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Legislação e Políticas
Públicas de Inclusão e
Multiculturalidade
Tema 03 - Multiculturalismo e a Participação da Família nas
Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos
Sujeitos
Bloco 1

Gleidis Roberta Guerra


Multiculturalismo - definição

Como já vimos anteriormente, o conceito de


multiculturalismo se relaciona com a ideia de
que existe uma pluralidade cultural, ou seja,
fazemos parte de diversas culturas e este
universo cultural também está dentro das
escolas.
Partimos da premissa que essas diferentes
culturas enriquecem o cotidiano da escola e
podem conviver harmonicamente.
Multiculturalismo – o que mudou?

Antigamente, embora percebêssemos as


diferenças culturais dentro das escolas,
acreditávamos que a cultura dominante deveria
ser imposta às crianças, “enquadrando-as” em
um mesmo padrão cultural.
Na perspectiva do multiculturalismo, as diferentes
culturas não são apenas constatadas pela escola,
mas também incluídas e valorizadas nas práticas
pedagógicas e no currículo de maneira geral.
É mesmo multicultural?

Se apenas constatamos a diversidade cultural,


não estamos alinhados com as ideias do
multiculturalismo. Quando as valorizamos e,
mais do que isso, as incluímos nas nossas
práticas pedagógicas, então, vivemos de fato
a multiculturalidade.
Multicultural ou intercultural?

Alguns autores discutem as questões que


diferenciam os dois termos.
O multiculturalismo pode ser visto como uma
característica das sociedades atuais, enquanto
que a interculturalidade propõe políticas de
igualdade e identidade, além de uma troca
entre as culturas, enriquecendo-as.
Interculturalidade

Na visão intercultural, as culturas estão em


contínuo processo de construção e
reconstrução, o que as supõe nem puras nem
estáticas.
A visão da interculturalidade traz em seu bojo
a ideia de que há interação entre as diversas
culturas existentes. Nessa interação cultural
acontece o favorecimento e enriquecimento
mútuo.
Como fazer isso na escola?

A escola deverá encontrar maneiras de


promover o diálogo entre as culturas,
compreender a riqueza das relações e
aprender a viver e conviver em um mundo
que é plural.
A educação intercultural tem esse objetivo e
desafio.
E na escola?

Na prática pedagógica, o principal desafio é a


necessidade de elaborar a multiplicidade e,
muitas vezes, a contrariedade dos modelos
culturais que balizam a formação de cada
aluno.
A escola deve, então, tirar o foco de um
modelo cultural dominante e homogêneo, e
pensar na diversidade de modelos que
interagem na formação do aluno.
E na escola?

Assim, cada cultura poderá ser legitimada e a


cultura hegemônica é colocada em cheque.
Desta forma, modifica-se métodos e técnicas
de ações pedagógicas e de transmissão da
cultura oficial.
Como a escola faz isso?

A presença da família nas discussões e


decisões, e não apenas na reunião de pais e
mestres, traz um pouco da cultura local para
dentro da escola.
Também é importante que o professor e o
gestor conheçam aquela comunidade, como
vivem, seus hábitos, costumes e religião, para
que possa entender quem são seus alunos.
Gestão democrática

A participação da família na escola abre as


portas para o que nossa legislação já
determina: a gestão democrática, que
veremos no próximo bloco.
Legislação e Políticas
Públicas de Inclusão e
Multiculturalidade
Tema 03 - Multiculturalismo e a Participação da Família nas
Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos
Sujeitos
Bloco 1

Gleidis Roberta Guerra


A família na escola e a gestão democrática

A gestão democrática é prevista por nossa


legislação: Constituição Federal 1988 e LDB
9394/96.
Elas determinam que haja participação de
todos os envolvidos na escola nas tomadas de
decisões, ou seja, pais, professores, alunos,
comunidade e gestores decidem juntos os
caminhos que a escola irá tomar.
Legislação

Mesmo com uma legislação específica,


sabemos que tornar a escola democrática
implica em repensar sua organização e gestão
e, para isso, é importante rever determinadas
posturas, como a escolha do diretor da escola
e a necessidade de articulação e consolidação
de outros mecanismos de participação efetiva
de todos que compõem a escola.
Democratização da escola e participação
das famílias
A participação das famílias, na perspectiva de
uma escola democrática, deve iniciar na
construção do Projeto Político Pedagógico.
Além disso, outros mecanismos de
participação devem ser consolidados, como
conselhos escolares, grêmios estudantis,
associação de pais e mestres, entre outros.
Prontos para a democracia?

Precisamos entender que a construção de


uma escola democrática é um processo que
não ocorrerá de uma hora para a outra.
A democracia, em si, é um exercício e só nos
tornaremos mais democráticos se tivermos
oportunidades de fazê-lo.
Descentralização do poder

O primeiro passo para a mudança é a


descentralização do poder e o exercício (por
todos) da cidadania.
As decisões tem de nascer das discussões que
envolvem os diversos setores da escola.
É um processo complexo, mas que deve ser
experimentado.
A participação é um processo permanente,
que deve ser construído no cotidiano.
Dificuldades e limites

Ao convocar os pais para participarem da


escola, muitas vezes, esquecemos as
diferentes relações de classe, gênero, idade,
diversidade dos arranjos familiares e as
desvantagens sociais e culturais de cada
família.
Queremos a família na escola, mas exigimos o
padrão de família que nós conhecemos.
Família e administração

É claro que a relação que a escola possui com


a comunidade em seu entorno interfere na
sua prática administrativa.
A escola influencia a comunidade e é
influenciada por ela, visto que lida com suas
crianças e adolescentes.
Nesse contexto aparecem as questões da
interculturalidade, analisadas anteriormente.
Parceria escola x família

O primeiro passo para que escola e família


trabalhem juntas é a disposição daquela em
acolher as famílias e em demonstrar que a
ação escolar deve expressar também os
anseios de toda a comunidade.
É necessário que família e escola concordem
no que se refere aos conteúdos, aos métodos
e à qualidade de ensino que desejam. Deve
haver um consenso entre o que cada um dos
lados espera.
Parceria entre escola e família

Para que esse consenso exista, a gestão


democrática e participativa propõe
alternativas que auxiliam na busca de
soluções para os problemas relacionados ao
cotidiano escolar, pois essa prática coletiva
dará aos pais a possibilidade de participar e
questionar as decisões que gerem melhorias
estruturais e da função social da escola.
Parceria entre escola e família

Assim, diante das possibilidades que se abrem


para uma escola de fato democrática e
participativa, as discussões de gênero, raça,
etnias e de maneira geral sobre o
desenvolvimento dos seus sujeitos, em
formação, ganham vida.
Para refletir...

A participação dos pais na escola pressupõe


que nesse ambiente é possível ouvir e
expressar opiniões, graças a uma ação
coletivamente construída que envolve todo o
processo de ensino-aprendizagem.

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