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Vou escorregando lentamente em mim, até enlamear minhas esferas

inaudíveis. Estou a desprender-me da realidade mais uma vez. Confundo-


me com sinais de infinito e parto para um silêncio sôfrego e inconstante.
Estou em delírio camuflado, mergulhado em subterfúgios da dor de ser
humana.

Procuro uma face que jamais ousei apreender, ensina-me a gozar sem
a pretensão de ser só tua, pois de ti já sou inteiramente real. Eu permaneci
na surreal tentativa de desarrochar meu intelecto, para expandir junto de ti,
as imagens que podem nos salvar de qualquer prisão. Somos mais quando
juntos, somos menos com exclusão.

Interrogando as vicissitudes da vida, sigo passos que já foram


pronunciados; transmuto todos, para alcançar unicidade. Vou além de tudo
que ousei ser e agora posso prontamente decodificar as angústias da
mortalidade que aparece na camada mais profunda da minha pele. Eu
realmente sou intensa, para rasgar-me ao meio. Ou rasgo-me inteira para
remendar-me às avessas, ou vago na calada da noite turva. Mas pela
metade é pouco, metade é raso.

Há quem diga que há perigo nesses abruptos devaneios de se ter o


que se quer. Há quem fale das mentiras de uma realidade fantasmagórica,
mas já fui tocada pelo gosto de saber que o infinito é formado por instantes
mergulhados no agora, e o agora é construído de vontades inteiras. Não
meias, meias vontades. Vontades inteiras de intensa personificação do Ser.

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