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RESUMO
Este artigo apresenta a aplicação de uma metodologia para estudo de tempos e métodos na
montagem de painéis elétricos numa empresa no estado do Rio Grande do Sul. O objetivo
principal deste estudo é obter um diagnóstico preciso do processo em questão, bem como
encontrar oportunidades para melhoria do mesmo. Para realizar o diagnóstico e identificar
as melhorias pretendidas, um procedimento em cinco etapas é apresentado. Este
procedimento foi aplicado pela EPR Consultoria, Empresa Júnior da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS), em uma empresa de tecnologia na cidade de Porto
Alegre/RS.
Palavras-chave: Painéis elétricos, Tempos e métodos, Técnicas estatísticas.
1. INTRODUÇÃO
O estudo de tempos foi originado por Taylor no início do século vinte e é usado para
estabelecer tempos-padrão para a performance no trabalho, sendo que estes incluem
tolerâncias para pausa e descanso (TURNER, 1993). Logo, o tempo-padrão para cada
elemento é constituído por duas partes, que são: o tempo básico (1), tempo levado por um
trabalhador qualificado, que faz um trabalho qualificado com desempenho padrão; e a
tolerância (2), concessões acrescentadas ao tempo básico para permitir descanso, relaxamento
e necessidades pessoais (SLACK, 2002).
O estudo de métodos, por sua vez, foi desenvolvido por Gilbreths e procura observar e
desenvolver a maneira a qual o trabalho é executado (GILBRETHS, 1917). A abordagem do
estudo de método envolve seguir sistematicamente seis passos, sendo eles: (i) Selecionar o
trabalho a ser estudado; (ii) Registrar todos os fatos relevantes do método presente; (iii)
Examinar estes fatos criticamente na seqüência; (iv) Desenvolver o método mais prático; (v)
Implantar o novo método; e (vi) Manter o método pela checagem periódica dele em uso
(SLACK, 2002). Com o passar dos anos o estudo de tempos e o de métodos ficaram
mutuamente dependentes, uma fornecendo embasamento à outra.
Ao se iniciar um estudo de tempos e métodos é importante que se conheça a forma pela qual o
trabalho é realizado. Definindo a operação como um todo, pode-se chegar à subdivisão do
processo obtendo tarefas básicas (RIGGS, 1987).
A estrutura base do procedimento que será apresentado vem sendo usada constantemente em
ações para melhoria de desempenho de processos em diversos ramos da indústria. Uma das
razões do seu sucesso é pelo fato desta mesma abordagem conseguir ser implantada em
processo longos e curtos (BARNES, 1999).
Outro motivo que difunde o seu uso é que esta abordagem é relativamente simples, ou seja,
não há necessidade de se ter uma equipe expert para implementá-la num processo. Tanto a sua
relativa facilidade de implementação, quanto a sua grande possibilidade de aplicação para
diversos tipos de processos têm procedência do grande uso de técnicas de estudo de tempos e
técnicas estatísticas que a suportam, bem como do uso de etapas de um estudo de método, as
quais não apresentam grandes dificuldades de execução.
1.1. Metodologia
Um procedimento foi estruturado por uma equipe da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul tendo como base preceitos das técnicas de estudos de tempos e métodos. Ele conta com 5
etapas:
a) Identificação de todas as tarefas que compõe o processo e, subdivisão das tarefas em 6
tipos de atividades (GILBRETHS, 1917). São elas:
- Operação, a qual tem caráter de trabalho que agrega valor ao produto final (SLACK,
2002);
( Xi + 1,96 × Si ) × n = Li
Figura 2 – Equação 1
Por saber a representatividade no processo de um dos doze subgrupos diagnosticados como
correlatos (Etapa 2 do procedimento), não foi feito o cálculo do limite superior para as tarefas
deste subgrupo. Estes tempos foram considerados como teste do painel e representam 2% do
tempo que se leva para montar um painel. Também foi considerado que se perca 10% do
tempo envolvido no processo com folgas, que são dadas aos funcionários mediante
necessidades deles.
A tabela 1 apresenta os tempos médios e limites superiores por tipo de operação.
Os tempos apresentados estão em segundos.
Armazenamento
Movimentação
Transporte
Operação
Inspeção
Espera
Tempo por tipo de operação (tempo médio) 50346 35258 0 14736 641 0
Tempo por tipo de operação (limite superior) 74240 54207 0 23118 923 0
Com base nessa tabela, foi calculada a percentagem de tempo que cada subdivisão representa
no processo global. As percentagens podem ser vistas na Tabela 2:
Movimenta Armazena-
Operação Transporte Inspeção Espera Total
ção mento
Como pode ser observado, foram feitos os cálculos das percentagens que cada subdivisão
representa no processo, tanto para o limite máximo quanto para o tempo médio real, as quais
se assemelham muito. Também pode ser analisado que o somatório dos tempos médios e dos
limites máximos resultam em 88%, pois como já foi apresentado, 2% do tempo para se
montar o painel é usado para testes e 10% se perde em folga dos funcionários. Na figura 3
apresenta-se um gráfico com o percentual de cada subdivisão das tarefas.
31% Operação
43% Movimentação
Inspeção
Folga
Teste
1% 13% Espera
2%
10%
Xij
= %95 µij
(( Λ−( Lij − Xij )) / 0,88)
Figura 4 – Equação 2
Lij
= % 95 λij
(( Μ−( Lij − Xij )) / 0,88)
Figura 5- Equação 3
Xij
onde “ ” é o somatório dos tempos médios de cada tarefa i inclusa numa subdivisão j do
Λ
processo, “ ” o somatório dos limites superiores de cada tarefa i inclusa no processo,
Μ Lij
“ ” o somatório dos tempos médios de cada tarefa i inclusa no processo e “ ” sendo
o somatório dos limites superiores de cada tarefa i inclusão numa subdivisão j do processo. A
variável “ % µij ” representa a percentagem que o somatório dos tempos médios de cada
95
demonstrado % µij .
95
52,32%
Operação 34,45%
18,60%
Inspeção 9,00% Média/conf. 95%
0,80%
Espera 0,37%
3. CONCLUSÃO
Neste artigo apresenta-se a aplicação de um procedimento sustentado por técnicas estatísticas,
bem como estudo de tempos e métodos. Este procedimento foi desenvolvido por um grupo de
alunos de graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul com o intuito de
aprimorar as atividades realizadas na montagem de painéis elétricos na planta da Muri -
Linhas de Montagem. Chegou-se, a duas melhorias que foram propostas à empresa, sendo
elas:
a) Processo grande e complexo:
Foram diagnosticadas 112 tarefas como inclusas no processo, sendo o processo de
montagem considerado longo e complexo. Como observado, geralmente um montador é
responsável por todas as operações de montagem, o tempo envolvido em pegar e largar
ferramentas e materiais e, de forma geral, encontrar, posicionar e procurar outros objetos.
Este problema pode ser minimizado fazendo uma divisão das tarefas, devendo cada
montador ficar responsável por uma gama de atividades relacionadas à montagem de um
painel. Assim o trabalho não produtivo é reduzido, o aprendizado é mais rápido e algumas
atividades podem ser exercidas por uma mão-de-obra mais barata. Além disso, a divisão
de uma tarefa total em pequenas partes faz surgir a possibilidade de automatização de
algumas dessas tarefas simples.
b) Necessidade de projetar estações de trabalho:
Além das estações de trabalho existentes serem deficientes em relação aos aspectos
ergonômicos, há um excesso de movimentação. Durante a montagem pode se perder de
23% a 40% em deslocamentos para busca de materiais e ferramentas, conforme mostra a
Figura 6.
Desta forma, a partir do procedimento proposto, foi possível atingir os objetivos colocados ao
time desenvolvedor do projeto. Este estudo gerou uma nova demanda à EPR – Consultoria, a
qual pode desdobrar em outros processos da Muri – Linhas de Montagem a aplicação desse
procedimento.
Referências
BARNES, Ralph M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. São Paulo: Edgard
Blücher. 1999.
GILBRETH, F. W. & GILBRETH L. M. Applied Motion Study. New York: Sturgis and Walton. p. 27, 29.
1917.
RIGGS, James L. Production Systems: planning, analysis, and control. 4a ed. New York: John Wiley. P. 19,
21. 1987.
SHINGO, Shingeo. O Sistema Toyota de Produção – Do ponto de vista da engenharia de produção. 2a ed.
Porto Alegre: Bookman. 1996.
SLACK, Nigel & CHAMBERS, Stuart & JOHNSTON, Robert. Administração da Produção. 2a ed. São
Paulo: Atlas. 2002.
TURNER, Wayne C. & MIZE, Joe H. & CASE, Kenneth E. & NAZEMETZ John W. Introduction to
Industrial and Systems Engineering. 3a ed. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice Hall. 1993.