 = 30e1*'m^3/s/kg';
C4 = 1.8e6*'m^3/s/kg';
Ce = [1.2e4,9e3,1.36e4,1.2e4]*'K';
# stoic(i,j) = stoic[(B,C,O2,CO,CO); (R1,R2,R3,R4)] Molar basis
# R1 R2 R3 R4
# stoic(1,:) = [-1.00, 0.00, 0.00, 0.00]; # B
# stoic(2,:) = [ 0.74, -1.00, -1.00, 0.00]; # C
# stoic(3,:) = [ 0.00, -1.00, 0.00, -0.50]; # O2
# stoic(4,:) = [ 0.40, 1.00, -1.00, 1.00]; # CO2
# stoic(5,:) = [ 0.26, 0.00, 2.00, -1.00]; # CO
stoic(1,:) = [-1.0000, 0.0000, 0.0000, 0.0000]; # B Mass basis
stoic(2,:) = [ 0.2630, -1.0000, -1.0000, 0.0000]; # C
stoic(3,:) = [ 0.0000, -2.6667, 0.0000, -0.5714]; # O2
stoic(4,:) = [ 0.5213, 3.6667, -3.6667, 1.5714]; # CO2
stoic(5,:) = [ 0.2156, 0.0000, 4.6667, -1.0000]; # CO
EQUATIONS
#*---------------------------------------------------------------------
* Inlet discreted variables (TOP)
*--------------------------------------------------------------------*#
# Gas phase
"Inlet gas flow rate"
InletG.F = Gas(1).F;
"Inlet gas molar concentratios"
InletG.Y_mol(1:3) = Gas(1).Y_mol(1:3);
36
____________________________________________________________________________
"Inlet gas temperature"
InletG.T = Gas(1).T;
"Inlet gas pressure"
InletG.P = Gas(1).P;
# Solid phase
"Inlet solid flow rate"
InletS.F = Solid(1).F;
"Inlet solid temperature"
InletS.T = Solid(1).T;
"Discrete length"
z(k) = z(k-1) + dz;
#*SOLID FASE*
"(1)-Global solid balance"
diff(Solid(k).rhom)
+ (Solid(k).rhom*Solid(k).U - Solid(k-1).rhom*Solid(k-1).U)/(z(k) - z(k-1))
= (sumt((stoic(1,:))*R(:,k)) + sumt((stoic(2,:))*R(:,k))) ;
"(2)-Biomass" #B #
diff(Solid(k).C(1))
+ (Solid(k).C(1)*Solid(k).U - Solid(k-1).C(1)*Solid(k-1).U)/(z(k) - z(k-1))
=sumt((stoic(1,:))*R(:,k));
"(3)-carbon" #C #
diff(Solid(k).C(2))
+ (Solid(k).C(2)*Solid(k).U - Solid(k-1).C(2)*Solid(k-1).U)/(z(k) - z(k-1))
=sumt((stoic(2,:))*R(:,k));
# "(3)-Carbon" #C c-1 components
# *GAS FASE*
37
____________________________________________________________________________
"Global gas balance - equaçao da continuidade"
eps*diff(Gas(k).rhom)
+ (Gas(k).rhom*Gas(k).U - Gas(k-1).rhom*Gas(k-1).U)/(z(k) - z(k-1))
=sumt((stoic(3,:))*R(:,k)) + sumt((stoic(4,:))*R(:,k)) + sumt((stoic(5,:))*R(:,k));
"(1)-Oxigen" #O2
eps*diff(Gas(k).C(1))
+ (Gas(k).C(1)*Gas(k).U - Gas(k-1).C(1)*Gas(k-1).U)/(z(k) - z(k-1))
= sumt((stoic(3,:))*R(:,k));
"(2)-Carbon dioxide" #co2
eps*diff(Gas(k).C(2))
+ (Gas(k).C(2)*Gas(k).U - Gas(k-1).C(2)*Gas(k-1).U)/(z(k) - z(k-1))
= sumt((stoic(4,:))*R(:,k));
"(3)-Carbon monoxide" #CO
eps*diff(Gas(k).C(3))
+ (Gas(k).C(3)*Gas(k).U - Gas(k-1).C(3)*Gas(k-1).U)/(z(k) - z(k-1))
= sumt((stoic(5,:))*R(:,k));
"(6)-Pressure drop"
Gas(k).P = Pin - ((Pin-Pout)/(z(N+1)))*z(k);
#*---------------------------------------------------------------------
* energy balance
*--------------------------------------------------------------------*#
"Solid energy balance"
diff(Solid(k).rhom*Solid(k).Hm)
+ (Solid(k).rhom*Solid(k).U*Solid(k).Hm - Solid(k-1).rhom*Solid(k-
1).U*Solid(k-1).Hm)/(z(k) - z(k-1)) =R(1,k)*(-dH(1)) + R(2,k)*(-dH(2)) + R(3,k)*(-
dH(3)) + Qr(k) -Qsg(k);
"Gas energy balance"
eps*diff(Gas(k).rhom*Gas(k).Hm)
+ (Gas(k).rhom*Gas(k).U*Gas(k).Hm - Gas(k-1).rhom*Gas(k-1).U*Gas(k-
1).Hm)/(z(k) - z(k-1)) =R(4,k)*(-dH(4)) + Qsg(k);
Aplicação
A seguir é apresentado o código aplicado para os dados de entrada numa simulação para o
reator de topo.
FlowSheet TOP as gasifier
SET
A = 0.63*'m^2';
N = 50;
Pin = 2*'atm';
Pout = 1.5*'atm';
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SPECIFY
dz = 0.5/N *'m';
z(1) = 0*'m';
R(:,1) = 0*'kg/m^3/s';
Kr1(1) = 0*'1/s';
Kr2(1) = 0*'m^3/s/kg';
Kr3(1) = 0*'m^3/s/kg';
Kr4(1) = 0*'m^3/s/kg';
Qr(1) = 0*'kJ/(m^3*s)';
Qsg(1) = 0*'kJ/(m^3*s)';
InletG.T = 300*'K';
InletG.Y_mol(1:3) = [0.209,0,0];
InletG.P = Pin;
InletG.F = (0.1*235.4)*0.45*'kg/h'; #fi =0,45
InletS.F = 60*'kg/h';
InletS.rho = [400,200]*'kg/m^3'; #rho(1)-rodolfo rho(2) FAO
Solid.rho = InletS.rho;
InletS.Y(1:2) = [1,0];
InletS.T = 300*'K';
INITIAL
OPTIONS
Dynamic = true;
# Dynamic = false;
InitialFile = "Top_initial.rlt";
# GuessFile = "Top_guess.rlt";
TimeEnd = 20;
TimeStep = 1/60;
TimeUnit = 'min';
end