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O olhar do jornalismo sobre a


Economia Verde:
estudo a partir da cobertura da Rio+20
pelos portais G1, UOL e Terra1

Ilza Girardi
Doutora em Ciências da Comunicação pela USP
Professora do Programa de Pós-graduação da UFRGS
E-mail: ilza.girardi@ufrgs.br

Cláudia Herte de Moraes


Mestre em Ciências da Comunicação pela Unisinos
Professora do Departamento de Ciências da
Comunicação da UFSM
E-mail: chmoraes@gmail.com

Eloisa Beling Loose


Mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS
E-mail: eloisa.loose@gmail.com

Resumo: Apresenta a forma como o termo economia verde foi Gisele Neuls
utilizado na cobertura da Rio+20 nos portais de notícias G1, UOL
e Terra. A analise foi realizada a partir do referencial teórico do
jornalismo ambiental e das correntes da economia que incorpo- Mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS
ram o meio ambiente. Aponta a confusão conceitual em relação E-mail: gisele.neuls@gmail.com
ao termo, bem como a necessidade do jornalismo romper com a
superficialidade e discutir melhor o conceito.
Palavras-chave: economia verde, Rio+20, jornalismo ambiental. Carine Massierer
Periodismo y Economía Verde: la cobertura de portales de noticias
Mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS
G1, UOL y Tierra acerca de Rio +20
Resumen: Muestra cómo se utiliza el término economía verde en E-mail: cmassierer@yahoo.com.br
la cobertura de Rio +20 en los portales G1, UOL y Terra. El aná-
lisis se realizó a partir del marco teórico del periodismo del medio Ângela Camana
ambiente y la economía que incorpora el medio ambiente. Señala
la confusión conceptual sobre el término y la necesidad de romper
con la superficialidad periodística y discutir mejor el concepto. Graduada em Comunicação Social pela UFRGS
Palabras clave: economía verde, Rio +20, periodismo del medio E-mail: angela.camana@hotmail.com
ambiente.

Journalism and the Green Economy: the Rio +20 through the news Laura Gertz
websites G1, UOL and Terra
Abstract: Reflects on how journalism presents the green economy
in the coverage of Rio +20 in the news portal G1, UOL and Terra. Graduada em Comunicação Social pela UFRGS
It is based on the theoretical references of environmental journa- E-mail: laura.gertz@yahoo.com.br
lism and on the economic theories that incorporate the environ-
ment. Points out the conceptual confusion regarding the term, as 1
A primeira versão deste texto foi apresentada em uma mesa
well as the need for journalism to break with the superficiality and sobre a Rio+20 no 10º Encontro Nacional de Pesquisadores em
discuss further the concept. Jornalismo, que ocorreu em novembro de 2012 na Pontifícia
Keywords: green economy, Rio +20, environmental journalism. Universidade Católica do Paraná, em Curitiba.

Líbero – São Paulo – v. 16, n. 31, p. 71-80, jul./dez. de 2013


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Introdução foi informado sobre o que é economia verde.



Para tanto, fez-se uma análise integrada de
A economia verde esteve no centro dos
elementos quantitativos e qualitativos sempre
debates ocorridos durante a Conferência das
tendo em vista a compreensão e a discussão da
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sus-
citada expressão construída pelos portais.
tentável, a Rio+20, que aconteceu em junho
Os referidos sites foram escolhidos em
de 2012, no Rio de Janeiro. Vista como uma
função de sua audiência. O ranking mensal
solução para os graves problemas socioam-
feito pelo Ibope Nielsen, referente ao mês de
bientais que assolam o planeta, a economia
março de 2012, mostra que o UOL é o portal
verde (EV) não desperta a simpatia de todos.
de notícias mais acessado pelos brasileiros,
contabilizando 34.324 milhões de visitantes
únicos em março, seguido pelo Globo.com
A economia verde é (que hospeda o G1), que fechou o período
mais uma forma com 29.619 milhões de visitantes, e o Terra,
que teve um total de 29.508 milhões de visi-
pela qual a teoria
tantes no período.
neoclássica se
reinventa diante
Economia verde ou ecológica?
do quadro de crise
socioambiental A Rio+20 anunciou como objetivo a re-
novação do compromisso político com o
desenvolvimento sustentável, por meio da
Seus críticos a consideram mais uma ma- avaliação do progresso e das lacunas na im-
quiagem do que uma medida efetiva para o plementação de decisões adotadas pelas cú-
alcance da sustentabilidade, já que o modelo pulas anteriores e do tratamento de temas
capitalista alimenta-se da exploração do ho- emergentes. Seus dois temas oficiais foram a
mem e da natureza. Um debate sério como reforma da governança do desenvolvimento
este, que pretendeu traçar rumos a serem sustentável e a economia verde no contexto
seguidos por todos os países, deveria contar do desenvolvimento sustentável e da erra-
com a participação da sociedade, que, em dicação da pobreza (Brasil, 2012). Embora
sua maior parte, recebe informações sobre o o termo “economia verde” frequente docu-
tema através da imprensa. mentos oficiais, estudos e relatórios há algum
Em razão do importante papel da impren- tempo, ele tornou-se popular na imprensa –
sa em levar ao público informações que sejam e, assim, no âmbito social –, a partir de sua
relevantes para a sua tomada de decisão este ar- inserção como tema de discussão da Rio+20.
O conceito está inscrito em um campo de
tigo analisa a cobertura online sobre a Rio+20
disputa entre diferentes correntes de pensa-
para verificar se a economia verde foi proble-
mento, especialmente a da ecologia profun-
matizada de modo a esclarecer seus públicos.
da e do capitalismo. Essa disputa ficou visível
Foi examinado o material publicado de 10 de
quando a Cúpula dos Povos posicionou-se
abril até 22 de junho,2 em espaços específicos
contra a economia verde, vista como uma
criados pelos portais de notícias G1, UOL e
nova forma de neocolonialismo capitalista.
Terra, a fim de observar de que forma o leitor
Na perspectiva capitalista dominante, de-
2
O portal G1 foi o último dos três a criar uma editoria específi- senvolvimento se confunde com crescimento
ca sobre Rio+20, lançada no dia 10 de abril. O período foi esco- econômico, sendo equivalente à riqueza. Esta
lhido a partir desta data para que se acompanhasse a cobertura
dos três portais de forma equivalente. O evento ocorreu de 13
abordagem responde aos limites ecológicos
a 22 de junho. classificando-os como problemas ambientais

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solúveis com o uso da tecnologia apropria- o mesmo padrão capitalista (Porto-Gonçal-


da, e se atualiza na forma do desenvolvi- ves, 2006). Para esta corrente, só haverá sus-
mento sustentável (Veiga, 2008). A ideia de tentabilidade fora do capitalismo.
economia verde, alinhada a esta perspectiva, A economia ecológica, espécie de terceira
surge no final da década de 1960, quando a via ou caminho do meio entre a concepção
degradação ambiental entra na agenda pú- neoclássica e a anticapitalista, aparece a par-
blica. Nesta época, surge a corrente chama- tir do fim dos anos 1980, combinando con-
da de economia ambiental que compreende ceitos provenientes das ciências naturais e
a poluição como externalidade negativa no das ciências sociais. Passa também a conside-
processo econômico e foca na alocação óti- rar outras variáveis, como a valorização dos
ma dos fatores de produção e na precificação saberes tradicionais, a defesa do valor intrín-
dos seus danos. A economia ambiental é uma seco da natureza, a integração do capital so-
vertente da economia neoclássica,3 ainda he- cial às dinâmicas demográficas e percebe que
gemônica, que busca compensar os efeitos o crescimento econômico pode não signifi-
negativos derivados dos rejeitos da produção car qualidade de desenvolvimento. Diferente
por meio do preço. A economia ambiental das vertentes ditas ambientais da economia
internalizou as externalidades negativas, que neoclássica, a ecológica enxerga as falhas da
eram ignoradas pela teoria neoclássica. economia hegemônica e reconhece a exis-
Outra vertente direta da corrente neo- tência de restrições biofísicas para o cresci-
clássica é a economia dos recursos naturais, mento econômico. Porém, sua sugestão para
que analisa os recursos como fonte de ma- superação do colapso socioambiental está
térias-primas que darão origem aos bens e muito atrelada a aspectos técnico-científicos
serviços econômicos. Foca-se nos aspectos e a mecanismos já utilizados pelas demais
ligados à extração e exaustão de recursos na- vertentes derivadas da teoria neoclássica.
turais ao longo do tempo, visando o seu uso Conforme Andrade (2008) a principal
ótimo. Preocupa-se como a eficiência da uti- diferença entre a economia ambiental e a
lização dos recursos naturais, considerando ecológica está na hipótese ambiental adota-
apenas a lógica de mercado. Segundo Daly da, pois para a neoclássica – a da economia
(1991), esta corrente tende a apoiar a visão ambiental e verde – o meio ambiente é neu-
na qual os recursos naturais não são um fa- tro e passivo, enquanto seu instrumental está
tor de restrição ao crescimento econômico. voltado para a mensuração dos impactos
Esta afirmativa assegura que não existe uma negativos causados pelo sistema econômico.
mudança, de fato, na maneira de se pensar a Já a economia ecológica rejeita esta visão e
relação meio ambiente-economia. considera que ela leva a uma análise parcial e
Em oposição a essa perspectiva, está o reducionista das interfaces entre economia e
pensamento anticapitalista, oriundo da meio ambiente. Assim, a economia ecológi-
abordagem marxista, que classifica a ideia de ca faz uma crítica ao crescimento ilimitado,
desenvolvimento como uma forma de domi- embora se perceba que, na prática, ela não
nação e aponta que, com os recursos naturais avance muito em relação às demais.
existentes neste planeta, não é possível que Esta revisão das correntes de pensamen-
todos os países se tornem desenvolvidos com to econômico revela que a economia verde é
mais uma forma pela qual a teoria neoclás-
3
A interpretação neoclássica desconsidera a existência da pro- sica se reinventa diante do quadro de crise
blemática ambiental ou tende a minimizar suas consequências.
Para esta perspectiva econômica, o meio ambiente se restringe socioambiental. É uma outra tentativa, base-
a uma fonte inesgotável de recursos naturais necessários para a ada em fundamentos da economia ambien-
produção de mercadorias, assim como depósito de resíduos, e
as relações econômicas estão baseadas na satisfação gerada nos
tal, para se manter o fluxo de bens e serviços
indivíduos por determinadas coisas. em crescimento, compensando financeira-

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mente os danos atrelados a essa lógica. Há A partir da ideia deste jornalismo mais
nesta corrente uma crença muito grande que integrador, observou-se na cobertura online
a tecnologia e a inovação poderão resolver os da Rio+20 qual foi a compreensão sobre o
problemas do futuro – algo, no entanto, que que é economia verde utilizada nas notícias
se confronta com o princípio da precaução. e explicitadas ao público. Apesar da brevida-
Como não busca diminuir o crescimento, de presente em todas as fases de constituição
pois crê que a ciência resolverá o problema de uma notícia, considerada como um fator
das limitações físicas dos recursos naturais e limitante para empregar às matérias de meio
dos problemas gerados pela poluição, é mais ambiente maior complexidade, e da rapi-
uma maneira de reforçar a ideia de cresci- dez com que se move a circulação das no-
mento econômico. tícias no jornalismo online, entende-se que
por ser uma conferência de meio ambiente
O olhar do jornalismo ambiental alguns princípios do jornalismo ambiental
deveriam se fazer presentes para que temas
Entende-se o jornalismo ambiental como complexos – como é o caso do conceito em
o trabalho de apuração de fatos e produção análise – pudessem ser esclarecidos.
de notícias que, sendo voltado ao tema am- A qualificação da informação não é – e
biental, é convocado a direcionar um olhar nem deveria ser – uma preocupação exclu-
diferenciado sobre a realidade a ser relatada. siva das temáticas ambientais, mas justa-
Busca a inclusão da perspectiva holística e mente por estas serem bastante complexas
sua conexão inequívoca com o todo, produ- e envolverem campos de conhecimento
zindo notícias mais contextualizadas e me- distintos, torna-se necessário dar ênfase à
nos fragmentadas. Desta forma, o jornalis- conexão dos fatos e à pluralidade de pers-
mo ambiental parte de uma nova concepção pectivas para que os cidadãos possam real-
teórica-prática centrada no agir e no pensar mente apreender os significados engendra-
o jornalismo, a partir da ótica da sustenta- dos nos discursos ambientais. De acordo
bilidade do planeta, buscando a ampliação com Baccheta (2000:19), o jornalismo am-
do número de fontes da área a serem con- biental “procura desenvolver a capacidade
sultadas, o aprofundamento do conteúdo e a das pessoas para participar e decidir sobre
abordagem qualificada das notícias de meio a sua forma de vida na Terra, para assumir
ambiente. Desta forma, assume-se a perspec- em definitivo sua cidadania planetária”,
tiva descrita por Girardi et al (2010), na qual logo necessita dar visibilidade às redes de
este jornalismo é concebido de forma mais interesses que envolvem os fatos.
ampla, crítica e plural, incorporando a visão Neste trabalho descritivo-analítico, que
sistêmica e o pensamento complexo. envolveu uma pesquisa quantitativa, segui-
Considerando-se que a sociedade contem- da de uma observação qualitativa, rastreou-
porânea é baseada no pensamento cartesiano, -se como os três grandes portais de notícia
para repensar em termos de relações, padrões brasileiros construíram o entendimento so-
e contextos faz-se necessário romper com as bre economia verde no período anterior e
barreiras impostas por este modelo, em que durante a Rio+20. Parte-se da compreensão
a natureza é tomada como algo inesgotável e de que tal cobertura jornalística, pela com-
não em interação com o homem. Por isto, Tri- plexidade dos assuntos abordados, deveria
gueiro (2003:77) afirma que é necessário que preocupar-se com a problematização das
os jornalistas promovam a discussão ambien- questões – ainda que de forma não recor-
tal por meio do resgate do “sentido holístico e rente, já que não são veículos especializados.
do caráter multidisciplinar que permeia todas Também certo aprofundamento com os te-
as áreas do conhecimento”. mas centrais, no contexto da cobertura da

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Rio+20, deveriam estar presentes visto que da “Terra com agências”, o que significa que
se criaram subeditorias especiais para tratar o conteúdo publicado continha informações
do assunto. via agências de notícias, totalizando 11 ma-
térias, que representa 61% das notícias aqui
analisadas.
A economia verde nos portais de internet

No período de observação – de 10 de
abril até 22 de junho – foram publicadas O jornalismo ambiental
1.886 matérias nas subeditorias dedicadas à busca a inclusão
Rio+20, sendo 522 no UOL, 651 no G1 e 713
da perspectiva holística
no Terra. Para a análise, foi utilizado como
critério de seleção todas as matérias que
e sua conexão
apresentassem economia verde no título, o inequívoca com o todo,
que resultou em um total de 50 matérias: 14 produzindo notícias
do UOL, 18 do G1 e 18 do Terra. mais contextualizadas
De modo geral, as matérias analisadas não
promovem discussão sobre o tema, tampouco
problematizam o conceito. A economia ver-
de, na maioria das vezes, é incluída nos tex- UOL
tos como um conceito que está claro ao leitor.
O termo é utilizado nas matérias associado a O UOL possui a editoria Rio+20 desde
ações ou atividades (empregos verdes, finan- 1º de novembro de 2011. Neste portal foram
ciamento, tecnologias limpas) e como a so- encontradas 522 notícias sobre a Conferência
lução para a crise socioambiental. Também é no período de análise. Destas, 56 continham
recorrente a sua sinonímia com termos como o termo economia verde apenas no texto;
crescimento verde, ecologização da economia 36 no texto e em quadro ou infográfico; 155
e desenvolvimento sustentável. apenas em quadro ou infográfico e 14 notí-
A análise também mostrou que a maio- cias apresentavam o termo no título. Metade
ria das fontes acionadas pelos jornalistas é das matérias foi produzida por jornalistas do
oficial (especialmente aquelas vinculadas a UOL e as demais de outras agências, espe-
Governos), cuja atuação no evento foi mar- cialmente a Agência Brasil, mostrando tam-
cada pela defesa dos interesses político-eco- bém o baixo esforço de reportagem dedicado
nômicos dos países, revelando uma prática à Conferência.
empobrecida do jornalismo. Os portais de O portal utilizou um quadro e­ xplicativo4
notícias também fizeram uso considerável de padrão sobre a Rio+20 contendo seis verbe-
tes: O que é Rio+20, Sustentabilidade, Econo-
material assinado por agências de notícias, o
mia Verde, Fora PIB, Sem protocolos e ODS
que é bastante comum em sites de internet
(Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
que precisam manter atualizações constantes
Cada verbete contém uma explicação resumi-
de conteúdo. O G1 publicou quatro notícias
da sobre o tema e sua importância na Confe-
da France Press sobre o tema, o que equiva-
rência. O quadro, repetido na maioria das no-
le a 22% do total de conteúdo que levava a
tícias, apresenta uma definição básica sobre o
expressão no título. O UOL publicou cinco
que é economia verde: “é a que se opõe à eco-
notícias da Agência Brasil e uma da Folha, o
que corresponde a 42% do corpus deste ar- 4
Sua repetição em quase todas as notícias de alguma forma
tigo. E o Terra utilizou quatro matérias da relacionada à Conferência explica a existência de 155 notícias
que não citam “economia verde” em nenhum momento no
Agência EFE, cinco da Agência Brasil, uma da restante do texto. Muitas delas não têm relação alguma com a
EcoDesenvolvimento e elaborou outra assina- discussão econômica.

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nomia marrom (a atual), ou seja, seria uma rom” para “verde” está longe de ser consenso
economia mais preocupada com a preserva- (07/06/12) mobiliza três fontes para mostrar
ção do ambiente e sem o intenso uso de com- as divergências de entendimento sobre o con-
bustíveis fósseis como carvão e petróleo que ceito: o chefe do Departamento de Economia
são altamente poluentes”. Além disso, informa e Comércio do Pnuma, Steven Stone, o em-
ao leitor que economia verde é um dos temas baixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo,
centrais da Rio+20; que há pouco consenso defendendo o entendimento oficial sobre o
entre os países sobre sua definição; e que as termo, e um dos líderes da Cúpula dos Povos,
principais críticas são feitas por ONGs, aca- Pedro Ivo, embora a crítica não esteja posta
dêmicos e cientistas, relacionando economia em uma declaração desta fonte, mas resumida
verde à produção e ao consumo capitalista. da seguinte forma: “As ONGs alegam que o
conceito proposto nada mais é que uma ten-
tativa de ‘pintar de verde’ o neoliberalismo”.
A crítica anticapitalista No dia 16 de junho, o veículo publicou Não
à economia verde há economia verde que resista ao estímulo ao
aparece em quatro consumo de hoje em dia, diz Fábio Feldmann.
matérias do G1, Nesta, os problemas da EV são apresentados
citando-se através da fala do ecologista e ex-secretário do
Ambiente do Estado de São Paulo, que critica
apenas fontes o estímulo ao consumo para superar a crise
contrárias ao conceito econômica. “‘No Brasil, a medida contra a cri-
se foi o corte nos impostos dos automóveis,
estimulando as compras. Até 2030, segundo
Fora deste quadro, a explicitação de uma pesquisas, teremos três bilhões de pessoas na
definição sobre o que é EV aparece majorita- nova classe média. Assim, não há economia
riamente na voz das fontes. Em metade das verde que resista’, ressalta”. A matéria ainda
notícias (sete) apenas uma fonte foi citada, traz outras duas fontes civis de outros países,
e, em todos esses casos, a fonte era governa- que dão voz às críticas de dimensão ética.
mental (diplomata, embaixador, chefe de es- A terceira, publicada no dia 21 de julho,
tado, representante do Programa das Nações já durante a Conferência, repercute o pro-
Unidas para o Meio Ambiente – Pnuma – ou nunciamento do presidente boliviano Evo
da Organização das Nações Unidas – ONU). Morales: Evo critica capitalismo na Rio+20:
Em apenas uma notícia aparece uma defini- Economia verde privatiza a riqueza e socializa
ção dada pelo veículo/jornalista, situando a a pobreza. Morales reitera que o sistema capi-
EV em oposição à economia tradicional ou talista é o principal causador da crise ambien-
marrom: “Grosso modo, a primeira [mar- tal que o planeta enfrenta, ataca o conceito de
rom] é o sistema produtivo atual, poluente economia verde que, segundo ele, “privatiza a
e baseado em combustíveis fósseis; a ou- riqueza e socializa a pobreza” e é “o novo co-
tra [verde] preconiza uma baixa emissão de lonialismo a submeter os povos”. Para ele, os
carbono e um uso mais eficiente dos recur- países do Sul “carregam sobre seus ombros a
sos naturais” (Transição da economia “mar- responsabilidade de proteger os recursos na-
rom” para “verde” está longe de ser consenso, turais que a economia do norte destruiu”. Ele
07/06/12). também menciona a economia verde como
Das 14 notícias analisadas, apenas três “uma nova cor para subjugarmos nossos po-
mostram claramente a crítica ao conceito de vos sob o sistema do capitalismo”. O discurso
economia verde conectado com o capitalis- de Morales repercutiu igualmente nos dois
mo. A primeira Transição da economia “mar- outros portais observados.

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G1 rejeição à mercantilização da natureza e ao



que chamam de ‘economia verde’” e expres-
Neste portal foram encontradas 651 no-
sa a crítica na voz da ativista mexicana Silvia
tícias sobre a Rio+20, sendo 91 delas com a
Ribeiro: “O que eles chamam de ‘economia
ocorrência do termo economia verde. Destas
verde’, na verdade, continua calcado na ex-
91, 71 tinham o termo apenas no corpo do
ploração da natureza, é um novo nome para
texto e 18 traziam o termo no título, duas
o capitalismo”.
das quais traziam o termo apenas título e ne-
Durante a Conferência, no dia do pro-
nhuma vez no restante do texto. Sete maté-
nunciamento do presidente boliviano Evo
rias do corpus selecionado para análise citam
Morales, a crítica anticapitalista apareceu em
apenas uma fonte e, mesmo quando há mais
fontes, não há contraponto ou discussão, to- duas matérias no dia 21 de junho: A “econo-
das as declarações convergem para o mesmo mia verde” é o novo colonialismo dos países
ponto de vista. ricos, denuncia Morales, com as declarações
A definição sobre o que é economia ver- do presidente boliviano e Denúncias contra
de feita pelo próprio veículo aparece ape- “economia verde” dominam 2º dia da Rio+20,
nas no glossário com os principais termos que, além de Morales, cita que os discursos
que seriam usados durante as negociações, de Rafael Correa (Equador) e Juan Manuel
publicado no dia 16/05/12 e incorporado Santos (Colômbia) criticaram a economia
em outras notícias. Nele, economia verde é verde, além mobilizar fontes do Greenpeace
apontada como “conceito cuja definição está e WWF discutindo o tema. O curioso desta
em debate na Rio+20” e que “gira em torno matéria é que a crítica é verbalizada na voz
de oportunidades de negócios que levem em de uma fonte coletiva, “centenas de indíge-
conta os conceitos do desenvolvimento sus- nas de todo o mundo”, dizendo que “A eco-
tentável”, destacando a relação do lucro com nomia verde é nada menos que o capitalismo
a apropriação da natureza. da natureza (...) uma economia baseada na
A crítica anticapitalista ao conceito de destruição do meio ambiente” e “a continu-
economia verde aparece em quatro matérias, ação do colonialismo ao qual os povos indí-
todas elas citando apenas fontes contrárias ao genas e nossa Mãe Terra resistiram durante
conceito. Na primeira, Rio+20 definirá eco- 520 anos”.
nomia verde para “ajudar capitalismo”, dizem Nas demais matérias permanece a ideia
ONGs (09/05/12), a discussão sobre o que é ligada ao crescimento, como “a economia
economia verde é posta como algo que ocor- verde é um instrumento para se chegar ao de-
re “em benefício das grandes corporações senvolvimento” (“Economia verde” divide ne-
e tem o objetivo de ‘salvar o capitalismo’”, gociações na Rio+20, diz embaixador); solução
evidenciando o ponto de vista das ONGs. para os problemas sociais ao “incluir milhões
Segundo a matéria, ainda não há uma defi- de pessoas, ajudando-as a superar a pobreza e
nição certa do que seja economia verde, mas proporcionando melhores condições de vida
o coordenador da Cúpula dos Povos afirma para esta e futuras gerações” (“Economia ver-
que “o termo se ideologizou, virou rótulo de de” pode gerar até 60 milhões de novos empre-
que é para salvar o capitalismo. Temos que gos, diz OIT, 31/05/12) – o mesmo argumento
discutir [...] e deixar de atender os interesses usado para alavancar a ideia de desenvolvi-
das grandes corporações”. mento sustentável há 20 anos.
A segunda, Representantes da Cúpula É válido mencionar que o G1 utilizou as-
dos Povos criticam “economia verde” no Rio pas na expressão economia em grande parte
(13/05/12), fala sobre os protestos progra- das notícias – diferentemente do Terra que
mados durante a Cúpula, explica que os de- utilizou somente três vezes e do UOL que não
bates da sociedade irão “girar em torno da fez uso do recurso. No G1, das 64 vezes que o

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termo aparece, seja nos títulos ou nos textos, um conteúdo fixo no final de todas as ma-
23 vezes EV está entre aspas, sendo que a ex- térias, uma retranca com o título Rio+20 e
pressão é posta assim na metade dos títulos contendo três parágrafos que explicam ao
analisados (nove). Para além de uma quebra leitor o que é o evento, seus objetivos e pro-
da padronização das notícias, é importante cedimentos. Nesta retranca, a única referên-
observar que este recurso, mais que colocar cia à economia verde limita-se a dizer que
em evidência o citado termo, é bastante uti- esta é o foco principal da Conferência.
lizado para grifar expressões irônicas ou que As críticas à economia verde apareceram
tenham sentido figurado. Desta maneira, o através do pronunciamento de alguns líde-
G1, de maneira sutil, transmitiu em muitas res, como o ministro de Finanças da África
matérias a existência de um não consenso, de do Sul, Pravin Gordhan, e de Evo Morales.
dúvida ou de desconforto com este conceito. Nas matérias Economia verde traz riscos para
países pobres, diz África do Sul (21/06/12) e
Economia verde é mais uma forma de colonia-
Terra
lismo (21/06/12) argumenta-se que o mo-
O portal Terra publicou, no período ob- delo econômico é arriscado para os países
servado, 713 matérias, sendo que destas 468 menos desenvolvidos, uma vez que não mo-
citaram, ao menos uma vez, a expressão eco- difica o sistema de desigualdade capitalista,
nomia verde. Deste número, selecionaram-se e o presidente boliviano apontou o modelo
para uma análise aquelas em que o termo era como privatização da natureza e criticou que
destacado no título, reduzindo o universo a as “nações pobres” tenham que suportar a
18 matérias. Em primeiro lugar, sublinha-se proteção à natureza. Existe, portanto, a críti-
que as negociações em torno do documen- ca, mas sempre na posição de contraponto à
to resultante da Conferência tiveram consi- ordem dominante.
derável espaço na cobertura do Terra, com Em Rio+20: grupo lança campanha Não à
destaque à dificuldade em encontrar con- Economia verde (09/05/12), aparece a princi-
senso quanto às metas de desenvolvimen- pal crítica dos movimentos socioambientais,
to sustentável e à criação de um organismo de que o objetivo é “pintar de verde a mesma
multilateral. Em geral, as matérias mostram economia que nós conhecemos e que gerou
a economia verde como um novo ramo a ser o impacto ambiental”. Em Cúpula dos Povos
explorado pelo mercado e uma oportunida- rejeita conceito de economia verde da Rio+20
de de crescimento econômico, com benefí- (13/05/12), a ativista mexicana Silvia Ribeiro
cios políticos e simbólicos. já citada acima, na descrição do conteúdo do
Com relação às fontes por matéria, o cor- G1, aparece dizendo que a economia verde é
pus deste portal foi o menos variado: 12 das um “disfarce para mais negócios e mais ex-
18 matérias analisadas foram produzidas ploração dos ecossistemas” e uma “solução
com uma única fonte e, destas, nove eram falsa dizer que vai se resolver tudo com tec-
fontes ligadas a governos ou à ONU. Quatro nologia, em vez de se ir às causas para baixar
notícias de agências foram igualmente pu- as emissões do efeito estufa, os padrões de
blicadas pelo portal UOL, apenas com leves produção e o consumo”. A matéria, assinada
edições de título. por repórter do veículo, é bastante similar a
Diferentemente dos outros portais, o Ter- Representantes da Cúpula dos Povos criticam
“economia verde” no Rio, já destacada na aná-
ra não fez um exercício de definição sobre o
lise do G1 e igualmente assinada por repór-
que é economia verde para os leitores e todas
ter daquele veículo.5
as referências aparecem nas vozes das fontes.
Dentro das 18 matérias selecionadas para 5
Provavelmente ambos os repórteres estavam cobrindo o
análise, a partir do dia 14 de junho aparece ­mesmo evento.

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Também aparecem as declarações de que tas, o que é uma característica que pode ser
a economia verde é “mercantilização da na- notada no jornalismo online, com seu ritmo
tureza” (Rio: mulheres fazem passeata con- de cobertura, no qual as declarações são mais
tra a economia verde no centro, 18/06/12); evidentes que a contextualização dos fatos.
“‘mentira’ ou uma ‘máscara’ para criar uma Esta velocidade também pode estar relaciona-
nova bolha financeira” (ONGs apontam seus da ao fato de que boa parte dos textos apresen-
dardos para a economia verde da Rio+20, ta uma única fonte, geralmente as chamadas
20/06/12). Não há, nestas matérias, deba- oficias ou representantes de grandes organi-
te quanto à motivação do posicionamento zações da sociedade civil, em geral dotadas de
das ONGs, somente citam-se as críticas. Este
movimento de listar posições políticas limita
a profundidade da cobertura e não promove
a compreensão dos atritos e debates. Em geral,
O destaque é para os benefícios da econo- as matérias do Terra
mia verde, sem mencionar impactos sociais mostram a economia
ou problematizar a mercantilização do ver- verde como
de, como na matéria Empresas que apostam uma oportunidade
na economia verde têm mais ganhos, diz ONU
de crescimento
(16/06/12): “As empresas que adotam me-
didas ambientalmente sustentáveis podem
econômico
ter significativos ganhos de escala, e, conse-
quentemente, econômicos, com impactos
positivos nos resultados financeiros”. Assim, um bom serviço de assessoria de imprensa.
a macroeconomia e a visão capitalista estão Há uma grande confusão conceitual tan-
presentes na maior parte do corpus selecio- to na construção das matérias quanto nas
nado para análise. declarações de várias fontes, sendo o termo
economia verde simplesmente substituído
por crescimento verde, ecologização da eco-
Considerações finais
nomia e desenvolvimento sustentável – que
No geral observa-se que o evento polí- não podem ser usados como sinônimos. A
tico teve maior destaque na cobertura dos economia verde aparece majoritariamente
três portais, não permitindo ao leitor uma como novo setor econômico, apoiado em
compreensão mais aprofundada quanto ao novas tecnologias, com geração de novos ne-
conteúdo e às ações ligadas à economia ver- gócios, empregos, investimentos. Ela é inse-
de. O termo aparece nas declarações oficiais rida nos textos sem qualquer reflexão sobre
e nas críticas do terceiro setor, mas restringe- as discussões que atravessam seu conceito,
-se à controvérsia relacionada à posição de mas apenas como oportunidade de negócios.
ambientalistas frente ao conceito hegemô- O tom crítico das ONGs e movimentos so-
nico. Ainda que a Rio+20 tenha tido íntima ciais – trazendo questionamentos em relação
relação com diversos aspectos ambientais, o à qualidade de vida e à autonomia das nações
enfoque das matérias analisadas não foi este. mais pobres que, normalmente, são pouco
As possíveis interpretações e os usos da EV ouvidas em decisões internacionais e podem
não são claramente definidos, bem como os ser ainda mais castigadas com a “transição
motivos para a contestação dos ambientalis- para a economia verde”, – é pouco expressivo
tas. Assim, nota-se que o conceito aparece nos numericamente.
textos, mas seu conteúdo (o que ele significa) As matérias veiculadas durante a Rio+20,
não é construído nas matérias pelos jornalis- apesar de contribuírem para a ampliação da

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divulgação da temática ambiental, não des- da vida. Acredita-se que, se alguns elementos
pertam a consciência ambiental do cidadão, do jornalismo ambiental fossem absorvidos
pois as informações são fragmentadas e não na cobertura analisada, a ideia de econo-
qualificadas. Os veículos ainda não acordaram mia verde poderia ser informada com mais
para a necessidade da inclusão da complexi- qualidade e haveria mais argumentos para
dade, nem alteraram o seu olhar fragmentado. discuti-la. A corrida contra o tempo e/ou a
Nenhum dos três portais observados demons- desinformação dos jornalistas não permitiu
trou preocupação em realizar uma cobertura o contraponto e as fontes falaram sozinhas.
Logo, os jornalistas tornaram-se porta-vozes
mais profunda ou que se diferenciasse de ou-
do discurso hegemônico que prioriza a eco-
tras não centradas na temática ambiental.
nomia calcada na mensuração dos impactos
Urge abrir espaço para um jornalismo que
negativos causados pelo sistema econômico
combine conceitos provenientes das ciências em detrimento de uma economia que pense
naturais e das sociais e ofereça um instru- nos limites físicos do planeta, prejudicando o
mental analítico mais condizente com crité- interesse público.
rios de sustentabilidade e com a preservação (artigo recebido jan.2013/ aprovado mai.2013)

Referências

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aspectos teóricos e metodológicos nas visões neoclássica e da AB, Reges. “Jornalismo ambiental: caminhos e descaminhos”.
economia ecológica”. Leituras de Economia Política. Campi- Anais do VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalis-
nas, v. 11, n. 1, 2009, p. 1-31. mo. São Luís: UFMA, 2010.
BACCHETA, Victor L. “El periodismo ambiental”. In: BAC- PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A globalização da na-
CHETA, Victor L. Ciudadania planetária. Montevideo: In- tureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro: Civiliza-
ternational Federation of Enviromental Journalists, 2000, p. ção Brasileira, 2006.
17-21. TRIGUEIRO, André. “Meio ambiente na idade mídia”. In: TRI-
BRASIL, 2012. Rio+20: conferência das Nações Unidas so- GUEIRO, André (Org.). Meio Ambiente no Século 21: 21 es-
bre desenvolvimento sustentável. Disponível em http://www. pecialistas falam da questão nas suas áreas de conhecimento.
rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20. Acesso em 9/06/2012. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
DALY, Herman. A economia ecológica e o desenvolvimento VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio
sustentável. Rio de janeiro: AS-PTA, 1991. do século XXI. 3ª edição. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.

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