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Habitualmente, este pp. é dado no contexto da legalidade. Contudo, o pp.

da legalidade
criminal é diferente do pp. da aplicação da lei penal mais favorável.
Quando o legislador altera para menos uma moldura penal, isso significa que entendeu
que para proteger aquele bem jurídico não necessitamos de uma pena tão grave. Portanto,
o pp. da aplicação da lei penal mais favorável é autónomo, apesar de estar no art. 29º/4
CRP, que tem a ver com a ideia da desnecessidade da intervenção penal.
f) Princípio da intransmissibilidade da responsabilidade penal
A responsabilidade penal não é transmissível de qualquer modo ou forma – art. 30º/3
CRP.
Se eu for hoje condenada numa pena de multa e morrer amanhã sem a pagar, os meus herdeiros não têm
de pagar a pena de multa; a morte extingue a responsabilidade penal. Também não podemos, ao contrário
daquilo que se passa com a responsabilidade civil, fazer contratos com seguradoras, por exemplo.
Um outro exemplo relevante relata-se às crises financeiras: neste contexto as empresas, muitas vezes, não
entregam as retenções na fonte às finanças, preferindo pagar salários do que entregar as retenções de IRS dos
salários ou contribuições para a segurança social. Incorrendo, então, no crime de abuso de confiança fiscal, a
pessoa coletiva era condenada por esse crime, por não ter entregue as quantias retidas; essa empresa, por pagar
os salários aos trabalhadores, era condenada a multa; só que, depois, não tinha dinheiro para a pagar. A nossa
lei, nalguns pontos, prevê aquilo que se chama responsabilidade solidaria/subsidiaria, permitindo aos
administradores ou gerentes pagarem em lugar da pessoa coletiva. Põe-se, agora, a questão: será que o pp. da
intransmissibilidade da responsabilidade penal vale também para as pessoas coletivas?
g) Princípio da não automaticidade dos efeitos das penas
De acordo com este princípio (art. 30º/4), nenhuma pena deve automaticamente gerar
efeitos de natureza política, civil ou profissional.
Há muitos anos, quem fosse condenado em pena de prisão ficava automaticamente
inabilitado de exercer o direito de voto – algo que nos conduz ao último principio.
h) Princípio da manutenção da titularidade dos direitos fundamentais
De acordo com o art. 30º/5, as pessoas que são condenadas em pena ou medidas de
segurança privativas de liberdade mantêm a titularidade dos direitos fundamentais, salvas
as limitações impostas pela sanção. Isto significa que, durante a execução de uma pena ou
medida de segurança privativa da liberdade, só são restringidos os direitos fundamentais
com o sentido da execução.
Quando o Tribunal Constitucional Alemão teve de decidir se um condenado poderia ter na sua cela de
prisão um canário de estimação, entendeu que sim: este não era um direito que contrastasse com a pena em
causa.
2. Características gerais do sistema sancionatório português
A primeira característica a assinalar debruça-se sobre a recusa da pena de morte pelo
sistema sancionatório português desde 1867.

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