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) UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE CIENCIAS HUMANAS E FILOSOFIA PROGRAMA DE POS-GRADUAGAO EM ANTROPOLOGIA EGH 00189: Alteridades Sociais e Mediagdes Culturais CURSO DE LEITURA (Politicas de territorializagao) 1° semestre de 2009 Professora Delma Pessanha Neves ‘Transericio MOREIRA, José Roberto — Assimetrias de poder, cultura, territérios ecossis globalizacdes Napoledo de Lima, Eli et alii - Mundo Rural IV. Configuragdes rural- turbanas: poderes e politicas. Rio de Janeiro, Edur Mauad, 2007: 143- 169. (© trabatho do autor oferece uma proposta metodolégica para andlise da questo da sustentabilidade ambiental a partir de 3 dimensdes: a politico-econdmica, social e ambiental Retoma alguns conceitos que tém forga nesse campo para demonstrar a necessidade de relativizar a realidade, construindo-a como um fluxo representativo de relagdes assimeétricas de poder e de diferentes visdes de mundo. Para tanto, toma como unidade de anélise o territorio no contexto do dominio privado da economia capitalista Introdugio © autor apresenta seu texto encontro notas de pesquisa anteriormente realizadas no Brasil tomando 0 territério enquanto um espago de conflitos de poder transnacionais que refletem nos pregos e rendas da terra Propde-se a abordar o aspecto tanto tedrico quanto analitico da sustentabilidade e os conflitos inerentes a este campo de influéncia do capitalismo, a partir dos conceitos de patureza e cultura, proceso de globalizagio ¢ a questio ambiental ¢ financeirizagao da natureza, (© autor apropria se do conceito de sustentabilidade ambiental, tal como definido pelo relator Brundtland, para estabelecer sua andlise a respeito da apropriagao privada da natureza ‘Afirma o autor que esta definigao segue o modelo de desenvolvimento capitalista tal como expresso pelas nagdes unidas, PropGe-se considerar essa questio a partir de consideragSes metodologicas ‘O autor esta consciente dos limites de sua abordagem, mas desenvolve um conceito renda da natureza" para tratar das questdes de apropriagdo privada dos recursos. Nessa perspectiva 0 territorio é 0 espago de aplicagio do conhecimento cientifico e cultural, de modo que a natureza e seus conceitos sao analisados enquanto fendmenos culturais. ‘O autor propde-se demonstrar que a determinagao da renda da natureza para além dos dominios da propriedade privada nacional, enquanto patriménio comum da humanidade, € resultante dos jogos de poder da atual ordem capitalista globalizada. Todo trabalho do autor gira em toro da aceitago de indicadores e registros dessa complexidade do campo ambiental para além das fronteiras dos espagos nacionais, ‘A sustentabilidade capitalista Ao refletir sobre 0 conceito da sustentabilidade, 0 autor aponta para a existénciae de ‘um campo de embate e priticas e ambientalistas que levaram & construgdo do que com ele ‘chama de "nebulosa ambientalista", onde os principios de uma economia politica da sustenta habilidade refletem na renda da natureza e na territorializagdo do capital, uma bem como na apropriagao privada da biodiversidade. O autor vem portanto retomando uma série de trabalhos © estudos que se propuseram a analisar a questio ambiental ou ecoldgica sobre perspectiva da propriedade privada do regime capitalista global. Afirma ele que "os pncaminhamento das tenses e as resultantes das disputas politicas & que iriam direcionar a sustentabilidade do desenvolvimento capitalista’. Para moreira, ¢ 0 mercado global, transnacional que tenciona os usos da propriedade privada, particularmente aqueles relacionados propriedade da terra e da natureza "Os discursos do mercado e da sustentabilidade” reificam fundamentos sociais © politicos da desigualdade e das assimetrias de poder, reduzindo espagos discursivos da critica Social, transformando criticas ecologicas e ambientalistas em processos de tecnicizacdo, enfim, deslocando 0 foco da questio do social para o tecnolgico. E nesse contexto de um mercado capitalista global, de apropriagdo privada da terra € dos recursos naturais que o autor constroi a sua andlise, demonstrando que as praticas sociais de apropriagao desses recursos € fruto desse jogo de interesses, das assimetria de poder mascarados pelo discurso da sustenta habilidade. ‘A utopia da sustentabilidade Para delinear o campo de disputa associado ao conceito da sustentabilidade, 0 autor retoma a definigao de desenvolvimento sustentado apresentado pelo relatorio Brundtland (nstituigao politica internacional) e pela disciplina ecologia (campo académico). Ao dialogar com essas duas vertentes 0 autor demonstra que o conceito de desenvolvimento sustentivel tal ‘como apresentado pelo relatorio compde um discurso hegem@nico sob os_principios capitalistas onde o desenvolvimento estaria atrelado a logica de um mercado globalizagao. Em contraposicao, a sustentabilidade enquanto conceito ecoldgico, estaria associado a processos de auto-regulagdo sociais que envolvem 0 acesso ao uso dos recursos, 0 controle do frescimento populacional e padrées de manutengao dentro dos limites a partir dos quais 0 crescimento nao degradaria a base do sistema ‘0 autor afirma que tanto uma visio quanto a outra so utépias na medida em que deixam de considerar 0 contexto no qual essas agdes sociais so colocadas em agdo. Afirma ‘ele: "é necessario reconhecer que as auto-regulagao sociais capitalistas - dentre as quais, os direitos de propriedade e de uso estabelecido sobre as bases de recursos - no podem ser compreendidas sem reconhecer as ordenagdes politicas, econdmicas e culturais do Estado e do mercado" Para o autor, as relagdes de apropriagdo de recursos naturais ¢ de valorizagio da terra é decorrente de processos politicos, econémicos ¢ culturais, uma visio tridimensional da sustentabilidade; visdo esta que acata as diferentes teorias, interesses sociais que visdes de mundo. O autor pontua que nesta visio de mundo 0 conceito de natureza assume posig#0 fundamental, colocando em foco as relagdes da cultura e natureza, ao atribuir novos significados ao mundo natural e a natureza humana. Coloca entdo questo: que natureza é essa que € apropriada e que pode gerar renda aos proprietarios de diferentes territorios? ‘A natureza na cultura ¢ a apropriacio do territério © autor vem refletindo a respeito da naturalizagao do conceito de natureza ¢ das implicagbes que esta visio - dita cientifica dotada de uma certa neutralidade - resulta. Esta tetificagdo conceito de natureza apaga a construgdo negando a dinamica de seu processo de construgaio no tempo no espaco, Relativizar conceitos e conhecimentos para tomar a verdade cientifica como uma construgdo social sujeita a legitimagdo mesmo que regida por regras ¢ procedimentos teconhecidos como validos por seus praticantes. O autor relativizar portanto um conceito para tomar um outro como verdade, esta ultima relativa ao tempo histérico no qual ¢ gerada dependendo das ages e praticas cientificas valorizadas no meio académico. ‘Nessa perspectiva relativista natureza e mundo natural deve ser visto como processos tem ago © passiveis de ressignificagdo © a partir de processos sociais de construgao da realidade natural. ‘A proposta do autor é de uma a anilise dos processos de apropriagio da natureza e de valorizagio da terra e dos de recursos naturais segundo uma perspectiva processual © relativista desses fendmenos. Diante desta proposta, a natureza € observada enquanto um fendmeno cultural onde nem todas as suas vertentes podem ser observadas por um observador, apesar de este néo visto sofier as influéncias socio-histéricas. Em seu investimento metodologico, o autor propée o uma abordagem metodologica que leve em considerago a dindmica da natureza face a dinamica do sistema socioecondmico da humanidade, principalmente no que tange as nogdes de capital natural, servigos do fecossistema, valoragdo da natureza. A nova abordagem, segundo o autor, permitiria entender Gs embates entre as diferentes perspectivas da economia do meio ambiente ¢ dos recursos natura. Retoma alguns autores que se dedicaram ao estudo da posse da terra para o dominio territorial para demonstrar 0 processo de apropriagdo do espaco ecossistémico no capitalismo ‘¢.a forma como vem sendo naturalizado, deixando de lado poderes assimétricos ¢ jogos de interesses. O que 0 autor coloca em questo ¢ 0 processo de transformagio de uma questiio agraria para uma questio ambiental a partir de processos de regulagdes globalizadas sobre usos do ecossistema aplicaveis em todo o territério do planeta Processos de globalizagio e a questio ambiental © autor vem refletindo a respeito da questo agraria ¢ na transformagio da terra em mercadoria e, segundo ele, o desenvolvimento sustentavel serviria como instrumento do mercado globalizado para impor uma forma de uso dos recursos naturais de acordo com a lbégica do mercado. De modo que o espago ganharia uma configuragao globalizada e que na contracorrente desta via, forgas locais emergiriam nesse cendrio ‘raz a tona duas vertentes deste campo: 0 grupo dos hegeménicos e 0 grupo de resisténcia e demonstra que neste enfrentamento tematicas como multifuncionalidade do territorio, tervitorialidades, reconstrugao de identidades culturais, nacionalidades e etnias, ‘movimentos de integragao de espagos nacionais em megamercados fazem parte do quadro tebrico da renda da natureza Globalizagées dos territérios ¢ renda da natureza © conceito de territério apresentado pelo autor é aquele que abarca a vertente ‘econdmiica e que, portanto, pode ser apropriado, que é fruto de um processo de transformago, Teinterpretacdo e ressignificagao da terra durante a passagem do estado absolutista para 0 estado burgués; do direito absoluto para o direito privado mercantil; de fronteiras locais para globais. De tal forma que 0 que é colocado em questo sio os direitos sobre a natureza na economia capitalista. A financeirizacio e a renda da natureza Numa anélise sobre a terra como ativo financeiro o autor traz a tona distintas valorizagdes da natureza do ecossistema daquelas da renda e prego da terra Conclusio Um posicionamento relativista que toma as diferentes formas de apropriagio dos Tecursos naturais como fluxos permite visualizar diferentes dimensdes: calculo econdmico, justiga social, biofisica. E nesse contexto, a sustentabilidade ambiental é algo incerto ¢ indeterminado pois dependente dessas relacdes, rnc

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